A irradiação da glória de D-us

Mário Moreno/ outubro 3, 2018/ Artigos

A irradiação da glória de D-us

O encontro entre Itshaq e Rebeca é um marco dentro das Escrituras, pois nesta passagem temos o protótipo do Casamento do Eterno com sua Noiva, Israel.

Vejamos o que aconteceu antes e durante aquele momento.

O Nome Profundo

Segundo a tradição judaica, Rebeca ao avistar Itshaq cai do camelo. Então, o que aconteceu antes de Rebeca cair? Isaac estava vindo do poço de Beer-Laai-Rói (Gn 24:62), significando “o Poço do Vivente Que Me Vê”. Este nome profundo nos diz isso: mesmo após seu vínculo no Monte Moriá, quando Itshaq desapareceu da vista de todos, ele não desapareceu da vista de D-us. Não foi seu pai terrenal, mas o próprio Pai Celestial quem o restabeleceu após o terrível choque pelo qual passou — Aquele Que Me Vê Vive.

Na etimologia do nome, destacamos “laai” cuja etimologia está ligada também à boca da seguinte forma:

A raiz לחה (lhh) não ocorre como verbo na Bíblia, e sua existência é assumida por causa do curioso substantivo לחי (lehi), que significa mandíbula ou bochecha. Este substantivo também existe em árabe, onde está relacionado a um verbo que significa “descolar”, e em siríaco significa “despir ou apagar”. Talvez (e isso é um palpite) essas conexões sugerem que a mandíbula de um animal foi reconhecida como o instrumento com o qual um animal roça ou cascas latem de uma árvore ou uma casca de fruta.
Em hebraico, essa conexão não existe e, em vez disso, nosso substantivo se assemelha a um composto de ל (le), significando “para” e חי (chai), significando “vida”. Se os hebreus comumente fizeram essa conexão não é claro, mas o composto לחי (lehay) sendo ל (le) mais חי (chai) ocorre frequentemente na Bíblia. É, por exemplo, a parte “lahai” do nome Beer-lahai-roi e significa “os vivos”. Isso ocorre em Dn 4:34 com um significado similar e em I Sm 25: 6 é parte de uma alegria ou bênção, comparável com o conhecido לחיים (lehayim!). Mais espetacularmente é a ocorrência de לחי (lehay) em II Sm 23:11, onde os filisteus se reúnem “em uma companhia” ou em um lugar chamado Leí, que significa “mandíbula”.
Mas seja qual for a conexão comum, a mandíbula é certamente uma parte notável do corpo. É essencial para mastigar os alimentos e ajudar a boca a falar. Ele embala a língua e forma a base do rosto.
Esta palavra para mandíbula aparece vinte e uma vezes na Bíblia, mas principalmente em textos que lidam com subdual. Para pegar uma criatura, alguém prende sua mandíbula (Jó 41:2, Ez 29:4, 38:4). Para dirigir uma criatura, coloca-se um freio na mandíbula (Is 30:28). Para impedir que uma pessoa fale, ela o atinge na mandíbula (I Rs 22:24, Jó 16:10, Mq 5:1)
”.

Podemos dizer que enquanto Itshaq estava diante daquele poço onde o Vivente está contemplando-o, havia um diálogo entre eles, pois aos vivos pressupõe que falem além de terem uma presença marcante – notável – onde quer que estejam.

O lugar em que  o poço se localiza não é somente uma nascente de águas; é também um portal da eternidade de onde a presença do Eterno poderia ser vista e certamente foi isso que aconteceu, pois Itshaq não teria ido orar num lugar onde ele não tivesse a certeza de estar sendo ouvido pelos céus! Seu pai já havia estado naquele lugar e ali era um local de manifestações divinas, e é justamente por isso que ele vai para lá a fim de orar as 15:00 horas, o horário da oração de Mincha e neste momento os judeus fazem as seguintes orações:

Geulá – Redenção

“Olhe para a nossa aflição e pleiteie a nossa causa, e resgata-nos rapidamente por amor do seu Nome, pois Tu és Poderoso Redentor. Bendito és Tu, Adonai, o Redentor de Israel.” (7º benção da Amida)

