Tazria: transformar momentos com D-us
Tazria (semeai)
Lv 12:1–13:59; II Rs 4:42-5:19; Lc 7:18-35
“Falou mais o IHVH a Moshe, dizendo: fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber 
e tiver um varão, será imunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade será imunda [tameh]” (Lv 12:1-2).
Na porção da Torah passada, um fogo emitido diante de D-us para consumir as ofertas no altar, e a presença divina veio habitar no santuário recém-construído.
Na Parasha Tazria, D-us fornece a Moshe as leis de purificação após o parto. Ele também dá as leis relativas aflições da pele.
O nome desta porção da Torah, Tazria, está relacionado com a raiz hebraica zarah (זרע), significa semente; portanto, uma tradução alternativa de Tazria é “Ela semeia” ou “Sementes lançadas“.
Ao considerar os rituais de purificação que D-us deu para as mães após o parto, muitas perguntas surgem naturalmente:
- Por que é uma mulher que só deu à luz é ritualmente impura?
“E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro dum ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote, o qual o oferecerá perante o IHVH, e por ela fará propiciação; e será limpa do fluxo do seu sangue: esta é a lei da que der à luz varão ou fêmea” (Lv 12:6-7).
- Por que há uma necessidade de uma oferta?
- Por que existem 7 dias de isolamento após o nascimento de um menino, juntamente com 33 dias de pureza ritual?
- Por que há 14 dias de isolamento após o nascimento de uma menina, juntamente com 66 dias de pureza ritual?
“Mas, se tiver uma fêmea, será imunda duas semanas, como na sua separação: depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua purificação” (Lv 12:5).
Estas perguntas sobre parto, para os eruditos judeus englobam desde ser fecundo e multiplicar e é o primeiro de todos os mandamentos para a humanidade, e uma mulher dando à luz uma criança está cumprindo esta divina mitzvah (mandamento).
O que é mais, segurar seu bebê recém-nascido em seus braços pela primeira vez tem que ser entre os momentos espirituais mais emocionantes que alguém pode experimentar.
É também um do mais transformadores; para muitos aspectos da vida, especialmente para a mãe, possa mudar após o nascimento de uma criança, particularmente após os primogênitos.
Na Brit Chadashah, vemos que a Miriam observou esta lei após o nascimento de Ieshua.
“E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a Torah de Moshe, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor (segundo o que está escrito na Torah do IHVH: Todo macho que abrir a matriz será consagrado ao IHVH) e para darem a oferta segundo o que está dito na lei do IHVH: um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc 2:22-24).
Alguns rabinos afirmam que a impureza da mulher após o nascimento, refere-se ao trauma e medo relacionado ao nascimento, bem como, possivelmente, depressão pós-parto.
Quanto ao período de isolamento, às novas mães deve ser dado o luxo de um momento particular de ligação com seus filhos, longe de bisbilhoteiros, bem como um tempo de refletir sobre seguir a jornada para a frente.
As diferenças no comprimento do isolamento entre o nascimento de um menino e o nascimento de uma menina tem sido explicadas em uma variedade de maneiras; por exemplo, desde que meninos judeus passam por circuncisão no oitavo dia, a mãe deve recuperar mais rapidamente.
Quanto ao período de 14 dias de isolamento após o nascimento de uma criança do sexo feminino, o Rabino Shlomo Riskin escreveu em sua coluna de Jerusalém Post que “tudo é duplicado para o nascimento de uma menina porque o processo da vida e da morte será repetido fisiologicamente durante a vida da criança e dentro de seu próprio corpo.”
O Holocausto e a oferta pelo pecado que são dadas após o parto são vistos como um meio de fazer a transição de um período de isolamento, a volta para a comunidade pelo primeiro contato com D-us. É um momento especial de ação de Graças que tanto a criança e a mãe sobreviveram a dor e o risco do parto.
Este momento importante lembra-nos quão importantes são as transições; como passamos de uma fase para outra em nossas vidas, devemos primeiro nos aproximar de D-us com ações de Graças.
Períodos de isolamento
Esta porção também fornece as leis da purificação da doença bíblica antiga tzara’at, que é erroneamente é traduzido como hanseníase.
A palavra hebraica pode ser derivada da palavra aramaica “segiruta“, significando “isolamento” e tem uma raiz linguística que significa “destruição“.
