Parasha Vaykhel
Vaykhel
(E ajuntou)
Ex 35.1–38.20 / I Rs 7:13-26 / Hb 9:1-11
Na Parasha desta semana estaremos estudando sobre o povo de Israel numa nova dimensão: aqui eles entregam as ofertas a fim de ser construído o Tabernáculo, lugar onde habita a glória do Eterno! Homens sábios são divinamente dotados de capacidade e sabedoria pelo Senhor a fim de executarem essa obra. Moshe descreve o Tabernáculo e seus utensílios, bem como o material do qual eram feitos e sua utilização. Vejamos então como o Tabernáculo foi detalhadamente construído para adoração do povo de Israel.
A primeira atitude de Moshe nesta etapa foi a de ajuntar o povo: “Então Moshe convocou toda a congregação dos filhos de Israel, e disse-lhes: Estas são as palavras que o IHVH ordenou que se cumprissem” (Êx 35:1). Quando fala ao povo Moshe deixa explícito que aquilo que eles estão recebendo naquele momento não são meras palavras que devem ser esquecidas ou negligenciadas. Ele diz que “…Estas são as palavras que o IHVH ordenou que se cumprissem” e a palavra traduzida por “palavras” em hebraico é dabar e significa “falar, declarar, conversar, ordenar, prometer”. Mas, quem havia dito “estas palavras”? Nossa tradução nos fala de “Senhor”, mas o hebraico nos informa que quem disso isso foi IHVH – tetragrama – ou seja, aquele que se torna aquilo que se torna. O Eterno agora se tornara para seus um Legislador que trazia sobre eles ordenanças (ordenou) que em hebraico é tsawa, e significa “ordenar, incumbir”. A raiz da palavra designa a instrução de um pai para seu filho; de um fazendeiro a seus lavradores; de um rei a seus servos. Aqui fica claro que o Eterno torna-se para o povo de Israel seu legislador e que lhes trará a partir de agora um “reforço” em sua Palavra, pois veremos que aquilo que o Eterno dirá ao povo já foi dito anteriormente, mas Ele volta a novamente instruir seus filhos a fim de poderem continuar a andar no caminho correto diante do Senhor!
Moshê fala a Benê Israel sobre a construção do Mishcan
Em Iom Kipur Moshê desceu do Monte Sinai e entregou as segundas luchot (tábuas) a Benê Israel.
Um dia depois, Moshê reuniu o povo – homens, mulheres e crianças – para dizer-lhes que D’us lhes havia ordenado construir um Mishcan, Tabernáculo. Moshê anunciou: “D’us os perdoou por fazerem o bezerro de ouro. Sua Shechiná (presença) permanecerá novamente entre nós. Permanecerá no Mishcan, uma tenda sagrada, que Ele lhes ordena construir.”
A alegria tomou conta dos membros do Povo de Israel pelo anúncio de Moshê. A Shechiná (presença) estava retornando a eles! Desde o pecado do bezerro de ouro o povo havia estado triste; agora sentia-se novamente feliz. Mas antes de lhes dar instruções sobre a construção do Mishcan D’us pediu que Moshê os advertisse: “Embora a construção do Mishcan seja um trabalho sagrado, sempre deverá ser interrompido antes do início do Shabat. Nenhum trabalho poderá ser realizado no Mishcan durante o Shabat.”
