Parasha Bemidbar
Bemidbar
No deserto
Nm 1.1–4.20 / Os 2:1-22 / Rm 9:22-33
Na Parashá desta semana estaremos dando início ao livro de Números e a novas lições que serão aprendidas com o povo de Israel no deserto. É justamente isso que significa o título da Parasha: “No Deserto”.
No início desta Parasha temos o Eterno se apresentando à Israel novamente como IHVH! Está escrito assim: “Falou mais o IHVH a Moshe no deserto de Sinai, na tenda da congregação, no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano da sua saída da terra do Egito, dizendo” (Nm 1:1). O interessante é que o Eterno se apresenta a Moshe como “Aquele que se torna aquilo que eles precisam que Ele se torne”. Novamente fica explícito aqui que o povo de Israel servia – e ainda serve – ao D-us vivo, pois está escrito que Ele “falou a Moshe”. Neste período de caminhada pelo deserto do Sinai esta é uma característica fundamental no Eterno, pois Ele como sendo o Criador de todas as coisas poderá guiar o seu povo através de caminhos que Ele mesmo traçou e conhece! Não haverá erro enquanto o povo obedecê-lo.
Por que D’us revelou a Torah no deserto
O livro de Bamidbar e por conseguinte esta parashá iniciam-se com as palavras: “Bemidbar Sinai – no deserto de Sinai”. Isto vem nos indicar que D’us escolheu propositadamente um deserto para outorgar-nos a Torah.
Há diversas razões pelas quais D’us preferiu o deserto à terra habitada. Dentre essas:
- Se a Torah tivesse sido outorgada na Terra de Israel, seus habitantes teriam reivindicado uma relação especial com a Torah. D’us falou num local onde todos podem Ter livre acesso. Isto nos ensina que cada um possui uma porção na Torah igual a de todos os seus semelhantes.
- Revelando a Torah no deserto, D’us nos ensina que a fim de tornar-se grande no estudo da Torah, a pessoa deve fazer-se semelhante ao deserto – ou seja, sem dono ou proprietário.
Estas palavras implicam:
- Como o deserto é de livre acesso e trânsito para todos, da mesma forma um judeu deve ser humilde.
Humildade é a percepção da pequenez da pessoa. É uma virtude necessária para obter sucesso no estudo da Torah, e para uma vida feliz neste mundo.
Vantagens da humildade em relação à Torah:
- Para progredir em Torah, deve-se procurar a companhia dos estudiosos, que são mais sábios, e aprender deles. Uma pessoa arrogante não aceita conselho e orientação de outros.
- Alguém que está convencido de sua própria superioridade não se empenhará em cumprir as mitsvot que não considera importantes, nem investir muitos esforços em preencher os detalhes requeridos por outras.
- D’us gosta das pessoas humildes, pois constantemente revisam seus atos, a fim de corrigir seus erros. Uma pessoa arguta, no entanto, não é aberta a críticas, nem tem senso de autocrítica. Por isso, está longe de fazer teshuvá.
Benefícios gerais da humildade:
- Uma pessoa humilde aproveita a vida, a despeito das circunstâncias materiais; enquanto uma pessoa arrogante não está satisfeita com seu quinhão. O presunçoso está convencido de que D’us e seus semelhantes lhe devem por seus talentos, contribuições ou méritos. Ele não é suficientemente recompensado com reconhecimento ou dinheiro; sofre de descontentamento e frustração.
- Se o infortúnio atinge uma pessoa arrogante, ela se ressente demais. Uma pessoa humilde, por outro lado, consegue superar os problemas, inconveniências e situações desagradáveis da vida.
- Uma pessoa humilde faz amigos; uma pessoa que se sente o centro do universo, não. Ela não pode perdoar aqueles que a insultam, ou não a tratam com deferência e como resultado, dificulta sua aproximação e relacionamento com outras.
- “Parecendo-se com o deserto” também implica que um judeu deve estar pronto a sacrificar conforto material em prol da Torah. O conceito de “deserto” sugere o oposto à civilização, com seus luxos e confortos materiais. Um judeu pode esperar progredir no estudo da Torah e cumprimento das mitsvot somente se estiver preparado para fazer algum sacrifício em assuntos terrenos.
Na maioria das vezes, é impossível atingir a perfeição em todas as áreas. Por exemplo, é difícil um homem ser tremendamente bem sucedido nos negócios, e, ao mesmo tempo, altamente criativo nos estudos diários da Torah; uma família pode se ver obrigada a escolher entre o tipo de férias que quer, ou uma cara educação em yeshivot para seus filhos, e assim por diante.
- Outra característica do deserto é sua vastidão vazia. Da mesma forma, o intelecto do homem deve parecer como a imensidão vazia do deserto, livre de elementos estranhos, antes que os pensamentos da Torah possam lá deitar raízes.
