O mês de Tishrei

Mário Moreno/ setembro 26, 2017/ Costumes e Símbolos judaicos

O mês de Tishrei

Segundo o Sefer Yetzirá, cada mês do ano judaico tem uma letra do alfabeto hebraico, um signo do zodíaco, uma das doze tribos de Israel, um sentido e um membro do corpo que corresponde a ele.

Tishrei é o sétimo dos doze meses do calendário judaico.

Tishrei começa com o “período” (tekufá) do outono (cujos três meses – Tishrei, Cheshvan e Kislêv – correspondem às três tribos do acampamento de Efraim – Efraim, Menashe, Benjamim – que estavam situadas a oeste).

Na Torá, Tishrei é chamado yerach ha’etanim, “o mês dos fortes” ou “o mês dos antigos”. No que diz respeito ao cálculo dos “anos”, Tishrei é o primeiro mês do ano (antes da Outorga da Torá a Israel, Tishrei era o primeiro mês do ano).

Tishrei permuta com reishit, “princípio”, como está escrito [sobre a Divina Providência sobre a Terra de Israel e o mundo inteiro]: “Sempre estão os olhos de Havayá ter D’us ali, do princípio até o fim do ano”).

Como o sétimo mês a partir de Nissan (o mês da redenção e independência judaicas), Tishrei é o “mais querido” dos meses, como está escrito: “Todos os sete são queridos.” A palavra “sete” é cognata de “saciado”, e assim é o mês de Tishrei referido como “o mais saciado dos meses”, pois mais que qualquer outro mês do ano ele está “repleto” de mitsvot e dias festivos.

Tishrei começa os seis meses de inverno, que correspondem aos seis níveis de “luz refletida” (no serviço Divino – “despertar vindo de baixo”). Isso é sugerido no nome Tishrei, que começa com as três letras tav, shin e reish, na ordem “refletida” do alef-beit (do final para o começo).

Letra: lamed

Lamed é a única letra do alef-beit cujo formato ascende acima do limite superior das letras. Entende-se disso como refletindo a grande saudade existencial e a aspiração do lamed de retornar à sua fonte suprema e absoluta na essência do Infinito Ser Divino. Esta é a experiência da verdadeira teshuvá (retorno) de Rosh Hashaná e Yom Kipur.

A Infinita Luz de D’us desce e se torna manifesta nos dois lameds do lulav na Festa de Sucot.

Mazal: moznayim (Libra – balança)

A balança simboliza o julgamento Divino de Rosh Hashaná e Yom Kipur. Todas as ações do homem são pesadas em julgamento.

Moznayim, da palavra oznayim (ouvidos), implica equilíbrio e balanceamento (o sentido interior dos ouvidos). Na Cabalá, o equilíbrio é o pré-requisito para a união conjugal, “face a face”. Este é o estado espiritual atingido em Tishrei.

No ciclo de 360 graus do ano, Tishrei “enfrenta” Nissan. Tishrei recebe e integra na natureza (e suas leis imutáveis) a “redenção” de Israel (a “luz” de Nissan). Devido a isso, D’us julga Israel em Tishrei com misericórdia.

Tribo: Efraim

Efraim é o filho de Yossef, a alma modelo do poder de procriar na união conjugal. O nome Efraim deriva do primeiro mandamento de D’us a Adam no dia de sua criação – o primeiro de Tishrei, Rosh Hashaná: frutifique e se multiplique” – a mitsvá abrangente de procriar.

Espiritualmente, esta mitsvá é cumprida em estágios contínuos durante todos os dias festivos de Tishrei, de Rosh Hashaná a Shemini Atsêret e Simchat Torá (os Dez Dias de Arrependimento correspondem à “Sua mão esquerda está sob minha cabeça”, os seis primeiros dias de Sucot correspondem a “Sua mão direita me abraça”; o sétimo dia de Sucot, Hoshaaná Rabá, corresponde, em particular, a “Ele me beijará com os beijos de Sua boca”; Shemini Atsêret e Simchat Torá correspondem à verdadeira união em si, que começa com o Divino estado de “gravidez” até o nascimento Divino de novas almas de Israel no sétimo dia de Pêssach, o dia da abertura do Mar Vermelho para dar à luz novas almas – novas consciências Divinas).

Sentido: tato (contato, casamento)

Em hebraico, a palavra para “tato” é cognata da palavras para “relações conjugais”. Este é o sentido que se relaciona diretamente ao nome Efraim, como foi explicado acima.

O sentido do tato é o único dos cinco sentidos que não está centralizado no “rosto” do homem (mas sim na ponta dos dedos). O “tato” procriador ocorre num estado existencialmente equilibrado de “face a face” mas “no escuro” (em decoro, tseniut), pois sua suprema fonte está na “cabeça incognoscível” do keter.

Controlador: vesícula biliar

O “humor verde” fica na vesícula biliar. É a fonte de toda excitação sexual, como é ensinado na cabalá.

O humor verde representa o estado bem-equilibrado ou misturado” (o estado de mizug, cognato de zivug, união conjugal) entre o humor branco (que fica nos pulmões) e o humor vermelho (que fica no fígado). Assim é o mês de Tishrei, o princípio do outono uma “mistura” de verão e inverno. E assim aprendemos que o “tato” procriador (de Tishrei) funciona melhor quando “equilibrado” entre quente e frio, de preferência à “meia-noite”, entre as duas metades da noite, etc.

Durante o intenso serviço espiritual de Tishrei, o humor verde da vesícula biliar é retificado e bem equilibrado para controlar e permear todas as atividades do homem (durante todo o ano vindouro) com a energia procriadora Divina.

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