Moshe entra de forma direta nas ordenanças que o Eterno deseja que sejam cumpridas por seu povo dizendo: “Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao IHVH; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá. Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do Sábado” (Êx 35:2,3). O tão discutido shabbath é aqui ratificado ao povo de Israel novamente! Guardar o sétimo dia como dia de “descanso” ou repouso ao Senhor é ordenado ao povo! Note porém a continuidade do verso onde lemos: “… todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá”. Para os mais desavisados essa palavra soa como uma ameaça grotesca de um D-us iracundo e violento! Outros se perguntariam: por que D-us daria tanta importância a um dia em especial? Não são todos os dias iguais perante o Eterno? A resposta é: não! O Eterno Criador conhece muito bem sua criação e isso inclui o pleno conhecimento que Ele tem do homem e sua estrutura. Por isso o Eterno opta por falar e reafirmar seus desejos para o homem, sabendo que, mesmo assim corre-se o risco de não obedecermos ao Eterno em sua Palavra! Outra coisa importante a ser dita aqui é que o Sábado é um dia tão especial que o Eterno dá-lhe um nome, enquanto os outros foram chamados de primeiro dia, segundo dia, terceiro dia, etc… Esse dia – o shabat – foi designado pelo Eterno a fim de que tenhamos plena comunhão com Ele, e não para que o desperdicemos com nossas ocupações e compromissos! Notemos que é justamente por isso que Ele disse: “… todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá”. O que isso significa: significa que “trabalhar” neste dia nos fará quebrarmos um mandamento e privarmos a nós mesmos de podermos receber a vida plena através da comunhão com o Eterno. Isso consequentemente nos trará a morte. E a morte é a ausência da vida e do fluir da presença do Eterno em nós! Existem muitos que simplesmente por obedecerem ao Eterno tem recebido D’Ele inúmeras bênçãos, enquanto que outros, simplesmente por desobedecerem-no tem recebido a morte!
Novamente o Eterno traz aos seus filhos uma ordem: “Tomai do que tendes, uma oferta para o IHVH; cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao Senhor: ouro, prata e cobre, como também azul, púrpura, carmesim, linho fino, pêlos de cabras, e peles de carneiros, tintas de vermelho, e peles de texugos, madeira de acácia, e azeite para a luminária, e especiarias para o azeite da unção, e para o incenso aromático. E pedras de ônix, e pedras de engaste, para o éfode e para o peitoral” (Êx 35:5-9). A palavra traduzida por “oferta” em hebraico é terumâ e significa “contribuição, levantamento de ofertas”. Notemos também que o Eterno não diz que essa atitude deve ser praticada por todos os israelitas. Isso é para aqueles homens e mulheres em cujo coração se achar a voluntariedade e a disposição para contribuírem a fim de que o Tabernáculo pudesse ser construído. Essa oferta seria trazida ao Senhor – IHVH – que certamente faria com que houvesse uma retribuição de sua parte ao seu povo. Na Brit Hadasha Ieshua coloca isso da mesma forma dizendo: “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo” (Lc 6:38). O princípio divino nos fala em darmos primeiro para depois recebermos! Atualmente tem havido uma inversão de valores no que diz respeito à esta palavra, pois os servos de D-us tem esperado ter primeiro a fim de darem ao Senhor! Outros não dão nada ao Senhor pois crêem que quanto menos eles dão mais terão! Essa é a filosofia que o mundo prega e diz ser a melhor forma de enriquecer! Já o Criador do Universo nos ensina que as coisas são diferentes: quanto mais nós damos, mais receberemos! É uma lei espiritual e que não pode ser revogada por qualquer homem, por mais bem-intencionado que ele seja. Por isso o povo recebeu instruções de dar. Não foi lhes dito o quanto deveriam dar, mas sim o que deveriam dar! O Eterno foi específico, pois a necessidade do momento era justamente aquela. Por isso os materiais foram arrolados e descritos e cada um trouxe a quantidade que dispunha a fim de obedecer ao mandamento do Eterno e de abrir a possibilidade de receber outras bênçãos das mãos do Criador!
Mas, quem foi incumbido de realizar tal obra? “E venham todos os sábios de coração entre vós, e façam tudo o que o IHVH tem mandado” (Êx 35:10). A palavra “sábios” é tradução do hebraico do termo hakam e significa “sábio”. No grau piel o sentido é de “tornar alguém sábio ou ensinar”. Destaca-se na sabedoria o modo de pensar e uma atitude para com as experiências da vida, habilidades nas artes, sensibilidade moral e experiência nos caminhos do Senhor. Isso nos mostra que os homens escolhidos para essa obra deveriam ter pré-requisitos que os capacitasse a estarem no comando da construção do Tabernáculo. Eles seriam muito mais que profissionais e artistas; deveriam ser homens cuja intimidade com o Eterno os destacasse dentre o povo e também deveriam reunir habilidades e conhecimentos profissionais que os habilitasse a executarem a construção do Tabernáculo.