As palavras ditas pelo Eterno são muito exatas e não deixa qualquer dúvida sobre aquilo que o Senhor pretende: “Tomai a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, conforme o número dos nomes de todo o homem, cabeça por cabeça” (Nm 1:2). Aqui a palavra “congregação” em hebraico é edâ e significa “congregação, assembleia, multidão, povo, enxame”. O povo de Israel é tomado como um todo harmônico que deve ser contado até ter-se a sua soma total! Outro fato interessante aqui é que somente os filhos de Israel fariam parte desta contagem! Não é estranho que o Eterno usasse justamente esta palavra, deforma tão específica, para solicitar a contagem do povo? Ele diz que “bnei Israel” deveriam ser contados! A quem o Eterno se refere? A todos aqueles que são descendentes dos patriarcas, principalmente de Ia´aqov (depois foi denominado pelo Eterno “Israel”) e isso significa que certamente haviam outras pessoas entre os israelitas que não pertenciam ao povo, mas haviam vindo com o povo quando de sua saída do Egito. O Eterno queria saber quem era descendente (quantos eram) daquele que “Luta com D-us e prevalece” – Israel.
A contagem é feita tribo a tribo, segundo os líderes de cada tribo em particular. A contagem incluiria todos os homens que tivessem de vinte anos para cima e que estão aptos para a guerra. “Da idade de vinte anos para cima, todos os que em Israel podem sair à guerra, a estes contareis segundo os seus exércitos, tu e Aharon” (Nm 1:3). Os designados das tribos foram os seus príncipes – os responsáveis legais por cada tribo – para através deles serem identificados aqueles que fariam parte desta contagem: “Estes, pois, são os nomes dos homens que estarão convosco: De Rúben, Elizur, filho de Sedeur; de Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai; de Iehuda, Naasson, filho de Aminadabe; de Issacar, Natanael, filho de Zuar; de Zebulom, Eliabe, filho de Helom; dos filhos de Iosef: De Efraim, Elisama, filho de Amiúde; de Manassés, Gamaliel, filho de Pedazur; de Benjamim, Abidã, filho de Gideoni; de Dan, Aieser, filho de Amisadai; de Aser, Pagiel, filho de Ocrã; de Gade, Eliasafe, filho de Deuel; de Naftali, Aira, filho de Enã. Estes foram os chamados da congregação, os príncipes das tribos de seus pais, os cabeças dos milhares de Israel” (Nm 1:5-16).
Esta contagem foi feita ajuntando-se toda a congregação numa data específica. “E reuniram toda a congregação no primeiro dia do mês segundo, e declararam a sua descendência segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos para cima, cabeça por cabeça” (Nm 1:18). Aqui, a palavra “reunir” em hebraico é qahal e significa “assembleia, grupo, congregação”. A LXX traduziu esta palavra por eklesia e também sinagoge! Esta palavra (qahal) denota uma reunião em assembléia com propósitos religiosos. A palavra nos fala dos representantes do povo! Isso nos indica que neste evento as pessoas seriam identificadas uma a uma e reconhecidas como pertencentes às tribos mas também seriam consideradas parte da nação de Israel! Já a palavra “congregação” é o termo edâ e significa “congregação, assembleia, multidão, povo, enxame”. Há ainda a palavra “cabeça”, que em hebraico é gulgolet e significa “cabeça, crânio, pessoa”. Aqui a palavra indica que esta contagem, apesar de parecer genérica e impessoal, é também única pois trata cada indivíduo de forma separada, como uma unidade no todo. Cada pessoa forma quando se junta ao seu companheiro da mesma tribo, forma uma tribo e o total das tribos forma a nação!
O interessante é que o total do povo não diminuiu apesar das mortes ocorridas e dos incidentes que levaram muitos a sucumbirem nesta caminhada pelo deserto rumo a Canaã! O número total do povo foi dado como está escrito: “Todos os contados eram seiscentos e três mil e quinhentos e cinquenta” (Nm 1:46). A soma total do povo foi de 603.550 pessoas! Devemos lembrar-nos que, quando o povo saiu do Egito foi feita uma estimativa de cerca de 600.000 (seiscentos mil homens) que comporiam aquela multidão, o que certamente incluía os “estrangeiros e intrusos” que se aproveitaram do êxodo dos israelitas para também fugirem do Egito! Aqui temos então uma informação muito interessante: o povo que obedece ao Eterno, mesmo estando no deserto, apresenta um crescimento quantitativo e qualitativo! Isso fica claro, pois o povo só estava crescendo por causa de sua obediência ao Eterno. O fato de estarem vivos naquele lugar certamente indicava algo! O deserto então estava educando o povo e revelando-lhe quem eles eram e quem era o Eterno na vida deles!
Os israelitas são contados pela quarta vez
Esta era a quarta vez que os judeus eram contados.
- Inicialmente, a Torah registra que os membros da família de Ia´aqov que desceram ao Egito era de setenta.
- A Torah declara que seiscentos mil homens deixaram o Egito.
