Onde a igreja nasceu?
Onde a igreja nasceu?
Introdução:
Nossa moderna Teologia abriga diversos tipos de afirmações que podem ser comparadas a lendas e uma delas é que a “igreja” nasceu em Jerusalém quando o Espírito o Santo foi derramado sobre os judeus messiânicos.
Esta noção errônea é devido a erros de interpretação que vieram acumulando-se e sedimentando-se por séculos a fio, mas faz-se necessário compreender as verdades que poderão nos mostrar o verdadeiro caminho e nossa verdadeira identidade.
O nosso objetivo é restaurar a verdade e assim possibilitar que tenhamos uma visão correta não somente do povo do Eterno como também sua conexão com Israel.
A Noção errada: Atos 2!
A história do cristianismo diz que seu surgimento foi assim: “Os primeiros cristãos, como descrito nos primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos, ou eram judeus ou eram gentios convertidos ao judaísmo, conhecidos pelos historiadores como judeus-cristãos. Tradicionalmente, Cornélio, o Centurião, é considerado o primeiro gentio convertido. Paulo de Tarso, depois de sua conversão ao cristianismo, reivindicou o título de Apóstolo dos Gentios. A influência de Paulo no pensamento cristão se diz ser mais significativa do que qualquer outro autor do Novo Testamento. Até ao final do século I, o cristianismo começou a ser reconhecido interna e externamente como uma religião separada do judaísmo rabínico. Como mostrado pelas numerosas citações nos livros do Novo Testamento e outros escritos cristãos do século I, os primeiros cristãos tinham como regra de fé e prática os ensinamentos da Bíblia judaica – Antigo Testamento, e em geral eles liam ou a versão grega (Septuaginta) ou a tradução aramaica (Targum), boa parte da qual está escrita em forma narrativa onde “na história bíblica Deus é o protagonista, Satanás (pessoas ou poderes malévolos) é o antagonista, e o povo de Deus são os agonistas”.
Mas, quando examinamos o texto de Atos capítulo 2 de forma mais atenta verificamos que ali existem muitos elementos que nos mostram que os discípulos de Ieshua já eram “judeus messiânicos” pois seguiam ao Ungido – Messias. Um detalhe é importante mencionar aqui: o termo “cristianismo” surgiu devido a um erro de tradução das Escrituras, pois a palavra “cristos” em grego significa “ungido” e como ela não foi traduzida e sim transliterada resultou no aparecimento de um neologismo – palavra nova – que é “cristão” (uma pessoa que segue o ungido) e seu derivado “cristianismo” que aponta para a religião que veio a formar-se com a ajuntamento das pessoas que a praticam.
Agora vejamos os elementos que estão no texto de Atos 2:
Em primeiro lugar temos o elemento que diz respeito ao cumprimento da Torah, pois estavam ali para celebrar a festa de Shavuot: “E, cumprindo-se o dia de Shavuot, estavam todos concordemente no mesmo lugar” At 2.1. Neste caso os discípulos estavam ali por uma ordem de Ieshua: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” Lc 23.49.
O fato dos discípulos de Ieshua estarem ali foi para cumprirem a Torah guardando o mandamento de estar na Festa conforme havia sido determinado: “Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida: sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias: então oferecereis nova oferta de manjares ao IHVH” Lv 23.15-16.
Além dos discípulos de Ieshua haviam judeus oriundos de muitos outros lugares em todo o Império Romano e isso estava acontecendo para que cumprissem o estatuto da Torah conforma já citado acima. Estas pessoas vieram de lugares tais como: “Partos e medos, elamitas e os que habitam na Aram entre rios[1], Iehudâ[2], Qapodeqia[3], Pantos[4] e Ásia[5], e Frígia e Panfília, Mitzraim[6] e partes da Líbia, junto a Cirene, e estrangeiros[7] romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Elohim” At 2.9-11. Isso nos mostra que haviam na cidade de Ierushalaim muitos peregrinos de lugares longínquos para a celebração de Shavuot.
É dentro deste contexto que acontece o cumprimento da profecia de Joel que diz: “E há de ser que depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito” Jl 2.28-29.
O cumprimento desta profecia se deu em Ierushalaim e no contexto de uma festa bíblica e todos os que ali estavam eram judeus e alguns vindos de lugares muitos distantes. Pois bem, quando a profecia se cumpre com o derramar da unção do Espírito o Santo e milagres visíveis acontecem e os presentes ficam atônitos, inclusive os judeus da diáspora. Alguns veem ali um milagre, mas para outros não passa de “bebedeira” dos discípulos de Ieshua!
Neste momento Kefa se levanta e fala aos seus compatriotas: “Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras” At 2.14; “Varões israelitas, escutai estas palavras: a Ieshua Nazareno, varão aprovado por Elohim entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Elohim por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” At 2.22; “Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca David que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura” At 2.29.
As expressões usadas são “familiares”: “Varões judeus”; “Varões israelitas” e “Varões irmãos”; estas se referem somente a judeus, ou seja, a pessoa que tem um conhecimento do Eterno e que ali estão obedecendo aos mandamentos da Torah. Não são gentios e após a fala de Kefa entendem o que ele diz, pois estavam aguardando a promessa do Ungido – Messias – e após ouvirem as palavras dele tomam uma decisão: eles desejam completar-se com Ieshua! “Ouvindo eles isto, compungiram-se tocados em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos? E disse-lhes Kefa: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Ieshua o Ungido para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito o Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Elohim, nosso IHVH, chamar” At 2.37-39.
A reação destes judeus da diáspora mostra que eles também conheciam e esperavam a promessa acerca do Ungido! E quando ouvem o relato de Kefa eles se completam recebendo Ieshua. O detalhe aqui é que não há uma “conversão”, pois esta palavra é usada para pessoas que não conhecem ao Eterno e nem a Ieshua e estes judeus já tinham o Eterno e o obedeciam, portanto o que lhes faltava era justamente o Ungido – Ieshua.
Um outro detalhe interessante neste texto é que Kefa fala aos seus irmãos judeus e quando cita a “promessa” ela continua estando relacionada aos judeus, ou seja, que os judeus se completariam e receberiam a unção do Espírito o Santo, tanto aos de perto quanto aos de longe – e isso não diz respeito somente a distância em termos físicos – quilômetros, mas também em relação ao tempo – ou seja, os judeus que viessem a nascer futuramente estariam inclusos aqui nesta palavra!
