Mário Moreno/ janeiro 15, 2020/ Artigos

Tudo sobre o Messias

A tradição judaica traça um “perfil” do Ungido – Messias e através deste perfil buscam então localizar no tempo a pessoa que poderá ser identificada como Aquele que cumpriu e cumprirá o restante das profecias concernentes à redenção da humanidade com o foco na nação de Israel.

Em primeiro lugar Ele é descendente do Rei David, ele profetizará uma era de paz mundial.

O Messias será um ser humano normal, nascido de pais humanos. Consequentemente, é possível que até já tenha nascido.

Semelhantemente, o Messias será mortal. Finalmente, morrerá e deixará seu reino como herança para seu filho ou sucessor ou ressuscitará para retomar o governo do mundo através de Jerusalém. Alguns dizem que isso não é judaísmo e não existe nada a respeito dentro da tradição. Porém, atualmente uma facção do judaísmo que crê que o Rebe de Lubavitch é o Messias aguarda a sua ressurreição para que ele possa então reinar em todo o mundo. Isso então nos mostra que a ressurreição do Ungido foi e é uma possibilidade, o que coloca a questão num patamar de discussão totalmente novo quanto a identidade do Messias.

A tradição menciona que este será um descendente direto do Rei David, filho de Jesse, como está escrito, “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo” (Is 11:1). Da mesma forma, em nossas orações, pedimos, “que o filho de David floresça,” e “que a memória de Mashiach Ben David surja… perante você.” Existem inúmeras famílias judias hoje que podem traçar sua descendência diretamente ao Rei David.

O Messias será o maior líder e gênio político que o mundo já viu. E, igualmente será o homem mais sábio que já existiu. Usará seus talentos extraordinários para precipitar uma revolução mundial que trará a justiça social perfeita para a humanidade, e influenciará todas as pessoas a servirem a D’us com coração puro.

O Messias também alcançara a profecia e se tornará o maior profeta da história, segundo somente para Moshe.

Todas estas características aparecem na Brit Hadasha na pessoa de Ieshua. Então alguns perguntam: por que os judeus não recebem Ieshua como Senhor e Salvador de suas vidas? A resposta está nas Palavras de Sha´ul que diz: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não sejais sábios em vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado” Rm 11.25. O que este texto nos ensina é que existem pessoas que necessitam receber Ieshua e que o tempo dos judeus reconhecerem-no chegará – em breve – mas até lá é necessário que outros recebam a salvação através do Messias Ieshua!

Qualidades especiais

O profeta Isaías descreveu seis qualidades com as quais o Messias será santificado: “o espírito do D’us descansará nele, (1) o espírito de sabedoria e (2) compreensão, (3) o espírito do aconselhamento e (4) grandeza, (5) o espírito do conhecimento e (6) o temor a D’us” (Is 11:2). Em todas estas qualidades, o Messias superará qualquer outro ser humano.

O Messias não se deixará iludir pela falsidade e hipocrisia deste mundo. Terá o poder para entender o espírito da pessoa, conhecendo assim, seu registro espiritual completo podendo então julgar se é culpado ou não. Com relação a este poder, está escrito, “Deleitará-se pelo temor a D’us; não julgará pelo que seus olhos vêem, ou repreenderá pelo que seus ouvidos ouvem” (Is 11:3). Este é um sinal pelo qual o Messias será reconhecido. Porém, similarmente como o presente da profecia, este poder se desenvolverá gradualmente.

Esta profecia cumpriu-se nos dias de Ieshua quando Ele era abordado por pessoas com intenções não tão boas e discernia não somente a intenção de cada um deles como também viu o caráter de pessoas que precisavam de redenção e confrontou-as a fim de que pudessem ser salvas.

O Messias usará este poder para determinar em qual tribo cada judeu pertence. Então, dividirá a Terra de Israel em heranças terrestres onde cada tribo receberá sua parte. Começará com a tribo de Levi, determinando a legitimidade de cada Cohen e Levi. Com relação a isso o profeta escreve, “Ele purificará as crianças de Levi, e refinará-las como ouro e prata, para se tornarem portadoras de uma oferenda para D’us com honradez” (Ml 3:3).

Metas e Missão

A missão do Messias tem seis partes. Sua tarefa principal é fazer com que todo o mundo retorne para D’us e Seus ensinamentos.

Ele também restabelecerá a dinastia real para os descendentes de David.

Ele supervisionará a reconstrução de Jerusalém, inclusive o Terceiro Templo.

Ele juntará o povo judeu na Terra de Israel.

Ele restabelecerá o Sanhedrin, o supremo tribunal religioso e as leis do povo judeu. Esta é uma condição necessária para a reconstrução do Terceiro Templo, como está escrito, “restituirei os teus juízes, como eram antigamente, os teus conselheiros, como no princípio; depois te chamarão cidade de justiça, cidade fiel. Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça” (Is 1:26-27). Este Sanhedrin também poderá reconhecer formalmente o Messias como rei de Israel.

