Mário Moreno/ novembro 6, 2017/ Artigos

Orgulho

O que é o orgulho? Seria este sentimento uma “porta” de entrada para que o maligno possa operar na vida dos servos do Eterno? Vejamos agora alguns aspectos deste “sentimento” e suas implicações na história e nas Escrituras.

Orgulho é um sentimento de satisfação pela capacidade ou realização ou um sentimento elevado de dignidade pessoal. Em Português a palavra “Orgulho” pode ser vista tanto como uma atitude positiva como negativa dependendo das circunstâncias. Assim, o termo pode ser empregado tanto como sinônimo de soberba e arrogância quanto para indicar dignidade ou brio.

Algumas pessoas consideram que o orgulho para com os próprios feitos é um ato de justiça para consigo mesmo. Ele deve existir, como forma de elogiar a si próprio, dando forças para evoluir e conseguir uma evolução individual, rumo a um projeto de vida mais amplo e melhor. O orgulho em excesso pode se transformar em vaidade, ostentação, soberba, sendo visto apenas então como uma emoção negativa: a Arrogância.

Outras pessoas classificam o orgulho como “exagerado” quando se torna um tipo de satisfação incondicional ou quando os próprios valores são superestimados, acreditando ser melhor ou mais importante do que os outros. Isso se aplica tanto a si próprio quanto ao próximo, embora socialmente uma pessoa que tenha orgulho pelos outros é geralmente vista no sentido da realização e é associada como uma atitude altruísta, enquanto o orgulho por si mesmo costuma ser associado ao sentimento de capacidade e egoísmo.

Referências Bíblicas

“Abominação é ao IHVH todo o altivo de coração; não ficará impune mesmo de mãos postas” Pv 16:5.

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” Pv 16:18.

“Seis são as coisas que aborrecem o IHVH e sete as que a sua alma abomina: Olhos ativos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, um coração que maquina projetos iníquos, pés apressados para o mal, testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia discórdias entre irmãos” Pv 6:16–19.

“Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Elohim” Gl 5:19-21.

Estes quatro textos demonstram que o orgulho – ou suas manifestações – como a soberba e arrogância – estão associadas às obras da carne e também são consideradas como abominação – são odiadas – pelo Eterno! Então verificamos de forma explícita o quanto isso interfere em nosso relacionamento com o Eterno, pois o orgulho – também a soberba e arrogância – nos afastam do Eterno e fazem com que passemos a lutar usando as obras da carne! Isso coloca esta pessoa em pé de igualdade aos ímpios, pois são estes que usam destes recursos para alcançarem seus objetivos!

Orgulho e seu regente (demônio) principal

Lúcifer

O nome Lúcifer ocorre uma vez nas Escrituras Sagradas e apenas em algumas Traduções da Bíblia em língua portuguesa, geralmente usado na “Vulgata” para referir a “Estrela da Manhã”, ou um “filho do sol”. Por exemplo, a tradução de Figueiredo verte Isaías 14:12: “Como caíste dos céus, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?”

O nome “Lúcifer” (do latim Lux fero, “portador da Luz”, em hebraico, heilel ben-shahar e significa “filho do negrume”; em grego na Septuaginta, heosphoros) significa “o que leva a luz”, representando a estrela da manhã, o planeta vênus, que é visível antes do alvorecer.

Este nome não se refere ao ser que conhecemos como “Adversário” (Satanás; Diabo), mas sim a um de seus comandados que atua na humanidade com um dos sete príncipes que regem parte da humanidade.

Certamente quando se fala sobre “Lúcifer” e se emprega o significado de “portador da luz” entendemos que isso ocorreu por um dos dois motivos abaixo:

– erro de interpretação das Escrituras, que o ligava a uma outra pessoa que esteve na eternidade portando a luz e depois foi expulso (O Adversário);

– isso também pode ter ocorrido a partir de uma sugestão do próprio maligno para “exaltar” este ser e causar na história toda esta “confusão”, o que é também típico da parte do maligno.

O erro de interpretação foi a partir do desconhecimento do judaísmo e também da interpretação e aplicação do texto em si.

O orgulho atingindo líderes

Agora que já vimos o que é o orgulho e qual é o demônio ligado a ele vamos ver o que este sentimento ocasiona aos líderes “crentes”.

A primeira coisa que “gera” o orgulho é o crescimento desmedido das Igrejas e denominações e que ocasiona numa “exaltação” dos líderes, pois este crescimento – neste caso isso significa “sucesso” – traz consigo pessoas que exaltam e ao mesmo tempo cobiçam não somente a posição daquele líder como também a sua própria instrumentalidade em erguer um “império” tão grande…

O sucesso – que é uma mola propulsora para o orgulho – precisa antes de mais nada ser trabalhado em nossos corações para que não tenhamos a tentação de julgarmos que este é fruto de nosso trabalho, de nossa inteligência e de nossa capacidade em gerenciarmos pessoas! Mas, quando isso acontece e julgamos que fomos nós os responsáveis pelo sucesso, então o orgulho rapidamente instala-se em nosso coração e é espalhado entre as pessoas que convivem conosco.

