Parasha Tetzaveh

Mário Moreno/ fevereiro 19, 2018/ Parasha da semana

TETZAVEH

(Ordena)

Ex 27.20–30.10 / Ez 43.10-27 / Hb 13:10-16

        Na Parasha desta semana estaremos falando sobre o azeite da unção, Aharon, seus filhos e suas vestimentas sacerdotais. Aprenderemos os motivos pelos quais os sacerdotes receberam os paramentos que eram colocados sobre seu corpo. Tudo o que veremos nos mostra, através de figuras, o ministério do próprio Ieshua nas vestes sacerdotais.

Temos aqui a ordenança: “Tu pois ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido para o candelabro, para fazer arder as lâmpadas continuamente” (Ex 27.20). A palavra “ordena” em hebraico é tsawa, que significa “ordenar, incumbir”. A raiz designa a instrução de um pai para seu filho, de um fazendeiro a seus lavradores, de um rei a seus servos. Isso reflete uma sociedade firmemente estruturada em que as pessoas tinham de prestar contas a D-us pelo direito de mandar! Ou seja, cada ato feito pelas pessoas está refletido nesta ordem! Vemos aqui os dois lados da questão: do lado do Eterno a bondade e o carinho no trato com seus filhos; de outro a responsabilidade de quem tem autoridade, pois ser-lhe-á cobrado no futuro como essa pessoa exerceu aquilo que lhe foi confiado pelo Eterno. Esta palavra de ordem nos mostra a obrigatoriedade e a necessidade de haver o azeite puro para alimentar a menorah! Sem o azeite a menorah não dá luz, e consequentemente não ilumina! O Eterno aqui nos ensina que a menorah com azeite é indispensável em nossa caminhada com Ele! Alguns tem a menorah, porém sem azeite; outros tem o azeite, porém sem a menorah! Temos aqui demonstrada a interdependência daquilo que recebemos de D-us: precisamos do Espírito mas também da sua unção! Não adianta queremos ter somente o poder do Espírito sem atuarmos em comunhão e sob a sua direção. Isso seria algo extremamente danoso para o Corpo do Messias. Mas é isso que geralmente estamos vendo dentro do Corpo do Messias! Falta-nos a instrução a fim de entendermos quais são os processos usados pelo Eterno a fim de caminharmos com Ele!

O que aprende-se sobre as primeiras gotas de óleo

Aprendemos uma grande lição do fato de que utilizava-se apenas as primeiras gotas de óleo para o acendimento da menorah, enquanto que, para oferendas, o óleo da segunda prensagem também era permitido.

Um judeu observante da Torah, em geral, procura garantir que o alimento que sua família consome seja casher. Mas este mesmo indivíduo, está bem menos preocupado com o “alimento para o intelecto” que entra em sua casa sob a forma de literatura ou mídia.

De acordo com o ponto de vista da Torah, o “óleo para a menorah”, que representa o intelecto, deve ser o mais puro possível. O azeite para a menorah é superior ao óleo da oferenda (simbolizando nutrição). A Torah insiste que nossas mentes devem ser nutridas apenas com informações que sejam as mais puras e refinadas.

Porque o óleo de oliva foi escolhido por D’us?

Por que D’us escolheu o óleo de oliva para o acendimento, em vez de qualquer outro tipo de óleo?

A resposta é que o povo judeu é comparados à oliva:

  • A oliva emana seu precioso líquido apenas depois de ter sido processada através de prensagem e batidas. Similarmente, como resultado de terem sido banidos de um lugar para outro pelos outros povos e terem sido perseguidos, os judeus purificaram seus corações e retornaram a D’us.

A essência interior de um judeu é pura. É só sua má inclinação que o impede de servir a D’us. Uma vez que a camada exterior é removida por pressão externa, sua natureza de santidade se reafirma.

  • Todos os líquidos, quando misturados, mesclam-se numa mistura homogênea. O óleo é uma exceção; não se mistura, mantendo-se separado. Assim também, o povo de Israel é a única nação na história que não foi engolida pelos povos mas, guardou, e continuará guardando para sempre, sua identidade distinta.

A importância da menorah e o que ela simboliza

A mitsvá de acender a menorah era tão grande que D’us proclamou: “A luz da menorah é mais preciosa para Mim que a luz do sol ou da lua!”

D’us não ordenou que a menorah fosse acesa por Sua causa, pois Ele não precisa da luz dos mortais. Pelo contrário, é Ele Que ilumina o universo inteiro.