Ele restabelecerá o sistema sacrifícios, como também as práticas do Ano Sabático (Shemitá) e o Ano Jubileu (Iovel).

Portanto, como Maimonides declara, “Se surgir um governador da família de David, submerso em Torah e em seus Mandamentos como David e seu antepassado, que siga tanto a Torah Escrita como a Oral, que conduza Israel de volta a Torah, fortalecendo a observância de suas leis e lutando em batalhas por D’us, então podemos assumir que ele é o Messias. E se for bem-sucedido na reconstrução do Templo em seu local original e juntar o povo dispersado de Israel, sua identidade como Messias passa a ser uma certeza.”

Estas observações foram cumpridas também em Ieshua; porém naquela época o Templo ainda estava em atividade o que aponta para a primeira fase da vinda do Messias como diz a própria tradição judaica; então Ele veio como “ben Iosef” que é o Messias sofredor e que haveria de morrer pela nação de Israel e que depois retornaria – após sua ressurreição – como “ben David” que é o Messias já numa missão de guerra para restabelecer o governo a Israel e reinar sobre todo o mundo.

Influência mundial

Assim como os poderes do Messias se desenvolverão, sua fama também o fará. O mundo começará a reconhecer sua profunda sabedoria e virá buscar seu conselho. Portanto, ensinará toda a humanidade a viver em paz e seguir os ensinamentos de D’us. Os profetas, deste modo, prenunciam, “Nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do Eterno será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações, e dirão: Vinde e subamos ao monte do Eterno, e à casa de D’us de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e as palavras do Eterno de Jerusalém. Ele (o Messias) julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estes converterão as suas espadas em relhas de arados, e suas lanças em podadeiras: uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Is 2:2-4, Mq 4:1-3).

Esta profecia ainda se cumprirá de forma plena; porém de uma forma embrionária isso já está acontecendo pois Ieshua é reconhecido como Filho de Elohim em todo o mundo e sua influência é extraordinária! Isso acontece de forma distorcida através do Cristianismo? Sim com certeza; mas acontece também em sua forma “pura” através do judaísmo messiânico que busca resgatar não somente o contexto do século primeiro como também os ensinos de Ieshua e suas conexões com o Judaísmo.

Na Era Messiânica muitas pessoas não-judias se sentirão compelidas a se converter ao Judaísmo como o profeta prenuncia, “Darei a todas as pessoas uma língua pura, para que possam chamar o nome de D’us, e todos possam servi-Lo de uma só forma” (Zc 3:9). Uma vez que o Messias se revele, todavia, convertidos não serão aceitos. Isso também já ocorre em nossos dias de forma embrionária, o que nos mostra que a “era messiânica” está prestes a acontecer de forma literal no mundo atual.

Ainda, Jerusalém se tornará o centro de adoração e instrução para toda humanidade. Deste modo D’us disse a Seu profeta, “Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém; Jerusalém se chamará cidade fiel; e o monte do Eterno, monte santo” (Zc 8:3). Mais uma profecia que já teve início pois temos Jerusalém – e a nação de Israel – como uma referência não somente no sentido religioso como também no sentido espiritual onde pessoas vão para serem instruídas no judaísmo e também para se reconectarem com sua identidade perdida – muitos vão a Israel e descobrem suas origens judaica e buscam então esta restauração.

Então começará o período em que os ensinamentos de D’us serão supremos sobre toda humanidade, como está escrito, “O Eterno reinará no monte Sião e em Jerusalém; perante os seus anciãos (ele revelará sua) glória” (Is 24:23). Todas as pessoas virão para Jerusalém buscando D’us. O profeta Zacarias descreve este fato graficamente quando diz, “Virão muitos povos, e poderosas nações buscar em Jerusalém o Eterno e suplicar a Seu favor…naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu, e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que D’us está convosco” (Zc 8:22-23).

Em Jerusalém, o povo judeu será estabelecido como professores espirituais e morais de toda humanidade. Naquele tempo, Jerusalém se tornará a capital espiritual do mundo.

Na Era Messiânica, todas as pessoas acreditarão em D’us e proclamarão Sua Unidade. Desta forma, diz o profeta, “O Eterno será rei sobre toda terra; naquele dia um só será o Eterno, e um só será seu nome” (Zc 14:9).

Paz e Harmonia

Na Era Messiânica, inveja e competições pararão de existir, e no lugar delas haverá abundância de coisas boas e todos os tipos de gentilezas serão tão normais quanto a poeira. Os homens não travarão ou se prepararão para guerra, como o profeta prenuncia: “Uma Nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Is 2:4).

Na Era Messiânica, todas as nações viverão pacificamente juntas. Semelhantemente, pessoas de todas os níveis viverão juntas em harmonia. O profeta comenta este fato alegoricamente quando diz, “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi” (Is 11:6-7).

Esta parte da profecia se cumprirá quando Ieshua vier como o Messias “ben David” – o Guerreiro estabelecendo um tempo de paz plena em todo o mundo e levando a humanidade a reconhecer que a Verdade está n´Ele.

