Parasha Bemidbar

Mário Moreno/ maio 21, 2018/ Parasha da semana

Bemidbar

No deserto

Nm 1.1–4.20 / Os 2:1-22 / Rm 9:22-33

        Na Parashá desta semana estaremos dando início ao livro de Números e a novas lições que serão aprendidas com o povo de Israel no deserto. É justa­mente isso que significa o título da Parasha: “No Deserto”.

No início desta Parasha temos o Eterno se apresentando à Israel nova­mente como IHVH! Está escrito assim: “Falou mais o IHVH a Moshe no de­serto de Sinai, na tenda da congregação, no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano da sua saída da terra do Egito, dizendo” (Nm 1:1). O interessante é que o Eterno se apresenta a Moshe como “Aquele que se torna aquilo que eles precisam que Ele se torne”. Novamente fica explícito aqui que o povo de Israel servia – e ainda serve – ao D-us vivo, pois está escrito que Ele “falou a Moshe”. Neste período de caminhada pelo deserto do Sinai esta é uma carac­terística fundamental no Eterno, pois Ele como sendo o Criador de todas as coisas poderá guiar o seu povo através de caminhos que Ele mesmo traçou e conhece! Não haverá erro enquanto o povo obedecê-lo.

Por que D’us revelou a Torah no deserto

O livro de Bamidbar e por conseguinte esta parashá iniciam-se com as palavras: “Bemidbar Sinai – no deserto de Sinai”. Isto vem nos indicar que D’us escolheu propositadamente um deserto para outor­gar-nos a Torah.

Há diversas razões pelas quais D’us preferiu o deserto à terra ha­bitada. Dentre essas:

  • Se a Torah tivesse sido outorgada na Terra de Israel, seus habi­tantes teriam reivindicado uma relação especial com a Torah. D’us falou num local onde todos podem Ter livre acesso. Isto nos ensina que cada um possui uma porção na Torah igual a de todos os seus semelhantes.
  • Revelando a Torah no deserto, D’us nos ensina que a fim de tor­nar-se grande no estudo da Torah, a pessoa deve fazer-se seme­lhante ao deserto – ou seja, sem dono ou proprietário.

Estas palavras implicam:

  1. Como o deserto é de livre acesso e trânsito para todos, da mesma forma um judeu deve ser humilde.

Humildade é a percepção da pequenez da pessoa. É uma virtude ne­cessária para obter sucesso no estudo da Torah, e para uma vida feliz neste mundo.

Vantagens da humildade em relação à Torah:

  • Para progredir em Torah, deve-se procurar a companhia dos estu­diosos, que são mais sábios, e aprender deles. Uma pessoa arro­gante não aceita conselho e orientação de outros.
  • Alguém que está convencido de sua própria superioridade não se empenhará em cumprir as mitsvot que não considera importantes, nem investir muitos esforços em preencher os detalhes requeridos por outras.
  • D’us gosta das pessoas humildes, pois constantemente revisam seus atos, a fim de corrigir seus erros. Uma pessoa arguta, no en­tanto, não é aberta a críticas, nem tem senso de autocrítica. Por isso, está longe de fazer teshuvá.

Benefícios gerais da humildade:

  • Uma pessoa humilde aproveita a vida, a despeito das circunstân­cias materiais; enquanto uma pessoa arrogante não está satisfeita com seu quinhão. O presunçoso está convencido de que D’us e seus semelhantes lhe devem por seus talentos, contribuições ou méritos. Ele não é suficientemente recompensado com reconhecimento ou di­nheiro; sofre de descontentamento e frustração.
  • Se o infortúnio atinge uma pessoa arrogante, ela se ressente de­mais. Uma pessoa humilde, por outro lado, consegue superar os pro­blemas, inconveniências e situações desagradáveis da vida.
  • Uma pessoa humilde faz amigos; uma pessoa que se sente o centro do universo, não. Ela não pode perdoar aqueles que a insultam, ou não a tratam com deferência e como resultado, dificulta sua apro­ximação e relacionamento com outras.
  1. “Parecendo-se com o deserto” também implica que um judeu deve estar pronto a sacrificar conforto material em prol da Torah. O conceito de “deserto” sugere o oposto à civilização, com seus lu­xos e confortos materiais. Um judeu pode esperar progredir no es­tudo da Torah e cumprimento das mitsvot somente se estiver prepa­rado para fazer algum sacrifício em assuntos terrenos.

Na maioria das vezes, é impossível atingir a perfeição em todas as áreas. Por exemplo, é difícil um homem ser tremendamente bem suce­dido nos negócios, e, ao mesmo tempo, altamente criativo nos estu­dos diários da Torah; uma família pode se ver obrigada a escolher entre o tipo de férias que quer, ou uma cara educação em yeshivot para seus filhos, e assim por diante.

  1. Outra característica do deserto é sua vastidão vazia. Da mesma forma, o intelecto do homem deve parecer como a imensidão vazia do deserto, livre de elementos estranhos, antes que os pensamentos da Torah possam lá deitar raízes.

