Mário Moreno/ abril 30, 2019/ Shavuot

O Verdadeiro Milagre de Shavu’ot

Sempre que chega a ocasião de Shavu’ot, lembramos do episódio ocorrido em Atos 2, com a descida do poder do Espírito o Santo sobre os primeiros seguidores de Ieshua.

“E de repente veio dos céus um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito o Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito o Santo lhes concedia que falassem” (Ma’assei HaSh’lichim/Atos 2:2-4).

A cena acima sem dúvida alguma é muito impressionante, do ponto de vista da manifestação em si. Todavia, a maioria das pessoas para exatamente neste ponto, como se a manifestação sobrenatural fosse um fim em si mesma. Mas estava muito longe de ser assim. A narrativa continua:

“E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?” (Ma’assei HaSh’lichim/Atos 2:6-8)

Observe que existia um propósito no milagre: Não era um simples show de pirotecnia, como muitos atualmente buscam, pelo simples prazer de terem alguma sensação diferente, ou de se maravilharem com o espetáculo do sobrenatural.

Muito longe disso, o propósito desse milagre era que cada pessoa pudesse ouvir as Boas Novas em sua língua, de modo que a fé em Ieshua fosse difundida.

Esse milagre tem praticamente uma conotação de promessa. É Ieshua cumprindo a sua promessa de ir atrás até mesmo de uma única ovelha, pois agora não importava mais onde estariam os israelitas (e aqueles que desejassem se unir a Israel), pois lá a mensagem chegaria, e Elohim proveria a todos a chance do resgate.

O maior milagre de Shavu’ot não foi a visão das línguas de fogo, por mais impressionante que isso possa parecer.

O maior milagre de Shavu’ot foi o Eterno assegurar que a língua não seria mais uma barreira.

Veja que o texto nos informa que: “Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?” Então o milagre estava em quem ouvia e não em quem falava! Os discípulos de Ieshua falavam numa língua desconhecida por todos aqueles que ali estavam; porém as pessoas ouviram no idioma da terra em que nasceram! Mas por que o texto diz isso? É porque os judeus vinham de diversos lugares do Império Romano para celebrarem as Festas de Peregrinação – Pessach, Shavuot e Sucot – e isso fazia com que a cidade de Ierushalaim ficasse repleta de judeus nascidos nos lugares mais distantes do Império mas que vinham para celebrarem as Festas em obediência aos mandamentos da Torah.

Então o milagre do Espírito o Santo foi feito a partir dos ouvidos daqueles que escutavam as línguas estranhas e Ele traduziu para cada pessoa em sua língua as línguas que eram faladas pelos discípulos! O que ocorreu foi uma manifestação sobrenatural de tal envergadura “tecnológica” que houve tradução simultânea para muitos idiomas diferentes a partir de línguas faladas pelo poder do Espírito.

Mesmo quando não falamos o idioma daqueles a quem desejamos alcançar, há uma promessa de Elohim de que a mensagem será transmitida, nem que para isso os céus se abram e desçam línguas de fogo.

O principal do milagre não é a forma, mas o objetivo. E se a transmissão da mensagem é o principal, não devemos nos esforçar para realizar o milagre. Isso é errar de objetivo. Devemos nos esforçar para transmitir a mensagem da Torah e da Redenção de Ieshua a toda criatura.

Podemos então dizer que o grande milagre de Shavuot foi que o Ungido foi anunciado aos dispersos que estavam em Ierushalaim e que estas pessoas puderam completar-se recebendo Ieshua em suas vidas. O restante é história: estes mesmos quando voltaram para seus países e cidades anunciaram o que viram, ouviram e viveram e agora com uma excelente notícia: O Ungido – o Prometido das Nações – já havia iniciado o processo de redenção para a Casa de Israel e eles eram parte integrante disso! A boa-nova já estava sendo anunciada aos judeus na diáspora: Ieshua é o Ungido!

E tudo começou em Shavuot, onde o trigo estava sendo colhido e a mensagem da salvação aos judeus estava sendo levada adiante…

Agora nosso papel é dar continuidade ao milagre que teve início em Ierushalaim levando adiante as boas novas do Ungido Ieshua! E o que acontecerá então? “E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, lançarão fora diabos; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e sobre os enfermos porão as mãos e os sararão” Mc 16.17-18.

Que estas palavras possam cumprir-se em nós durante nossa peregrinação neste mundo anunciando que Ieshua é o Ungido!

Baruch ha Shem!

Adaptação: Mário Moreno.