Certa vez, um homem com visão perfeita e seu amigo cego quiseram ir para casa juntos. O homem disse ao amigo: “Deixe-me apoiá-lo e guiá-lo de modo que chegue em casa com segurança.” Quando chegaram à casa, ocorreu ao homem que enxergava que o amigo cego certamente poderia estar deprimido com a idéia de seu desamparo. Por isso, pensou numa idéia para animá-lo. “Por favor, acenda a luz para mim,” solicitou ao amigo cego. Apesar de que realmente não precisava do serviço do outro, fez este pedido em consideração ao seu amigo deficiente.

Similarmente, D’us não necessita de nossa luz. Pediu-nos para acendermos a menorah para Ele a fim de nos conceder méritos.

Para demonstrar que D’us não necessita da luz dos seres humanos, as janelas do Templo Sagrado eram construídas de maneira bastante singular. Ao invés de serem largas por dentro e estreitas por fora (permitindo a entrada de luz), aquelas janelas eram construídas estreitas por dentro e largas em direção ao exterior. Demonstrando assim que, é do Templo Sagrado que partia luz em direção ao mundo.

A mesma idéia também era simbolizada pelo fato de que a menorah não ficava no Santo dos Santos, o “aposento particular” de D’us. Em vez disso, D’us ordenou que fosse colocada na seção côdesh. Similarmente, a mesa ficava no côdesh, e não no Santo dos Santos, demonstrando que D’us não necessita da comida dos mortais.

Atualmente, estamos impossibilitados de doar óleo para a menorah do Templo Sagrado. Em seu lugar, é uma mitsvá iluminar sinagogas e casas de estudo.

Os sacerdotes deveriam ter algo que os distinguisse em meio ao povo. Eles seriam pessoas que estariam diante do Eterno, mas também precisariam demonstrar o caráter de seu ministério. “E farás vestidos santos a Aharon teu irmão para glória e ornamento” (Ex 28.2). A palavra “santo” em hebraico é qadosh, e significa “separado para uso exclusivo, santo”. As roupas que Aharon e seus filhos utilizariam para entrarem na presença do Eterno não poderiam ser roupas comuns! Eles precisariam de vestes especiais que refletissem quem eles eram e a quem estavam servindo! Por isso, um dos requisitos de suas vestes é que elas seriam santas, separadas exclusivamente para o trabalho do Senhor! Isso nos fala profundamente, pois as vestes representam nossa vida e Paulo nos fala sobre “revestir-nos do novo homem no Ungido” com uma condição para vivermos a vida com D-us! Nossa vida passada deve ficar para trás e devemos viver essa nova vida de conformidade com aquilo que estamos recebendo do Senhor: seu caráter e sua santidade! Nossa nova “roupagem” deve nos falar sobre quem somos agora e qual é o estágio em que nos encontramos diante do Eterno!

As vestes deveriam compor-se dos seguintes materiais: “E tomarão o ouro, e o azul, e a púrpura, e o carmesim e o linho fino” (Ex 28.5). Todos estes materiais nos falam sobre o caráter de Ieshua:

  • Ouro – representa a divindade. O ouro é o mais nobre dos materiais e o único que é incorruptível. Por isso ele nos fala sobre a divindade daqueles a quem representa.
  • Azul – essa cor nos fala sobre Ieshua, o Filho de D-us. O azul nos fala sobre o céu, que é a habitação do D-us Eterno. O usar o azul nos diz a procedência daqueles que o usam e a quem representam.
  • Púrpura – Ieshua, o Rei. A púrpura era a cor da qual os reis se utilizavam a fim de demonstrarem sua realeza. Essa cor era muito difícil de ser conseguida e era portanto muito cara. Somente os reis a usavam!
  • Carmesim – Ieshua, o Salvador. O carmesim nos fala sobre sangue, sobre sacrifício. Ele nos lembra que este homem deveria sacrificar-se a si mesmo a fim de nos trazer a salvação (que está expressa em seu próprio nome!).
  • O linho fino – Ieshua, o homem perfeito! Aqui parece haver uma contradição, pois nós não conhecemos um homem perfeito. Só o fato de ser homem já nos fala sobre sua falibilidade e imperfeição. Mas foi justamente esse o desafio de Ieshua: vir como o homem perfeito a fim de resgatar o imperfeito homem! Por isso o linho nos diz que Ele seria o único a Ter essa condição em sua vida e caráter aqui na terra!

