Seja uma Janela e Não uma Vidraça
“Aarão assim o fez; acendeu as lâmpadas em direção à Menorá, como Hashem havia ordenado a Moshe”. (Nm 8:3)
Aarão assim o fez. Isso demonstra a virtude de Aarão por não se desviar. —Rashi

Qual é o grande louvor de Aarão? Acender a Menorá é uma demonstração de habilidade e talento incomum? Nunca ouvi dizer que tenha sido particularmente difícil. Será que ele fez o que Hashem lhe pediu? Quem de nós não faria o que Hashem queria que fizéssemos?! Será que o Mandamento veio por meio de Moshe e não diretamente a ele? Todos nós estamos cumprindo Mandamentos que vêm de Hashem por meio de Moshe. Então, qual é o grande louvor?
A Ohr HaChaim explica que não foi apenas a ação de Aarão que merece grande louvor. É mais como ele fez e com que intenção acendeu a Menorá. O versículo testemunha na primeira metade que “ele fez isso“, mas na última parte do versículo nos é dada uma informação crítica, como se HASHEM tivesse ordenado a Moshe. Aarão fez o que fez porque era o Mandamento de HASHEM! Essa era sua única intenção. Ele não estava distraído nem interessado na grande honra, publicidade e centralidade do ato que estava realizando. Sua mente estava inteiramente dedicada a fazer o que o Criador exigia dele naquele momento.
Vamos dedicar um tempo para apreciar isso! Este é um exemplo vivo do que o Navi nos diz que HASHEM pede ao homem: “…andar (humildemente) em particular com seu D’us!” Não diz para não fazer publicamente e nunca deixar ninguém saber o que você está fazendo. Talvez isso possa ser uma coisa boa às vezes. O versículo nos diz que devemos ser humildes com HASHEM! Podemos nos encontrar, como Arão, em uma posição em que a ação que estamos realizando atrai atenção e ganha grande notoriedade. Nessas circunstâncias, reside um grande teste! Pode o homem ser humilde em particular enquanto se apresenta em público!? Essa é a questão! Esse é o desafio! Arão fez isso! Foi exatamente isso que ele fez!
Se buscamos provas de que tal padrão é realmente possível e humanamente alcançável, não precisamos ir além de outro exemplo claro nesta mesma Parashá. A Torah testifica sobre Moshe: “E este homem Moshe era extremamente humilde, mais do que qualquer pessoa na terra“. (Nm 12:3) Lembro-me de um dos meus Rebeim maravilhado com este versículo. Aqui, agora, Moshe está escrevendo a Torah ditada por HASHEM, e as palavras estão sendo registradas para a posteridade e para sempre, para a eternidade, que Moshe é a pessoa mais humilde da face da Terra. Se é digno de ser transcrito, então deve ser absoluta e inalteravelmente verdadeiro.
Então, aqui está o próprio Moshe escrevendo estas palavras e, momentos depois de escritas, elas ainda são verdadeiras. Ele permanece extremamente humilde e inalterado.
Se qualquer um de nós recebesse uma crítica quase favorável em um jornal local por alguma coisa insignificante que fizemos, a emolduraríamos para todos verem e a compartilharíamos com amigos e familiares em um bate-papo. Como poderíamos resistir!? Nossos corações se encheriam de orgulho imediatamente, sempre que nos lembrássemos desses termos incrivelmente precisos e descritivos, mesmo que nunca concordemos com mais nada que aquele jornal preconceituoso diga. Nisso eles acertaram! Agora, como pode Moshe permanecer inalterado por causa daquelas palavras de HASHEM sobre ele?! Isso é uma grande maravilha!
Pode ser, e deve ser, que Moshe realmente se via, e Arão também, como ABSOLUTAMENTE NADA, “NACHNU MAH” – “Nós somos o quê!” Eles sentiam a realidade de HASHEM mais do que a si mesmos. Essa anulação total não é de forma alguma contrariada pelo chamado à ação. Eles fazem e fazem, mas apenas como mensageiros, um receptáculo, um veículo de HASHEM. Assim como um vidro transparente permite a passagem da luz, também sua função como agentes de HASHEM é ser uma janela e não uma vidraça!
Tradução: Mário Moreno.
