Mário Moreno/ janeiro 3, 2018/ Artigos

Tabernáculo conexões

O Tabernáculo e suas conexões

O tabernáculo é na realidade O santuário. Ele foi erigido no deserto para que houvesse um referencial visível da presença do Eterno entre seu povo não somente para aqueles que estavam caminhando pelo deserto, mas também para que os habitantes dos locais por onde Israel passava pudessem ver com seus próprios olhos aquilo que ocorria para que o povo judeu chegasse até Canaan.

Tabernáculo – esta palavra vem do termo hebraico miqdash (vD’q.m) que significa “lugar santo”. Na raiz desta palavra temos ainda um outro termo que reflete bem o sentido do “santuário”, pois vem do termo qadash que significa “ser consagrado, ser santo, ser santificado; dedicar”.

Então o Tabernáculo era na realidade o lugar santo que estaria entre o povo de Israel e que seria um sinal para todos de que o Eterno estaria caminhando juntamente com seu povo. A presença do Eterno estaria num local físico; ela seria o centro do acampamento de Israel e faria com que este povo fosse distinguido de todos os demais na terra.

Há aqui uma outra palavra para “tabernáculo” que é mishcan (!K’v.M). Esta palavra está ligada à duas outras palavras hebraicas que são sheken que significa “morada” e também shaken que significa “vizinho, morador”. Percebemos que o Tabernáculo é uma parte do santuário, pois nele temos ainda a “tenda” que é ohel (lh,a) significando “habitação; tenda”.

Esta palavra – mishcan – vem também do verbo hebraico “shachon” que significa “repousar, habitar” e a palavra aponta para uma atitude que deveria reconciliar o povo de Israel com o seu Criador para demonstrar aos povos vizinhos que lhes fora perdoada a grave falta cometida com a confecção do bezerro de ouro.

A tradição judaica nos informa que:

O Tabernáculo como moradia Divina

Ao ouvir as palavras de D’us: “Que façam um Santuário para Mim, para que habite dentre eles”, Moshê ficou surpreso.

“Como podes Tu, Cuja Glória preenche Céus e terra, habitar numa humilde moradia que erguemos para Ti?” – perguntou.

D’us respondeu: “Nem ao menos preciso do Tabernáculo inteiro como local de residência. De fato, confinarei Minha Shechiná à limitada área onde se localizará a arca.”

D’us, em Seu grande amor pelo povo judeu, restringiu Sua Shechiná ao Tabernáculo, próximo aos Seus filhos.

O Tabernáculo físico de madeira, contudo, era apenas um símbolo para a verdadeira habitação da Shechiná – o coração de cada judeu.

Como é possível transformar o coração de alguém num Santuário para a Shechiná? Isto é alcançado devotando-se o coração à Torá e à serviço de D’us.

A importância do Tabernáculo para o povo judeu

De fato, o Tabernáculo (e mais tarde o Templo Sagrado) beneficiava o povo judeu de três maneiras:

  • Como resultado do serviço realizado da maneira como D’us prescreveu, o povo de Israel recebia proteção celestial contra quaisquer possível atacante.
  • O Tabernáculo era fonte de inspiração espiritual. Cada judeu que frequentasse o Tabernáculo e o Templo Sagrado, era estimulado a incrementar a observância de Torah e mitsvot. O Santuário e o Templo eram permeados por uma atmosfera de temor a D’us, e observando os cohanim (sacerdotes) realizarem diligentemente o serviço, o povo judeu era motivado a aprimorar sua espiritualidade.
  • A nação inteira testemunhava constantemente milagres óbvios no Tabernáculo e no Templo Sagrado. Estes fenômenos sobrenaturais demonstravam-lhes o grande amor de D’us com Seu povo, que era como a relação de pai e filho.

A conexão com Ieshua

Mas qual é a conexão destas informações com Ieshua?

“E a Palavra se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do pai, cheio de graça e de verdade” Jo 1.14.

Vamos repetir um dos parágrafos que citamos acima para entendermos o verso citado:

“Esta palavra – mishcan – vem também do verbo hebraico “shachon” que significa “repousar, habitar” e a palavra aponta para uma atitude que deveria reconciliar o povo de Israel com o seu Criador para demonstrar aos povos vizinhos que lhes fora perdoada a grave falta cometida com a confecção do bezerro de ouro”.

Neste verso de Iochanan temos diversas coisas que poderiam ser demonstradas, porém vamos nos ater ao Tabernáculo. A palavra “shachon” que está ligada ao Tabernáculo é usada aqui neste verso citado. O que isso significa?

Citando a definição da palavra este “tabernacular” tinha como objetivo demonstrar a atitude de reconciliação do povo de Israel com o Seu Criador. E neste contexto como isso aconteceria? Através de Ieshua!

Podemos afirmar categoricamente que Ieshua foi – e ainda é – o Tabernáculo do Eterno na terra para através e sua vida demonstrar o desejo de reconciliação entre o Eterno e Seu povo Israel!

Isso fica ainda mais claro nas palavras de Sha´ul quando ele diz:

“Assim que, se alguém está no Ungido, criatura restaurada é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo foi restaurado. E tudo isto provém de Elohim, que nos reconciliou consigo mesmo por Ieshua o Ungido e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Elohim estava no Ungido reconciliando consigo a eternidade, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação. Assim que somos embaixadores da parte do Ungido, como se Elohim por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte do Ungido que vos reconcilieis com Elohim” II Co 5.17-20.