E é justamente por esse motivo (o de estar representando alguém e também o de estar buscando algo) que o sacerdote vestia-se diariamente com suas vestes especiais, a fim de apontar para o futuro e para Aquele que viria a fim de cumprir em sua vida todos os requisitos do perfeito Sacerdote do Altíssimo!

D’us ordena consagrar os cohanim com vestes sacerdotais

D’us disse a Moshê: “Diga a seu irmão, Aharon: D’us te escolheu para que sejas o Sumo Sacerdote, responsável pelo serviço de D’us no Tabernáculo. Teus filhos e seus descendentes serão cohanim que cumprirão Meu serviço.”

D’us também comunicou a Moshê: “O Sumo Sacerdote e os cohanim devem usar adornos especiais durante o serviço. Os adornos do Sumo Sacerdote serão extremamente belos, mais do que as vestes de qualquer rei. Serão vestes iguais às trajadas pelos Anjos Ministros no Céu. Quando os judeus virem os cohanim com trajes de glória e esplendor compreenderão que são pessoas especiais e os tratarão com respeito. Estes adornos também recordarão aos próprios cohanim que são diferentes. Isto os ajudará a servir melhor a D’us.”

(Glória advém à pessoa por causa das habilidades concedidas por D’us, enquanto esplendor refere-se ao respeito que granjeou através de suas próprias realizações. As vestimentas significavam ambos: a glória devida aos cohanim como resultado de sua nomeação como servos de D’us e o esplendor espiritual resultante de seus próprios esforços.)

O fato de que os cohanim só poderiam realizar o serviço trajando as vestimentas indicava santidade de seus atos. Isto nos ensina que quando um judeu reza ou cumpre uma mitsvá deve ser cuidadoso no vestir, e conduzir-se com dignidade e respeito perante D’us.

Mesmo as nações do mundo perceberam que estas vestes eram trajes de distinção.

O rei Achashverosh fez um banquete que durou cento e oitenta dias, a fim de demonstrar sua grandeza e poder. A cada dia do banquete, revelava diferentes tesouros aos olhos do povo. Dentre outros itens valiosos, também mostrou as vestes e adornos do Sumo Sacerdote. O rei Nevuchadnêtsar (Nabucodonosor) levou-os à Babilônia quando destruiu o Templo Sagrado, e desde então, foram cuidadosamente preservados nos tesouros reais da Babilônia.

Todos os judeus foram comandados a contribuir com material para as vestes sacerdotais. A tarefa de tecê-los poderia ser preenchida por qualquer homem ou mulher sábios, cujo coração estava pleno de temor aos Céus.

Havia um objeto que ficava no peito do sacerdote: “Também porás no peitoral do juízo Urim e Tumim, para que estejam sobre o coração de Aharon, quando entrar diante do Senhor: assim Aharon levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante do Senhor continuamente” (Ex 28.30). A palavra “Urim” em hebraico significa “luzes” pois é plural. Tem também o sentido de “Oriente, região de luz”. Novamente o Eterno que nos mostrar coisas lindas aqui: a primeira é que o Urim nos fala sobre as luzes que estariam sobre o coração de Aharon. Isso nos fala sobre revelação, a iluminação do Eterno que viria sobre o coração de Aharon a fim de guiá-lo à toda a verdade! Outra coisa muito interessante é que essa luz viria do Oriente, da região de luz! O Oriente é também o lugar onde nasce o sol! Ou seja, tudo o que Aharon receberia viria do nascente do Sol, justamente porque nos é dito na Escritura que o Senhor é o Sol da justiça (referindo-se à Ieshua). Esse Sol da Justiça iluminaria a vida e os corações daqueles que seriam por Ele chamados para a obra do ministério! Não haveriam dúvidas, pois o Eterno estaria ligado (sob) ao coração do Sacerdote, a fim de que ele não tomasse decisões por si só, mas sim na força e pelo Espírito do Eterno D-us de Israel!

O sacerdote deveria ainda cobrir-se: “Também farás o manto do éfode todo de azul” (Ex 28.31). A palavra “manto” em hebraico é meîl e significa “manto, capa túnica”. Isso nos lembra que todos nós devemos estar debaixo de uma cobertura (além de física também a espiritual). A cobertura física aponta para uma realidade espiritual: que nós estamos debaixo da autoridade do Altíssimo e devemos ali permanecer a fim de podermos trabalhar conforme os ditames do Eterno. Quem está debaixo de qualquer cobertura demonstra ser menor do que aquele por quem é coberto! O sacerdote coberto com o manto azul nos fala sobre estar debaixo da autoridade do Eterno a fim de poder trabalhar e também entrar na presença de D-us!