Mas, o que seria realmente construído por esses homens? Moshe descreve o Tabernáculo assim: “O tabernáculo, a sua tenda e a sua coberta, os seus colchetes e as suas tábuas, as suas barras, as suas colunas, e as suas bases; a arca e os seus varais, o propiciatório e o véu de cobertura, a mesa e os seus varais, e todos os seus pertences; e os pães da proposição, e o candelabro da luminária, e os seus utensílios, e as suas lâmpadas, e o azeite para a luminária, e o altar do incenso e os seus varais, e o azeite da unção, e o incenso aromático, e a cortina da porta para a entrada do tabernáculo, o altar do holocausto, e o crivo de cobre, os seus varais, e todos os seus pertences, a pia e a sua base, as cortinas do pátio, as suas colunas e as suas bases, e o reposteiro da porta do pátio, as estacas do tabernáculo, e as estacas do pátio, e as suas cordas, as vestes do ministério para ministrar no santuário, as vestes santas de Aharon o sacerdote, e as vestes de seus filhos, para administrarem o sacerdócio” (Êx 35:11-19). A idéia que temos é que eles deveriam construir somente a Tenda do Tabernáculo! Mas Moshe nos fala que o Tabernáculo é composto da Tenda, dos objetos (móveis) que estarão dentro e fora dela e também os vestidos sacerdotais! Pense nisto! Estes homens deveriam ter realmente habilidades especiais a fim de poderem executar essa obra, pois eles trabalhariam – ou supervisionariam – o trabalho de construção até o acabamento de uma vestimenta sacerdotal!
O que acontece agora? Vejamos o que nos diz a Palavra: “Então toda a congregação dos filhos de Israel saiu da presença de Moshe, e veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao IHVH para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para as vestes santas” (Êx 35:20-21). O discurso feito por Moshe termina e o povo volta para suas tendas. Então, aqueles que foram realmente tocados pelo Espírito de D-us retornam trazendo as ofertas que serão utilizadas para construir o Tabernáculo. O ponto importante aqui é que houve voluntariedade no coração de alguns homens a fim de partilharem com o Eterno aquilo que lhes pertencia! Eles não se importaram em dar aquilo que lhes era mais precioso e que lhes dava um status de riqueza no meio de seu povo! De forma humilde eles trouxeram suas preciosidades para entregá-las ao Eterno…
Um outro dado interessante é o que encontramos no verso 25: “E todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o que tinham fiado, o azul e a púrpura, o carmesim e o linho fino” (Êx 35:25). Aqui Moshe nos fala que as mulheres sábias fiavam com suas mãos… e trabalhavam a fim de acrescentarem beleza à obra que estava sendo feita, pois seu trabalho seria o de produzir as coberturas, panos, cortinas, tecidos que seriam usados para compor o Tabernáculo de Moshe. Isso era produzido artesanalmente, no deserto e por um grupo de mulheres que haviam recebido esse tipo de habilidade a fim de se integrarem à esse maravilhoso projeto: construir o local onde o Eterno se manifestaria!
O Mishcan é construído
Moshê informou aos judeus: “Betsal’el se encarregará da construção do Mishcan e Oholiav será
seu assistente. Não pensem que foi minha idéia designar Betsal’el, ou que eu quis dar-lhe um cargo importante por ser bisneto de minha irmã Miriam. Foi D’us quem o indicou à frente da tarefa da construção do Mishcan”.
Começaram as tarefas de construção. Betsal’el e Oholiav estavam à frente e indicavam aos homens e mulheres que desejavam ajudar o que deviam fazer. Alguns homens fabricavam os ganchos ou aros para as cortinas, outros cortavam a madeira para levantar as paredes, enquanto outros fundiam o ouro e a prata para depois fabricar os objetos necessários para o Mishcan. As mulheres eram muito hábeis ao retorcer o pêlo de cabra para fabricar cortinas. Sabiam como fiar o pêlo do lombo das cabras sobre os animais vivos. Assim, o pêlo se manteria limpo e puro.
