Parasha Matot

Mário Moreno/ julho 9, 2018/ Teste

Matot

Ramos

Nm 30.2–32.42 / Jr 1:1 – 2:3 / At 9:1-22

        Na Parashá desta semana estaremos bordando o tema do voto que é feito por alguém.Também falaremos sobre a divisão dos despojos de guerra e do pedido de duas tribos para estabelecerem-se onde eles estavam, aquém do Jordão.

O nosso texto tem início com estas palavras: “E falou Moshe aos cabeças das tribos dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o IHVH tem ordenado. Quando um homem fizer voto ao IHVH, ou fizer juramento, ligando a sua alma com obrigação, não violará a sua palavra: segundo tudo o que saiu da sua boca, fará” (Nm 30:1-2). Moshe dá início ao seu discurso falando sobre o voto que era feito por um homem. A palavra “voto” vem do termo hebraico neder e significa “voto, oferta votiva”. A raiz tem a conotação do ato de consagrar verbalmente (dedicar ao serviço) a D-us. Este voto era feito “ao Senhor”, sendo que aqui a palavra que define o Eterno é IHVH (Eu me torno aquilo que me torno). Mas. O que significa isso? Isso significa que o Eterno se tornaria aquilo que aquele homem lhe houvesse pedido através desta “consagração”; caso ele não cumprisse, então receberia certamente algo que ele mesmo não estava esperando! Mas, porque isso aconteceria? Por que o Eterno permitiria que essa pessoa fosse “punida” por não cumprir sua palavra? A resposta está no próprio texto e diz que este homem “ligou sua alma com obrigação, não voltará a sua palavra”. A palavra “alma” vem do termo hebraico nepesh e significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. Já a palavra “palavra” vem do termo hebraico dabar e significa “falar, declarar, conversar, prometer”. Este homem ao fazer o seu voto não o fez debaixo de qualquer situação em que ele mesmo não soubesse o que estava fazendo ou falando, pois sua situação emocional e mental está bem definida pelas palavras do texto; isso significa que ele não terá “desculpas” para não cumprir aquilo que prometera! Salomão fala também sobre isso quando diz: “Quando a Elohim fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o” (Ec 5:4). É por isso que o voto tem uma importância tão grande na vida do homem que o faz!

Agora vejamos como se dá o voto de uma mulher solteira: “Também quando uma mulher, na sua mocidade, estando ainda na casa de seu pai, fizer voto ao IHVH, e com obrigação se ligar, e seu pai ouvir o seu voto e a sua obrigação, com que ligou a sua alma; e seu pai se calar para com ela, todos os seus votos serão válidos; e toda a obrigação com que ligou a sua alma, será válida. Mas se seu pai lhe tolher no dia que tal ouvir, todos os seus votos e as suas obrigações com que tiver ligado a sua alma, não serão válidos; mas o IHVH lhe perdoará, porquanto seu pai lhos tolheu” (Nm 30:3-5). Aqui vemos que o pai continua sendo autoridade sobre a vida de sua filha enquanto ela ainda está com ele e ele pode interferir em suas decisões, inclusive num voto feito ao Senhor! O padrão é o seguinte: se o pai ouvir sobre o voto, tomando assim conhecimento sobre seu teor e se calar, então tudo o que ela votou será válido e ela terá obrigação em cumprir o voto. Se por acaso o pai souber do voto e não concordar, então ele poderá vetar aquilo que a moça está dizendo e ela fica desobrigada de cumprir seu voto perante o Eterno!