As vestimentas sacerdotais eram obrigatórias para o sacerdote! Não seria possível entrar-se na presença do Eterno sem estar convenientemente vestido! Não são os homens que escolhem como entrar na presença do Eterno! Por isso Ele dita as normas e regras de como nós devemos nos conduzir a fim de não pecarmos e então morrermos por fazermos algo que o desagrade!

Surge então a pergunta: para nós hoje é necessário algo especial para entrarmos na presença do Eterno? A resposta é: sim! Kefa em sua primeira carta escreve assim: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pe 2.9). Sendo então quem somos, como deveríamos agir? Como devemos nos apresentar diante do Senhor? De qualquer forma, e dizer com isso que tudo o que está Escrito na Palavra de nada vale para nós? Não! Antes devemos andar obedientemente a fim de agradarmos ao D-us Eterno em nome de Ieshua!

Um outro aspecto muito importante era o seguinte: “E vestirás com eles a Aharon teu irmão, e também seus filhos: e os ungirás e consagrarás, e os santificarás, para que me administrem o sacerdócio” (Ex 28.41). A palavra “ungir” em hebraico é mashah e significa “ungir, espalhar um líquido”. Após ter se procedido assim para com o sacerdote, ele se tornaria um ungido ou Mashiach! Esta unção é que distinguia este homem e seu caráter a fim de oficiar diante do Eterno. Para que o sacerdote fosse ungido seria necessário um componente muito importante: o óleo! “E tomarás o azeite da unção; e o derramarás sobre a sua cabeça: assim o ungirás” (Ex 29.7). O ungido somente seria um homem especial se recebesse a unção com o azeite (que é um símbolo do Espírito de D-us). Este azeite deveria ser derramado sobre ele. Isto nos fala de dois aspectos: o primeiro é que o que é derramado vem sempre em grande quantidade! A unção que o Eterno nos dá é sempre em grande quantidade. Nós não recebemos do Senhor uma “pequena” quantidade de óleo, mas sim um derramar de sua presença e uma grande unção a fim de que possamos vencer o nosso inimigo. O segundo é que este “derramar” vem do alto! Não pode-se derramar algo sobre alguém sem estar- sobre, acima da pessoa em quem se derrama! Percebemos então que o azeite nos é dado, nos é derramado pelo próprio D-us, que de cima nos dá a unção necessária a fim de cumprimos nosso chamado.

As vestes dos cohanim

O sacerdote comum tinha quatro vestes e o Sumo Sacerdote tinha oito adornos.

As vestes do cohen comum eram:

1 – Uma camisa comprida

2 – Calças

3 – Um cinturão

4 – Um turbante

O Sumo Sacerdote também usava estes trajes, exceto o turbante. Enquanto o turbante do cohen comum apontava para cima, o turbante do Sumo Sacerdote era redondo.

Os adornos do Sumo Sacerdote:

1 – Uma camisa comprida

2 – Calças

3 – Um cinturão

4 – Um chapéu diferente do turbante do cohen comum

Além dos itens acima, o Sumo Sacerdote trajava quatro vestes de ouro. Eram elas:

5 – Uma placa que cobria o peito

6 – Um manto

7 – Um avental

8 – Uma faixa para a cabeça

A única parte do corpo de todo cohen que permanecia descoberta eram os pés.

A Torah ordena que o cohen cumpra o seu serviço descalço, posto que o piso de terra do Tabernáculo e as pedras do piso do Templo Sagrado eram santas e D’us desejava que os pés dos cohanim tocassem o solo.

Mais detalhes a respeito das vestimentas sacerdotais

SACERDOTE COMUM

A camisa longa

A camisa longa era feita de linho branco e chegava até as plantas dos pés.

O cinturão

O cohen usava o cinturão por cima da camisa. O cinturão era muito longo – cerca de 19 metros – e dava muitas voltas ao redor da cintura do cohen. Era feito de tela colorida.

As calças

As calças eram curtas e feitas de linho branco.

O turbante

Ao redor da cabeça do cohen colocava-se uma cinta de linho branco que dava muitas voltas até formar um chapéu que terminava em ponta.

SUMO SACERDOTE

O Sumo Sacerdote, como o cohen comum, usava uma camisa longa, um cinturão e calças.

