Teshuvá

Mário Moreno/ novembro 22, 2017/ Artigos

Teshuvá

A teshuvá é o aspecto central da vida do homem; e quando se trata de salvação e de comunhão com o Eterno isso se torna ainda mais explícito.

Vamos abordar a teshuvá sob diversos aspectos e veremos o quão sério e o assunto e por isso mesmo a sua necessidade de ser aplicado aos nossos corações quanto antes.

O judaísmo define assim a teshuvá: “Teshuvá, retorno, ocupa um lugar central no judaísmo e possui muitas facetas. Assim como as pessoas diferem umas das outras, também diferem seus modos de teshuvá, seu motivo e sua forma de expressão. Numa definição ampla, teshuvá é um despertar espiritual, um desejo de reforçar a conexão entre o indivíduo e D’us.

A eficácia da teshuvá é uma função do sentimento de distância que o indivíduo tem do sagrado. Quanto maior a distância, maior o movimento potencial em direção a uma conectividade renovada. Como disse um sábio judeu, uma corda cortada e remendada é duas vezes mais forte no ponto onde foi rompida.”

Definindo Teshuvá

A palavra “teshuvá” vem da raiz hebraica “shub” que significa “voltar-se, retornar”. A palavra “teshuvá” significa literalmente “resposta, volta, retorno” e aponta para ideia de “voltar a um lugar” assim como tem também o sentido de “resposta”. A raiz “shub” está presente em toda a Escritura, mas a palavra “teshuvá” aparece somente na Brit Hadasha!

Teshuvá como resultado da convicção da culpa que leva à mudança

A teshuvá é o componente central para que o ser humano alcance o olam haba – mundo vindouro – e portanto é necessário anunciar às nações que duas coisas caminham juntas: teshuvá e perdão dos pecados. Sem uma a outra não existe! Como perdoar-se qualquer pecado sem um retorno ao Eterno? E, após ter retornado, como não receber o perdão? Ieshua deu uma ordem que diz: “…e, em seu nome, se pregasse o retorno e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém” Lc 24:47.

Esta deve ser a mensagem central que precisa ser anunciada ao mundo! Os que estão distantes e aqueles que nunca ouviram acerca do Ungido necessitam ouvir isso! É interessante que isso deveria ser iniciado por Ierushalaim, o que nos mostra que haviam pessoas nesta cidade que apesar de estarem ali ainda não haviam entrado neste processo de reconhecimento do Ungido!

Quando isso acontece – a teshuvá – o próximo passo é a imersão, que precisa ser precedida pelo retorno! Vejamos o que Iorranam diz sobre isso: “Bem vos imerjo eu com água, para o retorno; mas aquele que vem após mim, mais poderoso é que eu; cujas alparcas não sou digno levar; ele vos imergirá com o espírito o santo e com fogo” Mt 3.11. Esta é uma postura diferenciada, pois a imersão era feita como um ritual de purificação da carne, que segundo os rabinos, deveria também ser acompanhada por uma forte convicção de mudança e abandono do pecado. Lucas, comentando as palavras de Iorranan diz: “tendo primeiramente Iorranan, antes da vinda dele, pregado a todo o povo de Israel a imersão do retorno” At 13:24.

Então a teshuvá – retorno – quando acompanhado com a imersão demonstra que houve uma postura de reconhecimento da situação pecaminosa daquela pessoa e uma atitude que a impeliu a retornar ao Eterno com o testemunho da imersão. A imersão é então o testemunho de que já ocorreu um início de transformação na vida daquela pessoa e que este processo seguirá em frente, pois a imersão foi testemunhada por diversas pessoas que estiveram ali para ver que tal pessoa está disposta a uma vida contínua de mudanças em direção à santidade e ao readaptar-se ao modelo divino.

Teshuvá como “frutos”

A teshuvá nos é apresentada como o resultado de “fruto”, ou seja, como o resultado de uma mudança de postura – vida – que é visível a todos e que pode ser experimentada a qualquer tempo. Ieshua disse: “Produzi pois, fruto bom de retorno” Mt 3:8.

O “fruto bom de retorno” é justamente a manifestação deste retorno conjugado ao arrependimento; estas duas coisas produzem um efeito transformador na vida da pessoa que passa não somente a enxergar as coisas de uma forma diferente como também passa a viver uma vida diferente! O retorno ao Eterno significa que esta pessoa recebeu uma nova chance para caminhar ao lado do Santo. Isso pressupõe que tal pessoa errou e viu que havia de fato feito uma enorme “besteira” desejando então retornar ao caminho da obediência das Escrituras. O “fruto bom de retorno” é o fruto do Ruach – Espírito – que é a manifestação externa na personalidade humana do caráter divino. Isso demonstra que tal pessoa está sendo transformada passo a passo pelo Eterno na pessoa do Ruach!