O mais sagrado de todos os objetos do Mishcan era o aron (arca). Betsal’el era o principal trabalhador na construção do aron, e realizou esta tarefa com todo o cuidado e precisão. (Segundo outra opinião, Betsal’el não permitiu que ninguém o ajudasse na construção do aron, e o fez totalmente sozinho).
O aron construído sob a direção de Betsal’el era tão santo que nunca foi destruído. Jamais se construiu um segundo aron. O rei Shelomô (Salomão), que construiu o Bet Hamicdash (Templo Sagrado) em Jerusalém pôs o aron de Betsal’el no Côdesh hacodashim (Santo dos Santos). Uns cinqüenta anos antes da destruição do Bet Hamicdash, o rei Yoshiyáhu escondeu o aron debaixo do Bet Hamicdash. E não houve nenhum aron no segundo Bet Hamicdash. Quando se construir o terceiro Templo Sagrado, D’us nos devolverá o aron de Betsal’el.
Enquanto se construía o Mishcan, Moshê Rabênu se mantinha extremamente ocupado. Passava todos os dias pelos lugares onde trabalhavam as pessoas que se ocupavam de alguma parte do Mishcan. Somente Moshê havia recebido de D’us o projeto e o desenho de cada objeto, de modo que era sua responsabilidade assegurar-se de que ninguém cometesse erros.
D’us dotou todos aqueles que contribuíram na construção do Mishcan de sabedoria especial, para que cada objeto resultasse numa obra perfeita, exatamente como lhes havia ordenado.
O povo judeu demorou três meses para terminar a construção do Mishcan.
Moshe agora nos fala sobre os homens que foram chamados pelo nome a fim de construírem o Tabernáculo: “Depois disse Moshe aos filhos de Israel: Eis que o IHVH tem chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Iehuda” (Êx 35:30). Duas coisas aqui devem ser destacadas: a palavra traduzida por “tribo” em hebraico é matteh e significa “vara, autoridade”. A Segunda é que a palavra Iehuda vem de Iehudâ e significa “louvor”. Quando Iehuda nasceu sua mãe disse: “Esta vez darei graças a IHVH”. O nome deste homem é também profético: Bezalel significa “Na sombra do Eterno”! O Eterno agora chamava a um homem específico que tinha autoridade da tribo do louvor a fim de executar a obra de construção do Tabernáculo, que seria o local onde o povo de Israel viria a fim de louvar e adorar ao Senhor! E este homem é aquele que está “Na sombra do Eterno...” Não é maravilhoso saber o quanto o Senhor zela por sua obra? Não seria tremendo se nós hoje entendêssemos que há uma convocação para nossas vidas e que essa convocação é feita de forma particular a cada um de nós? Assim como Bezalel teve seu lugar e função específicos na construção do Tabernáculo, cada um de nós é recrutado pelo Eterno a fim de desempenharmos nosso papel na edificação do Corpo do Ungido!
Uma outra coisa tremenda está relatada no verso 31: “E o Espírito de Elohim o encheu de sabedoria, entendimento, ciência e em todo o lavor” (Êx 35:31). Quem poderia, somente com suas habilidades naturais servir ao Criador do Universo? Ninguém! E é por esta razão que o Eterno usa seu Espírito a fim de conceder ao homem aquilo que lhe falta para que os objetivos do coração do Criador cumpram-se em toda sua amplitude. A palavra nos diz que o Espírito do Criador encheu a Bezalel daquilo que era necessário para realizar a obra do Senhor! Encher nos fala de algo que vem do alto e em abundância! Isso nos mostra que precisamos estar vazios, abertos e desprovidos de qualquer sentimento de independência do Senhor a fim de que possamos receber d’Ele todas as ferramentas necessárias para que seus desejos se materializem na terra, assim como existem hoje apenas em seu coração, na eternidade…
Um outro homem é também destacado neste trecho: “Também lhe dispôs o coração para ensinar a outros; a ele e a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dan. Encheu-os de sabedoria do coração, para fazer toda a obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do gravador, em azul, e em púrpura, em carmesim, e em linho fino, e do tecelão; fazendo toda a obra, e criando invenções” (Êx 35:34-35). Agora Moshe nos informa que há outro homem engajado nesta obra e seu nome é Aoliabe, e que significa “tenda de meu pai”, e nos fala também que este homem é da tribo de Dan! Aqui novamente ocorre o que vimos acima: a palavra “tribo” é tradução de matteh e significa “vara, autoridade”. Vejamos agora que este outro homem, Aoliabe é chamado a construir o Tabernáculo e seu nome significa “tenda de meu pai” e ele tem a autoridade da tribo dos juízes (Dan)! Novamente o Senhor nos mostra que ele chama homens para edificarem sua obra com autoridade também para exercerem juízo sobre seus filhos!
