Mário Moreno/ agosto 16, 2019/ Artigos

É a profecia uma coisa do passado?

“E há de ser que depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões” (Jl 2:28).

A Bíblia está cheia de profecia que aciona a imaginação e desafia-nos a procurar uma caminhada com D-us.

Profecia (nevu’a) é crucial no judaísmo, dando forma a tradição judaica, esperanças e expectativas e apontando para a vinda da era messiânica.

Nevu’a está relacionado com o termo hebraico niv sefatayim, ou seja, o fruto dos lábios, que é o que produz um profeta através de suas palavras — muito fruto para a glória de D-us.

Em toda a Bíblia, D-us apontou profetas para explicar sua palavra à luz dos eventos atuais e incentivar o povo judeu a seguir a vontade de D-us.

Ele também encomendou profetas para revelar eventos futuros a fim de avisá-los sobre as consequências do pecado.

Profecia define a história do povo judeu, para além de qualquer outra nação.

Por exemplo, D-us enviou Moshe ao Faraó e os hebreus, Elijah para o Reino do norte de Israel, Samuel ao rei Sha´ul, Nathan ao rei David e Jonas para o povo de Nínive.

Todos estes profetas revelaram para uma pessoa importante ou uma nação inteira como invadiam a vontade de D-us e as tragédias que lhes iriam acontecer se continuassem em seus pecados.

Pode-se dizer que enquanto D-us deu a Israel os sacerdotes como presentes para cumprir as leis da Torá e realizar os rituais do dia a dia do serviço do templo, D-us deu a Israel os profetas (Nevi) incentivá-los a cumprir seu destino como povo escolhido de D-us — para ser uma luz para os gentios para a salvação pode alcançar os confins da terra (Is 49:6).

Em última análise, os israelitas como uma nação não cumpriram seu destino. O Reino do Norte escolheu acompanhar os reis que não eram da linha davídica, que D-us estabeleceu. Eles fizeram altares a deuses pagãos e se misturavam suas empresas e casamentos com adoradores pagãos. Como resultado, as pessoas foram exiladas fora de sua terra e espalhadas.

Sua desobediência continuou, os profetas revelaram mais detalhes sobre o próximo Messias que iria salvá-los de seus pecados. Eles previram que ele iria fazer enquanto na terra e até mesmo como e quando ele morreria.

Os profetas também previram detalhes significativos sobre os eventos que antecederam a era messiânica nos últimos dias.

Um profeta como Moshe

“E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o IHVH, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moshe que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, e de vista, e não por figuras; pois, ele vê a semelhança do IHVH: por que pois não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moshe?” (Nm 12:6–8).

Quando usamos a palavra profeta (nevi), homens como Samuel, Isaías e Daniel geralmente vêm à mente.

A Bíblia nos diz, no entanto, que o Moshe era um tipo de profeta final.

Moshe difere de outros profetas em que D-us falou com ele diretamente, cara a cara.

“E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moshe, a quem o IHVH conhecera cara a cara” (Dt 34:10).

Todos os outros profetas da Bíblia, exceto um, não apreciavam esta relação íntima e pessoal; em vez disso, eles receberam a sua mensagem através de sonhos, visões e revelações.

Há um limite imposto sobre quão perto pode vir um profeta de D-us e, por conseguinte, a grandeza de sua revelação. Como D-us disse a Moshe, “nenhum homem pode me ver e viver” (Êx 33.20).

Moshe é considerado o maior profeta como ele encontrou D-us mais intimamente do que qualquer outra profeta hebreu.

Ele previu a vinda de um profeta como ele, Ieshua o Ungido, quando ele disse: “O IHVH teu Elohim te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis” (Dt 18:15).

Ieshua confirmou isto quando ele disse, “Porque, se vós crêsseis em Moshe, creríeis em mim, porque de mim escreveu ele” (Jo 5:46).

Como Moshe, Ieshua falou com D-us face a face, Ele recebeu a revelação de D-us abertamente e não por meio de imagens metafóricas ou alegorias. Ele entendeu a vontade de D-us em sua plenitude.

“Na verdade, na verdade vos digo que o filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao pai, porque tudo quanto ele faz, o filho o faz igualmente” (Jo 5:19).

Como Moshe, Ieshua foi um mediador entre D-us e homem, falando as palavras de D-us para as pessoas. Também como Moshe, Ieshua se ofereceu para morrer pelos pecados do povo, e ele realmente fez.

“Quem os condenará? Pois foi o Ungido que morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Elohim, e também intercede por nós“ (Rm 8:34).