Essas cifras indicam que o povo judeu multiplicou-se de maneira milagrosa no Egito. Devido à Providência Especial de D’us, o pequeno clã de Ia´aqov, a despeito de planos inimigos para exterminá-lo, tornou-se miraculosamente uma nação que compreendia milhões de almas.
- Após o pecado do bezerro de ouro, a onze de Tishrei de 2448, os israelitas foram contados pela terceira vez.
O censo foi tomado como um sinal do amor nutrido por D’us e Sua preocupação com os judeus – mesmo após o pecado.
- Agora, o primeiro de Iyar de 2449, quase sete meses após o último censo, o povo foi contado novamente.
Não houve mudanças desde a última contagem. Por que D’us ordenou o censo?
Os objetivos desta contagem
D’us ordenou este censo por diversas razões.
Eis aqui algumas:
1 – O objetivo principal desta contagem era apurar os ancestrais de cada indivíduo, determinando assim sua tribo. Mais adiante, nesta parashá, o povo judeu será ordenado a formar grupos (de acordo com suas tribos). Estes grupos acampariam e viajariam numa determinada ordem sob estandartes. Portanto, era necessário determinar a qual tribo cada judeu pertencia.
2 – O povo logo adentraria a Terra Santa. D’us ordenou esta contagem para descobrir quantos homens serviriam no exército e poderiam ajudar na conquista do país.
3 – Quando o Tabernáculo foi consagrado, a Presença de D’us desceu do céu para repousar na terra. Um rei conta seu exército no dia em que é coroado para saber quantos soldados tem. Da mesma forma, D’us pediu a Moshê para descobrir o número de judeus no qual Sua Shechiná (Presença Divina) poderia repousar.
D’us diz: “Sempre que o total do povo judeu é mencionado, fico contente, pois representa o número de soldados em Meu exército, que cumprem Minha Vontade no mundo.”
À noite, o homem de negócios voltou exausto para casa. Havia sido um dia caótico e exaustivo – telefonemas, memorandos, pedidos, enviar mercadorias. Ele queria apenas ter um bom jantar e cair na cama. Não obstante, primeiro dedicou tempo para fazer algo em especial. Apesar de tomar tempo e exigir concentração, proporcionava-lhe muito prazer. Tirou de sua maleta os cheques e boletos bancários que juntou durante o dia, contando-os diversas vezes. Esquecendo-se de seu cansaço, encheu-se de satisfação e prazer.
A pessoa investe tempo e esforço para inspecionar e contar objetos que lhe são preciosos. Quanto mais valioso o item, mais cuidadosamente ele o verificará.
O Todo-Poderoso conta o povo judeu frequentemente, demonstrando que a Seus próprios olhos cada indivíduo é essencial. Portanto, a Torah detalha extensamente os números do povo judeu. Apenas na parashá de Bamidbar há quatro listagens diferentes do número de judeus.
Outra razão pela qual D’us queria que os judeus fossem contados
Imagine que você está entre as pessoas que são contadas no deserto. Ficaria perante Moshê, Aharon e os líderes das tribos. Qual a sensação? Não é uma experiência emocionante? Você está face a face com os líderes de Torah da nação judaica.
À aproximação de cada um, Moshê – o grande profeta de D’us – e Aharon – o sagrado Sumo Sacerdote – escutavam o nome da pessoa, olhavam-na, e silenciosamente a abençoavam.
Desta maneira, cada judeu ganhava o mérito de ser abençoado pelos homens mais notáveis da nação. Cada pessoa sentia quão importante era aos olhos de D’us.
D’us deseja que percebamos como cada pessoa merece Sua consideração e apreço.
As doze tribos foram contadas, menos um grupo em especial: os levitas! Está escrito assim: “Mas os levitas, segundo a tribo de seus pais, não foram contados entre eles, porquanto o IHVH tinha falado a Moshe, dizendo: Porém não contarás a tribo de Levi, nem tomarás a soma deles entre os filhos de Israel” (Nm 1:47-49). A tribo de Levi não deveria ser contada entre o povo, mas por quê? Haveria uma razão especial para que isso acontecesse? A primeira cosa que vamos observar neste verso é a palavra Levi, que em hebraico é lewî e significa “junto”; também um membro da tribo de Levi. Já a palavra “tribo” vem do termo matteh que significa “vara, bordão, bastão, haste, tribo”. O líder de cada tribo possuía um bordão e com ele dirigia o seu povo; simbolizava a liderança e a autoridade do líder. A tribo de Levi não seria contada por duas razões: a primeira seria por serem eles pessoas que haveriam de estar a serviço do Eterno naquilo que se referia ao tabernáculo e não teriam qualquer utilidade em tempos de guerra; não poderiam ser contados como uma parte do exército de Israel, mas poderiam ser tidos como o exército do eterno que estaria à sua disposição para o seu serviço! Já a segunda razão é porque a autoridade espiritual de Levi não poderia ser medida, contada, mensurada, pois ela não teria fim! Enquanto houvesse um homem da tribo de Levi, ele levaria sobre si essa autoridade e essa unção sacerdotal que não poderia ser passada nem transferida para ninguém! Um Levi seria sempre um Levi!