Os dois homens chamados pelo Eterno a fim de comandarem e ensinarem aos outros a obra que lhes fora confiada tinham algo em comum: seus nomes e tribos apontavam para uma realidade futura e que nos mostrariam a junção entre o servir e o julgar, pois o louvor certamente seria uma característica do ir ou estar no Tabernáculo. É certo que quem chegasse aquele lugar precisaria ter uma atitude de louvor e adoração! Mas havia também o outro lado da questão: o estar na presença do Eterno implicaria em que nossos pecados seriam manifestos e isso traria consequentemente o juízo do Senhor! Mas não devemos nos desesperar, pois o juízo traz consigo o sangue que também nos livraria de todo o mal e nos purificaria de todo o pecado! Essa era a finalidade do sacrifício que era realizado no pátio do Tabernáculo e esse sacrifício apontava para o supremo sacrifício que seria realizado por um homem da tribo de Iehuda e que com isso estaria trazendo juízo sobre aqueles que não o recebessem! Assim funciona a sabedoria do Eterno D-us de Israel!
Havia um controle da parte do Eterno tão grande sobre essa obra e um mover de corações tão profundo que um acontecimento aqui nos chama a atenção: “E falaram a Moshe, dizendo: O povo traz muito mais do que basta para o serviço da obra que o IHVH ordenou se fizesse. Então mandou Moshe que proclamassem por todo o arraial, dizendo: Nenhum homem, nem mulher, faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais, porque tinham material bastante para toda a obra que havia de fazer-se, e ainda sobejava” (Êx 36:5-7). Quando lemos os versos acima isso nos parece um fato forjado ou mesmo um absurdo da época! Não é possível que o povo tenha tido um coração tão inclinado ao Senhor que tenha ofertado mais do que o necessário! Isso soa para nós como um absurdo e não compreendemos que naquele local haviam pessoas cujo coração fora tocado de tal forma que se preciso fosse ofereceriam até mais do que já haviam dado por amor ao Senhor! Isso demonstra que o Eterno conta sempre com alguns (não muitos) para realizarem sua obra! E é com esses que o Senhor realiza seus sonhos, trazendo-os à realidade graças à corações que se curvam obedientemente ao seu chamado!
A partir deste momento, Moshe passa a descrever os móveis e utensílios do Tabernáculo. A descrição começa pela cobertura: “Fez também, para a tenda, uma coberta de peles de carneiros, tintas de vermelho; e por cima uma coberta de peles de texugos. Também fez, de madeira de acácia, tábuas levantadas para o tabernáculo, que foram colocadas verticalmente” (Êx 36:19-20). Por que razão a descrição do Tabernáculo deveria começar justamente pela cobertura? Parece que o Eterno quer nos ensinar que existe uma prioridade em nossas vidas: para entrarmos em sua presença é necessário que haja essa cobertura com pele de carneiro, e ainda pintada de vermelho! Isso não nos faz lembrar de nada? O cordeiro que foi morto para que sua pele fosse retirada e justamente pintada de vermelho nos fala daquele que foi sacrificado a fim de que pudéssemos ser “cobertos” por este Cordeiro: sua morte nos deu direito a entrarmos no Tabernáculo de forma que possamos ali permanecer na presença do Eterno!