Quando somos atingidos por este sentimento – orgulho – isso reflete-se em nossas atitudes de uma forma muito clara. Senão vejamos alguns sinais:

  • Nos tornamos inacessíveis às pessoas “comuns” do povo; já não conversamos com “qualquer um”;
  • Precisamos estar sempre num lugar de destaque; não aceitamos ser “menores” do que os outros;
  • Temos necessidade de ostentação usando coisas que vão impressionar aos outros, tais como: carros, grandes casas, roupas finas, relógios de marca, etc…
  • Passamos a frequentar lugares “exclusivos” e agora somos parte da “sociedade”;
  • Quando somos convidados a pregar em algum lugar chegamos na hora da mensagem e saímos antes do culto ser “finalizado”, geralmente por uma porta lateral.
  • Não sabemos ouvir as demais pessoas; temos muito a falar e pouco – ou quase nada – a aprender;
  • Etc…

Quando avaliamos estas posturas percebemos que elas alinham-se com posturas de pessoas que estão associadas com espíritos demoníacos, pois estas não são características de “servos”… Então podemos deduzir que o orgulho foi uma “brecha” para que o adversário entrasse e tomasse conta de nossa vida e daqueles que estão sob nossa liderança! Esta parece ser uma declaração muito forte, mas vamos pensar um pouco nisso, pois enquanto estávamos numa posição de “menos exaltação ou sucesso” tínhamos uma atitude; agora mudando nossa posição deve necessariamente mudar nossa atitude?

Veja que este “sentimento” está ligado à soberba que é uma manifestação não somente da carne como também se alinha com outras posturas que são opostas ao relacionamento com o Eterno. Sha´ul nos diz isso claramente: “E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Elohim, assim Elohim os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Elohim, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Elohim (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem” Rm 1:28-32.

Um outro aspecto muito interessante é que este mesmo Sha´ul declara que esta seria a postura comum dos homens no tempo do fim. Ele lista outras atitudes, mas enquadra isso como uma “manifestação profética” do fim: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Elohim, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” II Tm 3:1-5.

Quando comparamos isso com as Escrituras percebemos que outros homens agiram assim e foram “desqualificados” pelo Eterno para servirem a Ele! Vamos citar somente dois exemplos:

“Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de Babilônia, falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência? Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz dos céus: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi tirado dentre os homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho dos céus, até que lhe cresceu pêlo, como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves. Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos aos céus, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército dos céus e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes? No mesmo tempo tornou a mim o meu entendimento, e para a dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; e buscaram-me os meus conselheiros e os meus senhores; e fui restabelecido no meu reino, e a minha glória foi aumentada. Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdade, e os seus caminhos juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” Dn 4:29-37.

“E num dia designado, vestindo Herodes as vestes reais, estava assentado no tribunal e lhes fez uma prática. E o povo exclamava: Voz de Elohim, e não de homem. E no mesmo instante feriu-o o anjo do IHVH, porque não deu glória a Elohim e, comido de bichos, expirou. E a palavra de Elohim crescia e se multiplicava” At 12:21-24.

Estes são dois exemplos muito claros daquilo que ocorre aos orgulhosos – ou soberbos! Precisamos lutar contra estes demônios que tentam invadir nossas vidas com este tipo de sentimentos, pois o desejo do Eterno é dar aos seus filhos não somente grandes vitórias, mas também colocá-los como cabeças em reinos e nações. Mas precisamos estar preparados para assumirmos estas posições de destaque sem julgarmos que “somos alguma coisa”.

O resultado de tal postura está bem explícito nas escrituras: a sua iminente queda! É notável que as Escrituras nos mostram que toda exaltação – humana – precede a queda! Esta exaltação vem acompanhada do sentimento de orgulho e também de soberba e arrogância e estes sentimentos – que depois se transformam em atitudes – estão ligados à Lúcifer, fazendo desta pessoa um “parceiro” deste ser espiritual e consequentemente trabalhando em parceria com ele em sua luta contra o Eterno. Muitos “resistem ao Eterno” e à Sua Palavra afastando-se assim mais e mais de sua presença; em contrapartida associam-se cada vez mais profundamente com as trevas, inicialmente dando vazão a este sentimento e depois transformando-se de fato em “parceiros” das trevas enganando a muitos usando para isso o nome de Eterno!

A postura mais correta a se tomar é seguir o conselho de Sha´ul e de Kefa que dizem:

“Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Elohim resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Elohim, resisti ao adversário, e ele fugirá de vós” Tg 4:6-7.

“Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Elohim resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Elohim, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” I Pe 5:5-7.

Haverá no interior do homem sempre uma grande batalha entre a Carne e o Espírito, um lutando contra o outro para ocuparem o lugar de destaque na vida desta pessoa. Quem vencerá esta batalha em nosso coração? O Eterno ainda necessita de pessoas que estejam buscando não somente servi-lo, mas servi-lo com integridade e com verdade, pois se aprendermos a sermos transparentes em todas nossas atitudes e posições no futuro não “mudaremos” nossas atitudes para agradar a um ou outro…

Mário Moreno.