Temos também o caso de uma mulher casada: “E se ela for casada, e for obrigada a alguns votos, ou à pronunciação dos seus lábios, com que tiver ligado a sua alma; e seu marido o ouvir, e se calar para com ela no dia em que o ouvir, os seus votos serão válidos; e as suas obrigações com que ligou a sua alma, serão válidas. Mas se seu marido lhe tolher no dia em que o ouvir, e anular o seu voto a que estava obrigada, como também a pronunciação dos seus lábios, com que ligou a sua alma; o IHVH lhe perdoará” (Nm 30:6-8). Novamente o padrão se repete: se o marido desta mulher ouvir sobre seu voto e o consentir, então ela estará obrigada a cumpri-lo diante do eterno. Caso ocorra de seu marido não concordar com seu voto, então ela estará desobrigada daquilo que disse perante o Eterno e não haverá necessidade de cumprir o voto! Estes dois casos são especiais entre todos justamente por causa da cadeia de autoridade que o pai e também o marido exercem sobre suas filhas e esposas! No caso do pai ele age como o guardião e protetor de seus filhos, pois um dia ele mesmo haverá de dar contas ao Eterno pela vida de seus filhos! Já no caso do marido, ele age desta forma por ser uma só carne com sua esposa! Não poderá haver qualquer decisão se não houver acordo entre as duas partes porque na realidade as duas partes são uma só!

Há também outros casos como segue: “No tocante ao voto da viúva, ou da repudiada, tudo com que ligar a sua alma, sobre ela será válido” (Nm 30:9). Nestes casos como citados não há desculpa: o voto precisa ser cumprido!

No caso do marido ou pai ouvir o voto e não se pronunciar, os votos serão então confirmados. Caso ele se arrependa e então volte atrás, ele levará a iniqüidade que era devida à sua esposa (ou filha). O texto nos diz o seguinte: “Porém se fez voto na casa de seu marido, ou ligou a sua alma com obrigação de juramento; e seu marido o ouviu, e se calou para com ela, e não lho tolheu, todos os seus votos serão válidos, e toda a obrigação, com que ligou a sua alma, será válida. Porém se seu marido lhos anulou no dia em que os ouviu; tudo quanto saiu dos seus lábios, quer dos seus votos, quer da obrigação da sua alma, não será válido; seu marido lhos anulou, e o IHVH lhe perdoará. Todo o voto, e todo o juramento de obrigação, para humilhar a alma, seu marido o confirmará, ou anulará. Porém se seu marido, de dia em dia, se calar inteiramente para com ela, então confirma todos os seus votos e todas as suas obrigações, que estiverem sobre ela; confirmado lhos tem, porquanto se calou para com ela no dia em que o ouviu. Porém se de todo lhos anular depois que o ouviu, então ele levará a iniqüidade dela. Estes são os estatutos que o IHVH ordenou a Moshe entre o marido e sua mulher; entre o pai e sua filha, na sua mocidade, em casa de seu pai” (Nm 30:10-16). Quando o texto nos fala sobre “levar a iniqüidade”, o termo em hebraico é awon e significa “iniqüidade, culpa, castigo”. Deriva de uma raiz que significa “infração, comportamento desonesto, perversão, iniqüidade”. O não cumprimento de um voto é iniqüidade mas quando um homem “se arrepende” do voto de sua filha ou esposa, então ele é que carregará a culpa ou o castigo da quebra do voto que caberia à pessoa que fez o voto, mas como essa pessoa é autoridade sobre a outra e interferiu no voto, ela levará o castigo que era devido à outra (pessoa que votou) pela quebra do voto.

Agora o Eterno nos falará sobre a vingança dos israelitas contra os midianitas e a forma dela ser realizada: “E falou o IHVH a Moshe, dizendo: vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois recolhido serás ao teu povo. Falou, pois, Moshe ao povo, dizendo: Armem-se alguns de vós para a guerra, e saiam contra os midianitas, para fazerem a vingança do IHVH contra eles” (Nm 31:1-3). Aqui o Eterno se apresenta como IHVH! Isso significa que o Eterno se tornará para os midianitas aquilo que eles precisam que Ele se torne: o seu juízo! Já a palavra “vinga” vem do termo hebraico naqam e significa “vingar-se, ser castigado”. Novamente temos aqui uma clara demonstração do padrão de D-us, usando assim o homem para disciplinar outro homem (neste caso são dois povos, um sendo usado para disciplinar o outro). Certamente que os midianitas já estavam “passando dos limites” e é justamente por isso que o juízo de D-us os alcança justamente nessa hora! Quando o Eterno quer punir algum ele se utiliza de diversas formas para que isso possa acontecer!