Até aqui pudemos ver que não há qualquer menção de “igreja” como a conhecemos hoje e nem mesmo aos gentios. O que veremos no decorrer do livro de Atos é que irão surgir congregações messiânicas onde judeus messiânicos vivem sua fé em Ieshua.
A palavra traduzida por “igreja” veio do termo hebraico “qahal”. A Enciclopédia fala sobre este termo assim: “Igreja” é uma palavra de origem grega escolhida pelos autores da Septuaginta (a tradução grega da Bíblia Hebraica) para traduzir o termo hebraico q(e)hal IHVH, usado entre os judeus para designar a assembleia geral do “povo do deserto”, reunida ao apelo de Moisés. Etimologicamente, a palavra grega ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek, que significa para fora, e klesia, que significa chamados”.
Mesmo tomando esta explicação percebemos que a origem do termo “igreja” está ligada ao povo que estava no deserto, ou seja, os descendentes de Ia´aqov – o povo de Israel. A noção é que eles são oriundos de uma só família e, portanto, um povo único! Podemos deduzir disto que as Igrejas deveriam então ser “congregações messiânicas” pela própria etimologia da palavra no original hebraico!
Os judeus messiânicos dispersos
Após o derramar da promessa do Eterno em Ierushalaim houve uma dispersão desta mensagem que fez com que os judeus que haviam se completado em Shavuot pudessem então levar o que viram, ouviram e receberam a seus irmãos nos lugares onde viviam.
Depois foi a vez dos discípulos de Ieshua saírem para anunciarem as boas novas aos seus irmãos na diáspora. “Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. E, descendo Filipos à cidade de Shomron[8] lhes pregava a Ungido” At 8.4,5. A pergunta é: haviam judeus em Shomron? Certamente sim, pois eles já haviam ouvido acerca de Ieshua quando uma mulher esteve com Ele e que é relatado em João capítulo 4. O que aquelas pessoas haviam ouvido e visto havia se espalhado pela localidade e quando os discípulos chegam ali somente reforçaram a mensagem das boas novas acerca de Ieshua e mais uma vez pessoas se rendem a Ele. Novamente as boas novas são anunciadas a judeus – mesmo que não reconhecidos pelos outros, mas os samaritanos tinham parentesco com Israel – e mais uma vez judeus se completam com Ieshua.
Em mais um episódio guiado pelo Espírito o Santo Filipos prega as boas novas para um irmão que retorna ao país onde trabalha. “E o mensageiro[9] do IHVH[10] falou a Filipos, dizendo: Levanta-te e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Ierushalaim[11] para Azatah, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope[12], crente em El[13], mordomo-mor de Qandaq, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Ierushalaim para adoração, regressava pelo caminho, assentado no seu carro, lia o profeta Iesha’yah[14]. E disse o Espírito a Filipos: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipos, ouviu que lia o profeta Iesha’yah, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipos que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E, respondendo o crente em El a Filipos, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipos, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Ieshua[15]. E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o crente em El: Eis aqui água; que impede que eu seja imergido? E disse Filipos: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Ieshua o Ungido[16] é o Filho de Elohim[17]. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipos como o crente em El, e o imergiu. E, quando saíram da água, o Espírito do IHVH arrebatou a Filipos, e não o viu mais o crente em El; e, jubiloso, continuou o seu caminho” At 8.26-39.
Este texto nos mostra algo extraordinário: um judeu etíope esteve em Ierushalaim – certamente para uma festa de peregrinação – e agora quando está retornando ao seu país é encontrado por Filipos que lhe esclarece alguns pontos das Escrituras e anuncia-lhe Ieshua. Novamente temos aqui o padrão: um judeu sendo abordado para receber a Ieshua e levar este conhecimento ao lugar onde mora.
Esta foi a estratégia do Espírito o Santo para levar a palavra acerca de Ieshua para todo o mundo conhecido de então. Num primeiro momento o conhecimento sobre o Ungido vai para o oriente e Europa; depois vai para a África e isso é suficiente para que todos os judeus dispersos possam enfim saber que a profecia acerca do Ungido já havia se cumprido e eles poderiam agora desfrutar d´Ele através da Palavra que estava sendo anunciada e isso se transformaria posteriormente em “Escrituras” que também alcançariam todos os lugares do mundo.
Sha´ul em Damasco
Temos aqui mais um exemplo das boas novas sobre o Ungido sendo anunciadas aos judeus através de Sha´ul: “E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Sha´ul alguns dias com os discípulos que estavam em Damesheq[18]; Assim, pois, as congregações em toda a Iehudâ[19], e Galil e Shomron[20] tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do IHVH[21] e consolação do Espírito o Santo” At 9.19; 31. Agora Sha´ul anuncia Aquele a quem perseguia e dá início a este processo fora de Israel – Síria – e depois já dentro dos limites da nação de Israel. Ele está anunciando as boas novas somente a judeus e mais uma vez isso implica num padrão demonstrando que as boas novas devem primeiro ser anunciadas aos judeus e isso tem uma razão óbvia: os judeus eram o povo que aguardava pelo Ungido e esta esperança vem desde a promessa do Eterno feita antes de expulsar Adam e Chava do Gan Eden, falando sobre o descendente da mulher que pisaria na cabeça da serpente. Quando um gentio seria alcançado? Certamente quando tivesse não somente o conhecimento acerca da esperança da vinda do Ungido como também a fé de que isso seria real e um dia viria a ocorrer! Um gentio simplesmente poderia ouvir falar sobre o Ungido através de um judeu com quem tivera contato, mas essa informação poderia não fazer qualquer diferença em sua vida, ou, esta mesma pessoa poderia ouvir isso e crer em seu coração na vinda do Ungido e então quando lhe fosse anunciado sobre Ieshua haveria uma conexão natural entre o que ele ouviu no passado e a mensagem que estaria ouvindo naquele momento e poderia então se converter! O uso do termo “conversão” seria apropriado pois esta pessoa não teve um relacionamento prévio com o Eterno e nem com Ieshua; mas quando ouvisse sobre o Ungido e o recebesse, então poderia vir a fazer parte do povo de Israel e finalmente tornar-se um judeu messiânico!
Temos um outro exemplo, agora com Kefa em duas situações: “E aconteceu que, passando Kefa por toda a parte, veio também aos santos que habitavam em Lud” At 9.32. “E havia em Iafo [22] uma discípula chamada Tavita, que traduzido significa gazela fêmea. Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia” At 9.36. Perceba que nestes dois casos Kefa está se reunindo com judeus que já ouviram falar sobre Ieshua, mas que ainda precisavam ser “confirmados” e este é o papel que ele fará quando entra em contato com estas pessoas.