Enquanto Moshe e Ieshua receberam a revelação diretamente de D-us, os 55 profetas hebreus (de acordo com a tradição judaica) cujas palavras foram gravadas na Tanakh para as futuras gerações receberam suas comunicações em forma de palavras divinamente inspiradas e ações, visões, revelações e visitações.

O livro de Ezequiel, por exemplo, abre-se com o profeta vê uma visão de D-us (Ez 1:1), que lhe disse que ele está enviando Ezequiel para a casa de Israel. Na época, Ezequiel era um sacerdote exilado na Babilônia.

Tecida ao longo do livro são visões significativas, tais como o renascimento da nação de Israel (capítulo 37), a próxima guerra com as Nações (capítulos 38-39) e os detalhes da construção do terceiro Templo, que ainda vai ser construído e será construído antes da vinda final do Messias nas proximidades (capítulos 40-44).

Joseph que sonhou (Gn 37:5) de feixes de seus irmãos de grão, curvando-se para seu feixe é um exemplo de alguém que recebeu a profecia através de sonhos.

Na Brit Hadasha, há muitas instâncias em que Ieshua e seu ministério foram confirmados por visões e sonhos.

Aqui estão alguns:

• Quando Iosef ouviu dizer que a Miriam estava grávida, ele decidiu calmamente divorciar-se dela. D-us interveio, no entanto, enviando um anjo em sonho dizendo-lhe que esta gravidez foi de D-us.
• Após seu nascimento, D-us usou sonhos duas vezes para direcionar Iosef: uma vez para avisá-lo para levar o jovem Ieshua e Miriam para o Egito porque Herodes procurava para matá-lo e outra vez para dizer-lhe que era seguro voltar para Israel.
• Um anjo apareceu para o sacerdote Zacarias em uma visão aberta para dizer-lhe que suas orações foram atendidas e que sua esposa Isabel teria um filho, Iohanan o Imersor, o precursor de Ieshua (Lc 1:5-23).
• A esposa de Pilatos disse-lhe que ela tinha um sonho que Ieshua era inocente e que Pilatos nada deveria ter a ver com o caso (Mt 27: 19).
• Na estrada para Damasco, Sha´ul teve uma visão aberta de Ieshua, que levou à sua aceitação do Messias de Israel (At 9:1-19).
• Kefa teve uma visão em que D-us lhe disse para não chamar impuro aqueles que ele tinha feito limpo. Esta visão preparo-o para visitar Cornelius; e ele tinha tido uma visitação angelical, na qual foi-lhe dito onde encontrar Kefa para que ele pudesse ouvir as boas notícias e ser salvo (At 10:9-15).
• Sha´ul tinha várias visões e foi assim ele dirigiu em seu ministério aos gentios.
• Enquanto preso na ilha de Patmos, Iohanan recebeu uma visão que é gravada em todo o livro do Apocalipse.

Embora D-us nos deu sua palavra na Bíblia para nos guiar, ele pode se comunicar com seu povo através de sonhos e visões.

Sonhos e visões são diferentes umas das outras, das seguintes maneiras:

• Pessoas vendo visões são conhecedoras de seus pensamentos, enquanto pessoas que vejo em sonhos preditivos são não, pois não são acordados.
• Aqueles que recebem uma visão ou uma mensagem sobre o que venha a perceber que eles estão sendo mostrados no futuro. Em um sonho, no entanto, o sonhador experimenta estes eventos como se fossem reais e presentes.
• Visões tendem a revelar o que definitivamente irá ocorrer enquanto coisas reveladas em um sonho não podem ser plenamente definidas. Os sonhos podem ser indeterminados e abertos à mudanças através do exercício do livre-arbítrio.

O Talmud ensina que, ao longo das gerações, havia duas vezes mais profetas do que quando os israelitas que deixaram o Egito. Mas a tradição judaica diz que a Bíblia menciona especificamente 48 profetas hebreus e sete profetisas Hebréias de Israel, que tinham sonhos e visões. Estes profetas incluem Isaac, Ia´aqov, Josué, Sarah, Miriam e Esther.

Judaísmo reconhece também que os gentios, como Balaão em números 22, podem funcionar como profetas, mas eles não são tão elevados como os profetas hebreus. (Judaísmo 101)

Os profetas hebreus eram considerados sábios e de caráter forte, no entanto, eles vieram de origens diferentes:

• Abraão, um homem chamado por D-us da terra pagã, se tornou o pai de uma nação de pessoas que seriam chamadas de povo escolhido de D-us.
• Moshe, um levita, foi criado no palácio do Faraó e recebeu uma educação egípcia principesca.
• David era um pastor e o Salmista que subiu para o posto de rei e guerreiro.
• Ezequiel e Jeremias foram sacerdotes.
• Amos foi um pastor e cuidador de árvores (Am 7:14).
• Elisha arava campos (I Rs 19:19-21).
• Daniel exerceu o cargo de governo alta na Babilônia (Dn 2:48) (embora os rabinos não consideram Daniel como um profeta).

