O nome hebraico Eva

Mário Moreno/ fevereiro 21, 2020/ Artigos

O nome hebraico “Eva”

O que há por trás do nome de Eva? Seria este nome somente o nome de da primeira mulher?

O som “e” em “Eva” obscurece o verdadeiro significado do nome em hebraico de Eva. O nome hebraico חַוּה (Chavá) tem uma conexão de raiz com o verbo לחיות (lichyot) “viver” e com palavras como חַי (chai) e חַיִּים (chayim) que comunicam a ideia de “vidas“. Por isso faz muito sentido chamar a mulher de Adão de חַוָּה (chavá), porque um dia ela se transformará na mãe “de todos os vivos” כָּל־חָי (kol chai); vejamos o versículo: “E chamou Adão o nome de sua mulher, Eva; porquanto ela era a mãe de todos os viventes” Gn 3.20.

O nome “Chava” está ligado a “vidas” por vários motivos, mas o primeiro deles é que ela seria a protagonista do nascimento de novos seres humanos que povoariam a terra. A vida que estava na eternidade apenas como uma fagulha proveniente do Criador poderia vir à terra através da mulher – cujo nome era “vida”.

Todas as vezes que uma criança nasce ocorre um grande milagre, pois a fusão do óvulo e do espermatozoide produz não somente um ser humano, mas uma nova vida! A combinação de dois elementos ligados à carne – óvulo e espermatozoide – atrai da eternidade uma fagulha vinda do Criador que dá origem a um ser humano que já traz consigo em seu DNA – físico e espiritual – tudo aquilo que ele necessita para viver neste mundo e também para retomar o seu caminho de volta ao Criador.

A questão que devemos entender é que, após o nascimento cada qual chega a um período de sua vida em que decidirá se irá ou não tomar o caminho de volta ao Criador.

A redenção através do nascimento

Mas esta mesma mulher que dá origem à outras vidas também foi protagonista do maior desastre que já se tem notícia: a entrada do pecado na história do homem. Sha´ul nos diz assim: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma maneira corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há no Ungido” II Co 11.3.

O pecado se “materializou” dentro da história da humanidade quando Chava – a portadora da vida – desobedece a ordem de não comer do fruto e deliberadamente o consome fazendo-se assim uma transgressora que vai ao homem e dá a ele para que coma, tornando-o assim um participante de sua transgressão.

Com essa atitude Chava introduz a morte no contexto da humanidade, que até então gozava da imortalidade e acesso direto à eternidade. Este é de fato um dos grandes paradoxos que vivemos, pois através daquela que “gera a vida” a morte teve entrada no contexto da humanidade e cessou a condição de imortalidade do homem, sem falar nas demais consequências que foram inúmeras e com alcance universal.

Logo após este incidente, Chava passa a ser chamada de “mulher”. O segundo nome de Eva, אִשָּׁה (ishá) (Gn 2:23), significa “mulher” em hebraico. Geralmente é considerada como a forma feminina da palavra hebraica para “homem“, אִיש (ish). No entanto, a verdadeira raiz de onde אִשָּׁה (isha) é derivada, é diferente do seu contraponto masculino. A raiz é A.N.SH. (א.נ.ש) que significa “fragilidade e delicadeza”. Interessantemente, a palavra “fogo”, אֵשׁ (esh) também repercute neste nome belo e complexo para “mulher” na Bíblia.

Uma curiosidade nos nomes de “homem” e “mulher” é que quando retiramos as letras “iud” do homem e a letra “Hei” da mulher temos a palavra “” que é um dos nomes do Eterno e o que fica é a palavra “esh” que significa “fogo”. Então podemos afirmar que quando o Eterno é colocado de lado no relacionamento entre o homem e a mulher o que resta é somente um “fogo” que acaba consumindo o relacionamento de ambos e tirando deles a oportunidade de desfrutarem do conselho e da proteção do Eterno em suas vidas.

E como acontece a redenção de Chava – e também das outras mulheres? Sha´ul nos fala sobre algo muito interessante quando diz: “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação” I Tm 2.14-15.

Este texto pode parecer muito estranho e difícil de ser interpretado, mas quando o ligamos à condição primária de Chava entendemos que a condição de ser “mãe” e dar à luz filhos traz de certa forma uma condição de expiação para a mulher, pois quando ela faz isso e cria seus filhos da forma correta lhes ensinando o Caminho do Eterno então ela liga-se também à salvação, ou seja, ela estaria revertendo ali o ato falho de Chava quando pecou não somente dando à luz uma criança como também a encaminhado para o  retorno à eternidade apresentando-lhe o Ungido – Messias – Ieshua.

Esta questão liga então o significado da palavra “chaim” – vidas. A palavra nos ensina que existem duas dimensões da vida: aquela que vemos em nosso dia a dia e também a vida eterna que está dentro de cada pessoa em potencial, mas que precisa ser “ativada” através da aceitação de Ieshua como Senhor e Salvador de cada um de nós.

Há um incidente nas Escrituras relativos às mulheres darem à luz através das parteiras hebreias no Egito: “E as parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebréias não são como as egípcias; porque são vivas, e já têm dado à luz os filhos antes que a parteira venha a elas. Portanto Elohim fez bem às parteiras. E o povo se aumentou, e se fortaleceu muito. E aconteceu que, como as parteiras temeram a Elohim, estabeleceu-lhes casas” Ex 1.19-21. Neste texto a palavra “vivas” usada aqui em hebraico é “chaiot” e também significa “animais”. Esta palavra aparece também em Ezequiel 1.5 referindo-se aos “animais” sagrados que são parte da Carruagem do Eterno chamada “Merkaba”.

A relação entre estes pontos é que as mulheres vieram a tornar-se como as “carruagens do Eterno” para trazerem uma vida dos céus para a terra e elas abrigam em seus ventres não somente um corpo em formação mas também uma alma e um espírito dados para aquela criança diretamente pelo Criador. É então uma grande honra carregar em seu ventre um ser em formação sabendo que ali está alguém que veio da eternidade para partilhar do conhecimento das Escrituras, viver uma vida em obediência à Palavra do Eterno e quando sua vida findar, retornar ao seu Criador.

Esta é a missão final de “Chava” representada por bilhões de mulheres em todo o mundo que quando jovens sonham ter um filho(a) e também sonham fazer deste novo ser alguém que cumprirá os propósitos dos céus em sua via e também que influenciará a humanidade para o bem com sucesso.

A vida de Chava foi como uma incubadora de outras vidas que em última instância saíram todas de Adam – Adão. Portanto precisamos entender de ato quem são as mulheres – as portadoras da vida – que quando se associam com a sua alma gêmea – seu marido – trazem então à existência uma criança que apesar de vir do mesmo casal inicial não será igual a nenhuma outra que já nasceu e que também terá em seu destino a oportunidade de buscar ao seu Criador e retornar à sua origem celestial.

Conclusão

Chava – Eva – não foi somente um nome, mas sim a conexão da vida que foi transportada dos céus para um corpo humano que carregaria em si o potencial de gerar novas vidas de forma a povoar a terra e também com a missão de educar as futuras gerações a temerem ao seu Criador e também trabalharem para que a humanidade pudesse vislumbrar a promessa de salvação através do Homem perfeito que viria para salvar toda a humanidade, pois assim como o pecado entrou no mundo através de um homem, a remissão também viria através de um homem, Ieshua!

Baruch ha Shem

Mário Moreno.

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