A Busca do Homem por Significado

Mário Moreno/ setembro 19, 2024/ Teste

A porção desta semana discute a entrada na terra de Israel e as responsabilidades que estão intrinsecamente ligadas à sua herança. Há inúmeras bênçãos mencionadas que seguem um estilo de vida da Torah e, infelizmente, inúmeras maldições quando esses valores são abandonados.

Mas após a ladainha de bênçãos e maldições, Moshe diz à nação: “vocês viram tudo o que Hashem fez diante de seus olhos na terra do Egito para o Faraó e todos os seus servos e para toda a terra. Seus olhos contemplaram os grandes sinais e maravilhas, mas Hashem não lhes deu um coração para compreender, olhos para ver ou ouvidos para ouvir até este dia” (Dt 29:2-3). Moshe estava obviamente se referindo ao dia em que os judeus receberam uma compreensão da Torah dos eventos. Mas isso desafia a lógica. Afinal, o que alguém precisa entender sobre maravilhas? Água se transformando em sangue, invasões sobrenaturais de animais selvagens, gafanhotos e granizo cheio de fogo não precisam de nenhum cientista espacial para compreender o poder de D’us. Certamente a divisão do mar é um evento tão incrível que maravilhará os olhos e agitará os sentidos de qualquer povo.

O que então Moshe quer dizer quando conta à nação que Hashem “não lhe deu um coração para compreender, olhos para ver ou ouvidos para ouvir até este dia”?

Rav Noach Weinberg, reitor das Instituições Aish HaTorah, conta a história do jovem que veio até ele em busca de significado espiritual.

O jovem entrou nos portais da Yeshiva Aish HaTorah por alguns dias e então decidiu deixar a yeshiva em sua busca por significado espiritual pela Terra de Israel. O estudante parou em sinagogas em Meah Shearim, visitou os locais sagrados em Tiberíades e Tzefat e, após duas semanas de caça espiritual, retornou a Jerusalém e foi direto para a Yeshiva.

“Rabino Weinberg”, ele exclamou. “Passei duas semanas viajando por todo o comprimento e largura de Israel em busca de espiritualidade, e quero que você saiba que não encontrei absolutamente nada!”

O rabino Weinberg apenas assentiu. “Você disse que viajou pelo país inteiro e não encontrou nenhuma espiritualidade?”

“Sim, senhor”, veio a resposta retumbante. “Nenhuma!”

“Deixe-me perguntar”, continuou o rabino, “como você encontrou os Bafoofsticks?”

“Bafoofsticks?” rebateu o aluno. O que é um Bafoofstick?”

“Não é esse o ponto”, respondeu o rabino, “eu só quero saber o que você acha deles.”

“Sobre o quê?

“Os Bafoofsticks”

O jovem olhou para o rabino como se tivesse perdido a cabeça. Ele tentou ser o mais respeitoso possível nas circunstâncias. “Rabino!”, ele exclamou frustrado, “Eu adoraria lhe contar como eram os Bafoofsticks. Eu até passaria o dia inteiro discutindo Bafoofsticks com você, mas, francamente, não tenho a mínima ideia do que diabos é um Bafoofstick!” O rabino Weinberg sorriu. Ele havia alcançado seu objetivo. “Diga-me”, ele disse suavemente. “E você sabe o que é espiritualidade?”

Moshe explica à nação que é possível estar atolado em milagres e ainda não compreender a grandeza que o cerca. Alguém pode experimentar revelações milagrosas, mas a menos que concentre seu coração e mente, continuará a levar sua vida sem inspiração como antes.

Na verdade, até mesmo as bênçãos precisam ser realizadas. Ao oferecer bênçãos, a Torah nos diz: “as bênçãos estarão sobre você e elas chegarão até você” (Dt 28:2). Se as bênçãos estão sobre nós, é claro que elas chegam até você! Por que a redundância? Mais uma vez, a Torah nos ensina que é possível estar cercado de bênçãos e não perceber isso. Há pessoas que estão cercadas por saúde, riqueza e grande fortuna, mas suas vidas são permeadas pela miséria. Elas têm a bênção, mas ela não as alcançou.

Precisamos de mais do que bênçãos físicas ou mesmo espirituais. Precisamos de mais do que vivenciar eventos milagrosos. Não basta ver milagres ou receber o melhor da fortuna. Devemos trazê-los para nossas vidas e para nossas almas. Então seremos verdadeiramente abençoados.

Tradução: Mário Moreno

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