Duplicada honra

Mário Moreno/ novembro 9, 2017/ Artigos

Duplicada honra

Tempo de duplicada honra

A história está cheia de relatos de vitórias e derrotas… Muito mais de derrotas do que vitórias, pois muitos sonhos, projetos e planos de homens e mulheres visionários não se cumpriram… Mas por que? Por que vemos através da história na maioria das vezes um projeto de cunho infernal ter sucesso e um projeto que poderia abençoar a muitas pessoas muitas vezes não “vinga”!

O Eterno busca no homem uma característica que é fundamental para os vencedores: persistência. Todos aqueles que venceram puderam vislumbrar a sua vitória mesmo nos tempos de grande agonia e dor… Estes certamente foram os momentos mais difíceis para estas pessoas, que nada viam a não ser a frustração de não conseguir fazer com que um sonho seu viesse à luz. Este era o momento perfeito para desistir. Por que continuar em frente se ninguém acredita em mim e naquilo que estou tentando dizer? Por que insistir naquilo que ninguém deseja e acredita? É neste momento que muitos desistem e enterram para sempre seus sonhos e projetos, ainda que tenham lhes sido dados pelo Eterno.

Desistir neste caso é uma opção para aqueles que não tem convicção daquilo que lhes foi dado pelo Eterno. Vamos repensar a vida de alguns homens de D-us.

Vejamos um exemplo muito pouco citado e reconhecido por nós. Vamos falar de Mordechai, o primo de Esther que foi a rainha dos persas. Este homem tem características muito interessantes, pois ele é o “estopim” de uma crise que atinge a todos os judeus que vivam sob o reinado de Achaverosh mesmo sem fazer nada que viesse a deflagrar tal crise. Ele era um homem temente ao Eterno e que buscava o bem de seu povo e quando Esther foi escolhida para ser rainha seu conselho para ela foi que ela ficasse incógnita não revelando qual era seu povo. Isso certamente aconteceria num momento oportuno. Ele continua caminhando na cidade de Sushan como um servo do Eterno e enquanto homens sem convicção curvam-se diante de homens arrogantes ele passa por eles sem curvar-se!

Essa atitude de obediência ao Eterno faz com que um homem venha a odiar Mordechai; seu nome é Haman e ele então busca meios para acabar com este homem de convicções inabaláveis e caráter firme. Ele usa seu prestígio secular e a malignidade de seu coração para dar vazão ao seu ódio por Mordechai e intenta matar todo o povo de Israel por ter inveja do judeu Mordechai. Assim está escrito sobre isso: “Vendo pois Haman que Mordechai se não inclinava nem se prostrava diante dele, Haman se encheu de furor. Porém em seus olhos teve em pouco o pôr as mãos só em Mordechai (porque lhe haviam declarado o povo de Mordechai); Haman pois procurou destruir a todos os judeus que havia em todo o reino de Achaverosh, ao povo de Mordechai” Et 3.5-6.

Seu plano é fazer uma lei que permita o homicídio em massa dos judeus e para Mordechai um “tratamento” especial: morte numa forca para que ele Haman tenha sua sede de sangue e ódio supridas através disso. Sai o decreto e Mordechai então se coloca à porta do palácio real vestido de saco como uma mostra de sua humilhação! Certamente neste momento Haman se alegrava, pois via seu “inimigo” sendo publicamente humilhado… Ele não sabia que toda a humilhação precede a exaltação…

Mas isso fez com que o fato chegasse aos ouvidos de Esther que envia ao seu primo roupas “dignas”. Ele as recusa e manda para ela a cópia da lei recém-publicada. Quando ela a recebe, manda-lhe uma resposta até lacônica: “Eu não posso fazer nada, pois há trinta dias não sou chamada na presença do rei!” Ele poderia satisfazer-se com a resposta de sua prima e lamentar pelo ocorrido, aguardando somente pelo momento de sua execução e de sua povo. Mas não era isso que este homem esperava de uma rainha temente ao Eterno! Ele então, com uma grande emuna – confiança – no Eterno diz a ela: “Não imagines em teu ânimo que escaparás na casa do rei, mais do que todos os outros judeus. Porque se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?” Et 4.13-14. Certamente Esther não esperava esta resposta de sue primo! Ele sabia que o Eterno estava no controle de tudo, mas era hora de agir! Aquele era o momento de contra-atacar o inimigo e enfraquecer suas linhas de ataque. Ele sabia que aquele era o momento de reverter o decreto de morte em um decreto de vitória! Ele teve o discernimento do tempo certo de agir e da forma como agiu não deixou margens para dúvida, dada a sua convicção acerca daquilo que cria!

Mordechai estava a frente de seu tempo, pois via a vitória que aconteceria depois – cerca de quase um ano – e ele já sabia que se nada fizessem naquele momento poderiam perder o tempo do Eterno para agir e desbancar o adversário.

Ele não desviou seus olhos do seu Mestre – o Eterno – e viu com os olhos d´Ele aquilo que aconteceria muito em breve!

Um fato interessante aconteceu antes da vitória final: o eterno faz Mordechai ter seu “dia de Príncipe” quando ele é honrado por seu maligno opositor que é obrigado a proclamar: “E Haman tomou o vestido e o cavalo, e vestiu a Mordechai, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada! Depois disto Mordechai voltou para a porta do rei; porém Haman se retirou correndo a sua casa, anojado, e coberta a cabeça. E contou Haman a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, tudo quanto lhe tinha sucedido. Então os seus sábios, e Zeres, sua mulher lhe disseram: Se Mordechai, diante de quem já começaste a cair, é da semente dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás perante ele” Et 6.11-13.

Após Esther fazer seu papel e a trama maligna ter sido descoberta, Mordechai volta a cena, agora para fazer um novo decreto, que daria a vida aos judeus em lugar da morte.

Agora o tempo da duplicada honra chegou. Um ato profético e uma proclamação são feitos que apontam para qual seria o futuro de Mordechai: “Então Mordechai saiu da presença do rei com um vestido real azul celeste e branco, como também com uma grande coroa de ouro, e com uma capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou. E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra. Também em toda a província, e em toda a cidade, aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria, e gozo, banquetes e dias de folguedo; e muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus; porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles” Et 8.15-17.

Finalmente podemos concluir que um homem que é alcançado pela duplicada honra viveu:

– Tempos de crise sem desanimar

– Durante a crise preparou-se para a vitória

– Ele vê o que os demais não enxergam

– Suas convicções continuam inabaláveis mesmo que isso implique ser punido pelos homens

– Quando a hora chega ele age com sabedoria e já desbanca seu adversário

– Ele é agraciado pela “honra inicial” mas sabe que muito mais virá

– Ele sai da presença do rei coberto de honra e coroado como vencedor

– Sua vitória afeta a vida de toda a sua comunidade e muitos se alegram por isso!

O que esperamos hoje? Que venham somente a honra e a glória e possamos desfrutar disso de forma plena? Saiba que isso certamente acontecerá, mas não sem que estejamos preparados e sejamos forjados para que possamos não somente perceber a chegada deste tempo como também viver intensamente cada instante de nossas vidas até o tempo em que chegará a duplicada honra sobre nós!

Mário Moreno.

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