Embora o Messias influencie e ensine toda humanidade, sua missão principal será trazer o povo judeu a D’us. Deste modo, o profeta diz, “Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, sem príncipe, sem sacrifício, sem coluna, sem estola sacerdotal ou ídolos do lar. Depois tornarão os filhos de Israel e buscarão ao Eterno seu D’us, e a Davi, seu rei; e nos últimos dias, tremendo se aproximarão do Eterno e de sua bondade” (Os 3:4-5). Igualmente lemos, “O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão” (Ez 37:24).

Ao passo que a sociedade avança em direção a perfeição e o mundo se torna cada vez mais religioso, a principal ocupação da humanidade será conhecer a D’us. A verdade será revelada e o mundo inteiro reconhecerá que a Torah é o verdadeiro ensinamento de D’us. É o que o profeta quer dizer quando escreve, “…a terra se encherá de conhecimento do Eterno, como as águas cobrem o mar” (Is 11:9). Da mesma forma, toda a humanidade atingirá os níveis mais altos de Inspiração Divina sem qualquer dificuldade.

Embora o homem ainda tenha o livre arbítrio na Idade Messiânica, ele terá todo o incentivo para fazer o bem e seguir os ensinamentos de D’us. Será como se o poder do mal estivesse totalmente aniquilado. É o que o profeta prenuncia, “porque está é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Eterno. Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei…não ensinará jamais cada um ao seu irmão dizendo: conheça D’us, porque todos Me conhecerão, desde o menor até o maior deles” (Jr 31:33-34).

O profeta também diz em nome de D’us, “Darei vos um coração novo, e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ez 36:26), ou seja, a inclinação em direção ao bem estará tão fortalecida no homem que este não seguirá suas tentações físicas. Pelo contrário, irá constantemente se fortalecer espiritualmente e andará em direção a servir a D’us e seguir Sua Torah. Este é o significado da promessa da Torah: “E abrirá o Eterno, teu D’us, teu coração e o coração de tua descendência, para amares ao Eterno, teu D’us, com todo o coração e com toda tua alma, para que vivas” (Dt 30:6). Mais uma vez podemos ver uma profecia cumprindo-se de forma inicial porém não plena. Hoje muitas pessoas tem alcançado este “novo coração” para servir ao Eterno e obedecer à sua Palavra, mas no “milênio” – conhecido no judaísmo como “Era Messiânica” – isso acontecerá num alcance mundial.

Prática religiosa

O Messias não mudará nossa religião de forma alguma. Todos os mandamentos vão estar ligados à Era Messiânica. Nada será adicionado ou extraído da Torah.

Isso já aconteceu com Ieshua, que não fundou uma nova “religião”; Ele de fato fez aquilo que os rabinos da época faziam e ensinou o povo de Israel a seguir a Torah de forma mais intensa e com mais zelo. Isso fica claro em suas palavras grafadas nos Escritos da Brit Hadasha. Uma leitura atenciosa comprova isso e muito mais, ou seja, a relação de Ieshua com Israel e de seus ensinos como a confirmação das profecias da Tanach.

Há uma opinião que diz que os únicos livros da Bíblia que serão regularmente estudados na Era Messiânica são os Cinco Livros de Moshe (o Pentateuco) e o Livro de Ester (Meguilat Ester). A razão para isto é que todos os outros ensinamentos dos profetas são derivados da Torah, e já que o Messias revelará todos os significados da Torah à perfeição, a escrita profética não será mais necessária.

O sistema de sacrifícios será restabelecido na Era Messiânica. Porém, só será aceito o sacrifício de ação de graças, pois já que o coração do homem será circuncidado o desejo de pecar não mais existirá e os sacrifícios que serviam para se reconciliar e reparar o erro não serão necessários. Consequentemente as únicas rezas que existirão serão as de ação de graças.

Nossos profetas e sábios não anseiam pela Era Messiânica para que possam mandar no mundo e dominar a humanidade. Também não desejam que as nações os honre, ou que possam ser capazes de comer, beber e serem felizes. Só desejam uma coisa: estarem livres para poderem se envolver com a Torah e sua sabedoria. Não querem que nada os atrapalhe ou distraia, pois, desta forma podem se empenhar para serem merecedores da vida no Mundo Vindouro.

Conclusão:

Ditas estas coisas podemos então compreender que a tradição judaica está de fato falando acerca de Ieshua e isso acontece de forma muito explícita – sem citar o nome “Ieshua” – o que nos leva a entender nosso papel em que devemos amar aos nossos irmãos judeus e compreender que sua dificuldade em crer e receber a Ieshua como nós é somente uma questão de tempo… Enquanto isso vamos aproveitar a oportunidade que os céus nos dão e vivamos as Escrituras anunciando sempre que a Redenção da humanidade somente é possível em Ieshua, o Messias judeu prometido pelas Escrituras e que em breve terminará de cumprir aquilo que ainda está predito na Palavra do Eerno.

Baruch ha Shem!

Adaptação: Mário Moreno.