Mário Moreno/ dezembro 28, 2023/ Artigos

Decisão Capital

Um filhote de leão é Yehudah; da presa, meu filho, você se elevou…” (Gn 49:9)

Quando os irmãos trouxeram a túnica ensanguentada de Iosef diante de Ia´aqov, ele exclamou “tarof toraf Iosef” – “Iosef foi dilacerado” (Gn 37:33). O Midrash comenta que Ia´aqov suspeitava secretamente que Yehudah, que é comparado a um leão, era o responsável pela morte de Iosef (Bereshit Rabbah 97:9). No entanto, nas suas bênçãos a Yehudah, Ia´aqov elogiou o seu filho por ser a força motriz por trás do resgate de Iosef (Gn 47:9).

Embora, em retrospecto, as ações de Yehudá tenham poupado a vida de Iosef, pelo relato dos versículos, suas motivações parecem menos que altruístas. Depois que os irmãos concordaram em matar Iosef, Yehudah declarou “mah betzah…” – “que lucro há em matar nosso irmão… Venha, vamos vendê-lo aos Yishmaelitas.” (Gn 37:26,27) Se Yehudá estava interessado na salvação de Iosef, por que foi necessário vendê-lo em vez de simplesmente entregá-lo? Além disso, pela simples leitura do texto, parece que Yehudah foi motivado pela ganância, e não pelo bem-estar de Iosef. Por que Ia´aqov achou por bem elogiar Yehuda por suas ações?

Se uma pessoa recebe um item gratuitamente, ela não o guardará com tanto cuidado como faria se tivesse pago por ele. Se não tivermos que gastar dinheiro num objeto, nossa apreciação por ele diminuirá. Yehudah convenceu seus irmãos de que o fato de Iosef se tornar um escravo substituiria adequadamente sua sentença de morte. No entanto, Yehudah queria garantir que Iosef seria bem tratado como um escravo. Entregar Iosef gratuitamente não teria garantido isso, pois se aqueles que o adquiriram não gastassem uma quantia significativa para fazê-lo, não teriam considerado sua perda ou maus-tratos dignos de nota. Portanto, Yehudah atribuiu um preço à venda de Iosef, garantindo que o seu comprador o consideraria uma mercadoria que seria do seu interesse preservar. Ia´aqov considerou essas ações de Yehudá dignas de elogio.

Tradução: Mário Moreno.