Estes homens qualificados como profetas, não por causa de seu status social ou econômico, mas por causa de sue inabalável amor e obediência a D-us.

Daniel: O Profeta que não é um profeta

Embora os rabinos não acreditem que o Daniel é um profeta, este homem temente a D-us recebeu uma visitação significativa enquanto em cativeiro babilônico. Em um sonho, depois de muita oração, o anjo Gabriel predisse quando o Messias seria morto (Dn 9:26).

O anjo Gabriel também revelou a Daniel o Pacto de sete anos que o “homem da iniquidade” (conhecido como o anti-Cristo) faria com Israel antes de chegar o fim (Dn 9:27).

O Talmud ensina que sonhos sem interpretação são como “uma carta não lida”, e durante o tempo de Daniel, rei Nebuchadnezzar tornou-se bastante perturbado por sua própria carta lida, especialmente depois de sábios do Tribunal não puderam interpretá-lo.

Mas Daniel e seus companheiros oraram para a interpretação e numa visão de noite, a Daniel foi dado o seu significado: o sonho do rei predisse os grandes reinos do mundo até o fim dos dias (Daniel 2).

Ainda, mesmo com tais revelações significativas, o livro de Daniel é colocado na seção Ketuvim (escritos) da Bíblia hebraica, ao invés do Neviim, a seção em que os profetas são divididos em profetas maiores e menores, dependendo da quantidade de seus escritos.

Não é que o Daniel não é reverenciado ou respeitado. Na verdade, alguns estudiosos rabínicos dizem que Daniel é na verdade mais estimado do que os profetas, que são sábios, porque ele não só recebeu a revelação, mas ele interpretou e entendeu.

Daniel não é classificado como um profeta porque rabinos dizem que suas visões não foram feitas para as pessoas de sua época, mas foram feitas para as gerações futuras.

Estamos, talvez, que a geração futura e professores da profecia bíblica hoje estabelecem aquele não pode ser um verdadeiro estudante de profecia sem estudar Daniel.

Os judeus acreditam que os profetas são para hoje?

Embora o Talmude ensine que a era dos profetas chegou ao fim na primeira geração da Era do segundo templo, o grande erudito do século XII talmúdico e filósofo Maimônides incluiu como um dos seus 13 princípios básicos da fé a crença de que D-us ainda se comunica com a humanidade através de profecia.

Maimônides acredita que em cada geração a profecia vem para o Santo e sábio tzaddikim (justos) que são dignos de receber e compreendê-la.

Que profecia é acreditada para ser recebida pelo Ruach Ha Codesh (literalmente, o espírito de santidade e o Espírito o Santo), um termo que, no judaísmo, refere-se ao aspecto divino da profecia e da sabedoria.

Profetas hoje são julgados pelos requisitos colocados ao profetas da antiga aliança: suas profecias devem vir a passar e eles não podem entrar em conflito com a Torah (lei). Para os crentes em Ieshua, as escrituras de Brit Hadasha e o Tanakh devem ser considerados ao determinar a legitimidade de uma profecia; bem como deve glorificar e honrar Ieshua (II Tm 3:16; Ap 19:10).

Aqueles que seguem Ieshua é dado o Ruach Ha Codesh como um sinal ou selo de sua relação eterna com D-us. O Ruach capacita os crentes, dando-lhes um ou mais dons espirituais, que podem incluir a palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, dom da cura e o dom do serviço, entre outros (I Co 12:7–11,28; Rm 12:6-8).

De todos os presentes que Sha´ul identifica, ele aponta a profecia, desejando que todos tivessem este presente (I Co 14:5).

Talvez seja o horizonte.

Joel 2:28 revela que depois que o povo judeu retornasse à sua terra, o Ruach iria derramar-se, a homens jovens vendo visões e sonhos (profética), de homens, filhos e filhas profetizando.

Então, quando os últimos dias chegarem mais perto do retorno de Ieshua, devemos esperar um aumento na presença de D-us através do seu Ruach Ha Codesh e manifestações dos seus dons, especialmente o dom de profecia através de sonhos e visões.

Que possamos então ser os colaboradores do Eterno para que esta tão grande missão possa alcançar os judeus e até mesmo toda a terra!

Que assim seja em nossos dias antes da vinda de Mashiach.

Tradução: Mário Moreno

Título original: “Is prophecy a thing of the past?‏”