O que temos aqui é realmente uma situação em que os judeus estão sendo alcançados pelas boas novas de Ieshua e congregações vão sendo formadas a partir de grupos de pessoas – judeus – que se completam com Ieshua. Não há menção de gentios ou da “igreja” como a conhecemos hoje… somente um povo que pratica o judaísmo e que recebeu um complemento: o Ungido. Estas pessoas não deixaram de praticar aquilo que faziam antes, eles continuam sendo judeus só que agora de uma forma completa, plena. Quem diz que eles abandonaram a Torah quando receberam o Ungido é por que não leram o livro de Atos e nem as Escrituras que nos mostram que continuaram sendo judeus, vivendo como judeus e celebravam as Festas Bíblicas e se reuniam para ouvir as explanações das Escrituras nas congregações que eram feitas todas em hebraico – como acontece em qualquer sinagoga ao redor do mundo.
O primeiro gentio: Qarnelios
“E havia em Qiserin[23] um homem por nome Qarnelios, centurião da coorte chamada italiana, piedoso e temente a Elohim, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo[24], e de contínuo orava a Elohim. Este, quase à três horas da tarde do dia, viu claramente numa visão um mensageiro[25] de Elohim, que se dirigia para ele e dizia: Qarnelios. O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Adoni[26]? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Elohim; agora, pois, envia filhos de Adam a Iafo[27], e manda chamar a Shim’on, que tem por sobrenome Kefa[28]. Este está com um certo Shim’on curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer” At 10.1-6.
Quando analisamos este texto detidamente descobrimos algo muito curioso: Qarnelios era um oficial romano convertido ao judaísmo! Mas como podemos afirmar isso? O texto nos dá algumas pistas sobre esse fato. A primeira é que ele era piedoso e temente a Elohim. Estas duas palavras são usadas dentro da tradição judaica para definir um judeu religioso. Uma outra característica é que ele fazia muitas “ofertas” ao povo de Israel. Terceiro, ele orava a Elohim continuamente, ou seja, três vezes ao dia! Esta é uma regra do judaísmo que somente os judeus religiosos partilham. E ele foi visitado às três horas da tarde por um mensageiro dos céus que lhe deu instruções de como chamar Kefa à sua casa para ouvir acerca do Ungido. Quando um gentio sem conhecimento ou relacionamento com o Eterno teria uma experiência desta? A resposta é: nunca! Então este homem não era um “gentio” como o imaginamos, mas sim um gentio que poderia ser considerado judeu – um convertido – e que precisaria ouvir sobre o Ungido!
Mais judeus messiânicos dispersos
“Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. E, descendo Filipos à cidade de Shomron[29] lhes pregava a Ungido[30]” At 8.4-5. Por que Filipos iria a este lugar para anunciar as boas novas? Faço a pergunta por um motivo interessante: os judeus não consideravam os samaritanos como “irmãos” por serem fruto de uma “miscigenação”. Isso já havia acontecido com Ieshua que ao chegar àquela região encontra-se com uma mulher e lhe pede água e daí vem um diálogo que culmina com o fato de que muitos deles se completam crendo em Ieshua como o Ungido.
Este episódio envolvendo Filipos pregando sobre o Ungido em Shomron é muito interessante pois está de acordo com a ordem de Ieshua: “E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” Mt 15.23. Os samaritanos eram judeus “mestiços” que agora estavam sendo alcançados pelas boas novas sobre Ieshua. Como provar que os samaritanos eram judeus? Pela história e por um detalhe interessante: eles estavam esperando pelo Ungido (Messias). E que povo na antiguidade esperava pelo Ungido a não ser os judeus?
No episódio em que Ieshua se encontra com a mulher samaritana ela externa esta esperança dizendo: “A mulher disse-lhe: Eu sei que o Ungido vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Ieshua disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo” Jo 4.25-26.
Neste caso o exemplo de Ieshua indo à região onde os samaritanos estavam e anunciando-lhes as boas novas fez com que após sua ascensão seus discípulos voltassem para continuar a anunciar o que O Ungido havia feito e também para que o poder do Mestre pudesse ser visto em meio a pessoas que também carregavam parte do DNA judaico em seus corpos assim como abrigavam a esperança da vinda do Ungido para salvá-los. Isso foi possível graças aquela primeira intervenção de Ieshua falando com a mulher que abriu caminho para que a salvação pudesse alcançar estes judeus que, apesar de terem sido “rejeitados” pela comunidade judaica local ainda abrigavam em seus corações a crença no Eterno como Único D-us e na vinda do Ungido para trazer-lhes a redenção final.
Filipos e o servo de D-us
Agora temos uma situação muito interessante em que as boas novas são anunciadas a um viajante que retorna para sua terra, mas que certamente esteve em Israel para celebrar uma das festas de peregrinação. Vejamos: “E o mensageiro[31] do IHVH[32] falou a Filipos, dizendo: Levanta-te e vai para o lado do sul, ao caminho[33] que desce de Ierushalaim[34] para Azatah, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope[35], crente em El[36], mordomo-mor de Qandaq, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Ierushalaim para adoração, regressava pelo caminho, assentado no seu carro, lia o profeta Iesha’yah[37]. E disse o Espírito[38] a Filipos: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipos, ouviu que lia o profeta Iesha’yah, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipos que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura[39] que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; E quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E, respondendo o crente em El a Filipos, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipos, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Ieshua[40]. E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o crente em El: Eis aqui água; que impede que eu seja imergido? E disse Filipos: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Ieshua o Ungido[41] é o Filho de Elohim. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipos como o crente em El, e o imergiu. E, quando saíram da água, o Espírito do IHVH[42] arrebatou a Filipos, e não o viu mais o crente em El; e, jubiloso, continuou o seu caminho. E Filipos se achou em Ashdod e, indo passando, anunciava as boas novas em todas as cidades, até que chegou a Qiserin[43]” At 8.26.40.
Este relato é incrível pois nos mostra como o Espírito o Santo conduziu Filipos até aquele homem que era um judeu etíope temente ao Eterno e que havia vindo à Ierushalaim para cumprir o mandamento das festas bíblicas e agora em seu retorno está lendo o pergaminho do profeta Iesha’yah e neste trecho há uma profecia acerca do Ungido. Filipos lhe explica a profecia e ele imediatamente quer manifestar sua confiança em Ieshua e faz isso através da imersão mostrando que agora é um judeu completo (Ele já cria no Eterno e obedecia aos mandamentos e agora recebeu o Ungido). Detalhe: novamente as boas novas continuam sendo pregadas somente aos judeus!