Quando o Eterno fala isso a Moshe ele afirma ainda que logo após esta última missão de Moshe ele será recolhido ao seu povo! A palavra “recolhido” vem do termo hebraico acap e significa “reunir, recolher, remover”. Já a palavra “povo” vem do termo hebraico ´am que significa “povo, nação”. Esta palavra é usada exclusivamente para o povo de Israel nas Escrituras! Portanto vemos que o Eterno está dizendo a Moshe que após sua missão estar cumprida Ele mesmo recolheria seu servo para junto dos judeus que já haviam morrido antes dele! Percebemos que o Eterno trata os seus com todo o carinho avisando-os antecipadamente aquilo que Ele fará em suas vidas!

A ordem é para que uma parte do povo “arme-se para a guerra”. A palavra “armar-se” em hebraico vem do termo halats e significa “equipar-se para a guerra, vestir um cinturão de guerreiro, cingir-se ou armar-se, preparar-se para o combate”. Na realidade a ordem aqui é muito clara pois o Eterno manda que seus guerreiros agora preparem-se para lutarem contra os midianitas vestindo-se para a guerra! Todos sabemos que a guerra exige maiores cuidados de quem dela participa e também que existem roupas apropriadas para tal e é justamente por isso que o Eterno dá aos seus filhos esta ordem. Agora eles precisam preparar-se para poderem então vencerem aos midianitas e então executarem a vingança do Senhor contra eles! Novamente a palavra “vingança” é neqamah (um desdobramento de naqam) com o mesmo significado de “vingança”, e a palavra que define o Eterno é IHVH! Novamente percebemos que neste caso o Eterno usaria o povo de Israel para que eles fossem assim usados por Ele para que Ele se tornasse o que os midianitas necessitavam: juízo!

Quando falamos em guerra pensamos num exército numeroso e muito poderoso para poder derrotar uma nação! Não foi este o caso dos israelitas, pois seu exército não era numeroso, mas mesmo assim, sob as ordens do Eterno, eles venceram aos midianitas! O texto a seguir diz assim: “E Moshe os mandou à guerra, mil de cada tribo, e com eles Finéias, filho de Eleazar, o sacerdote, com os vasos do santuário, e com as trombetas do alarido na sua mão. E pelejaram contra os midianitas, como o IHVH ordenara a Moshe; e mataram a todos os homens. Mataram também, além dos que já haviam sido mortos, os reis dos midianitas: a Evi, e a Requém, e a Zur, e a Hur, e a Reba, cinco reis dos midianitas; também a Balaão, filho de Beor, mataram à espada” (Nm 31:6-8). Os doze mil homens que saíram para a batalha e uma das “armas de guerra” que eles portaram foi a “trombeta do alarido”. A palavra “trombeta” em hebraico vem do termo hatsotsrâ e significa “trombeta”. A raiz tem o sentido de “ser estreita”. Era geralmente feita de prata. Já a palavra “alarido” vem do termo hebraico terû´â que significa “alarme, sinal, som de trombeta”. Em sua raiz está a palavra rûa que significa “gritar, romper em gritaria, clamar”. O que aconteceu é que os israelitas usaram as trombetas como se fossem um sinal, um alarme que servia para convocar os valentes para a guerra! A vitória dos israelitas foi incontestável, pois eles estavam lutando em obediência à Palavra do Eterno. Um fato curioso é que entre os mortos estava também Balaão, filho de Peor. Este é o mesmo que Balaque “alugara” para amaldiçoar a Israel.