        As palavras ditas pelo Eterno são muito exatas e não deixa qualquer dú­vida sobre aquilo que o Senhor pretende: “Tomai a soma de toda a congrega­ção dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, conforme o número dos nomes de todo o homem, cabeça por cabeça” (Nm 1:2). Aqui a palavra “congregação” em hebraico é edâ e significa “con­gregação, assembleia, multidão, povo, enxame”. O povo de Israel é tomado como um todo harmônico que deve ser contado até ter-se a sua soma total! Outro fato interessante aqui é que somente os filhos de Israel fariam parte desta contagem! Não é estranho que o Eterno usasse justamente esta palavra, deforma tão específica, para solicitar a contagem do povo? Ele diz que “bnei Israel” deveriam ser contados! A quem o Eterno se refere? A todos aqueles que são descendentes dos patriarcas, principalmente de Ia´aqov (depois foi denominado pelo Eterno “Israel”) e isso significa que certamente haviam ou­tras pessoas entre os israelitas que não pertenciam ao povo, mas haviam vindo com o povo quando de sua saída do Egito. O Eterno queria saber quem era descendente (quantos eram) daquele que “Luta com D-us e prevalece” – Israel.

A contagem é feita tribo a tribo, segundo os líderes de cada tribo em parti­cular. A contagem incluiria todos os homens que tivessem de vinte anos para cima e que estão aptos para a guerra. “Da idade de vinte anos para cima, todos os que em Israel podem sair à guerra, a estes contareis segundo os seus exércitos, tu e Aharon” (Nm 1:3). Os designados das tribos foram os seus príncipes – os responsáveis legais por cada tribo – para através deles serem identificados aqueles que fariam parte desta contagem: “Estes, pois, são os nomes dos homens que estarão convosco: De Rúben, Elizur, filho de Sedeur; de Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai; de Iehuda, Naasson, filho de Amina­dabe; de Issacar, Natanael, filho de Zuar; de Zebulom, Eliabe, filho de Helom; dos filhos de Iosef: De Efraim, Elisama, filho de Amiúde; de Manassés, Gama­liel, filho de Pedazur; de Benjamim, Abidã, filho de Gideoni; de Dan, Aieser, filho de Amisadai; de Aser, Pagiel, filho de Ocrã; de Gade, Eliasafe, filho de Deuel; de Naftali, Aira, filho de Enã. Estes foram os chamados da congregação, os príncipes das tribos de seus pais, os cabeças dos milhares de Israel” (Nm 1:5-16).

Esta contagem foi feita ajuntando-se toda a congregação numa data espe­cífica. “E reuniram toda a congregação no primeiro dia do mês segundo, e declararam a sua descendência segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos para cima, cabeça por cabeça” (Nm 1:18). Aqui, a palavra “reunir” em hebraico é qahal e significa “assembleia, grupo, congregação”. A LXX traduziu esta palavra por eklesia e também sinagoge! Esta palavra (qahal) denota uma reunião em assembléia com propósitos religiosos. A palavra nos fala dos representantes do povo! Isso nos indica que neste evento as pessoas seriam identificadas uma a uma e re­conhecidas como pertencentes às tribos mas também seriam consideradas parte da nação de Israel! Já a palavra “congregação” é o termo edâ e significa “congregação, assembleia, multidão, povo, enxame”. Há ainda a palavra “ca­beça”, que em hebraico é gulgolet e significa “cabeça, crânio, pessoa”. Aqui a palavra indica que esta contagem, apesar de parecer genérica e impessoal, é também única pois trata cada indivíduo de forma separada, como uma unidade no todo. Cada pessoa forma quando se junta ao seu companheiro da mesma tribo, forma uma tribo e o total das tribos forma a nação!

O interessante é que o total do povo não diminuiu apesar das mortes ocor­ridas e dos incidentes que levaram muitos a sucumbirem nesta caminhada pelo deserto rumo a Canaã! O número total do povo foi dado como está es­crito: “Todos os contados eram seiscentos e três mil e quinhentos e cinquenta” (Nm 1:46). A soma total do povo foi de 603.550 pessoas! Devemos lembrar-nos que, quando o povo saiu do Egito foi feita uma estimativa de cerca de 600.000 (seiscentos mil homens) que comporiam aquela multidão, o que cer­tamente incluía os “estrangeiros e intrusos” que se aproveitaram do êxodo dos israelitas para também fugirem do Egito! Aqui temos então uma informação muito interessante: o povo que obedece ao Eterno, mesmo estando no de­serto, apresenta um crescimento quantitativo e qualitativo! Isso fica claro, pois o povo só estava crescendo por causa de sua obediência ao Eterno. O fato de estarem vivos naquele lugar certamente indicava algo! O deserto então estava educando o povo e revelando-lhe quem eles eram e quem era o Eterno na vida deles!

Os israelitas são contados pela quarta vez

Esta era a quarta vez que os judeus eram contados.

  1. Inicialmente, a Torah registra que os membros da família de Ia´aqov que desceram ao Egito era de setenta.
  2. A Torah declara que seiscentos mil homens deixaram o Egito.

