Yedid – Ieshua

Mário Moreno/ abril 10, 2020/ Artigos

Yedid (יְדִיד) Ieshua

Qual é a conexão entre as Palavras hebraicas e Ieshua? Vamos tratar de algumas delas para entendermos suas ligações.
No Hebraico a palavra לב (ou seja, Lev, coração) compõe-se da primeira e da última letra escritas em rolo de Torah, ou na Torah em Hebraico (ou seja, Gênesis começa com a letra Beit בּ e Deuteronômio termina com a letra lamed ל), embora só percebemos isso no final do livro, quando voltamos a reler e rever o que aprendemos… Continuamente a mais de 2 mil anos…

Se nós apenas lêssemos em frente e não voltássemos a reler a Torah continuamente, íamos acabar com a palavra בּל (isto é; Bal, que significa: não a, negação, negar).

O Rabi Baal haTurim (1269-1340 Espanha) observava que estas duas letras hebraicas, בּ Beit e ל Lamed são as duas únicas no alfabeto hebraico, que podem ser combinadas com as letras do nome de D-us (יהוה) O Tetragrama, para formar palavras significativas (por exemplo, בּי, לי e assim por diante), considerando que nenhuma das outras letras podem fazer isso.

Então ele concluiu que o coração é o ponto central através do qual nos relacionamos com D-us. (Peirush HaTur HaAruch)

Está escrito que as palavras da Torah são perfeitas; “Meshivat Nefesh” – ‘Restaura a alma’ – porque eles expressam a viva palavra de D-us (Salmo 19:8).

Neste contexto, observe a primeira letra da Torah (isto é; בּ – Beit em ‘Bereshit’) e a última letra da Brit Hadasha (ou seja, ן – Num Sofit em ‘Amen’) se combinam para formar a palavra בּן (ou seja, Ben – Filho), aludindo ao abrangente Filho de D-us, O Messias que é a revelação de Hashem (D-us) para humanidade.

A porção de leitura da Torah para esta semana (Números 30:2 á 36:13) fornece os limites da terra de Canaã que devia ser tomada e ocupada inicialmente pelos israelitas. Observe que essas fronteiras não são as mesmas como as descritas anteriormente a Abraão (Genesis 15:18-21), desde que esta área será dada a Israel depois que o Messias retornará para restaurar Tzion (Sião) em toda sua glória durante o Reino milenar (Ver Ezequiel 47:15-48:35).

Durante esse tempo, Zion (Jerusalém) será o centro de Governo da Terra e será apelidada pelas nações de; Adonay Shamá, ‘Adonay está lá’.

Enquanto a promessa anterior que Israel iria ocupar ‘do Nilo ao Eufrates’ aguarda sua realização, cumprimento. Porem nesta porção da Torah a descrição da terra prometida é restrita a ‘terra de Canaã de acordo com suas fronteiras’ (Números 34:2-13), ou seja, a região ocupada pelas sete nações Cananéia vivendo lá na época da conquista com Josué.

A Parashat (porção) é tradicionalmente lida perto da lua nova do mês bíblico de Av, na expectativa dos nove dias de luto (por causa da destruição do Templo em Jerusalém) que precedem Tishah B’Av – o dia mais triste do calendário judaico.

Os Sábios da Mishná ensinavam; “com a entrada de [o mês de] Av, vamos diminuir nossa alegria”, e os Sábios na Guemará respondiam; “Todos os que lamentam a destruição de Jerusalém (Templo) vão merecer a celebração de seu renascimento” (Talmud: Ta’anit 30a).

O Luto pela perda do Beit HaMikadesh (Templo) em Jerusalém é apropriado até que o Messias venha e o restaure novamente. A leitura neste momento é para sinalizar a esperança que um dia Jerusalém (e o Templo) seja reconstruída e as promessas feitas a Israel serão cumpridas completamente.

Quando alguém morre, há um processo de luto que nós passamos e que leva ao encerramento do luto. Na tradição judaica, este processo envolve as etapas de Shivah, Sheloshim e Avelut – um ano de luto pela perda de um ente querido (Pai e mãe). Se, porém, é incerto que alguém morreu de fato (não achou o corpo), não há encerramento ao luto. Vemos isto na vida de Ia´aqov após seu filho Iosef desaparecer de repente: Ia´aqov não estava certo da morte de seu filho Iosef e, portanto, ele “chorou” por anos e anos. Ele continuou a chorar porque se ocupava ainda na esperança de que seu filho vivia.

Por esta razão nós judeus ainda choramos e ainda ocupamo-nos de manter a esperança durante as ‘três semanas de tristeza’ e ‘Tishah b’Av’. Choramos pela perda do que poderia ter sido, ainda temos esperança na restauração de Jerusalém e o Templo, ‘A Cidade do Grande Rei’ (Salmo 48:2, Mateus 5:35) pelas mãos de Ieshua, nosso Messias. Que este dia venha logo e em nosso tempo. Amém.