        O despojo de guerra que fora trazido pelos soldados israelenses causara uma impressão muito ruim à Moshe e aos líderes de Israel. O texto nos informa assim: “Porém, os filhos de Israel levaram presas as mulheres dos midianitas e as suas crianças; também levaram todos os seus animais e todo o seu gado, e todos os seus bens. E queimaram a fogo todas as suas cidades com todas as suas habitações e todos os seus acampamentos. E tomaram todo o despojo e toda a presa de homens e de animais. E trouxeram a Moshe e a Eleazar, o sacerdote, e à congregação dos filhos de Israel, os cativos, e a presa, e o despojo, para o arraial, nas campinas de Moabe, que estão junto ao Jordão, na altura de Jericó” (Nm 31:9-12). Este “despojo” de guerra não deveria ser trazido da forma como o foi para os líderes de Israel. Mas o que deveria ocorrer agora? Entre os despojos vieram mulheres, crianças e animais. Veja qual foi a reação de Moshe quanto à isso: “Porém Moshe e Eleazar, o sacerdote, e todos os príncipes da congregação, saíram a recebê-los fora do arraial. E indignou-se Moshe grandemente contra os oficiais do exército, capitães dos milhares e capitães das centenas, que vinham do serviço da guerra. E Moshe disse-lhes: Deixastes viver todas as mulheres? Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, deram ocasião aos filhos de Israel de transgredir contra o IHVH no caso de Peor; por isso houve aquela praga entre a congregação do IHVH. Agora, pois, matai todo o homem entre as crianças, e matai toda a mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele. Porém, todas as meninas que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós” (Nm 31:13-18).O problema visto por Moshe – mas não visto pelos homens que participaram da guerra – foi justamente o fato das mulheres midianitas que outrora haviam corrompido estes mesmos israelitas para que eles pecassem contra o Eterno levando-os a troca-lo por um D-us que não era o D-us que eles obviamente conheciam a serviam!

O que eles deveriam fazer então? Todas as mulheres deveriam morrer, mas as meninas (virgens) seriam as únicas a serem poupadas para servirem de amas e escravas aos israelitas! Com isso aprendemos algo muito interessante: não se pode retirar algo do coração de uma pessoa, mas pode-se ensinar uma criança a ter uma conduta correta e uma fé genuína, desde que ela seja ensinada da forma correta!

Agora os guerreiros também recebem uma ordem: a de ficarem fora do arraial (acampamento) durante sete dias a fim de se purificarem da matança e do contato com os mortos. O texto nos diz o seguinte: “E alojai-vos sete dias fora do arraial; qualquer que tiver matado alguma pessoa, e qualquer que tiver tocado algum morto, ao terceiro dia, e ao sétimo dia vos purificareis, a vós e a vossos cativos. Também purificareis toda a roupa, e toda a obra de peles, e toda a obra de pêlos de cabras, e todo o utensílio de madeira. E disse Eleazar, o sacerdote, aos homens da guerra, que foram à peleja: Este é o estatuto da lei que o IHVH ordenou a Moshe. Contudo o ouro, e a prata, o cobre, o ferro, o estanho, e o chumbo, toda a coisa que pode resistir ao fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique limpa, todavia se purificará com a água da purificação; mas tudo que não pode resistir ao fogo, fareis passar pela água. Também lavareis as vossas roupas ao sétimo dia, para que fiqueis limpos; e depois entrareis no arraial” (Nm 31:19-24). Vejamos aqui que as determinações do Eterno aos homens de guerra visam manter um padrão de santidade dentro do acampamento dos israelitas. A purificação duraria sete dias – um ciclo perfeito – e depois eles estariam então novamente aptos para entrarem no acampamento juntamente com seus companheiros e ficarem novamente junto de seus familiares. Moshe diz que “qualquer que tiver matado alguma pessoa, e qualquer que tiver tocado algum morto” deverá purificar-se. Aqui a palavra “matar” em hebraico vem do termo harag e significa “destruir, matar, assassinar, ferir, golpear”. Esta raiz inclui a idéia de assassinato ou execução judicial, bem como a morte de animais. Já a palavra “pessoa” vem do termo hebraico nepesh e significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. Isso significa que a purificação deveria ser feita não somente por aqueles que causaram algum dano físico aos midianitas, mas também aqueles que, de alguma forma causaram danos na mente, na alma, nos sentimentos daquelas pessoas também deveriam purificar-se! Este texto nos ensina que o dano causado à uma pessoa pode não ser somente físico, mas também sua alma – mente, vida, sentimentos – pode ser ferida e isso é o equivalente à matar alguém, exigindo-se assim que se cumpra o ritual da purificação durante sete dias!