As congregações em Israel e na Diáspora
“E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Sha´ul[44] alguns dias com os discípulos[45] que estavam em Damesheq[46]; assim, pois, as congregações[47] em toda a Iehudâ[48], e Galil e Shomron[49] tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do IHVH e consolação do Espírito o Santo[50]” At 9.19; 31.
Agora temos o exemplo dos discípulos de Ieshua – então, judeus messiânicos – fora de Israel numa cidade da Síria. Isso significa que a mensagem acerca de Ieshua já havia ultrapassado as fronteiras de Israel e já se tornara “internacional” entre os judeus que estavam na diáspora. Inclusive devemos nos lembrar que Luqas era um judeu sírio e que provavelmente procedeu desta comunidade judaica que foi visitada por Sha´ul.
E quando falamos sobre alcance “geográfico” as notícias nos dão conta de que no Império Romano os judeus já tinham tido “notícias” sobre o Ungido – Ieshua – mesmo que nem todos houvessem se completado n´Ele, recebendo-o como o Senhor e Salvador de suas vidas. O que é importante é que Sha´ul está fora de Israel mas as notícias são que mesmo em Israel as congregações messiânicas gozavam de “shalom” e também eram edificadas, andando sempre no temor do Espírito o Santo. Andar em temor para um judeu significa ser criterioso na obediência aos mandamentos da Torah e certamente isso estava acontecendo entre os judeus messiânicos pois até aquele tempo não existiam os escritos da Brit Hadasha compondo “livros” e também estes escritos não haviam ainda sido “colecionados” em um só volume com a Tanach (VT) formando um só “conjunto” de livros como temos hoje e que veio a se chamar “Bíblia”.
O que fazia com que as congregações fossem “edificadas” e se multiplicassem? A resposta é: obediência à Palavra do Eterno. Podemos afirmar que não existe uma “fórmula mágica” para o crescimento, mas podemos dizer que pela obediência aos preceitos das Escrituras o Eterno nos permite crescer não somente em conhecimento e espiritualidade como também em número. Esta é uma “regra” que pode ser comprovada em toda a Escritura e ocorre em qualquer lugar e a qualquer tempo! Esta conduta trazia consigo manifestações de poder e milagres que faziam com que as pessoas tivessem temor consigo e os testemunhos dos alcançados levavam outras pessoas a buscarem servir ao Ungido. Isso aconteceu entre os judeus e também entre os gentios que passaram a frequentar as sinagogas buscando ali receber não somente a salvação como também a instrução para viverem vidas mais coesas e completas dentro dos preceitos das Escrituras.
Kefa
“E aconteceu que, passando Kefa[51] por toda a parte, veio também aos santos que habitavam em Lud” At 9.32.
“E havia em Iafo[52] uma discípula[53] chamada Tavita, que traduzido significa gazela fêmea. Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia” At 9.36.
Agora Kefa sai também para atender ao chamado de pessoas que estão aflitas e necessitadas e novamente são alcançadas pelo poder do nome de Ieshua! A pergunta é: como um judeu crente em Ieshua que ainda está obedecendo às regras e mandamentos da Torah pode realizar tais milagres? Não seria esta uma “incoerência” teológica? Na realidade o que vemos é uma coerência teológica, pois obedecer à Torah fez com que não somente os discípulos como também outras pessoas pudessem identificar a Ieshua e a continuidade da obediência fez com que eles recebessem poder para levar a mensagem do Ungido adiante. Detalhe: a obediência atrai não somente a presença do Espírito o Santo como também permite que tenhamos acesso à bênçãos que até então não nos alcançavam. Os discípulos de Ieshua puderam experimentar isso de forma muito natural; o sobrenatural e a ação dos céus na terra era algo que eles vivenciavam diariamente; não havia espanto ou um “orgulho” por seu um canal para que tais coisas ocorressem; mas havia entre eles um grande temor que lhes permitia caminhar em santidade que se refletia nos milagres que ocorriam a cada dia.
O primeiro gentio?
“E havia em Qiserin[54] um homem por nome Qarnelios, centurião da coorte chamada italiana, piedoso e temente a Elohim[55], com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo[56], e de contínuo orava a Elohim. Este, quase as três horas da tarde do dia, viu claramente numa visão um mensageiro[57] de Elohim, que se dirigia para ele e dizia: Qarnelios. O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Adoni[58]? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Elohim; agora, pois, envia filhos de Adam a Iafo[59], e manda chamar a Shim’on[60], que tem por sobrenome Kefa[61]. Este está com um certo Shim’on curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer” At 10.1-6.
Temos aqui a descrição de um homem que é considerado como o primeiro “gentio” que aparece sendo abordado por um discípulo de Ieshua na sua caminhada anunciando as boas novas. Vamos examinar então alguns aspectos do texto:
Em primeiro lugar este homem é descrito como um oficial romano, um centurião da coorte romana. Ele chefiava um grupo de cem soldados que haviam sido destacados para servir naquela cidade e, portanto, era uma pessoa investida de grande autoridade. Em alguns casos pessoas como ele eram a maior autoridade da cidade.
Em segundo lugar são apresentadas características no mínimo curiosas que descrevem este homem: temente a Elohim, que dava ofertas ao povo – aqui chamadas de “esmolas” – e que orava constantemente a Elohim. Cabe aqui uma pergunta: seriam estas as características de um oficial romano ou de um judeu ortodoxo? A resposta é clara; então podemos dizer que este homem era um oficial romano já convertido ao judaísmo e temente aos céus!
Em terceiro lugar ele estava orando às 15:00 horas que era um dos horários em que se orava no Templo em Jerusalém; e neste momento foi visitado por um mensageiro dos céus. Detalhe: neste horário as Escrituras nos informam aconteceram os maiores milagres pois é um horário em que existem portais abertos e quem ora neste período está sujeito a receber tais milagres e visitações.
Quando ele foi visitado lhe foram dadas instruções minuciosas do que fazer para poder receber um homem que falaria a ele sobre a redenção em Ieshua. Uma outra pergunta que deve ser feita: quantos homens tiveram esta experiência de serem visitados por um mensageiro dos céus que lhes deu instruções tão detalhadas sobre o que fazer para que a redenção lhes alcançasse?
