Chegou a hora
Quando escolhi fazer aliá, eu ainda era solteiro e isso tinha pouco a ver com a parashá desta semana. Embora eu não pudesse imaginar viver na terra de Israel pelo resto da minha vida apenas um ano antes, depois de um ano de yeshivá aqui, percebi que não há lugar melhor nem mais fácil para ser judeu. Eu me senti tão em casa, e se isso pudesse acontecer comigo, poderia acontecer com qualquer judeu.
Eu nem tinha visto as gemaras, que são muitas, mas exaltando as virtudes de viver em nossa casa ancestral. Eu ainda não tinha percebido o pecado dos espiões por rejeitarem a terra na parashá desta semana, ou a Cabala por trás do que eles fizeram. Havia algo muito reconfortante e de apoio em andar pelas ruas de um país que você sabe que realmente pertence a você, cheio de irmãos e irmãs.
Apesar de todas as guerras dos últimos 40 anos, nada mudou. Às vezes você tem que lutar para viver em sua própria terra. Apesar de toda a convulsão política desde então, nada mudou. Esta garantia e apoio não estão ligados ao que os meus companheiros judeus pensam ou fazem, mas à terra e, mais importante, à Presença Divina que nela habita.
Além disso, é a mídia que distorce e perverte a verdadeira realidade. Nas mãos dos esquerdistas, manipulados pelo seu dinheiro e tendo os maiores porta-vozes dos meios de comunicação social, eles pintam um quadro político ao seu gosto, ignorando completamente a forma como a maioria do país realmente se sente em relação a todas as coisas judaicas. Eles tentam fazer com a direita política o que os árabes fazem com os judeus: desgastar-nos através de uma guerra de desgaste.
Tudo isso é apenas uma distração. Sempre foi. É o Sitra Achra, também conhecido como Satanás, mais uma vez mantendo o povo judeu fora da terra de Israel para adiar a redenção. Ele precisa fazê-lo porque, se alguma vez toda a nação judaica cruzasse o rio Jordão, fisicamente ou hoje, metaforicamente, para se estabelecer na terra, a geulá viria. Ele não estaria apenas sem emprego, mas também sem existência.
Na época de Moshe Rabeinu, isso significava manter toda a nação, ou pelo menos parte dela, fora da terra. Ele fez isso, conseguindo distrair as tribos de Gade, Reúven e metade de Menashe, com pastagens para mantê-las no lado leste do rio Jordão. Como resultado, isso afastou a geulah shlaimah em sua época.
Isso foi na época de Moshe Rabeinu, porque todos eram bons naquela época, até mesmo os espiões. Eles não estavam lutando contra D-us, a Torah e por um modo de vida mais secular para que pudessem ser mais parecidos com o resto das nações ao seu redor. Portanto, a única maneira de mantê-los fora da terra era mantê-los fisicamente fora dela.
Mas hoje é uma história diferente. Hoje a Esquerda é tão antijudaica, tão focada em ser apenas mais uma nação europeia, que pode ser mantida “fora da terra” sem nunca sair dela. O Sitra Achra os possui porque é o caminho de D-us ou o caminho dele, e se não é o caminho de D-us, então é o caminho dele… não importa quão independentes eles acreditem que são.
Porque, como tudo na Criação, a terra de Israel claramente tem potencial para dois lados. Pode ser a terra de Canaan, que era antes do povo judeu chegar e conquistá-la, ou pode ser a terra de Israel, algo que tivemos que fazer, mas muitas vezes não conseguimos. Mesmo as pessoas que trabalham consigo mesmas para se tornarem tzadikim têm seus dias ruins, e algumas até foram na outra direção quando conquistadas por seu Yetzer Hará.
A diferença entre os dois potenciais é óbvia e, na verdade, tem apenas alguns minutos de diferença. É quanto tempo leva para ir do centro de Tel Aviv até Bnei Brak, dois extremos de um continuum religioso. Tel Aviv pode ser bastante bonita fisicamente, mas grande parte dela carece de alma judaica. Bnei Brak, no entanto, tem muita alma judaica, mas, infelizmente, não é a cidade esteticamente mais agradável para visitar ou viver. Felizmente, hoje, graças a D-us, existem muitos lugares onde você pode obter o melhor dos dois mundos.
Uma coisa é clara. Para viver na terra de Israel, e não na terra de Canaan, você precisa estar em contato com sua Neshamah. Isso não significa apenas aprender Torah e cumprir mitsvot porque toda a geração na parashá desta semana fez isso melhor do que nós. Significa viver mais no seu mundo interior do que no exterior, que fala com nossos corpos e não com nossas almas. É quando pensar em fazer aliá desencadeia uma guerra pessoal de atrito entre o corpo de um judeu e sua alma.
Então a discussão recomeça e o pecado dos espiões não é corrigido.
Tradução: Mário Moreno.