A Realidade das Realidades
“Hashem disse a Moshe: “Venha ao Faraó, pois eu endureci seu coração e o coração de seus 
servos, para que eu possa colocar estes Meus sinais no meio dele, e para que você conte aos ouvidos de seu filho e filho de teu filho, como zombei dos egípcios, e dos meus sinais que coloquei neles, e você saberá que eu sou Hashem.” (Shemot 10:1-2)
Hashem está explicando a Moshe a razão de toda essa peça gigantesca, com os Makot, as dez pragas pousando no Egito. É para que, para todas as gerações, possamos explicar aos nossos filhos que Hashem assumiu a nossa causa e colocou o superpoder do mundo, facilmente, de joelhos, e também que deveria ser conhecido: “você saberá que eu sou Hashem”. A quem se refere aquela frase, “você saberá”?
O Kuzari faz uma pergunta importante. Por que Hashem fez uma afirmação tão pequena e diminuta ao se apresentar ao povo judeu e ao mundo no Monte Sinai? Por que Ele diz: “Eu sou Hashem, que te tirou da terra do Egito”? Hashem poderia ter feito uma afirmação muito maior. Eu sou Hashem que fez o Céu e a Terra.” O verso em Iyov pode estar respondendo a esta pergunta com as palavras: “Onde você estava quando o mundo foi criado?” Ninguém estava lá para testemunhar esse evento. É anterior à existência de pessoas e à possibilidade da presença de testemunhas, obviamente. As dez pragas, a divisão do mar e todo o episódio milagroso do Êxodo foram vivenciados por 600.000 homens adultos com idades entre 20 e 60 anos, talvez no total 3.000.000 de pessoas. Não foi uma revolução histérica, mas sim uma revelação histórica. Hashem agora é conhecido de todos os tempos.
Era uma manhã de domingo. Minha esposa e eu tínhamos acabado de passar um glorioso Shabat em Boston. Tínhamos dois meninos a reboque. Decidimos viajar para o norte para visitar Newburyport Mass. onde meu bisavô viveu a maior parte de sua vida adulta e onde me lembro de tê-lo visitado. Entrando na cidade, encontramos apenas shoppings. Eu tinha certeza que eles já tinham “pavimentado o paraíso e montado um estacionamento”. Então, como se saísse de um túnel do tempo, lá estava ele; a rua de paralelepípedos, o lago, o antigo tribunal e um canhão da guerra civil.
Enquanto estávamos lá inspecionando a área, um cavalheiro se aproximou de nós e perguntou: “Vocês são chassidim?” Eu disse a ele: “Não! Somos apenas pessoas comuns.” Ele persistiu: “Há uma convenção acontecendo?” Pensei comigo mesmo: “Quatro Judeus é uma convenção. Cinco seriam uma incursão e seis já seriam uma ocupação.” Eu disse a ele: “Não! Meu bisavô morou aqui depois de vir da Rússia. Ele construiu aquela Sinagoga no fim do quarteirão e a casa dele fica do outro lado da rua. Estou aqui para mostrar aos meus filhos onde seu tataravô viveu, trabalhou e orou.” O homem ficou em posição de sentido. Lágrimas verdadeiras escorreram por seu rosto e com uma voz trêmula ele declarou: “Quando vejo como vocês mantêm suas tradições de geração em geração, vocês são verdadeiramente o povo escolhido de D’us”. Ele recuou respeitosamente durante o dia e desapareceu. Ficamos atordoados. Minha esposa perguntou maravilhada: “O que foi isso?”
Concluímos que esse sujeito acabou de sair de um daqueles cultos dominicais onde estavam lendo a Bíblia, que é toda sobre os judeus. Porém, ao verem as notícias, ficam surpresos ao descobrir quantas vezes aqueles que parecem ser descendentes dos mencionados no “livro” representam causas que contrariam os valores do “livro”. Algo está errado com esta imagem! Eis que no Mall em Newburyport, Massachusetts, caminha uma família que parece assustadoramente autêntica, com Yarmulkas, Tsitsis e outras placas. Não estou dizendo que sou o modelo da virtude, mas algo deve tê-lo impressionado. O “Povo do Livro” aparece de repente com lealdade ao “livro” e tudo é confirmado como verdade. Nossos sábios nos dizem que Hashem e a Torah testemunham sobre o povo judeu. Hashem e o povo judeu certificam a Torah. A Torah e o povo judeu testemunham sobre Hashem. Acabamos de sair da Bíblia e é como se descêssemos do Monte Sinai, os filhos de Abraão, Isaque e Ia´aqov, testemunhas da entrega da Torah e de toda a história humana. Então, está escrito: “Vocês são minhas testemunhas, diz Hashem” (Is 43:10)
Geração após geração, e ao longo do ano, e cada semana que é coroada com um Shabat, e cada momento de nossas vidas na Torah é um testemunho vivo do fato – o conhecimento de que Hashem é de fato a realidade das realidades.
Tradução: Mário Moreno.