Esta purificação incluiria também as roupas que foram usadas naquele combate! A palavra “roupa” vem do termo hebraico beged e significa “vestimenta”. É um termo genérico e pode designar qualquer tipo de vestimenta, desde as roupas usadas pelos ricos e famosos até os trapos dos pobres e leprosos! A roupa tem uma simbologia de “cobertura” e também nos fala sobre nossos atos cotidianos! Neste caso as roupas que tinham sido usadas deveriam ser purificadas. Isso significa também que aquelas pessoas deveriam ter seus atos e motivações transformados – através da purificação – pelo Eterno. Aplicando-se isso ao nosso contexto aprendemos que quando ferimos alguém é necessário que nos arrependamos, confessemos nosso pecado, depois precisamos tratar de nos reconciliarmos com a pessoa ofendida e finalmente devemos então mudar nossa atitude para com aquele tipo de pecado! Quem faz algo para ferir outrem precisa ser restaurado – naquela determinada área – para não ferir mais outras pessoas com a mesma atitude que outrora fizera com que isso acontecesse!

O retorno do exército e as leis de kehilim

Os soldados judeus voltaram com uma grande quantidade de despojos – ouro, prata, recipientes, roupas e animais. Levaram as mulheres e crianças medianitas ao acampamento judaico, como prisioneiros.

Moshê, que se aproximara com Elazar para encontrar o exército, viu os prisioneiros e ficou irado.

Repreendeu os generais: “Como puderam deixar estas mulheres vivas? Elas incitaram os judeus a pecar e provocaram uma peste que matou 24.000 judeus!”

Moshê ordenou que as mulheres midianitas fossem assassinadas.

Os soldados que voltavam da batalha haviam tocado nos corpos dos mortos. Por isso, estavam impuros. Receberam a ordem: “Não entrem no pátio do Mishcan (o acampamento da Shechiná) por sete dias. Nesse ínterim, purifiquem-se com água misturada às cinzas de uma vaca vermelha.”

Hag’alat kelim

Entre os despojos dos midianitas havia panelas, potes e outros tipos de vasilhas. Haviam sido usados pelos midianitas para comida não-casher. Como os judeus poderiam usá-los?

O filho de Aharon, El’azar, ensinou o povo as leis aplicadas à estas vasilhas.
El’azar ensinou: “Se um judeu quiser usar uma vasilha que foi utilizada previamente para comida quente e não-casher, deve primeiro casherizá-la.” É possível casherizar vasilhas feitas de todos os tipos de metal (prata, ouro, cobre e assim por diante), mas não louça. Se vasilhas de louça foram usadas para comida quente e não-casher, um judeu jamais poderá usá-la.

Como se “casheriza” um utensílio?

Primeiro, deve ser completamente lavada, até que esteja livre de toda sujeira. É colocada então num caldeirão com água fervente. Imergir a vasilha em água fervente a casheriza. Entretanto, se for um objeto usado diretamente sobre o fogo, como uma grelha ou espeto para assar carne, deve ser colocada no fogo para tornar-se casher.

Tevilá

El’azar ensinou também:

“Todas as panelas de metal, travessas, xícaras, copos ou talheres que foram fabricados por um não-judeu ou comprados dele, devem ser mergulhados num micvê. Isto faz com que o utensílio mude de um estado original para um de kedushá (santidade).”

Nossos sábios decretam que vasilhas de vidro também necessitam de imersão num micvê. Por isso, sempre que comprarmos utensílios, devemos mergulhá-los num micvê antes de usá-los.

Os despojos de guerra são divididos

Os soldados, após a guerra, deram uma porção aos cohanim, e Benê Israel aos levitas. Por isso, D’us ordenou a Moshê: “Divida os despojos entre os soldados e o restante de Benê Israel.”

Tanto os soldados como Benê Israel mais tarde deram uma parte de sua cota aos cohanim e aos levitas.

Esta atitude não seria opcional para o povo de Israel, pois Eleazar diz que isso é “é o estatuto da lei que o IHVH ordenou a Moshe”. A palavra “estatuto” vem do termo hebraico huqqâ e significa “estabelecimento (de uma lei), estatuto, ordenança, maneira”. Em sua raiz está a palavra haqaq que significa “inscrever, entalhar”. A palavra “lei” vem do termo hebraico torah que significa “ensino, lei”; já a palavra que define o Eterno é IHVH. Agora vemos que aquilo que fora dito pelo Eterno era uma ordem que deveria ficar gravada na mente e no coração dos israelitas e isso era um ensino que haveria de trazer benefícios aos que fossem obedientes, pois quando isso acontecesse o Eterno se tornaria aquilo que seus filhos precisassem que Ele se tornasse para eles!