Essas cifras indicam que o povo judeu multiplicou-se de maneira milagrosa no Egito. Devido à Providência Especial de D’us, o pe­queno clã de Ia´aqov, a despeito de planos inimigos para exter­miná-lo, tornou-se miraculosamente uma nação que compreendia mi­lhões de almas.

  1. Após o pecado do bezerro de ouro, a onze de Tishrei de 2448, os israelitas foram contados pela terceira vez.

O censo foi tomado como um sinal do amor nutrido por D’us e Sua preocupação com os judeus – mesmo após o pecado.

  1. Agora, o primeiro de Iyar de 2449, quase sete meses após o úl­timo censo, o povo foi contado novamente.

Não houve mudanças desde a última contagem. Por que D’us ordenou o censo?

Os objetivos desta contagem

D’us ordenou este censo por diversas razões.

Eis aqui algumas:

1 – O objetivo principal desta contagem era apurar os ancestrais de cada indivíduo, determinando assim sua tribo. Mais adiante, nesta parashá, o povo judeu será ordenado a formar grupos (de acordo com suas tribos). Estes grupos acampariam e viajariam numa determinada ordem sob estandartes. Portanto, era necessário deter­minar a qual tribo cada judeu pertencia.

2 – O povo logo adentraria a Terra Santa. D’us ordenou esta conta­gem para descobrir quantos homens serviriam no exército e poderiam ajudar na conquista do país.

3 – Quando o Tabernáculo foi consagrado, a Presença de D’us desceu do céu para repousar na terra. Um rei conta seu exército no dia em que é coroado para saber quantos soldados tem. Da mesma forma, D’us pediu a Moshê para descobrir o número de judeus no qual Sua Shechiná (Presença Divina) poderia repousar.

D’us diz: “Sempre que o total do povo judeu é mencionado, fico contente, pois representa o número de soldados em Meu exército, que cumprem Minha Vontade no mundo.”

À noite, o homem de negócios voltou exausto para casa. Havia sido um dia caótico e exaustivo – telefonemas, memorandos, pedidos, en­viar mercadorias. Ele queria apenas ter um bom jantar e cair na cama. Não obstante, primeiro dedicou tempo para fazer algo em es­pecial. Apesar de tomar tempo e exigir concentração, proporcio­nava-lhe muito prazer. Tirou de sua maleta os cheques e boletos bancários que juntou durante o dia, contando-os diversas vezes. Esquecendo-se de seu cansaço, encheu-se de satisfação e prazer.

A pessoa investe tempo e esforço para inspecionar e contar objetos que lhe são preciosos. Quanto mais valioso o item, mais cuidadosa­mente ele o verificará.

O Todo-Poderoso conta o povo judeu frequentemente, demonstrando que a Seus próprios olhos cada indivíduo é essencial. Portanto, a Torah detalha extensamente os números do povo judeu. Apenas na pa­rashá de Bamidbar há quatro listagens diferentes do número de ju­deus.

 Outra razão pela qual D’us queria que os judeus fossem contados

Imagine que você está entre as pessoas que são contadas no de­serto. Ficaria perante Moshê, Aharon e os líderes das tribos. Qual a sensação? Não é uma experiência emocionante? Você está face a face com os líderes de Torah da nação judaica.

À aproximação de cada um, Moshê – o grande profeta de D’us – e Ah­aron – o sagrado Sumo Sacerdote – escutavam o nome da pessoa, olhavam-na, e silenciosamente a abençoavam.

Desta maneira, cada judeu ganhava o mérito de ser abençoado pelos homens mais notáveis da nação. Cada pessoa sentia quão importante era aos olhos de D’us.

D’us deseja que percebamos como cada pessoa merece Sua considera­ção e apreço.

As doze tribos foram contadas, menos um grupo em especial: os levitas! Está escrito assim: “Mas os levitas, segundo a tribo de seus pais, não foram contados entre eles, porquanto o IHVH tinha falado a Moshe, dizendo: Porém não contarás a tribo de Levi, nem tomarás a soma deles entre os filhos de Israel” (Nm 1:47-49). A tribo de Levi não deveria ser contada entre o povo, mas por quê? Haveria uma razão especial para que isso acontecesse? A primeira cosa que vamos observar neste verso é a palavra Levi, que em hebraico é lewî e significa “junto”; também um membro da tribo de Levi. Já a palavra “tribo” vem do termo matteh que significa “vara, bordão, bastão, haste, tribo”. O líder de cada tribo possuía um bordão e com ele dirigia o seu povo; simbolizava a liderança e a autoridade do líder. A tribo de Levi não seria con­tada por duas razões: a primeira seria por serem eles pessoas que haveriam de estar a serviço do Eterno naquilo que se referia ao tabernáculo e não teriam qualquer utilidade em tempos de guerra; não poderiam ser contados como uma parte do exército de Israel, mas poderiam ser tidos como o exército do eterno que estaria à sua disposição para o seu serviço! Já a segunda razão é porque a autoridade espiritual de Levi não poderia ser medida, contada, men­surada, pois ela não teria fim! Enquanto houvesse um homem da tribo de Levi, ele levaria sobre si essa autoridade e essa unção sacerdotal que não poderia ser passada nem transferida para ninguém! Um Levi seria sempre um Levi!