Vestes adicionais:

O turbante

O turbante do Sumo Sacerdote também era feito de uma tira de tela branca e enrolado ao redor da cabeça, mas era chato na parte superior.

O manto

O manto era feito de lã azul. Da parte inferior pendiam sinos de ouro. Entre cada dois dos sinos havia adornos de lã, de aspecto semelhante a romãs. Quando o Sumo Sacerdote caminhava, os sinos tilintavam. Os sinos soavam para anunciar a chegada do Sumo Sacerdote no Tabernáculo, e sua saída deste.

Por que o manto tinha sinos?

D’us tinha várias razões para ordenar que se colocassem campainhas ao redor do manto.

  • As campainhas serviam de lembrança ao próprio Sumo Sacerdote. Quando escutava o tilintar, compreendia quão importante era a sua função e dava o melhor de si para cumprir todas as partes do seu trabalho cuidadosamente, com os pensamentos adequados.
  • As campainhas também ajudavam o povo de Israel. Quando escutavam o tilintar, sabiam que o Sumo Sacerdote estava fazendo o serviço Divino, e participavam orando neste momento.

Aprendemos do fato de que a entrada do Sumo Sacerdote era anunciada, que a pessoa não deve entrar em sua própria casa inesperadamente. Infere-se, então, que logicamente não se deve irromper na casa de terceiros, mas sim, bater, tocar a campainha ou indicar sua chegada de alguma outra maneira.

A faixa usada na testa

Antigamente todos os judeus usavam tefilin o dia todo. Além de usar tefilin, o Sumo Sacerdote também usava o tsits na sua fronte. O tsits era uma faixa de ouro na qual estavam gravadas em relevo as palavras: “Santo para D’us”, (a palavra D’us estava escrita com quatro letras I-H-V-H). Era atada à cabeça através de três fitas azuis-celeste.

Uma vez que a faixa possuía alto grau de santidade, o Sumo Sacerdote tinha de comportar-se com o devido respeito ao portá-lo. Não lhe era permitido desviar a atenção do fato de que estava levando o Nome Divino em sua testa.

O comportamento do Sumo Sacerdote enquanto portava a faixa constitui uma importante lição para nós, enquanto colocamos tefilin. Ao usar a faixa, o cohen tinha de concentrar-se constantemente no Santo Nome de D’us. Alguém que está com tefilin, no qual o Nome Divino aparece numerosas vezes, certamente não pode desviar os pensamentos deste.

A faixa era tão sagrada que fazia todo o judeu que a olhasse sentir-se envergonhado de suas falhas. Então, quando o Sumo Sacerdote usava a faixa, isto era um mérito para o povo judeu. D’us perdoava seus pecados, pois a faixa os ajudava a se aprimorarem.

O avental

O efod (avental) era multicorido, magnificamente tecido, e tinha aspecto parecido a de um avental. Em lugar de cobrir a frente e ser amarrado atrás, o Sumo Sacerdote o prendia por trás e o amarrava adiante.

Na parte posterior era seguro por meio de duas alças que passavam por cima dos ombros até a frente. Em cada alça havia uma pedra preciosa incrustada, sobre a qual estavam gravados os nomes de seis tribos. Os nomes das outras seis tribos apareciam sobre a outra pedra preciosa.

Na frente, as duas alças sobre os ombros estavam presas a duas fivelas de ouro, das quais pendia a placa peitoral.

A placa sobre o peito

A placa sobre o peito era feita de um material belamente tecido. Era quadrada, e se dobrava ao meio, de tal modo que formava um bolso.

Neste bolso, encontrava-se um pergaminho, conhecido com urim vetumim no qual estava escrito o Inefável Nome de D’us.

Como o urim vetumim era santo, a placa era a mais importante de todos os adornos (assim como a arca era o mais importante de todos os objetos do Tabernáculo e Templo Sagrado).

As pedras preciosas da placa peitoral

D’us ordenou que se pusessem doze pedras preciosas engastadas sobre o material tecido do peitoral. Sobre cada pedra estava escrito o nome de uma das doze tribos.

Além desses nomes as pedras possuíam também as seguintes palavras na placa peitoral: “Avraham, Itschac, Ia´acov, Shivtê Ieshurun.” Estas palavras adicionais estavam distribuídas sobre todas as gemas, de tal maneira que cada pedra tinha o total de seis letras.