Sha´ul nos fala do fruto como sendo: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, confiança, mansidão, temperança” Gl 5.22. Quando nos detemos neste pequeno verso percebemos diversas coisas que nos surpreendem:

O fruto tem NOVE manifestações e este número nas Escrituras está relacionado à palavra “emet” que significa “verdade”. O propósito do “fruto” é manifestar a Verdade na vida do homem. Iorranan nos diz que Ieshua é a verdade; então o propósito final do fruto é fazer com que Ieshua seja visto através daquela pessoa!

A manifestação do fruto começa com AMOR, e a Escritura nos diz que Elohim é amor! Mas uma vez percebemos que o Eterno deseja que manifestemos a personalidade do Criador em nossas vidas já como o resultado de nosso retorno à Ele! Sha´ul delineia as facetas desta personalidade dizendo: “O amor é longânime, é benigno: o amor não é invejoso: O amor não trata levianamente, não se incha, não se porta indecentemente, não se busca a si mesmo, não se irrita, não cuida mal; não folga da injustiça, mas folga da verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” I Co 13.4-7.

A última manifestação do fruto é exatamente compatível com as últimas características acerca do amor! Ou seja, o fruto começa manifestando-se com a certeza de que o Criador está presente na vida daquela pessoa e termina com a manifestação do domínio próprio que impede a pessoa de agir em sua direção própria; antes esta pessoa age de acordo com o desejo do Eterno. A isso chamamos de “andar no Espírito”.

Teshuvá em três dimensões

A teshuvá precisa ser praticada em três dimensões, pois o retorno pressupõe um conserto com aqueles que prejudicamos através de nossas atitudes. Ieshua disse isso com as seguintes palavras: “Ide, porém, e aprendei para conhecer: Tenho prazer em bondade e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao retorno” Mt 9:13.

Este conserto é feito em três níveis: o nível divino, o pessoal e o do próximo.

No contexto do texto citado existiam pessoas que se assentaram para comer com Ieshua e estas eram pessoas de uma índole duvidosa; eram tidos como grandes pecadores.

Ieshua informa que sua missão era buscar a bondade em cada pessoa; e os pecadores – aqueles que reconhecem sua posição como tal – estão sempre prontos para o retorno nestes três níveis, pois quando o fazem liberam sobre si mesmos o perdão por atitudes que prejudicaram a si mesmos! Isso parece tolo, mas é fundamental, pois muitas vezes não nos perdoamos por coisas que fizemos e que nos causaram grandes problemas. Isso bloqueia em nós a ação do Eterno, pois precisamos entender que até mesmo nossas atitudes erradas que nos prejudicaram terão certamente nos ensinado algo!

O perdão quanto ao Eterno é também necessário, pois quantas vezes julgamos o Eterno como “culpado” por nossas dores e precisamos, num ato de “desabafo” e liberação perdoar ao Eterno por aquilo que sofremos e que julgamos ser culpa d´Ele. Esta atitude nos permite novamente vê-lo como nosso Pai, que sempre zelou por nós em todos os momentos de nossa vida. Podemos reconhecer novamente que o Eterno é nosso Pai e que jamais nos abandonou; somente permitiu que algumas coisas ruins nos acontecessem para que fossemos treinados e para que nosso caráter fosse tratado!

Finalmente temos o perdão para com o próximo e este é o mais sério, pois o próprio Ieshua disse que a falta desta atitude nos impede de receber perdão e consequentemente a vida eterna! Precisamos fazer teshuva e perdoar ao nosso próximo de forma completa, ou seja, independente de quando e do que ocorreu é necessário que o perdão seja liberado! Isso inclui também o fardo de doenças que acompanham a algumas pessoas que retém o perdão; então quando liberamos palavras perdoadoras até as enfermidades são curadas em nós!

O retorno pela tristeza

Situações difíceis que inexplicavelmente invadem nossa vida são até certo ponto “comuns”, apesar de serem indesejáveis. Estas situações não nos deixam confortáveis, porém elas tem uma função muito bem definida: a de produzir o retorno em nossas vidas. Sha´ul nos fala sobre isso dizendo: “Agora, folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para o retorno; pois fostes contristados segundo Elohim; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Elohim opera retorno para a salvação, da qual ninguém retorna; mas a tristeza do mundo opera a morte” II Co 7.9-10.

Este tipo de “retorno” produzido pela tristeza é incrivelmente eficaz, pois o Eterno sabiamente “toca” na vida daquela pessoa em pontos que lhe são sensíveis. Este tipo de “dor” causada pelo Eterno tem uma finalidade: a de produzir o retorno ao Eterno de forma definitiva. Com isso esta pessoa será tratada de tal forma que não voltará mais atrás em seu compromisso com o Eterno! Nós conhecemos casos de pessoas que ficaram “abaladas” por situações em suas vidas e quase deixaram ao Eterno; mas estas situações acompanhadas da perseverança destas pessoas fizeram com que houvesse um fortalecimento na vida e no caráter da pessoa que produziram nela uma convicção inabalável dos propósitos do Eterno em sua vida!