S’lichá – Perdão

“Perdoa-nos, ó Pai, porque pecamos; perdoa-nos, ó nosso Rei, pois nós transgredimos; perdoa-nos pois Tu és cheio de graça e misericórdia. Bendito és Tu, Adonai, que és misericordioso e sempre pronto a perdoar”. (6º benção da Amida)

Tzmach – Pelo Messias o Filho de David

Rapidamente faz com que o fruto do teu servo David, floresça, e deixa-lo ser exaltado pelo seu poder salvador, esperarmos todo o dia pela a sua salvação. Bendito és Tu, Adonai, que faz a salvação florescer.” (15º benção da Amida)

A ressureição dos mortos

Tu, Adonai, és poderoso para sempre, reviverá os mortos, tens o poder de salvar. Sustentas a vida com graça, revive os mortos com grande misericórdia, apoias os caídos, curas os enfermos, libertas o amarrado e manténs a fidelidade com aqueles que dormem no pó … Quem és como Tu, um Rei que tira à morte e restaura a vida, e faz com que a salvação floresça? E ressuscitarás os mortos. Bendito és Tu, Adonai, que ressuscita os mortos.” (2º benção da Amida).

Este momento de comunhão fez com que não somente a presença do Eterno estivesse sobre ele como também houve algo de sobrenatural acontecendo a ele. Segundo a tradição judaica seu rosto resplandecia quando saiu da presença do Eterno.

Uma aparência deslumbrante

Após o tempo que ele passou com D-us, algumas interpretações sugerem que Itshaq deve ter ficado simplesmente resplandecente com a luz de D-us, brilhando com a glória divina. Rashi (um conhecido comentador da Torah) escreve sobre Rebeca e este encontro inicial: “Ela viu sua aparência majestosa, e ficou impressionada com ele”. Itshaq está saindo do deserto, irradiando a luz de D-us e deslumbrando Rebeca, que o via pela primeira vez. Esta descrição pode ser colocada em paralelo com a descrição que Iorranan nos dá ao ver Ieshua em Patmos: “Então virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao filho do homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e seus cabelos eram brancos como lã branca, e como a neve, e os seus olhos, como flama(chama) de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, ardentes como em fornalha; e a sua voz, como a som de muitas águas. E ele tinha na sua mão direita sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era semelhante ao sol quando na sua força resplandece. E eu o vendo, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Derradeiro” Ap 1.12-17.

Descubra as nuances impressionantes

Talvez, este seja um motivo adicional pelo qual “tomou ela o véu e cobriu-se” (Gn 24:65). Claro, uma noiva deve ser levada com um véu na presença do noivo. No entanto, tanto cair do camelo como se cobrir faz mais sentido se imaginarmos Itshaq brilhando e deslumbrando Rebeca. Esta seria então uma reação “natural” de alguém que tem uma visão tão gloriosa como esta! É fantástico quando lembramos que Itshaq é uma figura perfeita de Ieshua nos paralelos entre si:

  • Itshaq foi o filho da promessa assim com o foi Ieshua;
  • Itshaq nunca saiu de Israel assim como fez Ieshua;
  • Itshaq foi “sacrificado” em obediência a uma ordem do Eterno assim como foi Ieshua;
  • Itshaq teve somente uma esposa assim como Ieshua;
  • A esposa de Itshaq chamou-se Rivca que significa “ovelha”; a esposa do Cordeiro é a “ovelha”

Estes paralelos e nuances do texto bíblico nos mostram que há uma verdadeira riqueza que precisamos trazer para nossas vidas através do conhecimento das Escrituras.

O encontro de Itshaq com Rivca foi um apontamento profético para o que acontecerá em breve; a Noiva – Israel & Igreja – estão se aprontando para encontrarem-se com o Noivo Ieshua e assim poderem participar dos momentos de alegria que somente uma união feita nos céus pode trazer. Mas mesmo assim a Noiva ficará impressionada com a aparência majestosa de seu Noivo e cairá de joelhos diante d´Ele! Aleluia!

Mário Moreno.

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