        A sua função é muito clara e nisto eles tem toda a autoridade: o cuidado com as coisas do Eterno! “Mas tu põe os levitas sobre o tabernáculo do teste­munho, e sobre todos os seus utensílios, e sobre tudo o que pertence a ele; eles levarão o tabernáculo e todos os seus utensílios; e eles o administrarão, e acampar-se-ão ao redor do tabernáculo” (Nm 1:50). Os levitas tinham sob sua responsabilidade o tabernáculo do testemunho. A palavra “tabernáculo” em hebraico é mishkan e significa o santuário portátil construído pelos israelitas no deserto. Já a palavra “testemunho” é edût e significa “testemunho, lembrete, sinal de advertência”. Essa palavra é sempre usada com referência ao testemunho de D-us! O tabernáculo então funcionava como um lembrete, um sinal não somente para o povo de Israel mas também para todos os que o vissem! Ali as pessoas certamente discerniriam a presença do Eterno e através disso poderiam optar por seguí-lo (obedecendo-o) ou não! É interessante que os levitas deveriam administrar o tabernáculo, cuidar dele e acamparem-se ao seu redor, como se eles fossem a sua “guarda de elite” não permitindo assim que um “desavisado” qualquer se aproximasse de forma indevida daquele lugar e fosse assim morto ou mesmo contaminasse o tabernáculo! Isso está muito claro no verso 53: “Mas os levitas armarão as suas tendas ao redor do tabernáculo do testemunho, para que não haja indignação sobre a congrega­ção dos filhos de Israel, pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do ta­bernáculo do testemunho” (Nm 1:53).

Moshe continua o seu raciocínio dizendo: “E falou o IHVH a Moshe e a Aharon, dizendo: os filhos de Israel armarão as suas tendas, cada um debaixo da sua bandeira, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, defronte da tenda da congregação, armarão as suas tendas” (Nm 2:1-2). Novamente o Eterno se apresenta como IHVH – Aquele que se torna aquilo que o povo precise que Ele se torne – e agora o Eterno dá instruções sobre como eles de­verão agir neste caso. A palavra “bandeiras” em hebraico é degel e significa “estandarte, bandeira”. Esta palavra vem da raiz dagal que significa “olhar, notar”. Já o termo “insígnia” em hebraico é ´ot e significa “sinal, marca, insignia, milagre, prova”. As tendas dos filhos de Israel deveriam ser armadas debaixo de seus estandartes, de forma organizada e previamente definida; não haveria lugar para a bagunça ou para a desordem! Isso certamente seria para que eles pudessem ser “notados”, “vistos” onde quer que estivessem e isso serviria de sinal, prova, marca distintiva para cada um deles! As “insígnias” ou sinais, provas, marcas, deveriam demonstrar quem era o “pai” de cada tribo! Lembremo-nos que as tribos surgiram a partir dos doze filhos de Ia´aqov! Duas considerações, quanto ao posicionamento, merecem nosso destaque: a primeira está no verso 3: “Os que armarem as suas tendas do lado do oriente, para o nascente, serão os da bandeira do exército de Iehuda, segundo os seus esquadrões, e Naassom, filho de Aminadabe, será príncipe dos filhos de Iehuda” (Nm 2:3). Aqui temos a tribo de Iehuda que se posicionaria ao oriente do tebernáculo. A palavra “oriente” em hebraico é qedem e significa “oriente, antiguidade, frente”. É a direção onde estava localizado o Éden! Não é interessante que justamente a tribo de Iehuda “apontaria” sempre para a dire­ção onde estava o Éden, o jardim da vida! Quando falamos sobre Iehuda nos lembramos que esta é a tribo de onde viria o Messias e Ele seria o portador da vida para todo aquele que o aceitasse! Iehuda “puxaria” a fila, ficando em frente ao tabernáculo e agindo como se fosse um “condutor” que levaria o povo e o tabernáculo rumo à terra prometida! Há também um outro aspecto a considerarmos no verso 18: “A bandeira do exército de Efraim segundo os seus esquadrões, estará para o lado do ocidente; e Elisama, filho de Amiúde, será príncipe dos filhos de Efraim” (Nm 2:18). No lado oposto ao de Iehuda estaria justamente Efraim, atuando como “retaguarda” do tabernáculo e do povo. Eles viriam depois – por último – e atuariam como os guardas daqueles que ficavam atrás! O interessante é que Efraim simboliza – e compõe – a igreja gentílica que justamente chegou após Israel e atua hoje como um “escudo” protetor da retaguarda do povo de D-us! (ou pelo menos deveria ser assim!)

Os três acampamentos no deserto

Havia três campos separados no deserto:

1 – O Campo da Divina Presença (Machanê Shechiná)

Este era o nome dado à área do Tabernáculo. Os outros dois circun­davam este acampamento.