Outro fato interessante é que o próximo objeto a ser descrito são os véus e as colunas. “Depois fez o véu de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido; de obra esmerada o fez com querubins. E fez-lhe quatro colunas de madeira de acácia, e as cobriu de ouro; e seus colchetes fez de ouro, e fundiu-lhe quatro bases de prata” (Êx 36:35-36). O véu fazia separação entre o Lugar Santo e o Santo dos Santos e as colunas sustentavam o Tabernáculo em pé! Novamente o Eterno nos fala sobre a tênue separação que há entre a Eternidade e o material: somente um véu separava o D-us Eterno do homem que estava no Santo Lugar! E quando, pela oração, este homem entrava na presença do Eterno, então todas as demais coisas – inclusive ele mesmo – passavam a não ter mais significado algum, pois ali ele estava na presença do Criador e a Eternidade agora chegara até ele! No Tabernáculo há lugar para aqueles que desejam firmemente com seus corações entrar em profunda comunhão com o D-us Eterno, mas somente há lugar para estes! Ali não existe lugar para os desavisados, desatentos, omissos, infiéis, desobedientes, pois o Eterno exige que sejamos criteriosos e tenhamos um coração puro a fim de adentrarmos em sua presença!
Logo após é descrita a arca da aliança: “Fez também Bezalel a arca de madeira de acácia; o seu comprimento era de dois côvados e meio; e a sua largura de um côvado e meio; e a sua altura de um côvado e meio. E cobriu-a de ouro puro por dentro e por fora; e fez-lhe uma coroa de ouro ao redor; E fundiu-lhe quatro argolas de ouro nos seus quatro cantos; num lado duas, e no outro lado duas argolas; e fez varais de madeira de acácia, e os cobriu de ouro; e pôs os varais pelas argolas aos lados da arca, para se levar a arca” (Êx 37:1-5). A arca era certamente o objeto mais sagrado que estava no interior do Tabernáculo, pois ela recebia a manifestação da presença do D-us Eterno de Israel! Era sobre a sua tampa (o propiciatório), onde haviam dois querubins, que o Senhor aparecia, se manifestava e falava com Moshe e com Aharon e seus filhos! Podemos dizer que a arca partilhava não só da presença do Eterno como também de sua santidade! Por isso esse objeto não poderia ser tocado por homem algum! E quem a tocou de forma inadvertida morreu. Por isso o Senhor nos informa que a arca seria confeccionada de madeira de cetim e revestida com ouro, simbolizando o lado humano de cada homem (a madeira de cetim) sendo após revestido com a divindade (ouro), o que habilitaria a arca a estar no lugar mais santo do Tabernáculo!
Assim como aconteceu com a arca que foi revestida com a Divindade, nós também precisamos partilhar desta experiência a fim de podermos, da mesma forma, adentrarmos no Santo dos Santos e ali recebermos não só a presença do Eterno mas também a sua santidade!
Na seqüência aparece também a mesa dos pães da proposição: “Fez também a mesa de madeira de acácia; o seu comprimento era de dois côvados, e a sua largura de um côvado, e a sua altura de um côvado e meio. E cobriu-a de ouro puro, e fez-lhe uma coroa de ouro ao redor. Fez-lhe também, ao redor, uma moldura da largura da mão; e fez uma coroa de ouro ao redor da moldura. Fundiu-lhe também quatro argolas de ouro; e pôs as argolas nos quatro cantos que estavam em seus quatro pés. Defronte da moldura estavam as argolas para os lugares dos varais, para se levar a mesa. Fez também os varais de madeira de acácia, e os cobriu de ouro, para se levar a mesa. E fez de ouro puro os utensílios que haviam de estar sobre a mesa, os seus pratos e as suas colheres, e as suas tigelas e as suas taças em que se haviam de oferecer libações” (Êx 37:10-16). Por que o Eterno colocaria uma mesa no Santo lugar? Qual é a utilidade de uma mesa? Você responderia: Ela serve para comermos! E é isso mesmo! E há algo mais aqui, pois atualmente a mesa é o altar de cada judeu, pois com a ausência do Templo, o lar transformou-se no centro de adoração e comunhão com o Eterno! E é justamente à mesa que temos comunhão uns com os outros e com o Eterno! Então concluímos novamente que o eterno nos chama à comunhão no Santo Lugar! Os pães que seriam colocados sobre esta mesa representam a porção diária da Palavra que recebemos da parte de D-us!
