A noite da libertação
A noite da libertação
Como e o que aconteceu para que Israel fosse liberto do Egito? Nós bem conhecemos todo o processo e o momento da redenção final se deu à noite. Foi uma noite memorável…
E quando Moshe está fazendo seu último discurso antes de morrer ele diz aos filhos de Israel: “E, porquanto amava teus pais, e escolhera a sua semente depois, deles, te tirou do Egito diante de si, com a sua grande força” Dt 4.37. A palavra usada aqui para “te tirou” tem a mesma raiz da palavra והוֹצֵאיתְךָ (v’hotseit’cha – soltar ou libertar) se refere a ambos, o Messias e Israel, que estão em perfeita אַחְדוּת (achdut – unidade) durante a Noite da Noiva. Esta noite foi singular e somente se repetirá mais uma vez, quando o Noivo chamará por sua Noiva e a libertará deste mundo para a tomar para Si mesmo.
Uma coisa nos chama a atenção aqui: a redenção acontece à noite. Vejamos de onde vem isso:
“Os substantivos masculinos לילה (layela) e ליל (layil) significam “noite”; o oposto de יום (yom), que significa “dia”. A raiz de nossas duas palavras לילה (layela) e ליל (layil) está faltando, mas o Dicionário Teológico BDB afirma: “o significado da raiz é duvidoso, mas a forma é provavelmente לילי (laylay).” Qualquer que seja o significado, é seguro dizer que provavelmente não foi muito positivo.
A Bíblia é muito clara que tanto a noite como o dia foram criados e pertencem a D-us (Gn 1:5, Sl 74:16, “Teu é o dia; Tua é também a noite“) e D-us frequentemente usa as trevas para fazer acontecer grandes coisas (Gn 1:2, 15:12, Êx 12:29, Mt 27:45). Mas no mesmo sistema metafórico (ou semelhante) em que Ieshua é a luz (Jo 8:12), as trevas contam como a ausência do Ungido, e isso não é bom. A Bíblia sempre fala do “dia” do Senhor, e nunca da “noite” do Senhor. Ou como o próprio Ieshua diz: “Devemos fazer as obras daquele que me enviou, desde que seja dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar” – Jo 9:4.
Estes parágrafos nos dão informações muito interessantes e que nos levam a entendermos que o dia começa com a Noite, então o processo de redenção se dará no Início de um dia especial na história da humanidade. Isso acontecerá na hora sexta, ou seja, uma hora relacionada com a criação do homem – que foi criado no sexto dia – e por isso é um momento revestido de muita importância.
Quando voltamos ao momento da criação percebemos que a Luz foi retirada das trevas! “E disse Elohim: Haja luz. E houve luz” Gn 1.3. Esta ordem foi dada ao caos, às trevas. Então a Luz – que é Ieshua – emerge em meio às trevas e traz uma nova dimensão para a criação.
Também temos nas Escrituras o relato de um momento de redenção que ocorreu à noite: a libertação do povo de Israel do Egito, que ocorreu à meia-noite. O curioso é que uma parábola fala sobre este mesmo horário para a redenção da Noiva: “Então, o Poder soberano dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro!” Mt 25.1-6.
Isso parece ser uma “coincidência”, mas não é. A “noite” passou a ter uma conotação negativa, maligna mesmo e a redenção quando ocorre neste período aponta para uma situação de “tikun” da própria noite.
Como está o Messias?