A sua função é muito clara e nisto eles tem toda a autoridade: o cuidado com as coisas do Eterno! “Mas tu põe os levitas sobre o tabernáculo do testemunho, e sobre todos os seus utensílios, e sobre tudo o que pertence a ele; eles levarão o tabernáculo e todos os seus utensílios; e eles o administrarão, e acampar-se-ão ao redor do tabernáculo” (Nm 1:50). Os levitas tinham sob sua responsabilidade o tabernáculo do testemunho. A palavra “tabernáculo” em hebraico é mishkan e significa o santuário portátil construído pelos israelitas no deserto. Já a palavra “testemunho” é edût e significa “testemunho, lembrete, sinal de advertência”. Essa palavra é sempre usada com referência ao testemunho de D-us! O tabernáculo então funcionava como um lembrete, um sinal não somente para o povo de Israel mas também para todos os que o vissem! Ali as pessoas certamente discerniriam a presença do Eterno e através disso poderiam optar por seguí-lo (obedecendo-o) ou não! É interessante que os levitas deveriam administrar o tabernáculo, cuidar dele e acamparem-se ao seu redor, como se eles fossem a sua “guarda de elite” não permitindo assim que um “desavisado” qualquer se aproximasse de forma indevida daquele lugar e fosse assim morto ou mesmo contaminasse o tabernáculo! Isso está muito claro no verso 53: “Mas os levitas armarão as suas tendas ao redor do tabernáculo do testemunho, para que não haja indignação sobre a congregação dos filhos de Israel, pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do tabernáculo do testemunho” (Nm 1:53).
Moshe continua o seu raciocínio dizendo: “E falou o IHVH a Moshe e a Aharon, dizendo: os filhos de Israel armarão as suas tendas, cada um debaixo da sua bandeira, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, defronte da tenda da congregação, armarão as suas tendas” (Nm 2:1-2). Novamente o Eterno se apresenta como IHVH – Aquele que se torna aquilo que o povo precise que Ele se torne – e agora o Eterno dá instruções sobre como eles deverão agir neste caso. A palavra “bandeiras” em hebraico é degel e significa “estandarte, bandeira”. Esta palavra vem da raiz dagal que significa “olhar, notar”. Já o termo “insígnia” em hebraico é ´ot e significa “sinal, marca, insignia, milagre, prova”. As tendas dos filhos de Israel deveriam ser armadas debaixo de seus estandartes, de forma organizada e previamente definida; não haveria lugar para a bagunça ou para a desordem! Isso certamente seria para que eles pudessem ser “notados”, “vistos” onde quer que estivessem e isso serviria de sinal, prova, marca distintiva para cada um deles! As “insígnias” ou sinais, provas, marcas, deveriam demonstrar quem era o “pai” de cada tribo! Lembremo-nos que as tribos surgiram a partir dos doze filhos de Ia´aqov! Duas considerações, quanto ao posicionamento, merecem nosso destaque: a primeira está no verso 3: “Os que armarem as suas tendas do lado do oriente, para o nascente, serão os da bandeira do exército de Iehuda, segundo os seus esquadrões, e Naassom, filho de Aminadabe, será príncipe dos filhos de Iehuda” (Nm 2:3). Aqui temos a tribo de Iehuda que se posicionaria ao oriente do tebernáculo. A palavra “oriente” em hebraico é qedem e significa “oriente, antiguidade, frente”. É a direção onde estava localizado o Éden! Não é interessante que justamente a tribo de Iehuda “apontaria” sempre para a direção onde estava o Éden, o jardim da vida! Quando falamos sobre Iehuda nos lembramos que esta é a tribo de onde viria o Messias e Ele seria o portador da vida para todo aquele que o aceitasse! Iehuda “puxaria” a fila, ficando em frente ao tabernáculo e agindo como se fosse um “condutor” que levaria o povo e o tabernáculo rumo à terra prometida! Há também um outro aspecto a considerarmos no verso 18: “A bandeira do exército de Efraim segundo os seus esquadrões, estará para o lado do ocidente; e Elisama, filho de Amiúde, será príncipe dos filhos de Efraim” (Nm 2:18). No lado oposto ao de Iehuda estaria justamente Efraim, atuando como “retaguarda” do tabernáculo e do povo. Eles viriam depois – por último – e atuariam como os guardas daqueles que ficavam atrás! O interessante é que Efraim simboliza – e compõe – a igreja gentílica que justamente chegou após Israel e atua hoje como um “escudo” protetor da retaguarda do povo de D-us! (ou pelo menos deveria ser assim!)
Os três acampamentos no deserto
Havia três campos separados no deserto:
1 – O Campo da Divina Presença (Machanê Shechiná)
Este era o nome dado à área do Tabernáculo. Os outros dois circundavam este acampamento.