Então, podemos concluir que este homem não era um gentio, mas sim um romano convertido ao judaísmo – e portanto um judeu – que recebeu esta visitação para que toda a sua casa pudesse ser salva através do Ungido. E quando o encontro com Kefa acontece seu testemunho leva toda sua família a receber Ieshua e converter-se! Este homem e sua família estavam entre aqueles sobre os quais Ieshua disse serem “as ovelhas perdidas da casa de Israel”, ou seja, judeus que estavam distantes de suas origens e que agora estarão se reaproximando do Eterno através do Ungido.
Judeus em Antioquia
Mais uma vez temos aqui um padrão na proclamação das boas novas: “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Stefanos[62] caminharam até à Finuqia[63], Qapros[64] e Antiokia[65], não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus” At 11.19.
Notamos que mais uma vez a anunciação das boas novas é feita para os judeus somente! Este padrão reforça nossa compreensão de que as boas novas têm um destino certo e, portanto, os discípulos de Ieshua não perderam o foco naquilo que estavam fazendo e iam aos lugares certos para anunciar às pessoas certas aquilo que elas já estavam esperando: o Ungido. A atitude dos discípulos de Ieshua continuava a gerar problemas por parte dos judeus que não aceitavam a realidade de quem Ele é e por isso perseguiam seus irmãos messiânicos a fim de fazer com que eles se calassem. Este padrão sempre existiu, desde o pecado de Adam e Chava com o primeiro conflito entre Hevel e Qain, onde a luta entre a verdade e a mentira é travada e quando existe uma chance as trevas então agem de forma a tentar “encobrir” ou mesmo fazer calar a voz da verdade. A discórdia entre os irmãos é algo histórico e sabemos que o adversário coloca pessoas entre os crentes para que possam então semear ali seus propósitos malignos e tirando assim o foco da verdade e muitas vezes substituindo-o pela mentira.
Um outro detalhe interessante aqui: a verdade vai se espalhando cada vez mais longe, independentemente da oposição e das lutas, pois ela prevalece por si só, não precisa de nada para comprovar sua validade. Quem a recebe também é co-participante deste poder que envolve a vida daqueles que estão buscando a redenção. A verdade não é para todos; ela está disponível para todos mas aqueles que a recebem são todos os que desejam-na e também que tem fome e sede de uma comunhão com o Eterno e com o Ungido. É justamente por isso que as boas novas eram anunciadas somente aos judeus – tanto em Israel quanto na diáspora – pois eles são participantes da promessa da salvação. O Eterno escolheu Israel – e consequentemente os judeus – para realizar através deles a redenção e restauração da humanidade. Este projeto inicial não foi mudado e nem abolido, por isso temos que entender quem somos para que possamos então agir de forma a anunciar a redenção para aqueles que a desejam!
Sha´ul nas sinagogas
Vejamos agora alguns versos em que Sha´ul anuncia as boas novas nas sinagogas aos judeus que precisam se completar em Ieshua:
“E eles, saindo de Perge, chegaram a Antiokia[66], da Pisídia, e, entrando na sinagoga, num dia de shabat[67], assentaram-se” At 13.14;
“E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no shabat[68] seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas” At 13.42;
“E aconteceu que em Icanion entraram juntos na sinagoga[69] dos judeus, e falaram de tal modo que creu uma grande multidão, não só de judeus mas de gregos” At 14.1;
“E passando por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tasloniqi[70], onde havia uma sinagoga[71] de judeus; E logo os irmãos enviaram de noite Polos e Sila a Beroah[72]; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus” At 17.1; 10;
“De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias na porta[73] com os que se apresentavam” At 17.17;
“E todos os sábados disputava na sinagoga[74], e convencia a judeus e gregos” At 18.4;
“Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras[75] que Ieshua[76] era o Ungido[77]” At 18.28;
“E, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do poder soberano[78] de Elohim[79]” At 19.8;
Em todos estes versos temos um padrão comum: as boas novas estão sendo anunciadas dentro das sinagogas e em alguns casos temos gentios que frequentam as sinagogas e que estão sendo alcançados pelas boas novas acerca do Ungido.
Uma outra questão interessante que precisa ser abordada aqui: em que língua eram realizados os serviços (cultos) nas sinagogas? Certamente em hebraico. Podemos constatar então que os gentios que frequentavam as sinagogas tinham no mínimo, uma noção do hebraico e entendiam o idioma para poderem participar dos serviços. Esta não é uma característica somente do judaísmo, mas de todo grupo que está fora de seu país de origem e quando se reúnem usam a língua materna como forma de preservação da identidade assim como também os usos e costumes. Então quem deseja frequentar um serviço religioso ou culto de uma outra cultura que não a sua deverá inteirar-se da forma e do conteúdo em que ocorrem para que possa, pelo menos, compreender o que está ocorrendo no decorrer do serviço religioso.
Não há qualquer surpresa em se constatar que gentios frequentavam as sinagogas, pois eles mantinham contado com os judeus principalmente a nível profissional e com isso trocavam informações em todos os níveis – o religioso também – e assim os gentios puderam ouvir sobre a esperança do Ungido – Messias – e muitos desejaram fazer parte desta esperança que havia sido não somente anunciada aos judeus como também prometida a eles como nação! O Ungido deveria ser judeu e descendente do Rei David além de carregar sobre si a responsabilidade não somente de governar Israel mas também de restaurar a humanidade! Esta noção não está presente em nenhuma religião a não ser no judaísmo e muito depois dos judeus existirem foram criadas novas religiões em que esta noção da redenção veio sendo “implantada” sempre com novos contornos através de lendas e fábulas, mas tudo isso teve uma origem comum: o judaísmo.
Até aqui não vemos onde está a “igreja” como a conhecemos hoje. O que temos em toda esta descrição e nas Escrituras são congregações de judeus messiânicos que vão se espalhando pelo mundo conhecido de então. Mas de onde ela veio de fato?