Mas, como ocorreria a purificação? Dois seriam os elementos usados para purificar: o fogo e a água. O que não pudesse ser purificado pela água deveria ser derretido pelo fogo e então seria novamente aproveitado! Já o que pudesse ser purificado pela água, deveria ser lavado e então seria incorporado ao patrimônio dos israelitas!

O despojo de guerra deveria ser dividido com os israelitas e uma parte dele deveria ser dado como oferta para o Senhor. A divisão deveria ocorrer assim: “Falou mais o IHVH a Moshe, dizendo: faze a soma da presa que foi tomada, de homens e de animais, tu e Eleazar, o sacerdote, e os cabeças das casas dos pais da congregação, e divide a presa em duas metades, entre os que se armaram para a peleja, e saíram à guerra, e toda a congregação. Então para o IHVH tomarás o tributo dos homens de guerra, que saíram a esta peleja, de cada quinhentos uma alma, dos homens, e dos bois, e dos jumentos e das ovelhas. Da sua metade o tomareis, e o dareis ao sacerdote Eleazar, para a oferta alçada do IHVH. Mas, da metade dos filhos de Israel, tomarás um de cada cinqüenta, um dos homens, dos bois, dos jumentos, e das ovelhas, e de todos os animais; e os darás aos levitas que têm cuidado da guarda do tabernáculo do IHVH” (Nm 31:25-30). A oferta tomada dos homens de guerra seria menor do que aquela tomada dos que participaram da divisão, porém não foram à guerra! Nada mais justo do que isso! Esta oferta seria utilizada pelos levitas para manterem o tabernáculo do Senhor! É fantástico com o Senhor dá aos seus filhos padrões justos até mesmo em tampos de guerra!

Mas esta oferta não foi boa para os guerreiros que resolveram que dariam ainda algo mais daquilo que trouxeram da guerra! O texto nos diz: “Então chegaram-se a Moshe os oficiais que estavam sobre os milhares do exército, os chefes de mil e os chefes de cem; e disseram a Moshe: Teus servos tomaram a soma dos homens de guerra que estiveram sob as nossas ordens; e não falta nenhum de nós. Por isso trouxemos uma oferta ao Senhor, cada um o que achou, objetos de ouro, cadeias, ou manilhas, anéis, arrecadas, e colares, para fazer expiação pelas nossas almas perante o IHVH. Assim Moshe e Eleazar, o sacerdote, receberam deles o ouro, sendo todos os objetos bem trabalhados. E foi todo o ouro da oferta alçada, que ofereceram ao IHVH, dezesseis mil e setecentos e cinqüenta siclos, dos chefes de mil e dos chefes de cem” (Nm 31:48-52). O total da oferta foi de 16.750 siclos. Isso equivaleria a um peso de 241,4 Kg em ouro! O cálculo aproximado do valor em reais seria de R$ 5.793.600,00! Esta oferta foi tomada dentro um montante de 12.000 homens que foram à guerra contra os midianitas! Novamente somos ensinados que as nossas ofertas não podem ser dadas de qualquer forma, mas sim num espírito de profunda gratidão ao Eterno pelos benefícios que Ele nos tem dado! Esta oferta foi dada justamente pela gratidão que aqueles homens sentiam em seus corações por não haver morrido nenhum judeu na batalha! É certo que não há qualquer quantia em dinheiro que “pague” por uma vida perdida! E é justamente por isso que eles estão ofertando ao Senhor, pois a alegria deles é tão grande que tal quantia lhes parece nada em vista da grandiosidade daquilo que o Eterno já estava fazendo por eles!