2 – O acampamento dos Levitas (Machanê Leviya)
Os levitas acampavam ao redor de todos os lados do Tabernáculo. A cada uma das famílias levitas era designado um local fixo. As famílias de Moshê e Aharon foram honradas e acampavam à entrada do Tabernáculo. Eram como guardas postados à entrada do palácio do rei. Sendo que D’us havia ordenado: “Vocês devem guardar o Tabernáculo,” os cohanim e os leviyim tinham de montar guarda em alguns locais à volta do Tabernáculo, mesmo durante a noite.
Naturalmente, D’us não precisa de guardas para vigiar Seu local sagrado. Ele sozinho pode protegê-lo melhor que qualquer guarda humano jamais poderia. Mesmo assim, Ele ordenou que os levitas vigiassem o Tabernáculo. Como um rei humano tem seu palácio rodeado de guardas, para prestar-lhe honras, D’us deu aos judeus outra oportunidade de honrá-Lo e a Seu Tabernáculo.
3 – O acampamento dos Israelitas (Machanê Yisrael)
Este acampamento rodeava o acampamento Levita. Como explicaremos na próxima seção, três tribos acampavam em cada um dos quatro lados.
Como foi organizado o acampamento dos Israelitas
No mesmo dia em que D’us ordenou a Moshê que contasse o povo judeu, disse-lhe também: “Quero que organize o acampamento exterior. Divida as tribos em quatro grupos conforme minhas instruções. Cada grupo acampará num lado diferente do Tabernáculo, sob sua própria bandeira. Uma tribo de cada grupo será a líder.”
Eis como D’us disse a Moshê para dividir os quatro grupos:
1 – O primeiro grupo foi denominado “Dêguel Machanê Iehuda”. Acampou no lado leste. A tribo de Iehuda seria a tribo líder desta porção.
Neste grupo também estariam Issachar e Zevulun.
2 – O segundo grupo foi denominado “Dêguel Machanê Reuven.” Acampou no lado sul. A tribo Reuven seria a tribo líder daquele lado.
Neste grupo também estariam: Shimon e Gad.
3 – O terceiro grupo foi chamado de “Dêguel Machanê Efraim.” Acampou no lado oeste. A tribo Efraim seria a tribo liderante.
Neste grupo também estariam: Menashê e Binyamin.
4 – O quarto grupo foi nomeado “Dêguel Machanê Dan.” Acampou do lado norte. A tribo Dan seria a tribo a liderar aquele lado.
Neste grupo também estariam: Asher e Naftali.
Quem organizou os quatro grupos nesta ordem especial?
Quando Moshê ouviu de D’us que cada tribo tinha um determinado território, dentro de certas fronteiras, pensou: “Agora tenho de discutir com os reclamantes de todas as tribos. Homens da tribo de Reuven me dirão: ‘Preferiríamos acampar ao norte [do Tabernáculo]’, e homens da tribo de Dan reivindicarão o sul. Preciso estar preparado para uma série de discussões.”
“Seus temores são infundados, Moshê,” tranqüilizou-o D’us. “Os judeus sabem onde devem acampar. Seus antepassados lhes transmitiram as últimas palavras de Ia´aqov, de que ocupariam as mesmas posições que os filhos de Ia´aqov ocuparam ao carregarem o caixão de seu pai.”
Quando nosso Patriarca Ia´aqov estava para morrer, disse aos filhos: “Estas são minhas instruções exatas de como vocês devem carregar meu caixão. Nenhum estranho deve tocá-lo. Iehuda, Issachar e Zevulun devem carregá-lo do lado leste. Reuven, Shimon e Gad pelo lado sul; Efraim, Menashê e Binyamin pelo oeste; e Dan, Asher e Naftali pelo lado norte. Iosef, entretanto, não deve carregá-lo. Ele é um rei, e não é honroso para um rei carregar um féretro.”
“Levi também não deve carregá-lo. Seus descendentes um dia servirão no Tabernáculo e carregarão a arca de D’us. Não seria apropriado para alguém cuja tribo carregará a arca do D’us Vivo, carregar o esquife de um ser humano.”
D’us aprovou o arranjo de Ia´aqov. Não o alterou. Mas agora, nenhuma tribo poderia protestar pela posição recebida; todas as tribos sabiam que tinha sido organizada desta maneira por Ia´aqov.
As bandeiras dos quatro grupos
D’us instruiu Moshê: Cada um dos grupos deve ter sua própria bandeira. O povo deve marchar sob este estandarte. Cada bandeira tinha três cores, representando as três tribos. Cada cor correspondia à cor da pedra preciosa daquela tribo no peitoral do Sumo Sacerdote.
1 – A bandeira do grupo de Iehuda
Esta bandeira tinha três listras; uma azul, representando a tribo de Iehuda; preta, representando a tribo de Yissachar, e uma branca, representando a tribo de Zevulun.
Na bandeira estavam bordados os nomes Iehuda, Yissachar e Zevulun. Também possuía o seguinte versículo: “Levanta, ó D’us, para que Teus inimigos sejam dispersados e os que Te odeiam fujam de Ti.”