A Igreja e Constantino
Devemos recorrer à história para que possamos entender de onde veio a igreja como “organismo” apresentado hoje ao mundo. É necessário dizer que até a época de Constantino ocorreram inúmeros desvios que levaram o judaísmo messiânico a ser descaracterizado e ser transformado em “cristianismo” e isso ocorreu através de um erro na tradução das Escrituras que criou esta religião ao não traduzir a palavra “Mashiach” – Ungido – e ela foi transposta para seu equivalente em grego “Christos” – que significa também “Ungido” – e quando foi transliterada (não traduzida) deu origem a uma religião que recebe a alcunha de “Cristianismo”. Até esta época este grupo não estava ligado ao “Estado”, mas isso acontece com Constantino que se “converte” graças a uma experiência mística vivida por ele: “Constantino acabou, no entanto, por entrar na História como primeiro imperador romano a professar o cristianismo, na sequência da sua vitória sobre Magêncio na Batalha da Ponte Mílvia, em 28 de outubro de 312, perto de Roma, que ele mais tarde atribuiu ao deus cristão. Segundo a tradição, na noite anterior à batalha sonhou com uma cruz, e nela estava escrito em latim: “In hoc signo vinces”
De manhã, um pouco antes da batalha, mandou que pintassem uma cruz nos escudos dos soldados e conseguiu uma vitória esmagadora sobre o inimigo. Esta narrativa tradicional não é hoje considerada um fato histórico, tratando-se antes da fusão de duas narrativas de fatos diversos encontrados na biografia de Constantino pelo bispo Eusébio de Cesareia.
No entanto, é certo que Constantino era atraído, enquanto homem de Estado, pela religiosidade e pelas práticas piedosas — ainda que se tratasse da piedade ritual do paganismo: o senado, ao erguer em honra a Constantino o seu arco do triunfo, o Arco de Constantino, fez inscrever sobre este que sua vitória devia-se à “inspiração da divindade” (instinctu divinitatis mentis), o que certamente ia ao encontro das ideias do próprio imperador. Até um período muito tardio de seu reinado, no entanto, Constantino não abandonou claramente sua adoração com relação ao deus imperial Sol, que manteve como símbolo principal em suas moedas até 315.
Só após 317 é que ele passou a adotar clara e principalmente lemas e símbolos cristãos, como o “chi-rô”, emblema que combinava as duas primeiras letras gregas do nome de Cristo (“X” e “P” superpostos). No entanto, já quando da sua entrada solene em Roma em 312, Constantino recusou-se a subir ao Capitólio para oferecer culto a Júpiter, atitude que repetiria nas suas duas outras visitas solenes à antiga capital para a comemoração dos jubileus do seu reinado, em 315 e 326”.
Por esta descrição histórica podemos perceber que já havia um desvio da verdade e Constantino adota então o “Cristianismo” como religião oficial e faz com que esta religião seja então o padrão dentro do Império Romano.
O protestantismo como o conhecemos hoje veio de uma divisão da igreja católica romana, então podemos dizer que a herança do protestantismo está completamente ligada ao romanismo incluindo suas práticas e tradições. Esta herança recebida fez com que os evangélicos em especial seguissem sempre o mesmo caminho que seus antecessores, filtrando apenas algumas questões que são muito mais contraditórias às Escrituras do que outras.
O que necessitamos então? Seria uma nova reforma protestante? Certamente não. Martinho Lutero fez algo extraordinário devolvendo a Bíblia ao povo quando a traduziu para o alemão; mas isso não foi suficiente para levar o povo do Eterno para o caminho da restauração. O fato é que ao nos aproximarmos do fim dos tempos estamos encontrando uma necessidade cada vez maior de vivenciar nossa fé no Ungido de forma pura e isso somente é possível através de uma completa restauração.
Este é um caminho muito árduo para ser trilhado pois as igrejas e denominações já estabelecidas historicamente certamente terão extrema dificuldade primeiro em concordar com isso e segundo em realizar qualquer mudança. A mudança precisa ocorrer a nível de liderança para depois ser levada ao povo. Mas onde está o líder que deseja mudar e trazer para si e para seu povo a verdade de forma restaurada, pura e que certamente causará confronto para que a mudança possa então gerar vida em abundância?
Uma pergunta final: esta restauração é necessária mesmo? Vou responder esta pergunta com uma outra pergunta: por que nas igrejas que conhecemos não acontecem mais sinais e milagres como aconteciam na época dos discípulos de Ieshua? Onde está o problema? Estaria nas Escrituras? O Tempo dos milagres teria cessado definitivamente como pregam alguns? Por que homens comuns andavam pelas cidades e sinais e milagres aconteciam em meio às pessoas e impactavam aos presentes e nunca mais vimos isso desde então?
As perguntas são muitas e na sua grande maioria não temos as respostas! Precisamos – repito – precisamos de uma restauração que nos leve de volta à obediência irrestrita ao Eterno e Sua Palavra para que as boas novas sobre Ieshua alcance muitas vidas e possamos, nestes últimos dias, vivenciar novamente tempos de grandes milagres e conversões que levem a mudanças e estas mudanças quando vistas levem outros a abraçarem a fé em Ieshua.
Esperamos que este tempo venha antes da vinda de Mashiach!
Mário Moreno
Fontes:
http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2009/09/constantino-e-o-cristianismo.html
Brit Hadasha – tradução direto do hebraico
[1] Este lugar foi chamado de “Mesopotâmia”.
[2] Este é o nome de uma região que compreendia toda a nação de Israel incluindo Galil e Shomrom; outras vezes a designação excluía estas duas outras regiões.
[3] A Capadócia foi uma província romana, uma grande região interior na parte oriental da Ásia Menor, com um clima predominantemente frio e com florestas esparsas. Ocupava um planalto com elevações de 900 m em grande parte da região. Embora seus limites se alterassem no decorrer da sua história, eram basicamente o Ponto ao Norte, a Galácia e a Licônia no Oeste, a Cilícia e os Montes Tauro no Sul, e a Armênia e o alto Rio Eufrates, no Leste.
[4] Este nome foi traduzido por “Ponto”, em latim Pontus, foi uma província romana situada no distrito do Norte da Ásia Menor, ao longo do Mar Euxino ou Mar Negro). Anterior ao século I d.C., este nome era aplicado àquela parte do Norte da Ásia Menor às margens do Ponto Euxino, como tal mar às vezes era chamado. A região geográfica do Ponto ia desde o curso inferior do Rio Hális, ao Oeste (perto da Bitínia), em direção ao Leste, ao longo da costa, até o limite sudeste do mar.
[5] A província romana da Ásia, foi organizada em 129 a.C., durante a República, e foi uma província senatorial governada por um procônsul. Compreendia, inicialmente, as terras da Frígia, Mísia, Cária e Lídia, havendo sido posteriormente ampliada, sem que chegasse a incluir a totalidade da Ásia Menor.