Num primeiro momento entendemos que todos aqueles que se aproximam de Ieshua com sinceridade e abrem a Ele seu coração alcançam a restauração. Mas o que é isso? Restaurar é tornar algo de acordo com sua confecção original.

A tarefa de Ieshua não foi “criar um novo homem”, mas sim restaurar a “coroa da criação” do Eterno, o homem, que foi criado com um ser perfeito, santo, justo e temente aos céus. Este foi e é o trabalho de Ieshua; Ele resgata o homem colocando-o sob uma nova perspectiva de vida e passa então a trabalhar na vida desta pessoa num processo chamado de “restauração”. Então certamente entendemos quando Sha´ul nos informa que o Elohim enviou Ieshua para através de sua vinda demonstrar o desejo de reconciliação; não uma “nova aliança”, mas a restauração de um pacto que havia sido feito com Avraham e que agora é revalidado através de Ieshua.

O Eterno buscou a “eternidade” que está no homem para este processo de reconciliação, pois segundo a tradição judaica cada ser humano carrega consigo uma “centelha” do Eterno dentro de si e esta centelha é eterna! Foi justamente esta “centelha” que Ieshua veio resgatar, por isso Ele buscou no homem não a sua aparência exterior mas sim a sinceridade de seu coração que desejava ser reconectado com o seu Criador! Ieshua então veio como a “ponte” que faria a religação entre a eternidade que habita no homem e o Criador.

Por isso Ieshua tinha a capacidade de perdoar pecados; Ele veio com este objetivo de Resgatar e para que o resgate fosse efetivo era necessário haver o perdão! Sem perdão não há resgate e o resgate introduz o resgatado numa nova dimensão de vida. E é através disso que podemos afirmar que “temos a vida eterna em nós” como parte do resgate efetuado por Ieshua. O que precisamos fazer é nos reconciliarmos com o Criador, que é o final deste “caminho” da reconciliação. É o ato de entrar no Santo dos Santos e deparar-se com o Seu Criador e poder dizer-lhe: “estamos juntos novamente” graças a Ieshua!

Uma outra atribuição de Ieshua está descrita numa outra carta de Sha´ul:

“E ele é a cabeça do corpo da congregação, sendo o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque foi do agrado do pai que toda a plenitude nele habitasse: e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua estaca de execução, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou: no corpo de sua carne, pela morte, para, perante si, vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo dos céus, e do qual eu, Sha´ul, fui feito ministro” Cl 1.18-23.

Aqui temos muita informação…

Ieshua é a cabeça do corpo – a congregação. A cabeça tem a característica de abrigar o cérebro e de “ordenar” e comandar o corpo. É-nos informado que Ele é o primogênito entre os mortos. Então ninguém havia ressuscitado antes d´Ele? Não isso já havia acontecido; porém a ressurreição de Ieshua abre uma porta para a eternidade, pois o objetivo de sua ressurreição não é somente prolongar a vida por mais algum tempo para depois voltar a morrer; sua ressurreição é DEFINITIVA, é um marco para a humanidade e é isso que Sha´ul nos explica. Ele, através dessa ressurreição reconcilia com os céus a todas as coisas, inclusive o restante da criação! Isso nos mostra que haverá então uma restauração das demais coisas criadas para que o processo de restauração seja completo! Não adiante restaurar o homem e o planeta continuar com as marcas do pecado; ele também precisa ser restaurado.

A reconciliação do homem objetiva apresenta-lo ao Criador santo, irrepreensível e inculpável, isso se permanecermos fundados na emunah – obediência. Esta reconciliação terminará com um processo de “entrega” ao Pai do trabalho feito por Ieshua, quando por fim tudo o que Ele fez será apresentado ao Eterno e novamente será restabelecida a ordem original das coisas.

O que nos falta hoje? Falta-nos a compreensão e a vivência desta atitude de Ieshua. Falo isso a judeus e a cristãos em geral, porém com uma responsabilidade muito maior dos cristãos, pois os judeus estão “endurecidos” em parte. Então cabe aos crentes em Ieshua serem os portadores desta atitude reconciliatória d´Ele para com a humanidade, lembrando que em primeiro lugar eu deve estar ciente e vivenciando esta realidade tendo sido restaurado – ou pelo menos em “processo” de restauração – para que haja efetividade em meu testemunho da restauração.

O Tabernáculo vivo – Ieshua – continua sendo o centro da nação de Israel e do mundo, pois Ele está em nós através do Espírito o Santo e isso faz de cada crente um portador da Presença e dos milagres que ocorriam no Tabernáculo no deserto.

Posso afirmar que os milagres que ocorriam lá certamente estão disponíveis a cada pessoa que está pelo menos em processe de restauração. Lembrando: assim como o Tabernáculo demonstrava a presença do Eterno não somente para Israel mas também para os demais povos em redor devemos ser estes “espelhos” que refletem a glória do Eterno por onde quer que andemos.

Que seja assim conosco e que possamos compreender que o Tabernáculo ainda está entre nós; nós somos ele; porém Ele está em nós para que a glória do unigênito do Pai seja vista pelos homens. Alguém se candidata a ser este instrumento? Vou repetir as palavras do profeta que ainda ressoam em meus ouvidos dizendo: “Depois disto ouvi a voz do IHVH, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; não venha ele a ver com os seus olhos e a ouvir com os seus ouvidos, e a entender com o seu coração, e a converter-se, e a ser sarado” Is 6.8-10.

Que assim seja em nome de Ieshua!

Mário Moreno.