É um termo coletivo para várias doenças de pele que podem incluir o eczema, psoríase e micose. Tzara’at pode aparecer na roupa como manchas verdes ou vermelhas e até mesmo nas paredes, como talvez o mofo.
Causa contaminação espiritual e requer purificação e um tempo de isolamento para evitar a disseminação da contaminação.
Se após um período de 7 dias de quarentena, o Cohen (sacerdote) vê que a doença está se espalhando, o “leproso” era para ser isolado da Comunidade, para evitar corrupção e infectando outros pelo contato.
“Também os vestidos do leproso, em quem está a praga, serão rasgados, e a sua cabeça será descoberta, e cobrirá o beiço superior, e clamará: Imundo, imundo. Todos os dias em que a praga estiver nele, será imundo; imundo está, habitará só, a sua habitação será fora do arraial” (Lv 13:45-46).
Reservando tempo para D-us
Na Torah, isolamento ou tempo sozinho não é restrito às condições físicas ou contagiosas; também pode ser visto como um tempo necessário para a oração, devoção e comunhão com D-us.
Nas palavras de um ditado judeu Chassidico, “uma pessoa que não tem hora para ele ou ela mesma todos os dias não é uma pessoa“.
D-us convida cada um de nós passar tempo a sós com ele fim de aprofundar a nossa relação de maneiras que não podemos fazer em grupo.
Há muitos exemplos bíblicos a seguir, também.
- Moshe encontrou-se com D-us na sarça ardente, bem como no Monte Sinai, ao receber os dez mandamentos.
- David também passou muito tempo em comunhão com D-us.
- O profeta Elias experimentou a presença de D-us quando estava sozinho em uma caverna. Elias ouviu a voz de D-us em kol demamah dekhah (uma voz).
Nem Ieshua abriu mão, apesar de todas as pessoas, exigindo sua atenção, ele tomou tempo para isolar-se das multidões para orar e buscar a presença de seu pai.
“E logo de manhã, enquanto ainda estava escuro, ele levantou-se e saiu e partiu para um lugar solitário e estava orando lá” (Mc 1:35).
“Mas ele próprio muitas vezes fugia para o deserto e orava” (Lc 5:16).
Certamente se Ieshua precisava escapar de todas as exigências para ter o tempo sozinho, então também temos esta necessidade crucial.
Claro, todas as coisas devem estar em equilíbrio. A palavra de D-us nos adverte contra o isolamento excessivo, que pode levar-nos a focar em nossos próprios desejos.
“Busca seu próprio desejo aquele que se separa; ele insurge-se contra a verdadeira sabedoria” (Pv 18:1).
Embora doenças contagiosas definitivamente são causa de preocupação, a Bíblia torna claro que podemos ter sido infectados por algo que é muito mais letal e contagioso que qualquer doença física.
Desde o exílio de Adão e Eva do jardim do Éden, estamos todos infectados com o veneno da 
serpente, e todos são objeto de pecado que nos separa de D-us. Nós então estamos contaminados pelo pecado; inclusive a nossa justiça é como trapos imundos.
“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós caímos como a folha, e as nossas culpas como um vento nos arrebatam” (Is 64:6).
Só o sangue do Messias, Ieshua, pode purificar-nos de nossa contaminação e impureza entrar em verdadeira comunhão com o D-us vivo. Assim como Ieshua fez os leprosos puros e inteiros mais uma vez, ele pode nos purificar e apresentar-nos Santos e sem defeito para o pai.
“E aconteceu que, quando estava numa daquelas cidades, eis que um homem cheio de lepra, vendo a Ieshua, prostrou-se sobre o rosto e rogou-lhe, dizendo: Senhor, se quiseres, bem podes limpar-me. E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo. E logo a lepra desapareceu dele” (Lc 5:12-13).
Ieshua faz todos limpos, aqueles que confiam nele, para que eles possam aproximar-se do criador do universo.
“Quem, ó Elohim, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade, e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O IHVH não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade” (Mq 7:18).
Que cada um de nós, purificados pelo sangue de Ieshua possamos nos levantar em santidade para anunciar que Ieshua é o Senhor!
Tradução: Mário Moreno
Título original: “Tazria – Transforming Moments With God is the Torah portion this week”.