2 – O acampamento dos Levitas (Machanê Leviya)

Os levitas acampavam ao redor de todos os lados do Tabernáculo. A cada uma das famílias levitas era designado um local fixo. As fa­mílias de Moshê e Aharon foram honradas e acampavam à entrada do Tabernáculo. Eram como guardas postados à entrada do palácio do rei. Sendo que D’us havia ordenado: “Vocês devem guardar o Taber­náculo,” os cohanim e os leviyim tinham de montar guarda em alguns locais à volta do Tabernáculo, mesmo durante a noite.

Naturalmente, D’us não precisa de guardas para vigiar Seu local sagrado. Ele sozinho pode protegê-lo melhor que qualquer guarda humano jamais poderia. Mesmo assim, Ele ordenou que os levitas vi­giassem o Tabernáculo. Como um rei humano tem seu palácio rodeado de guardas, para prestar-lhe honras, D’us deu aos judeus outra oportunidade de honrá-Lo e a Seu Tabernáculo.

3 – O acampamento dos Israelitas (Machanê Yisrael)

Este acampamento rodeava o acampamento Levita. Como explicaremos na próxima seção, três tribos acampavam em cada um dos quatro la­dos.

Como foi organizado o acampamento dos Israelitas

No mesmo dia em que D’us ordenou a Moshê que contasse o povo ju­deu, disse-lhe também: “Quero que organize o acampamento exterior. Divida as tribos em quatro grupos conforme minhas instruções. Cada grupo acampará num lado diferente do Tabernáculo, sob sua própria bandeira. Uma tribo de cada grupo será a líder.”

Eis como D’us disse a Moshê para dividir os quatro grupos:

1 – O primeiro grupo foi denominado “Dêguel Machanê Iehuda”. Acam­pou no lado leste. A tribo de Iehuda seria a tribo líder desta porção.

Neste grupo também estariam Issachar e Zevulun.

2 – O segundo grupo foi denominado “Dêguel Machanê Reuven.” Acam­pou no lado sul. A tribo Reuven seria a tribo líder daquele lado.

Neste grupo também estariam: Shimon e Gad.

3 – O terceiro grupo foi chamado de “Dêguel Machanê Efraim.” Acam­pou no lado oeste. A tribo Efraim seria a tribo liderante.

Neste grupo também estariam: Menashê e Binyamin.

4 – O quarto grupo foi nomeado “Dêguel Machanê Dan.” Acampou do lado norte. A tribo Dan seria a tribo a liderar aquele lado.

Neste grupo também estariam: Asher e Naftali.

Quem organizou os quatro grupos nesta ordem especial?

Quando Moshê ouviu de D’us que cada tribo tinha um determinado território, dentro de certas fronteiras, pensou: “Agora tenho de discutir com os reclamantes de todas as tribos. Homens da tribo de Reuven me dirão: ‘Preferiríamos acampar ao norte [do Taberná­culo]’, e homens da tribo de Dan reivindicarão o sul. Preciso es­tar preparado para uma série de discussões.”

“Seus temores são infundados, Moshê,” tranqüilizou-o D’us. “Os ju­deus sabem onde devem acampar. Seus antepassados lhes transmitiram as últimas palavras de Ia´aqov, de que ocupariam as mesmas posi­ções que os filhos de Ia´aqov ocuparam ao carregarem o caixão de seu pai.”

Quando nosso Patriarca Ia´aqov estava para morrer, disse aos fi­lhos: “Estas são minhas instruções exatas de como vocês devem car­regar meu caixão. Nenhum estranho deve tocá-lo. Iehuda, Issachar e Zevulun devem carregá-lo do lado leste. Reuven, Shimon e Gad pelo lado sul; Efraim, Menashê e Binyamin pelo oeste; e Dan, Asher e Naftali pelo lado norte. Iosef, entretanto, não deve carregá-lo. Ele é um rei, e não é honroso para um rei carregar um féretro.”

“Levi também não deve carregá-lo. Seus descendentes um dia servi­rão no Tabernáculo e carregarão a arca de D’us. Não seria apropri­ado para alguém cuja tribo carregará a arca do D’us Vivo, carregar o esquife de um ser humano.”

D’us aprovou o arranjo de Ia´aqov. Não o alterou. Mas agora, ne­nhuma tribo poderia protestar pela posição recebida; todas as tri­bos sabiam que tinha sido organizada desta maneira por Ia´aqov.

As bandeiras dos quatro grupos

D’us instruiu Moshê: Cada um dos grupos deve ter sua própria ban­deira. O povo deve marchar sob este estandarte. Cada bandeira ti­nha três cores, representando as três tribos. Cada cor correspon­dia à cor da pedra preciosa daquela tribo no peitoral do Sumo Sa­cerdote.

1 – A bandeira do grupo de Iehuda

Esta bandeira tinha três listras; uma azul, representando a tribo de Iehuda; preta, representando a tribo de Yissachar, e uma branca, representando a tribo de Zevulun.

Na bandeira estavam bordados os nomes Iehuda, Yissachar e Zevulun. Também possuía o seguinte versículo: “Levanta, ó D’us, para que Teus inimigos sejam dispersados e os que Te odeiam fujam de Ti.”