Assim, todas as letras do Alef-bet estavam incluídas na placa. Porque a placa deveria conter todas as letras possíveis? Quando o povo de Israel precisava consultar D’us sobre assuntos importantes, essas letras se iluminavam, formando sentenças, a fim de transmitir a resposta de D’us.

A placa portava os nomes de nossos patriarcas e das tribos, para servir como lembrete do mérito de nossos grandes antepassados e o das tribos. As quatro colunas aludem ao mérito de nossas quatro matriarcas. Esses méritos auxiliavam o Sumo Sacerdote a obter expiação para o povo judeu.

Enquanto o Sumo Sacerdote usava a placa, não podia em nenhum momento esquecer o povo judeu. Tinha-os presentes (simbolizados pelos nomes das tribos) enquanto cumpria o serviço Divino. Ao rezar, pedia a D’us que os ajudasse e os abençoasse.

A primeira fileira de pedras preciosas
Odem Rubi Reuven
Pitdá Esmeralda Shim’on
Bareket Topázio Levi
 
A segunda fileira
Nofech Carbúnculo Iehudá
Sapir Safira Issachar
Yahalom Diamante Zevulun
 
A terceira fileira
Leshem Jacinto Dan
Shevó Ágata Naftali
Achlama Ametista Gad
 
A quarta fileira
Tarshish Crisólito Asher
Shoham Onix Iossef
Yashfe Jaspe Binyamin

Como as pedras foram cortadas

As duas pedras preciosas das alças do avental e as doze pedras preciosas da placa deviam ser cortadas de um certo tamanho. Porém D’us proibiu que se usasse uma faca ou qualquer outro instrumento de metal para cortar essas pedras. As pedras incrustadas deveriam ser perfeitas, sem que faltasse a menor lasquinha sequer. Portanto, as letras sobre as gemas não poderiam ser gravadas através de instrumentos ou ferramentas, pois isto faria com que as gemas ficassem ligeiramente lascadas.

Como então, poderiam ser cortadas?

Moshê sabia que D’us havia criado na véspera do primeiro Shabat dos seis dias da Criação um inseto, pequeno como um grão de cevada, que possuía a maravilhosa habilidade de cortar qualquer material, inclusive a mais dura rocha, simplesmente passando por cima. Este inseto surpreendente se chamava shamir.

Moshê ordenou que se trouxesse o shamir. Os nomes das tribos foram escritas à tinta sobre as gemas. O shamir foi passado pelas pedras preciosas, e estas se cortaram exatamente sobre a linha marcada pelo artesão.

Quando o Templo Sagrado foi destruído, o shamir desapareceu.

Urim vetumim, o pergaminho contendo o Nome de D’us embutido na placa

Como mencionamos anteriormente, a placa peitoral foi feita de tal modo que era dobrada ao meio, formando um bolso. Neste bolso Moshê inseriu um pergaminho sobre o qual escreveu o Nome Indizível de D’us composto de setenta e duas letras.

Este nome fazia com que certas letras gravadas sobre as pedras preciosas se acendessem em resposta às questões que lhe eram perguntadas.

O nome urim vetumim significa:

Urim – as letras se acendiam (da raiz ‘or’, luz)

Tumim – sua resposta era final e inalterável (derivado de ‘tam’, perfeito)

Por isso, a placa peitoral além de ser chamada simplesmente de chôshen era também conhecida como ‘Chôshen Mishpat’ (mishpat – sentença), uma vez que a decisão final sobre cada assunto duvidoso era alcançada através da iluminação das pedras.

Apenas assuntos referentes ao rei, ao tribunal ou ao povo judeu como um povo poderiam ser consultados através das pedras. Não era permitido questioná-las para propósitos particulares.

O questionador costumava ir ao Sumo Sacerdote, que portava os urim vetumim. O Sumo Sacerdote voltava sua face em direção a arca (sobre a qual a Divindade pairava), e o inquiridor, de pé atrás dele, tinha de perguntar a questão em voz baixa, no tom de quem está rezando. O Sumo Sacerdote era então inspirado pelo espírito Divino. Ao olhar para as letras da placa que se acendiam, podia combiná-las corretamente e decifrar a resposta de D’us.

Os urim vetumim foram consultados pelo povo de Israel durante o período bíblico. Pararam de funcionar com a destruição do primeiro Templo Sagrado.

Aharon recebeu o privilégio de portar o nome Divino sobre seu coração como recompensa por sua felicidade, ao ouvir que seu irmão menor Moshê fora escolhido como líder para redimir o povo judeu. D’us disse: “Que o coração que não sentiu inveja porte a placa contendo o Meu Nome!”