A bandeira de Iehuda era a primeira a marchar; portanto, fazia sentido ter uma oração pedindo a D’us que protegesse o povo judeu de seus inimigos.
Esta bandeira tinha a pintura de um leão, porque a tribo líder, Iehuda, era comparada a este animal.
2 – A bandeira do grupo de Reuven
Esta bandeira era também em três cores: vermelho para Reuven, verde para Shimon e uma mistura de branco e preto para Gad. Trazia os nomes destas três tribos. No centro possuía o seguinte versículo bordado: “Ouve, ó Israel, D’us é nosso D’us, D’us é um.”
Por que foi escolhido este versículo?
Antes que Ia´aqov morresse, perguntou a todos os filhos se acreditavam em D’us. Eles responderam com este versículo. Reuven era o mais velho dos filhos e certamente o primeiro dentre eles a falar, então era apropriado que estas palavras se tornassem o lema da tribo de Reuven. Na bandeira havia um desenho de flores violetas chamadas dudaim (mandrágoras ou jasmim).
No livro de Bereshit, na parashá de Vayetsê, a Torah nos relata como o pequeno Reuven, trouxe estas flores para sua mãe. Tomou cuidado de colher somente aquilo que não pertencia a ninguém, para não incorrer no pecado de roubo. Assim como Reuven se afastou do furto, sua tribo agia da mesma maneira.
3 – A bandeira do grupo de Efraim
As cores deste estandarte eram: preto, tanto para Efraim como para Menashê; para Binyamin, uma mistura das cores de todas as bandeiras. Os nomes Efraim, Menashê e Binyamin estavam na bandeira. Tinha o seguinte versículo bordado: “A nuvem de D’us pairava sobre os israelitas quando eles viajavam durante o dia.”
Como a nuvem da Shechiná pairava sempre a oeste, o grupo que acampava a oeste recebia um versículo relacionado à nuvem de D’us.
Sobre esta bandeira havia uma pintura de um menino, porque D’us chama a tribo de Efraim de “um menino amado por D’us.”
4 – A bandeira do grupo de Dan
As três cores desta bandeira eram: roxo para Naftali, a cor da safira para Dan, e pérola para Asher. Os nomes Dan, Naftali e Asher estavam bordados na bandeira. Havia também este versículo bordado: “Quando a arca repousava, Moshê proclamava: ‘Volta, D’us, e repousa entre os milhares e milhares de Israel!'”
O desenho na bandeira era o de uma serpente, porque nosso Patriarca Ia´aqov comparou Dan a uma cobra.
O significado dos estandartes
Os estandartes que principiavam e lideravam os vários acampamentos no deserto, possuíam profundo significado espiritual, e não devem ser confundidos com os atuais brasões familiares, ou estandartes nacionais.
De fato, as nações do mundo copiaram dos judeus a idéia de uma bandeira nacional; contudo, os estandartes foram projetados e expostos inteiramente por orientação Celestial.
Os judeus viram profeticamente os estandartes na Outorga da Torah. Perceberam a Shechiná descendo sobre o Monte Sinai acompanhada de 22.000 carruagens de anjos próximos à Shechiná, e vasto número de carruagens adicionais que a rodeavam.
Os anjos estavam agrupados ao redor da Shechiná como se fossem quatro divisões portando quatro diferentes estandartes:
- À direita (sul), estava a divisão do anjo Michael.
- À esquerda (norte), estava a divisão do anjo Uriel.
- À frente (leste), estava a divisão do anjo Gavriel.
- À retaguarda (oeste), estava a divisão do anjo Rafael.
Os estandartes Celestiais de fogo foram percebidos pelos judeus em vários matizes de cores.
A inspiradora visão dos exércitos celestiais fizeram os israelitas exclamar: “Se ao menos estivéssemos organizados sob estandartes, com a Shechiná em nosso meio, exatamente como os anjos!…”
Por que desejaram estandartes?
Ansiavam sentir a santidade especial de posicionarem-se como o exército Celeste, que beneficiava-se de um nível mais elevado de ligação com o Todo-Poderoso.
D’us informou então a Moshê que Ele concederia ao povo judeu seu pedido pelos estandartes.
Porém foi apenas trinta dias depois do Tabernáculo ter sido erguido (e a Shechiná, que partira após o pecado do bezerro de ouro) que D’us considerou os judeus merecedores de atingirem esse nível superior de santidade.
D’us ordenou a Moshê: “Os judeus devem acampar sob quatro estandartes líderes.”
Como as quatro divisões levantavam acampamento e seguiam jornada
Quando as Tribos levantavam acampamento e seguiam jornada, entravam em formação de acordo com as especificações de D’us.
O Todo-Poderoso instruiu Moshê: “Ao iniciar cada jornada, a divisão sob o estandarte de Iehuda deve avançar para frente, e viajar à testa. Deve ser seguida pelas famílias levitas de Guershon e Merari. A próxima divisão a marchar é a de Reuven seguida pela família levita de Kehat. Então deverá avançar a divisão de Efraim, e finalmente a de Dan.”