Mais do que um sentimento…

Biblicamente falando o amor é mais uma ação e decisão do que é um sentimento…
É baseado mais em uma ação e um ato de vontade, do que sentimentos pessoais. Muitas pessoas são irresponsáveis e sentimentais demais hoje em dia porque permitem passivamente que suas preferências pessoais determinem o seu sentido de ação e compromisso, em vez do contrário. Esse amor, invariavelmente, cresce se esfria e desaparece.

Claro! Naturalmente os sentimentos humanos são importantes, mas por si só são insuficientes para expressar o amor real.

Na verdade, a palavra hebraica para “enamorar-se” ou “afeição” é Chibah (חִבָּה) (lê-se rribá) que vem da raiz da palavra hebraica Chovah (חוֹבָה) (lê-se rrová), ou seja, ‘obrigação’ ou ‘dever’.

Da mesma forma, a palavra hebraica para ‘Amigo’ Chaver (חָבֵר), compartilha da mesma raiz (ou seja, Chavar: חָבַר), que significa ‘unir’ ou ‘conectar-se’.

Conectado com a ideia bíblica de afeição ou amizade, então, é a ideia de vinculação de lealdade ao outro (יֵּחִב). Vemos essa conotação na palavra Choveret (חוֹבֶרֶת), que era o ‘o gancho ou fecho’ usado para sustentar, segurar as cortinas no Tabernáculo e também a palavra Machberet é a palavra para ‘grampo’ ou o ‘gancho’.

Para simplificar essas conexões linguísticas, pode-se dizer que a Amizade verdadeira baseia-se em um sentido de obrigação, cuidado e lealdade (ou seja, Chibev: חִבֵּב) mais do que baseado em sentimentos subjetivos, e isso implica que tais sentimentos (por si) nunca devem ser a base para expressar o amor ou amizade.

Sentimentos são um subproduto da decisão ou ação de amar, e eles podem surgir em como nós agimos em amor para com outra pessoa, embora o dever de amor permaneça, mesmo se você estiver desprovido de tais sentimentos (românticos, carinhosos e etc.).

Isso explica, em seguida, como na Torah pode-se encontrar mandamentos de ‘amar o próximo’, pois cuidar ou se importar, ajudar, agir com justiça com os outros é, em última instância, uma decisão, uma ação.

Entenda, D-us ordena o que é possível: ‘deve…’ implica que podemos. Podemos amar pessoas por quem não temos nenhum desejo pessoal afetivo por meio da obediência ao mandamento de D-us ‘para amar’.

A este respeito, note que no Hebraico a palavra para ‘próximo’, é Re’ah – (aquele que você vê), e está relacionado com a palavra hebraica para ‘pastor de ovelhas’, ou seja, Ro’eh (רוֹעֵה), que sugere que amar o seu próximo significa cuidar, ajudar, proteger e etc quando necessário, como um pastor faz com suas ovelhas.

A palavra hebraica para o Amor é Ahavah, a partir do verbo Ahav que alude; א, “Eu vou”, + הַב, “dar”, que é a Presença de benevolência.
A gematria da palavra Ahavah (Amor) é 13, que é exatamente metade do valor do nome de D-us – IHVH (יהוה) – 26, que implica que quando damos de nós mesmos, aos outros, a Presença Divina (Espírito Santo de D-us) está conosco.

A palavra Ahavah (Amor) também pode ser lida como; “Vou dar o espírito,” א, “Vai,” + הַב, “dar”, + ה, “espírito”. É o Amor de D-us compartilhando o Hálito, o Espirar (Espírito o Santo) D´Ele sobre nós e em nós.

No Hebraico a palavra para ‘Amado’ é Yedid ou Didi, que vem da palavra Dod, como usado no verso “ani le’dodi ve’dodi li”, ‘Eu sou para o meu amado e meu amado é para mim’ (Ct 6:3).

O nome ‘David’ também vem desta mesma raiz.

É interessante ver que a palavra Yedid é formada ao combinar-se ou juntar-se a palavra hebraica para ‘Mão’ (ou seja, Yad: יָד) – (ou seja, יָד+יָד), que pictográfica ‘dois amigos caminhando juntos de mãos dadas’…
Moshe quando percebeu que seu filho Gerson não seria seu sucessor, ele pediu a D-us por um novo líder para conduzir o povo, e Adonay disse-lhe: ve’samachta et yadcha alav – ‘colocar a mão sobre ele‘ (Josué) – (Números 27:18).

Moshe, no entanto, não só colocou uma mão em Josué, mas ambas as mãos (Números 27:23), que sugere que ele era sincero para as coisas de D-us e para simbolicamente considerarem Iehoshua (Josué) como Yedid, isto é, “mão-na-mão” (O Amado) com D-us para o bem-estar do povo…

Concluímos então dizendo que Ieshua sendo nosso Amado nos ensinou a vivermos praticando o amor a cada passo de nossas vidas assim como Ele fez, mas também a obedecermos às Escrituras em busca de um padrão eterno para aqueles que creem! A teoria se transformando em vida a cada momento traz a salvação!

Baruch Há Shem!

Tradução e adaptação: Mário Moreno.

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