A bandeira de Iehuda era a primeira a marchar; portanto, fazia sentido ter uma oração pedindo a D’us que protegesse o povo judeu de seus inimigos.

Esta bandeira tinha a pintura de um leão, porque a tribo líder, Iehuda, era comparada a este animal.

2 – A bandeira do grupo de Reuven

Esta bandeira era também em três cores: vermelho para Reuven, verde para Shimon e uma mistura de branco e preto para Gad. Trazia os nomes destas três tribos. No centro possuía o seguinte versí­culo bordado: “Ouve, ó Israel, D’us é nosso D’us, D’us é um.”

Por que foi escolhido este versículo?

Antes que Ia´aqov morresse, perguntou a todos os filhos se acredi­tavam em D’us. Eles responderam com este versículo. Reuven era o mais velho dos filhos e certamente o primeiro dentre eles a falar, então era apropriado que estas palavras se tornassem o lema da tribo de Reuven. Na bandeira havia um desenho de flores violetas chamadas dudaim (mandrágoras ou jasmim).

No livro de Bereshit, na parashá de Vayetsê, a Torah nos relata como o pequeno Reuven, trouxe estas flores para sua mãe. Tomou cuidado de colher somente aquilo que não pertencia a ninguém, para não incorrer no pecado de roubo. Assim como Reuven se afastou do furto, sua tribo agia da mesma maneira.

3 – A bandeira do grupo de Efraim

As cores deste estandarte eram: preto, tanto para Efraim como para Menashê; para Binyamin, uma mistura das cores de todas as bandei­ras. Os nomes Efraim, Menashê e Binyamin estavam na bandeira. Ti­nha o seguinte versículo bordado: “A nuvem de D’us pairava sobre os israelitas quando eles viajavam durante o dia.”

Como a nuvem da Shechiná pairava sempre a oeste, o grupo que acam­pava a oeste recebia um versículo relacionado à nuvem de D’us.

Sobre esta bandeira havia uma pintura de um menino, porque D’us chama a tribo de Efraim de “um menino amado por D’us.”

4 – A bandeira do grupo de Dan

As três cores desta bandeira eram: roxo para Naftali, a cor da sa­fira para Dan, e pérola para Asher. Os nomes Dan, Naftali e Asher estavam bordados na bandeira. Havia também este versículo bordado: “Quando a arca repousava, Moshê proclamava: ‘Volta, D’us, e re­pousa entre os milhares e milhares de Israel!'”

O desenho na bandeira era o de uma serpente, porque nosso Patri­arca Ia´aqov comparou Dan a uma cobra.

O significado dos estandartes

Os estandartes que principiavam e lideravam os vários acampamentos no deserto, possuíam profundo significado espiritual, e não devem ser confundidos com os atuais brasões familiares, ou estandartes nacionais.

De fato, as nações do mundo copiaram dos judeus a idéia de uma bandeira nacional; contudo, os estandartes foram projetados e ex­postos inteiramente por orientação Celestial.

Os judeus viram profeticamente os estandartes na Outorga da Torah. Perceberam a Shechiná descendo sobre o Monte Sinai acompanhada de 22.000 carruagens de anjos próximos à Shechiná, e vasto número de carruagens adicionais que a rodeavam.

Os anjos estavam agrupados ao redor da Shechiná como se fossem quatro divisões portando quatro diferentes estandartes:

  • À direita (sul), estava a divisão do anjo Michael.
  • À esquerda (norte), estava a divisão do anjo Uriel.
  • À frente (leste), estava a divisão do anjo Gavriel.
  • À retaguarda (oeste), estava a divisão do anjo Rafael.

Os estandartes Celestiais de fogo foram percebidos pelos judeus em vários matizes de cores.

A inspiradora visão dos exércitos celestiais fizeram os israelitas exclamar: “Se ao menos estivéssemos organizados sob estandartes, com a Shechiná em nosso meio, exatamente como os anjos!…”

Por que desejaram estandartes?

Ansiavam sentir a santidade especial de posicionarem-se como o exército Celeste, que beneficiava-se de um nível mais elevado de ligação com o Todo-Poderoso.

D’us informou então a Moshê que Ele concederia ao povo judeu seu pedido pelos estandartes.

Porém foi apenas trinta dias depois do Tabernáculo ter sido er­guido (e a Shechiná, que partira após o pecado do bezerro de ouro) que D’us considerou os judeus merecedores de atingirem esse nível superior de santidade.

D’us ordenou a Moshê: “Os judeus devem acampar sob quatro estan­dartes líderes.”

Como as quatro divisões levantavam acampamento e seguiam jornada

Quando as Tribos levantavam acampamento e seguiam jornada, entra­vam em formação de acordo com as especificações de D’us.

O Todo-Poderoso instruiu Moshê: “Ao iniciar cada jornada, a divi­são sob o estandarte de Iehuda deve avançar para frente, e viajar à testa. Deve ser seguida pelas famílias levitas de Guershon e Me­rari. A próxima divisão a marchar é a de Reuven seguida pela famí­lia levita de Kehat. Então deverá avançar a divisão de Efraim, e finalmente a de Dan.”