Após o sacerdote ter sido preparado, ele estava então pronto para oferecer os sacrifícios e holocaustos perante o Senhor. “…Depois tomarás o outro carneiro, e Aharon e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do carneiro…” (Ex 29.19). Este é um aspecto muito interessante e profundo dos sacrifícios: a identificação. Aqui Aharon e seus filhos impõem as mãos sobre o carneiro, como um ato de identificação com este animal que morreria no lugar deles! Quando eles impõem as mãos sobre o carneiro eles estão dizendo: “Nós estamos sendo representados por você, que morrerá por nossos pecados”. E ainda quando impõem as mãos eles estavam transferindo ao animal tudo aquilo que é pecado, impureza, mal, pois a função deste animal seria morrer em lugar deles. O animal estaria levando sobre si o pecado deles! Este carneiro não nos lembra algo? Ele é uma figura daquele que morreria para que os nossos pecados fossem perdoados! Houve uma identificação do carneiro com a Humanidade e uma transferência dos pecados da mesma para Ele! Agora o que precisamos fazer é aceitar que houve um sacrifício feito por nós a fim de que os nossos pecados pudessem ser perdoados!

Após o animal ser sacrificado, deveria haver uma unção sobre os sacerdotes: “E degolarás o carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Aarão e sobre a ponta das orelhas direitas de seus filhos, como também sobre o dedo polegar das mãos direitas, e sobre o dedo polegar dos pés direitos: o resto do sangue espalharás sobre o altar em redor” (Ex 29.20). Esse tipo de unção é única na Tanach e deve ser feita somente sobre o sacerdote e seus filhos. Três áreas são atingidas pela unção: a audição (orelha) que é um sentido primordial para podermos ter comunhão com o Eterno. Sem a audição jamais poderíamos ouvir sequer uma palavra da boca de D-us. Por isso o nosso ouvir tem que estar desbloqueado, a fim de que tenhamos a oportunidade de ouvirmos de D-us aquilo que Ele quer nos falar! Mas há uma unção sobre o tato (a mão) que também tem uma importância fundamental no serviço e na adoração ao Eterno, pois é com as mãos que servimos ao Senhor; as mãos é que precedem o dar; é com as mãos que abençoamos (transferindo algo) a alguém; mas é também com as mãos que recebemos! Por isso o Eterno unge as mãos, pois ela é uma figura de nossa vida. Quando a Escritura nos fala sobre “mãos limpas” ela está nos falando sobre uma vida sem culpa, sem sentimentos que possam nos acusar e nos trazer transtornos emocionais. Por isso as mãos deveriam ser santas, a fim de receberem e darem aquilo que é santo! E finalmente os pés, que nos falam sobre nosso viver diário e nossos caminhos percorridos. Novamente aqui há a figura de um viver diário santo em todos os caminhos pelos quais andamos! É necessário que, por onde quer que passemos deixemos marcas de amor, marcas limpas, marcas que tragam influências positivas àqueles que vivem e convivem conosco!

O próximo passo é: “Então tomarás o sangue, que estará sobre o altar, e do azeite da unção e o espargirás sobre Aarão e sobre seus vestidos, e sobre seus filhos, e sobre os vestidos de seus filhos com ele; para que ele seja santificado, e os seus vestidos, também seus filhos e os vestidos de seus filhos com ele” (Ex 29.21). Após ter sido feita a unção específica, o Eterno ordena uma nova unção; mas aqui há uma diferença: o sangue está misturado com o azeite! Aqui há uma figura linda daquilo que o Eterno está fazendo na vida dos sacerdotes: além de limpar o pecado cometido (através do sangue), há também uma liberação de poder (o azeite) que é dado aos sacerdotes a fim de ministrarem ao povo do Eterno! Que grande amor nos é demonstrado por D-us! Nós sabemos que todos os homens são pecadores, mas mesmo pecando nós temos a garantia de que o Senhor nos perdoará e também nos dará as ferramentas necessárias a fim de que possamos desenvolver nosso ministério em sua presença! Mas devemos lembrar-nos: o alvo primário do Eterno é que sejamos como Ele é: Santos! A santidade é o que agrada ao Senhor e o que Ele busca diariamente em nós!