O Messias está aguardando o momento certo para vir buscar seu povo e implementar o processo de redenção de forma plena. Isso está declarado no livro de Cantares de forma poética. A palavra חרֲַכּיִם (charakim – fendas), em Cântico dos Cânticos 2:9, se refere à batalha que está se desenrolando entre Ia´aqov e Esaú na prisão. Estes dois irmãos – Ia´aqov e Esav – representam os dois reinos que lutam pela posse definitiva da terra. Ia´aqov são os judeus e os crentes em Ieshua que dia a dia vivem as Escrituras cumprindo os mandamentos e buscando a santificação de suas vidas a fim de serem participantes das promessas do Eterno. Já Esav representa Roma, um império maligno que luta com todas assuas forças para anular as promessas divinas – e consequentemente assumirem o controle da história da humanidade. Sabemos que esta luta dual – o bem contra o mal – resume-se na luta das trevas contra o povo de D-us. A uta ocorre a nível humano, porém com interferências espirituais malignas muito intensas. O Adversário não pode tocar o Eterno, Ieshua ou o Espírito o Santo pois ele sabe bem o que aconteceria se buscasse um confronto direto com eles. Então ele busca ferir os servos do Eterno que estão na terra e com isso atingir ao próprio Criador e seu Ungido. Então o Midrash Tanchumá, na Parashat Toledot, afirma: “A voz é a voz de Ia´aqov, representando as vozes coletivas de Israel, como está descrito, houve trovões (vozes) e relâmpagos (Êxodo 19:16)… As mãos de Esaú caem por terra quando Ia´aqov levanta a sua voz (em oração), esse é o Rei Messias…”. Shavuot representa a voz coletiva de Ia´aqov chamando e convidando o Messias, enquanto remove o espírito de Edom do acampamento de Israel.
Esta batalha tem sido travada desde sempre e a arma usada pelo homem contra as trevas tem sido a oração… Nós oramos sempre em nome de Ieshua e isso significa que somos seus representantes aqui na terra e que nossas orações estão sendo ouvidas nos céus tornando-se coroas que são postas na cabeça do Eterno que nunca se esquece daquilo que lhe pedimos! A seu tempo nossas orações serão respondidas pois elas povoam a mente do Criador!
Um portal em Jerusalém
A união entre o noivo e a noiva, de acordo com Cântico dos Cânticos 2:9, está acontecendo no כּתְָלנֵוּ (kat’lenu – nosso muro), da palavra Kotel, também conhecido como o Muro das Lamentações. Do outro lado do Kotel está o Monte do Templo, onde o Messias espera que Israel clame por Ele e por Seu retorno. A responsabilidade é de
Israel em redimir o Messias enquanto Ele completa o processo de redenção, como descrito por Iosef: “porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e, aqui, nada fiz, para que me pusessem nesta masmorra” (Gn 40:15).
Quem pode entender isso? Somente aquelas pessoas que já estiveram no Kotel – Muro Ocidental – conhecido como “Muro das Lamentação”. Aquele lugar é um portal que fica permanentemente aberto para que as orações feitas ali ascendam aos céus de forma instantânea.
Um portal serve como meio de comunicação entre os céus e a terra e isso ali é evidente, pois muitos milagres já aconteceram e ainda acontecem ali. Orações feitas naquele lugar são respondidas de forma inesperada e todos sabemos que aquele “muro” é a estrutura que restou da destruição do Templo em Jerusalém.
Por que este lugar é tão importante? A resposta é: porque esta cidade carrega em seu nome o Nome do Eterno – Shalom. As Escrituras nos informam que o Eterno disse que ali seria erguido um lugar onde o Eterno habitaria na terra a fim de manifestar-se ao seu povo e também trazer a partir desta cidade uma influência espiritual e física ao restante do mundo. Isso funcionaria como uma grande luz que emanaria dali para iluminar todo o mundo.
A cidade de Jerusalém é tão importante que Ieshua declarou sobre ela: “Em verdade vos digo que tudo isto virá sobre esta geração. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados; quantas vezes quis eu ajuntar teus filhos, como a galinha ajunta seus pintos debaixo de suas asas, e não quisestes. Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Porque eu vos digo que, desde agora, me não vereis mais, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do IHVH” Mt 23.36-39.
Quando Ieshua usa esta figura de linguagem comparando-se a um pássaro que cuida de seus filhotes Ele estava referindo-se a uma passagem na tradição judaica que fala sobre o “o ninho do pássaro” que é habitado pelo Messias e que, no tempo determinado, seria enviado para buscar seu povo!
Enfim, as Escrituras e a tradição judaica estão repletas de sinais que apontam para a mesma direção: Ieshua!
Que Pessach marque o início da Redenção final do povo de D-us!
Que possamos estar preparados para a chegada deste grande dia!
Baruch há Shem!
Mário Moreno.