A ordem em que viajavam foi determinada de acordo com um profundo plano Divino.

Iehuda ia na frente. E o grupo de Dan marchava por último. Por que? Quando Ia´aqov, nosso Patriarca, abençoou Iehuda, comparou-o a um leão. E quando Moshê deu-lhe sua última bênção, também compa­rou a tribo Dan a um leão. Por causa de sua grande força como “leões”, estas duas tribos foram escolhidas para estarem à frente e atrás do povo judeu durante as viagens.

A tribo de Dan, que era uma tribo numerosa, além de rechaçar os inimigos que atacavam pela retaguarda, recuperavam artigos perdi­dos por outras tribos.

A grandeza dos estandartes

Quando os israelitas tomavam suas respectivas posições sob os es­tandartes, a Shechiná descia das bandeiras celestiais para pairar sobre os judeus. Eram, desta forma, elevados a novos píncaros de santidade, como o exército de D’us na Terra.

As nações gentias que viam os judeus descansarem sob os estandar­tes eram tomadas de temor e reverência. Conseguiam reconhecer a santidade de um povo que vivia como uma unidade organizada para servir o Todo-Poderoso. Sentindo que os judeus na Terra pareciam-se com anjos Celestiais, exclamavam admirados: “Que nação é esta que se parece com a aurora, bela como a lua, clara como o sol, e que inspira temor sob seu estandarte?!”

A memória dos estandartes jamais foi esquecida por nosso povo.

Por milhares de anos depois de haverem tido os estandartes, sempre que um judeu era perigosamente tentado a comprometer sua fé a fim de granjear fama e fortuna, replicaria às persuasões dos gentios: “O que podem oferecer que se possa comparar à grandeza que uma vez experimentamos? No deserto, estávamos sob os estandartes, como o Acampamento de D’us na Terra. Suas promessas são míseras e insig­nificantes, comparadas às do Todo-Poderoso.”

Assim, a lembrança da glória dos estandartes auxiliou os judeus no exílio a permanecerem fiéis e leais à Torah.

Já no que diz respeito a Aharon e à tribo sacerdotal, está escrito assim: “Estes são os nomes dos filhos de Aharon, dos sacerdotes ungidos, cujas mãos foram consagradas para administrar o sacerdócio” (Nm 3:3). Os sacerdotes são pessoas “ungidas” cujas foram foram “consagradas” para administrar o sacerdócio. Quando falamos sobre sacerdotes ungidos e mãos consagradas a Torah usa a palavra mashah que significa “ungir, espalhar um líquido”. Os sacerdotes não são pessoas comuns e também não tem atribuições comuns. Quando a Escritura fala sobre mãos ela se refere ao ato de dar e de receber; as mãos é que transmitem bençãos sobre alguém e também dão algo a alguém! Os sacerdotes possuem mãos ungidas e isso significa que as suas mãos além de serem santas também foram santificadas para darem e receberem as dádivas para o do Eterno!

Um outro detalhe interessante ligado aos sacerdotes e aos levitas é que o Eterno os tomou dentre o povo no lugar dos primogênitos! “E eu, eis que tenho tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo o primogênito, que abre a madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus” (Nm 3:12). Quando o Eterno faz isso Ele toma os levitas para si como sua propriedade; eles seriam então “totalmente consagrados” ao Senhor e ao seu serviço! Não haveria mais necessidade de que os pais trouxessem seus filhos primogênitos o os dedicassem no tabernáculo ou no Templo deixando-os para o serviço do Eterno! Agora o Senhor tem os levitas que farão este papel e o povo de Israel apenas cuidará deles – como faria com qualquer filho seu que ali estivesse – e isso também evitaria qualquer tipo de disputa interna no povo e também a cobiça pelo sacerdócio que não poderia ser comprado por ninguém e nem transmitido (dado) a outro homem de uma outra tribo ou país!