E qual seria a finalidade do Tabernáculo? Vejamos o que nos diz a Escritura: “E ali virei aos filhos de Israel para que por minha glória sejam santificados. E habitarei no meio dos filhos de Israel, e lhes serei por D-us, e saberão que eu sou o Senhor seu D-us, que os tenho tirado da terra do Egito, para habitar no meio deles: eu, o Senhor seu D-us” (Ex 29.43,45,46). O maior desejo do Eterno era (e ainda é) habitar no meio de seu povo! Isso nos mostra que há um desejo no coração do Eterno de manter comunhão com seus filhos e para isso Ele se propõe a morar, residir, habitar bem pertinho deles a fim de poder ter um contato mais íntimo e pessoal com cada um deles! Isso tem também o propósito de torná-los santos (como o Eterno é). A presença do Eterno entre seu povo traria a eles a santidade, e essa santidade não poderia ser conseguida de outra forma. Às vezes, os homens tentam obter a santidade através de rituais e fórmulas que visam torná-los separados, isolados e consequentemente santos! Nada disso condiz com o que o Eterno nos ensina em sua palavra, pois a santidade requerida por Ele somente pode ser obtida através de comunhão (um contato íntimo com Ele), do conhecimento de Sua Palavra e da oração. Não nos esqueçamos de que o contato (comunhão) com o próprio povo dele. E é por isso mesmo que temos de ter comunhão com nosso irmão, pois é nele que seremos aperfeiçoados; o Eterno usará homens para que tenhamos nossa personalidade tratada e nossa vida aperfeiçoada!

Finalmente temos o último móvel do lugar santo: o altar de incenso! “E farás um Altar para queimar o incenso; de madeira de acácia o farás” (Ex 30.1). Novamente o Eterno nos dá instruções a fim de que possamos Ter um melhor relacionamento com Ele. O altar, em hebraico mizbeach, significa “lugar de sacrifício, lugar onde se morre”, deveria ser feito de madeira de acácia. A acácia é uma madeira encontrada apenas no deserto. Dela se retirava a goma arábica (um tipo de cola) e ela é uma madeira muito resistente aos insetos e incorruptível, pois não apodrece e nem se corrompe! Isso tudo nos fala muito forte em nossa vida, pois o altar de incenso representa nossa vida de oração, e para podermos orar é necessário primeiro morrer! Nós precisamos morrer para nós mesmos, mortificarmos nossa carne subjugando-a a fim de podermos atender às necessidades do Eterno e por fim orarmos! Esta madeira era encontrada no deserto, o que nos mostra que nossa vida de oração deve ser aprimorada justamente quando estamos no deserto! É ali que devemos ter uma comunhão e dependência ainda maior do Senhor em nossas vidas. A acácia nos mostra que nossa vida de oração deve ser “firme”, “grudada” em D-us para que possamos atender aos seus desejos. Esse tipo de viver em oração deve ser também resistente aos ataques, pois o inimigo certamente nos atacará a fim de que possamos desistir! Por isso a acácia nos fala sobre incorruptibilidade! Mas tudo isso não seria possível se o altar não fosse revestido de ouro! Novamente, somos informados que nossa vida de oração somente terá sucesso quando tudo isso estiver revestido do Espírito de D-us, que nos conduzirá e nos guiará a toda a verdade! Não poderemos orar, ter comunhão ou adorar ao Eterno sem a presença do Espírito Santo! Ele é fundamental para que nossa vida de oração tenha sucesso!

A determinação final sobre o altar de incenso é a seguinte: “Não oferecereis sobre ele incenso estranho, nem holocaustos, nem oferta: nem tão pouco derramareis sobre ele libações” (Ex 30.9). O altar de incenso deveria manter-se sempre puro! Isso significa que nossa vida de oração deve estar sempre centralizada no Senhor. Nós não precisamos e não devemos nos preocupar em buscar “ajuda” em outros “deuses” ou mesmo oferecer qualquer coisa que seja “estranha” sobre nosso altar de incenso! Por isso há a determinação de que precisamos manter a pureza em nosso relacionamento com o Eterno e não o trocarmos por outro ao primeiro sinal de perigo!

Por isso, convidemos ao Espírito Santo para que venha e esteja no comando de nossa vida deforma total e irrestrita, pois quando isso acontecer certamente poderemos então ter a certeza de que nossas orações e nossa vida estarão pautadas pelos desejos do Eterno que nos são trazidos ao coração por ninguém menos do que o próprio D-us: o Espírito Santo!

Que o Eterno nos ajude em nossa caminhada!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno

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