A ordem em que viajavam foi determinada de acordo com um profundo plano Divino.
Iehuda ia na frente. E o grupo de Dan marchava por último. Por que? Quando Ia´aqov, nosso Patriarca, abençoou Iehuda, comparou-o a um leão. E quando Moshê deu-lhe sua última bênção, também comparou a tribo Dan a um leão. Por causa de sua grande força como “leões”, estas duas tribos foram escolhidas para estarem à frente e atrás do povo judeu durante as viagens.
A tribo de Dan, que era uma tribo numerosa, além de rechaçar os inimigos que atacavam pela retaguarda, recuperavam artigos perdidos por outras tribos.
A grandeza dos estandartes
Quando os israelitas tomavam suas respectivas posições sob os estandartes, a Shechiná descia das bandeiras celestiais para pairar sobre os judeus. Eram, desta forma, elevados a novos píncaros de santidade, como o exército de D’us na Terra.
As nações gentias que viam os judeus descansarem sob os estandartes eram tomadas de temor e reverência. Conseguiam reconhecer a santidade de um povo que vivia como uma unidade organizada para servir o Todo-Poderoso. Sentindo que os judeus na Terra pareciam-se com anjos Celestiais, exclamavam admirados: “Que nação é esta que se parece com a aurora, bela como a lua, clara como o sol, e que inspira temor sob seu estandarte?!”
A memória dos estandartes jamais foi esquecida por nosso povo.
Por milhares de anos depois de haverem tido os estandartes, sempre que um judeu era perigosamente tentado a comprometer sua fé a fim de granjear fama e fortuna, replicaria às persuasões dos gentios: “O que podem oferecer que se possa comparar à grandeza que uma vez experimentamos? No deserto, estávamos sob os estandartes, como o Acampamento de D’us na Terra. Suas promessas são míseras e insignificantes, comparadas às do Todo-Poderoso.”
Assim, a lembrança da glória dos estandartes auxiliou os judeus no exílio a permanecerem fiéis e leais à Torah.
Já no que diz respeito a Aharon e à tribo sacerdotal, está escrito assim: “Estes são os nomes dos filhos de Aharon, dos sacerdotes ungidos, cujas mãos foram consagradas para administrar o sacerdócio” (Nm 3:3). Os sacerdotes são pessoas “ungidas” cujas foram foram “consagradas” para administrar o sacerdócio. Quando falamos sobre sacerdotes ungidos e mãos consagradas a Torah usa a palavra mashah que significa “ungir, espalhar um líquido”. Os sacerdotes não são pessoas comuns e também não tem atribuições comuns. Quando a Escritura fala sobre mãos ela se refere ao ato de dar e de receber; as mãos é que transmitem bençãos sobre alguém e também dão algo a alguém! Os sacerdotes possuem mãos ungidas e isso significa que as suas mãos além de serem santas também foram santificadas para darem e receberem as dádivas para o do Eterno!
Um outro detalhe interessante ligado aos sacerdotes e aos levitas é que o Eterno os tomou dentre o povo no lugar dos primogênitos! “E eu, eis que tenho tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo o primogênito, que abre a madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus” (Nm 3:12). Quando o Eterno faz isso Ele toma os levitas para si como sua propriedade; eles seriam então “totalmente consagrados” ao Senhor e ao seu serviço! Não haveria mais necessidade de que os pais trouxessem seus filhos primogênitos o os dedicassem no tabernáculo ou no Templo deixando-os para o serviço do Eterno! Agora o Senhor tem os levitas que farão este papel e o povo de Israel apenas cuidará deles – como faria com qualquer filho seu que ali estivesse – e isso também evitaria qualquer tipo de disputa interna no povo e também a cobiça pelo sacerdócio que não poderia ser comprado por ninguém e nem transmitido (dado) a outro homem de uma outra tribo ou país!