Agora o Eterno dá a Moshe os deveres dos levitas de forma bem detalhada: “E falou o IHVH a Moshe e a Aharon, dizendo: fazei a soma dos filhos de Coate, dentre os filhos de Levi, pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais; da idade de trinta anos para cima até aos cinquenta anos, será todo aquele que entrar neste serviço, para fazer o trabalho na tenda da congrega­ção. Este será o ministério dos filhos de Coate na tenda da congregação, nas coisas santíssimas” (Nm 4:1-4). Agora, o Eterno ordena que seja feita a conta­gem dos levitas, mas com um detalhe: somente a partir dos trinta anos deveriam ser contados os levitas. Mas, por quê? No judaísmo o ministério tem início aos trinta anos, pois é justamente nesta idade que um homem é considerado “maduro” para exercer o ministério do Senhor! Este padrão é atestado também na vida de doisgrandes homens de D-us: “Da idade de trinta anos era David quando começou a reinar; quarenta anos reinou” (II Sm 5:4). Também Ieshua deu início ao seu ministério aos trinta anos: “E o mesmo Ieshua começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de Iosef, e Iosef de Heli” (Lc 3:23). Isso nos demonstra então que o que foi feito aos levitas era algo extremamente conhecido pelos israelitas, pois não houve qualquer tipo de contestação ou mesmo palavra constrária à determinação do Eterno para que os levitas fossem contados a partir dos trinta anos, idade que os tornava aptos para o início da atividade no serviço do Senhor! Aos filhos de Coate ficou determinado o “trabalho na tenda da congregação”. A palavra “trabalho” em hebraico é aboda e significa “trabalho braçal, serviço”. Ela vem da raiz abad que significa “trabalhar, servir”. A palavra tem o sentido de “adorar, obedecer a D-us através do trabalho”. Nós vemos aqui que a atribui­ção de Coate e seus filhos era justamente a parte que dizia respeito à monta­gem e desmontagem do tabernáculo! Eles deveriam fazer isso de tal forma que com seu trabalho estivessem adorando, obedecendo ao Eterno através do tra­balho que realizavam! Aqui, o trabalho deles tem o sentido de um culto que é prestado ao Eterno em obediência à sua determinação! Os levitas e os sacer­dotes não teriam nenhuma atribuição ligada ao trabalho braçal; eles não deve­riam montar e desmontar o tabernáculo, mas sim cuidar daquilo que lhes fora expressamente determinado pelo Eterno! Cada qual seguia e fazia aquilo que o Eterno já havia lhes determinado e com o trabalho conjunto de todos a obra do Senhor seguiria em frente. Este padrão é transmitido também na Brit Hadasha por Sha´ul que nos ensina que a ação dos ministérios na igreja atua de forma a gerar o crescimento da mesma! Está escrito assim: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo do Ungido; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Elohim, a homem perfeito, à me­dida da estatura completa do Ungido, para que não sejamos mais meninos in­constantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a ver­dade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Ungido, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4:11-16).

Agora temos uma última consideração a ser feita: “Porém o cargo de Elea­zar, filho de Aharon, o sacerdote, será o azeite da luminária e o incenso aromático, e a contínua oferta dos alimentos, e o azeite da unção, o cargo de todo o tabernáculo, e de tudo que nele há, o santuário e os seus utensílios” (Nm 4:16). Quanto aos sacerdotes eles teriam a seu cargo outras coisas. A palavra “cargo” em hebraico é pequddã e significa “inspeção, funcionário, su­pervisão”. Aos sacerdotes estava designado o azeite e o incendo aromático. Isso nos fala sobre a sua confecção e a forma como eles seriam utilizados! Estas coisas – o azeite e o incenso – não poderiam ser utilizados de qualquer forma e por qualquer pessoa! É justamente por isso que a eles foi designado a guarda ou a supervisão destes elementos tão vitais no culto ao Senhor! Um outro detalhe é que a eles cabia também a contínua ofertade alimentos – os sacrifícios – que seriam realizados pelos ascerdotes com a ajuda dos levitas, além do azeite da unção – que era usado em ocasiões especiais e em pessoas previamente designadas para receberem-no. O santuário – tabernáculo – juntamente com seus utensílios também estariam a cargo dos levitas e dos sacerdotes! Isso nos demonstra que há um padrão a ser seguido também pela igreja gentílica! O santuário – prédio – dever ser cuidado e administrado, assim como também as coisas (móveis) que o compõe devem receber cuidados de uma categoria de pessoas: os diáconos! Em Atos capítulo 6 há uma situação que demonstra como foi definida esta função e equiparada ao relato de Números: “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram des­prezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discí­pulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Elohim e sirva­mos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputa­ção, cheios do Espírito o Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (At 6:1-4). Fica claro aqui que os apóstolos – que seriam equiparados aos sacerdotes – não deveriam preocupar-se com funções administrativas na igreja! Eles deveriam dedicar-se à oração e no ministério da palavra! No que dissesse respeito às demais coisas, elas deveriam ser resolvidas – e adminis­tradas – pelos diáconos! Até mesmo porque a palavra “diaconoi” em grego signi­fica “aqueles que servem” e não foi traduzida, mas sim transliterada, criando-se assim uma terminologia que tem sido interpretada como um cargo dentro das igrejas! Este “cargo” é o que todo o crente deve ser: servo! No Brit Hadasha repete-se o padrão da Tanach e novamente são dadas as determina­ções que orientam à igreja da forma como ela deve proceder! O livro de Atos – que é um livro histórico – somente repete o padrão da Torah! Não há nada de inovador, nada de espetacular ou revolucionário; apenas a confirmação de um padrão já conhecido – e praticado – pelos israelitas na Torah!

Terminamos esta Parashá convocando o povo de D-us à uma guinada no seu posicionamento e uma reavaliação de suas “funções” e ministérios dentro do Corpo do Messias! Infelizmente nós somente conhecemos – e reconhece­mos – o ministério pastoral como o único padrão que nos foi legado pela histó­ria! Mas hoje somos lembrados de que o Eterno já nos legou algo maior e me­lhor que é o ministério conjunto que produz o crescimento do Corpo e a sua grande expansão!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno.

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