[6] O nome “Mitzraim” significa “lugar estreito”; foi traduzido por Egito.
[7] Esta palavra vem do termo hebraico “ger” que significa “peregrino”; em sua raiz temos o termo “gur” que significa “residir, ajuntar-se, ser estrangeiro, morar (em/com), permanecer, habitar” e indica viver entre pessoas que não são parentes consanguíneos.
[8] Esta palavra foi traduzida por “Samaria”. Ela vem da raiz “shomrâ” que significa “guarda, observação”.
[9] O termo hebraico usado aqui é malak e significa “mensageiro, representante, cortesão, anjo”. Ele atuava: “levando uma mensagem; fazia outras coisas específicas e representava de modo oficial aquele que o enviara”.
[10] O tetragrama provém de EHEIRR ACHER EHEIRR (Eu me torno aquilo que me torno). O motivo é a inexistência do verbo “ser” na língua hebraica no tempo presente.
[11] Nome original da cidade conhecida como “Jerusalém”. O nome significa “Cidade de Paz”, pois é composto das palavras “îr” que significa cidade mais a palavra “shalom” que significa “paz, prosperidade, bem, saúde, inteireza, segurança”.
[12] Esta palavra vem do termo cusi ou cushita que aponta para os povos africanos, mais especificamente a Etiópia que é chamada de Cush.
[13] No original em Aramaico temos o termo m´haimna que significa “crente em D-us”.
[14] O nome Iesha’yah significa “O Senhor é salvação”; foi traduzido por “Isaías”.
[15] Ieshua – Palavra hebraica que significa livramento, segurança; socorro, vitória certa; bem-estar, prosperidade. Esta palavra tem em sua raiz o termo yasha´ que significa ser salvo, ser liberto; hifil: salvar, livrar, conceder vitória, ajudar; ser (estar) seguro; vingar-se, preservar.
[16] O termo no original é há Mashiach e significa “O Ungido”; traduzido por Cristo, que é a transliteração da palavra grega “Christos”.
[17] A palavra Elohim significa “D-us o Criador”.
[18] Damasco (do árabe Dimashq ash-Sham) é a capital da Síria e a capital mais antiga do mundo.
[19] Este é o nome de uma região que compreendia toda a nação de Israel incluindo Galil e Shomrom; outras vezes a designação excluía estas duas outras regiões.
[20] A palavra foi traduzida por “Samaria”. Ela vem da raiz “shomrâ” que significa “guarda, observação”.
[21] O tetragrama provém de EHEIRR ACHER EHEIRR (Eu me torno aquilo que me torno). O motivo é a inexistência do verbo “ser” na língua hebraica no tempo presente.
[22] Este nome foi traduzido por “Jope”.
[23] Cesaréia Marítima, também chamada Cesaréia Palestina, uma cidade e porto marítimo, construída por o Herodes, o Grande cerca de 25 – 13 a.C., situa-se na costa mediterrânea de Israel, a cerca de meio caminho entre Tel aviv e Haifa, num local anteriormente chamado Pyrgos Stratonos (“Strato” ou “Torre de Straton”, em Latim Turris Stratonis).
[24] A palavra povo vem do termo hebraico ´am que significa “povo, nação”. Esta palavra é usada exclusivamente para o povo de Israel.
[25] O termo hebraico é malak e significa “mensageiro, representante, cortesão, anjo”; ele atuava “levando uma mensagem; fazia outras coisas específicas e representava de modo oficial aquele que o enviara”.
[26] A palavra adoni significa “meu dono, possuidor, senhor”.
[27] Este nome foi traduzido por “Jope”.
[28] Nome dado por Ieshua a Sh´meon Bar Ionah; significa “rocha” em aramaico; traduzido por “Pedro”.
[29] A palavra foi traduzida por “Samaria”; e vem da raiz “shomrâ” que significa “guarda, observação”.
[30] O termo original é há Mashiach e significa “O Ungido”; traduzido por Cristo, que é a transliteração da palavra grega “Christos”.
[31] O termo hebraico é malak e significa “mensageiro, representante, cortesão, anjo”. Ele atuava: “levando uma mensagem; fazia coisas específicas e representava de modo oficial aquele que o enviara”.
[32] O tetragrama provém de EHEIRR ACHER EHEIRR (Eu me torno aquilo que me torno). O motivo é a inexistência do verbo “ser” na língua hebraica no tempo presente.
[33] No original está a palavra “derek” e significa “caminho público, estrada, jornada, maneira, trabalho”.
[34] Nome original da cidade conhecida como “Jerusalém”. O nome significa “Cidade de Paz”, pois é composto das palavras “îr” que significa cidade mais a palavra “shalom” que significa “paz, prosperidade, bem, saúde, inteireza, segurança”.
[35] Esta palavra vem do termo cusi ou cushita que aponta para os povos africanos, mais especificamente a Etiópia que é chamada de Cush.
[36] No original em Aramaico temos o termo m´haimna que significa “crente em D-us”.
[37] O nome Iesha’yah significa “O Senhor é salvação”; traduzido por “Isaías”.
[38] O termo “espírito” vem da palavra ruah que significa ”vento, sopro, espírito”.
[39] A palavra vem do hebraico “katub”; em sua raiz temos katab que significa “escrever, registrar, alistar”; modernamente temos o termo “ketubá” para definir um contrato de casamento.
[40] Ieshua – Palavra hebraica que significa “livramento, segurança; socorro, vitória certa; bem-estar, prosperidade”. A palavra tem em sua raiz o termo yasha´ que significa “ser salvo, ser liberto”; hifil: “salvar, livrar, conceder vitória, ajudar; ser (estar) seguro; vingar-se, preservar”.
[41] O original é há Mashiach e significa “O Ungido”; traduzido por Cristo, que é a transliteração da palavra grega “Christos”.
[42] O tetragrama provém de EHEIRR ACHER EHEIRR (Eu me torno aquilo que me torno). O motivo é a inexistência do verbo “ser” na língua hebraica no tempo presente.
[43] Cesaréia Marítima, também chamada Cesaréia Palestina, uma cidade e porto marítimo, construída por o Herodes, o Grande cerca de 25 – 13 a.C., situa-se na costa mediterrânea de Israel, a cerca de meio caminho entre Tel aviv e Haifa, num local anteriormente chamado Pyrgos Stratonos (“Strato” ou “Torre de Straton”, em Latim Turris Stratonis).
[44] Este nome provém do verbo hebraico sha´al que significa “pedido, exigência”. Foi traduzido por Saul e significa “pedido”.