Nesta caso a “dor” produziu um fruto permanente na pessoa. Podemos citar diversos exemplos disso e o principal é Iob – Jó – que foi provado ao limite extremo de sua capacidade e mesmo assim permaneceu firme com o Eterno pois ele cultivava um relacionamento verdadeiro com o Criador, o que fez com que ele pudesse vislumbrar algo importantíssimo: nós não questionamos os métodos do Eterno em atingir seus propósitos. Nossa posição é de gratidão e de louvor a Ele! Baruch há Shem!

Teshuvá como fundamento

A teshuvá precisa ser baseada no fundamento correto que é a Palavra do Eterno. Existe um outro fundamento, que não a Palavra? Sim, existe! Ele está relacionado com aquilo que a Escritura chama de “obras mortas” que são aqueles feitos realizados primeiro com a motivação errada e segundo da forma errada! É preciso que saibamos que a teshuvá conduz às obras e não o contrário! Porém muitos neste mundo estão se valendo deste recurso para se “sentirem melhor” em relação à sua culpa, pois julgam que quando fazem algo por alguém não precisam mais retornar para o Eterno e perdoar – nos três níveis já citados. Precisamos tomar o cuidado de não deixarmos aquilo que já conquistamos em termos de teshuvá, pois a Escritura nos adverte: “Pelo que deixando para trás os princípios dos ensinos (Torah) do Ungido, vamos adiante até à perfeição, não pondo outra vez o fundamento do retorno às obras mortas, e da confiança em Elohim” Hb 6.1. Este texto nos mostra de forma muito clara que uma vez iniciada a nossa caminhada com Ieshua devemos então avançar dia-a-dia não deixando de praticar os primeiros ensinamentos do Ungido, mas sempre buscando aquilo em que precisamos nos aperfeiçoar ainda mais!

Este posicionamento nos fará ter uma consciência cada vez mais clara daquilo que o Eterno deseja de nós, e mais: fará com que possamos compreender de uma forma ainda mais clara o que o Eterno deseja de nós! Mais uma vez a Escritura nos esclarece dizendo: “…quanto mais o sangue do Ungido, que pelo espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Elohim, limpará as vossas almas das obras mortas, para servirdes ao Elohim vivo?” Hb 9.14. Ieshua através de seu sangue deseja “limpar” nossas almas – sentimento e emoções – de tudo aquilo que fizemos e vivemos em nosso passado que pode ser considerado como “obras mortas”, pois que quando ainda não tínhamos conhecido ao Eterno fizemos, vimos e falamos coisas que estão em total desacordo com a Palavra e isso marcou nossas almas de uma forma muito profunda. O sangue de Ieshua nos purificará e algumas lembranças serão apagadas; já outras permanecerão em nossa mente para que possamos testemunhar a grande mudança realizada pelo Eterno em nós!

A cura de nossas emoções é fundamental para que possamos ter uma vida plena destituídos de medos e de todo bloqueio que nos foi imposto pelas trevas! A teshuvá traz consigo a libertação em nossas emoções; ela é parte do processo de tratamento pelo qual passamos para alcançarmos aquilo que o Eterno pretende para nós. Por isso o processo de teshuvá conforme já descrito nos mostra que a teshuvá deve ser contínua e devemos sempre estar atentos para que nosso retorno diário nos faça estar cada vez mais próximos do Eterno.

A volta do Ungido demora? Ele está esperando a tua teshuvá!

É interessante que temos presenciado um sem número de pessoas que dizem estarem desacreditadas acerca da volta do Ungido. O argumento é que tantos já falaram acerca disso e nada aconteceu, por que aconteceria agora? Esta é a forma de raciocínio de muitas pessoas que simplesmente não acreditam mais nas promessa da volta do Ungido. Mas Kefa nos diz algo a respeito com as seguintes palavras: “O IHVH não retarda a sua palavra anunciada, mas é paciente para convosco, não querendo que alguém se perca, senão que todos os homens venham a retornar a Ele” II Pe 3.9.

É notável que este texto nos diga isso, pois o Eterno já liberou uma palavra nos céus e que foi anunciada na terra acerca deste “tempo” em que o Ungido haverá de retornar. Esta palavra impõe e si mesma limites e a forma como isso acontecerá; e o Eterno “trabalha” para dar o pleno cumprimento desta palavra na vida da humanidade. Ao homem cabe a tarefa de discernir estes tempos e também de preparar-se para enfrentar as consequências das decisões que ele tomar. É certo que o Eterno “aguarda” um posicionamento do homem; mas até isso tem limites. O Eterno esperará até o dia em que a plenitude entrar no mundo e então neste dia Ele mesmo dará pleno cumprimento de sua Palavra fazendo com que a humanidade reconheça de forma clara que tudo aquilo que foi dito por Ele é verdadeiro, apesar da incredulidade e das tentativas mundanas em desacreditarem aquilo que nos foi dado pelo Eterno em sua Palavra.

Esperamos que todos possamos não somente no período das Grandes Festas como também ao longo do ano fazermos uma teshuvá ativa em todos os aspectos para que estejamos prontos para participar do maior evento que a humanidade já presenciou, a volta do Rei Ungido, Ieshua o Senhor e Salvador de toda a humanidade!

Mário Moreno.

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