Agora nos é apresentada a menorah: “Fez também o candelabro de ouro puro; de obra batida fez este candelabro; o seu pedestal, e as suas hastes, os seus copos, as suas maçãs, e as suas flores, formavam com ele uma só peça. Seis hastes saíam dos seus lados; três hastes do candelabro, de um lado dele, e três do outro lado. Numa haste estavam três copos do feitio de amêndoas, um botão e uma flor; e na outra haste três copos do feitio de amêndoas, um botão e uma flor; assim eram as seis hastes que saíam do candelabro. Mas no mesmo candelabro havia quatro copos do feitio de amêndoas com os seus botões e com as suas flores. E havia um botão debaixo de duas hastes da mesma peça; e outro botão debaixo de duas hastes da mesma peça; e mais um botão debaixo de duas hastes da mesma peça; assim se fez para as seis hastes, que saíam dele. Os seus botões e as suas hastes eram da mesma peça; tudo era uma obra batida de ouro puro. E fez-lhe, de ouro puro, sete lâmpadas com os seus espevitadores e os seus apagadores; de um talento de ouro puro fez o candelabro e todos os seus utensílios” (Êx 37:17-24). A menorah nos fala sobre inúmeras coisas, mas creio que a mais importante é que este objeto aponta para a presença do Espírito de D-us no Lugar Santo! É ali que nos encontramos com Ele e partilhamos de seu amor! Ali recebemos sua unção, sua iluminação e revelação da Palavra! Quando estamos diante d’Ele não somos privados de nada, pois há um profundo prazer que emana da pessoa do Espírito de D-us em nos abençoar e em nos levar para mais próximo do Eterno!
O altar de holocaustos é também descrito aqui: “Fez também o altar do holocausto de madeira de acácia; de cinco côvados era o seu comprimento, e de cinco côvados a sua largura, era quadrado; e de três côvados a sua altura. E fez-lhe as suas pontas nos seus quatro cantos; da mesma peça eram as suas pontas; e cobriu-o de cobre. Fez também todos os utensílios do altar; os cinzeiros, e as pás, e as bacias, e os garfos, e os braseiros; todos esses pertences fez de cobre. Fez também, para o altar, um crivo de cobre, em forma de rede, na sua cercadura em baixo, até ao meio do altar. E fundiu quatro argolas para as quatro extremidades do crivo de cobre, para os lugares dos varais. E fez os varais de madeira de acácia, e os cobriu de cobre. E pôs os varais pelas argolas aos lados do altar, para com eles levar o altar; fê-lo oco e de tábuas. Fez também a pia de cobre com a sua base de cobre, dos espelhos das mulheres que se reuniam, para servir à porta da tenda da congregação” (Êx 38:1-8). O ponto interessante aqui é que este objeto não é revestido de ouro e sim de cobre! Tudo o que se encontra fora da tenda propriamente dita (que começa no Santo Lugar) é feito com o cobre!
O pátio (ou átrio) do Tabernáculo é o último a ser citado e isso nos ensina que o Tabernáculo foi descrito de dentro para fora! Quando ele é montado, a sua montagem acontece justamente dessa forma: de dentro para fora! O Senhor inicia o relacionamento conosco operando em nossas vidas justamente de dentro para fora! Tudo tem início em nossos corações, que quando descobrem Ieshua passam a abrigá-lo e começam a receber de seu amor e de sua bondade! Assim somos transformados a partir do coração, o que garante que nossa personalidade será profundamente influenciada, pois o centro de nossas vidas foi conquistado pelo Criador: o coração!
Que o Eterno nos dê sabedoria a fim de que possamos entender a clara mensagem que nos é ensinada pela Escritura: o Eterno D-us deseja viver em nós e se relacionar de forma profunda com aqueles que lhe entregam totalmente suas vidas e corações!
Que assim seja!
Baruch Há Shem!
Mário Moreno.