Mário Moreno/ maio 1, 2018/ Artigos

O Messias – Primazia em todas as coisas

“E Ele é antes de todas as coisas, e por Ele subsistem todas as coisas. Ele é a cabeça do corpo, a congregação… para que em todas as coisas Ele possa ter a primazia” (Cl 1:17,18).

Colossos, que estava situada em uma das principais rotas de comércio do mundo antigo, tinha se tornado famosa por misturar as várias idéias religiosas as quais seus cidadãos adquiriram das caravanas e professores itinerantes que passaram por ali. Este conceito religioso era como que um “saco” de misturas, contendo elementos do politeísmo babilônio, filosofia grega, religiões misteriosas, judaísmo, e muitas outras. Agora, esses mestres sincretizadores (que encorajavam as “misturas” entre as religiões) estavam tentando incluir Ieshua como um outro elemento de sua mistura.

Sha´ul escreveu para informar aos judeus messiânicos de Colossos, em termos nem um pouco indeterminados, que Ieshua não era apenas mais um ingrediente a ser acrescentado às sempre crescentes listas de objetos de culto das grandes cidades comerciais. Ele deixou claro que Ieshua era mais que apenas outro filósofo ou panteão de deidades no politeísmo. Sha´ul disse que Ieshua “é a imagem do Elohim invisível, o primogênito de toda a criação”, “pois por Ele foram criadas todas as coisas que estão nos céus, e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis… todas as coisas foram criadas por Ele, e para Ele” (1:15-17). Então, ele declarou, “Assim como recebestes ao Ungido Ieshua, o Senhor, assim andai n´Ele… Acautelai-vos para que ninguém vos corrompa com filosofias e vãs sutilezas… Nele (Ieshua) habita, corporalmente, toda a plenitude  da Divindade. E nós somos completos (aperfeiçoados) nEle…” (2:6-10).

Este conselho é também dirigido à igreja hoje, quando entramos num novo milênio. A confiança no Ungido é inerentemente Messiânica (centrada no Messias). Ela não pode apoiar-se em qualquer outra coisa. Nossa confiança é “no Messias” somente! O refrão do venerável hino ainda soa alto e claro: “No Ungido, a rocha firme, eu permaneço”. O único fundamento da Igreja é ainda aquele declarado por Pedro: “Atah hu HaMashiach, ben Elohim(“Tu és o Messias, o Filho do D-us Criador”) – Mt 16:16.

Muitos crentes hoje, todavia, são tentados a pensar que precisam de alguma coisa em adição à fé em Ieshua, tanto para estabelecer quanto para manter sua justificação perante D-us. Alguns tentam importar idéias de outras religiões e filosofias em um sincretismo que acomoda o “politicamente correto”. Outros sentem maior segurança acreditando em suas obras de obediência aos mandamentos, escritos ou implícitos. Nenhuma dessas posições, porém, é nova; as duas heresias primitivas que desafiaram a congregação dos judeus messiânicos foram o Gnosticismo e legalismo em geral.

O Gnosticismo que tentava penetrar na congregação dos judeus messiânicos ensinava que os homens eram salvos por conhecimento esotérico. Milhares de desconhecidos nos séculos subsequentes têm sido enredados pelo egoísmo, elitismo e exclusivismo fomentados por alguns conceitos esotéricos que eles pensam, de algum modo, elevassem sua condição diante de D-us. A História é retalhada por almas quebradas e por um eterno desfile de cultos que estavam fundamentados em algum mistério que diminuía a primazia do Messias.

O legalismo primitivo ensinava que a observância de toda a lei de Moshe, ou de partes dela, era necessária para salvação em complemento à fé em Ieshua. Inumeráveis outros, através dos anos, exigiam alguma coisa além da fé em Ieshua para aumentar a aceitação diante de D-us. O legalismo tem sido pandêmico na história da Igreja, com legalismo judaico, legalismo católico e legalismo protestante contribuindo para a imaturidade e carência de espiritualidade em milhares de crentes. Esta questão tem se tornado tão séria e importante que hoje é motivo de divisão entre “messiânicos”, pois existem grupos que, com uma pequena porção de estudos já buscam firmar-se em ensinos através de novas “revelações” – descobertas – que vão além daquilo que o próprio judaísmo apresenta e assim trazem muita confusão e ainda mais problemas dentro do escopo da restauração.

Nós devemos aprender com essas tragédias como buscar restaurar os princípios hebraicos da fé no Messias e isso deve ser feito de maneira correta; lenta e seguramente, buscando nas fontes certas os fundamentos que entrelaçam o judaísmo e a confiança em Ieshua. Nós temos que estar atentos para darmos preeminência a Ieshua que veio a nós do Judaísmo, não ao Judaísmo do qual Ele veio. Enquanto a Torah é a Palavra escrita do Eterno, Ieshua é a Palavra Viva do Eterno, a Torah encarnada. Nós devemos ser devidamente observantes do fato de que D-us falou “outrora aos pais pelos profetas”, mas nós devemos também reconhecer que D-us tem falado a nós definitivamente “nestes últimos dias…por Seu Filho” (Hb 1:1-2).

Examinar os fundamentos hebraicos da nossa fé pode enriquecer nossas vidas se nós mantivermos nosso foco, insistindo que a nossa fé permanece messiânica. O Tanach (Velho Testamento) pode alargar nosso entendimento e tornar-nos mais fiéis à Palavra e à vontade do Eterno; todavia, somente Ieshua pode salvar-nos e nos dar vida eterna. A Torah ensina princípios de justiça que podem completamente nos equipar para toda boa obra (II Tm 3:16); no entanto, somente Ieshua “é o caminho, a verdade, e a vida” (Jo 14:6). Nele nós “vivemos, e nos movemos e existimos” (At 17:28), pois Ele personifica a vida eterna (I Jo 5:20).

Vamos diligentemente engajar-nos em restaurar as raízes judaicas da nossa fé. Devemos somente nos lembrar que somos um corpo – judeus, judeus messiânicos e a igreja – e que devemos buscar viver e conviver de tal forma que cada um de nós dê ao outro aquilo que tem de melhor, buscando sempre a edificação da Noiva em nome de Ieshua. Enquanto o fazemos, tornamo-nos melhores justos (crentes no Messias) por nos tornarmos mais parecidos com o Messias (mais parecidos com nosso Senhor judeu). Vamos sempre cuidar para que, em todas as coisas, Ieshua, o Messias, tenha “a primazia”.

Mário Moreno.