Agora o Eterno dá a Moshe os deveres dos levitas de forma bem detalhada: “E falou o IHVH a Moshe e a Aharon, dizendo: fazei a soma dos filhos de Coate, dentre os filhos de Levi, pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais; da idade de trinta anos para cima até aos cinquenta anos, será todo aquele que entrar neste serviço, para fazer o trabalho na tenda da congregação. Este será o ministério dos filhos de Coate na tenda da congregação, nas coisas santíssimas” (Nm 4:1-4). Agora, o Eterno ordena que seja feita a contagem dos levitas, mas com um detalhe: somente a partir dos trinta anos deveriam ser contados os levitas. Mas, por quê? No judaísmo o ministério tem início aos trinta anos, pois é justamente nesta idade que um homem é considerado “maduro” para exercer o ministério do Senhor! Este padrão é atestado também na vida de doisgrandes homens de D-us: “Da idade de trinta anos era David quando começou a reinar; quarenta anos reinou” (II Sm 5:4). Também Ieshua deu início ao seu ministério aos trinta anos: “E o mesmo Ieshua começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de Iosef, e Iosef de Heli” (Lc 3:23). Isso nos demonstra então que o que foi feito aos levitas era algo extremamente conhecido pelos israelitas, pois não houve qualquer tipo de contestação ou mesmo palavra constrária à determinação do Eterno para que os levitas fossem contados a partir dos trinta anos, idade que os tornava aptos para o início da atividade no serviço do Senhor! Aos filhos de Coate ficou determinado o “trabalho na tenda da congregação”. A palavra “trabalho” em hebraico é aboda e significa “trabalho braçal, serviço”. Ela vem da raiz abad que significa “trabalhar, servir”. A palavra tem o sentido de “adorar, obedecer a D-us através do trabalho”. Nós vemos aqui que a atribuição de Coate e seus filhos era justamente a parte que dizia respeito à montagem e desmontagem do tabernáculo! Eles deveriam fazer isso de tal forma que com seu trabalho estivessem adorando, obedecendo ao Eterno através do trabalho que realizavam! Aqui, o trabalho deles tem o sentido de um culto que é prestado ao Eterno em obediência à sua determinação! Os levitas e os sacerdotes não teriam nenhuma atribuição ligada ao trabalho braçal; eles não deveriam montar e desmontar o tabernáculo, mas sim cuidar daquilo que lhes fora expressamente determinado pelo Eterno! Cada qual seguia e fazia aquilo que o Eterno já havia lhes determinado e com o trabalho conjunto de todos a obra do Senhor seguiria em frente. Este padrão é transmitido também na Brit Hadasha por Sha´ul que nos ensina que a ação dos ministérios na igreja atua de forma a gerar o crescimento da mesma! Está escrito assim: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo do Ungido; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Elohim, a homem perfeito, à medida da estatura completa do Ungido, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Ungido, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4:11-16).
Agora temos uma última consideração a ser feita: “Porém o cargo de Eleazar, filho de Aharon, o sacerdote, será o azeite da luminária e o incenso aromático, e a contínua oferta dos alimentos, e o azeite da unção, o cargo de todo o tabernáculo, e de tudo que nele há, o santuário e os seus utensílios” (Nm 4:16). Quanto aos sacerdotes eles teriam a seu cargo outras coisas. A palavra “cargo” em hebraico é pequddã e significa “inspeção, funcionário, supervisão”. Aos sacerdotes estava designado o azeite e o incendo aromático. Isso nos fala sobre a sua confecção e a forma como eles seriam utilizados! Estas coisas – o azeite e o incenso – não poderiam ser utilizados de qualquer forma e por qualquer pessoa! É justamente por isso que a eles foi designado a guarda ou a supervisão destes elementos tão vitais no culto ao Senhor! Um outro detalhe é que a eles cabia também a contínua ofertade alimentos – os sacrifícios – que seriam realizados pelos ascerdotes com a ajuda dos levitas, além do azeite da unção – que era usado em ocasiões especiais e em pessoas previamente designadas para receberem-no. O santuário – tabernáculo – juntamente com seus utensílios também estariam a cargo dos levitas e dos sacerdotes! Isso nos demonstra que há um padrão a ser seguido também pela igreja gentílica! O santuário – prédio – dever ser cuidado e administrado, assim como também as coisas (móveis) que o compõe devem receber cuidados de uma categoria de pessoas: os diáconos! Em Atos capítulo 6 há uma situação que demonstra como foi definida esta função e equiparada ao relato de Números: “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Elohim e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito o Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (At 6:1-4). Fica claro aqui que os apóstolos – que seriam equiparados aos sacerdotes – não deveriam preocupar-se com funções administrativas na igreja! Eles deveriam dedicar-se à oração e no ministério da palavra! No que dissesse respeito às demais coisas, elas deveriam ser resolvidas – e administradas – pelos diáconos! Até mesmo porque a palavra “diaconoi” em grego significa “aqueles que servem” e não foi traduzida, mas sim transliterada, criando-se assim uma terminologia que tem sido interpretada como um cargo dentro das igrejas! Este “cargo” é o que todo o crente deve ser: servo! No Brit Hadasha repete-se o padrão da Tanach e novamente são dadas as determinações que orientam à igreja da forma como ela deve proceder! O livro de Atos – que é um livro histórico – somente repete o padrão da Torah! Não há nada de inovador, nada de espetacular ou revolucionário; apenas a confirmação de um padrão já conhecido – e praticado – pelos israelitas na Torah!
Terminamos esta Parashá convocando o povo de D-us à uma guinada no seu posicionamento e uma reavaliação de suas “funções” e ministérios dentro do Corpo do Messias! Infelizmente nós somente conhecemos – e reconhecemos – o ministério pastoral como o único padrão que nos foi legado pela história! Mas hoje somos lembrados de que o Eterno já nos legou algo maior e melhor que é o ministério conjunto que produz o crescimento do Corpo e a sua grande expansão!
Baruch Há Shem!
Mário Moreno.