Mário Moreno/ abril 23, 2020/ Artigos

A bênção dos meninos

Uma das coisas mais interessantes que acontecem a cada shabat é que o pai abençoa sua esposa e também seus filhos (as). Mas de onde vem este costume? O que ele significava e ainda significa para nós atualmente?

Vamos falar sobre a história de Iosef – José – que é além de tudo extraordinária e nos traz conforto, pois ele nos ensinou que é possível perdoar e agir de forma amorosa mesmo depois de ser rejeitado e literalmente “jogado fora” por seus irmãos. Quando ele teve a oportunidade de “dar o troco” agiu como um verdadeiro homem de d-us e buscou o melhor para os seus.

Sua história de “sucesso” começa com insucessos repetidos e situações desesperadoras que levariam qualquer homem à loucura. Os insucessos não lhe obstruíram a mente e quando surgiu uma oportunidade agiu da forma correta e teve como recompensa a mais alta honraria que um estrangeiro poderia receber no cativeiro: tornar-se vice-rei.

Como parte deste sucesso ele casa-se e tem dois filhos. Vamos falar deles…

D-us me fez esquecer

Iosef teve dois filhos no Egito. Primeiramente, vamos tentar entender o significado original em hebraico de seus nomes. “Iosef chamou o seu primogênito Manassés” (Gn 41:51). O nome Menashe – מְנַשֶּׁה (Manassés) vem da raiz hebraica נ-ש-ה (n-sh-a): “que faz esquecer“. Iosef queria esquecer todo o sofrimento e a aflição que ele viveu. Por isso ele chamou o seu filho de Menashe.

D-us me fez prolífico

O segundo filho ele chamou Efraim” (Gên. 41:52). O nome Efraim – אֶפְרַיִם é derivado da raiz פ-ר-ה (p-r-a) – aqui “prolificar“. Evidentemente, Iosef conseguir esquecer o seu sofrimento e seguir adiante: ser prolífico e produtivo em uma terra estrangeira. Além disso, Efraim e Menassés são os primeiros dois irmãos da Torah cuja relação não é marcada por inveja e rivalidade – um poderoso testemunho da paz no coração e na casa de Iosef.

Ia´aqov o abençoador

Antes de morrer, Ia´aqov escolhe seus dois netos para a bênção milenar. Os rabinos judeus enxergam uma poderosa mensagem nesta bênção. Quando dizem aos seus filhos: “Que D-us o faça como Efraim e Menassés”, eles desejam que esteja sempre conectado espiritualmente com seu povo e com D-us, independente de onde viverem e crescerem.

Naquele momento crucial da vida do patriarca ele já sabia de seus destino final – a morte – e chama seu filho Iosef com seus netos para poder então abençoá-los.

Ele sabia que como patriarca da família detinha as bênçãos passadas, presentes e futuras e somente ele poderia transmitir um legado profético através das palavras para seus filhos e netos…

Sabendo disso Ia´aqov vai agora modelar o futuro de seus netos com palavras… sim ele porá tudo em ordem e fará com que este evento sirva como uma padrão para os pais ao longo dos séculos vindouros quando usamos as palavras para moldarmos o futuro de nossos filhos.

Esta é uma questão interessante, pois como sabemos as palavras estão carregadas de poder, e quando se é uma autoridade na família – patriarca em toda a família – e o pai numa casa, então cada palavra tem um peso no reino do Espírito e quando somos crentes em Ieshua isso é ainda mais intenso.

Ieshua disse: “Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” Mt 12.37. Se as palavras serão usadas como critério de justificação ou condenação então estamos falando de algo muito sério.

Nas Escrituras vemos que as palavras são usadas para CRIAR coisas; trazer à existência aquilo que ainda não existe. Então quando falamos estamos também criando coisas – situações – ou para o bem ou para o mal.

Aqui entendemos então a importância de abençoarmos nossas esposas e filhos no Shabat. É justamente naquele momento da semana que liberamos palavras que ecoarão pela eternidade buscando um momento para poderem cumprir-se e então confirmarem a intenção do coração de quem as proferiu.

Geramos com os pensamentos, mas trazemos à existência o que pensamos com palavras… por isso é tão importante que abençoemos nossos filhos com palavras específicas, gerando assim bênçãos específicas na vida de cada um deles…

Quando fazemos isso usamos também um ingrediente espiritual: a fé. Veajmos o exemplo de Avraham: “O qual com esperança, creu contra esperança, que seria feito pai de muitas nações, conforme ao que lhe fora dito: Assim será tua semente (como as estrelas do céu, e a areia do mar). E não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara” Rm 4.18-19.

A palavra quando vem mesclada à fé tem um efeito devastador, pois transcende as barreiras físicas e fez com que os céus tragam à existência aquilo que se deseja – e fala – e quando fazemos isso estamos de fato “imitando” o Criador, pois criamos aquilo que existe somente em nossos pensamentos…

Concluindo…

Entendemos a importância de falarmos da forma correta e também de abençoarmos nossas famílias a cada shabat, pois é neste momento que há um portal aberto e uma comunicação muito mais eficaz com a eternidade.

Quando abençoamos nossas esposas e filhos a cada shabat estamos de fato gerando novas situações e até mesmo pessoas sendo restauradas dentro de nossos lares…

Quando dizemos em oração: “Mulher virtuosa…” estamos de fato gerando uma esposa que seja conforme o padrão do Eterno para nós e isso ocorre também com nossos filhos, que serão abençoados com oportunidades, portas abertas, chamados ministeriais, unção, etc… quando nós pais – que também somos sacerdotes em nossos lares – proferirmos palavras nesta direção e faremos com que o futuro de nossa família seja determinado não somente por nossos desejos, mas também por um desejo maior de Ieshua que selará o futuro de cada um deles já no presente, pois o presente determina o futuro mesmo que a situação ao redor diga diferente.

Entenda, há poder em suas palavras…

Que cada um de nós saiba determinar o futuro de nossas famílias através de oração e com palavras claras e seguras desenhar um futuro melhor para todos em nome de Ieshua.

Baruch Ha Shem!

Mário Moreno.