[45] A palavra no original é talmid e significa “discípulo, aquele que é ensinado, erudito”. A idéia é a de treinar, bem como educar.
[46] Damasco é a capital da Síria e a capital mais antiga do mundo.
[47] Este termo vem do hebraico edâ que significa “congregação”; é um termo genérico que designa a totalidade das pessoas crentes num perímetro.
[48] Este é o nome de uma região que compreendia toda a nação de Israel incluindo Galil e Shomrom; outras vezes a designação excluía estas duas outras regiões.
[49] Esta palavra foi traduzida por “Samaria”. Ela vem da raiz “shomrâ” que significa “guarda, observação”.
[50] Literalmente esta é a tradução do hebraico Ruach ha Codesh. Esta palavra está relacionada ao Ruach Elohim na Tanach (Espírito do D-us Criador).
[51] Nome dado por Ieshua a Sh´meon Bar Ionah; significa “rocha” em aramaico; traduzido por “Pedro”.
[52] Este nome foi traduzido por “Jope”.
[53] A palavra no original é talmid e significa “discípulo, aquele que é ensinado, erudito”. A ideia é a de treinar, bem como educar.
[54] Cesaréia Marítima, também chamada Cesaréia Palestina, uma cidade e porto marítimo, construída por o Herodes, o Grande cerca de 25 – 13 a.C., situa-se na costa mediterrânea de Israel, a cerca de meio caminho entre Tel aviv e Haifa, num local anteriormente chamado Pyrgos Stratonos (“Strato” ou “Torre de Straton”, em Latim Turris Stratonis).
[55] A palavra Elohim significa “D-us o Criador”.
[56] A palavra povo vem do termo hebraico ´am que significa “povo, nação”. Esta palavra é usada exclusivamente para o povo de Israel.
[57] O termo hebraico aqui é malak e significa “mensageiro, representante, cortesão, anjo”. Ele atuava: “levando uma mensagem; fazia outras coisas específicas e representava de modo oficial aquele que o enviara”.
[58] A palavra adoni significa “meu dono, possuidor, senhor”.
[59] Este nome foi traduzido por “Jope”.
[60] O nome original é Shim’on, que significa “ouvinte”.
[61] Nome dado por Ieshua a Sh´meon Bar Ionah; significa “rocha” em aramaico; traduzido por “Pedro”.
[62] Este nome foi traduzido por “Estevão”.
[63] Este termo foi traduzido por “Fenícia”. A Fenícia foi um antigo reino cujo centro se situava na planície costeira do que é hoje o Líbano, no Mediterrâneo oriental.
[64] Este nome foi traduzido por Chipre. Chipre (em grego, Κύπρος — Kýpros — e em turco, Kıbrıs) é uma ilha situada no mar Egeu oriental ao sul da Turquia, cujo território é o mais próximo, seguindo-se a Síria e o Líbano, a leste.
[65] Antioquia-nos-Orontes (do grego Αντιόχεια, do nome próprio Αντίοχος, talvez vindo de αντι: em lugar de, igual a, em comparação de + οχειον: garanhão) foi uma cidade antiga erguida na margem esquerda do rio Orontes; é a moderna Antaquia, na Turquia). Atualmente, é um sítio arqueológico. Foi fundada nos finais do século IV a.C. por Seleuco I Nicator, que a fez capital do seu império. Seleuco I servira como um dos generais de Alexandre, o Grande, e o nome Antíoco ocorria freqüentemente entre membros da sua família.
[66] Antioquia-nos-Orontes (do grego Αντιόχεια, do nome próprio Αντίοχος, talvez vindo de αντι: em lugar de, igual a, em comparação de + οχειον: garanhão) foi uma cidade antiga erguida na margem esquerda do rio Orontes; é a moderna Antaquia, na Turquia). Atualmente, é um sítio arqueológico. Foi fundada nos finais do século IV a.C. por Seleuco I Nicator, que a fez capital do seu império. Seleuco I servira como um dos generais de Alexandre, o Grande, e o nome Antíoco ocorria frequentemente entre membros da sua família.
[67] A palavra refere-se ao sétimo dia da semana. Literalmente significa “cessar, desistir, descansar”. Foi traduzida como “sábado”.
[68] A palavra refere-se ao sétimo dia da semana. Literalmente significa “cessar, desistir, descansar”. Foi traduzida como “sábado”.
[69] Aqui em hebraico está o termo ”beit Knesset” que significa “casa de reunião ou assembleia”.
[70] Salônica (em grego Θεσσαλονίκη) é a segunda maior cidade da Grécia e principal cidade da região grega da Macedônia, foi a capital de um dos quatro distritos romanos da Macedónia, governada pelo pretor Fabiano, a partir de 146 a.C. Seu nome deve-se a Salônica, meia-irmã de Alexandre Magno. Cassandro, seu marido, ao mandar construir a cidade em 316 a.C., decidiu homenagear a esposa. O nome desta mulher foi dado, por seu lado, por Filipe II da Macedónia, já que teve notícia do seu nascimento no dia que tivera uma vitória sobre os tessálios.
[71] Aqui em hebraico está o termo ”beit Knesset” que significa “casa de reunião ou assembléia”.
[72] Este nome foi traduzido por “Beréia” e esta cidade fica ao sul da Macedônia, a 80 km a sudoeste de Tasloniqi.
[73] Em hebraico temos sha´ar que significa “porta de uma cidade”; era o acesso controlado a uma cidade murada; aponta também para o local de autoridade de uma cidade; sua raiz relaciona-se com “calcular, estimar” e “medida”.
[74] Aqui em hebraico está o termo ”beit Knesset” que significa “casa de reunião ou assembléia”.
[75] Esta palavra vem do hebraico “katub”; em sua raiz temos katab que significa “escrever, registrar, alistar”; modernamente temos o termo “ketubá” para definir um contrato de casamento.
[76] Ieshua – Palavra hebraica que significa livramento, segurança; socorro, vitória certa; bem-estar, prosperidade. Esta palavra tem em sua raiz o termo yasha´ que significa ser salvo, ser liberto; hifil: salvar, livrar, conceder vitória, ajudar; ser (estar) seguro; vingar-se, preservar.
[77] O termo no original é há Mashiach e significa “O Ungido”; traduzido por Cristo, que é a transliteração da palavra grega “Christos”.
[78] A palavra no original é malkût e significa “poder soberano”.
[79] A palavra Elohim significa “D-us o Criador”.