O texto a seguir nos fala sobre o pedido das tribos de Rubem e Gade quanto à sua herança e possessão. “E os filhos de Rúben e os filhos de Gade tinham gado em grande quantidade; e viram a terra de Jazer, e a terra de Gileade, e eis que o lugar era lugar de gado. Vieram, pois, os filhos de Gade, e os filhos de Rúben e falaram a Moshe e a Eleazar, o sacerdote, e aos chefes da congregação, dizendo: Atarote, e Dibom, e Jazer, e Ninra, e Hesbom, e Eleale, e Sebã, e Nebo, e Beom, a terra que o IHVH feriu diante da congregação de Israel, é terra para gado, e os teus servos têm gado. Disseram mais: Se achamos graça aos teus olhos, dê-se esta terra aos teus servos em possessão; e não nos faças passar o Jordão” (Nm 32:1-5). Os rubenitas e os gaditas perceberam que aquele local em que se encontravam tinha muito a ver com eles; houve uma empatia imediata entre eles e a terra onde estavam! Esta é a razão principal porque eles fizeram esse pedido a Moshe. No verso 5 eles dizem assim: “dê-se esta terra aos teus servos em possessão”. A palavra “terra” em hebraico é erets que significa “terra, cidade, mundo”. Esta palavra acompanhada do artigo definido “a” será usada para designar a terra prometida à Abraão e aos seus descendentes. Já a palavra “possessão” vem do termo hebraico ´ahuzzâ e significa “possessão, propriedade”. Na realidade, aqueles homens consideravam que a terra onde estavam já era para eles Canaã – também porque estavam na fronteira que lhes permitiria entrar na Canaã conhecida da época – e isso para eles bastava, pois aquele local lhes era favorável inclusive pelo fato de eles serem pastores e terem muito gado!

A resposta de Moshe é enfática quanto ao pedido deles: “Porém Moshe disse aos filhos de Gade e aos filhos de Rúben: Irão vossos irmãos à peleja, e ficareis vós aqui? Por que, pois, desencorajais o coração dos filhos de Israel, para que não passem à terra que o IHVH lhes tem dado? Assim fizeram vossos pais, quando os mandei de Cades-Barnéia, a ver esta terra. Chegando eles até ao vale de Escol, e vendo esta terra, desencorajaram o coração dos filhos de Israel, para que não entrassem na terra que o IHVH lhes tinha dado. Então a ira do IHVH se acendeu naquele mesmo dia, e jurou dizendo: Que os homens, que subiram do Egito, de vinte anos para cima, não verão a terra que jurei a Abraão, a Isaque, e a Jacó! porquanto não perseveraram em seguir-me; exceto Calebe, filho de Jefoné o quenezeu, e Josué, filho de Num, porquanto perseveraram em seguir ao IHVH. Assim se acendeu a ira do IHVH contra Israel, e fê-los andar errantes pelo deserto quarenta anos até que se consumiu toda aquela geração, que fizera mal aos olhos do IHVH. E eis que vós, uma geração de homens pecadores, vos levantastes em lugar de vossos pais, para ainda mais acrescentar o furor da ira do IHVH contra Israel. Se vós vos virardes de segui-lo, também ele os deixará de novo no deserto, e destruireis a todo este povo” (Nm 32:6-15). Moshe demonstra ao povo, através de sua argumentação, que a postura deles é semelhante à de seus antepassados no deserto, pois eles haviam feito com que o povo de Israel não cresse na promessa que o Eterno havia feito à seus pais. Isso demonstra que é no deserto que se descobre o que há no coração do homem! Os espias que foram enviados para observar a terra voltaram com notícias desanimadoras, com uma única exceção: Calebe e Josué. Eles provocaram o Eterno à ira e fizeram com que muitos de seus irmãos morressem sem sequer verem a promessa justamente por causa de sua incredulidade! Moshe chama os gaditas e rubenitas de “uma geração de homens pecadores, vos levantastes em lugar de vossos pais, para ainda mais acrescentar o furor da ira do IHVH contra Israel”. Aqui a palavra “pecadores” vem do termo hebraico hatta´ e significa “pecador, pecaminoso”. A raiz hatta significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. Um outro detalhe aqui é que a palavra que define o Eterno em hebraico é IHVH! Isso nos demonstra que Moshe não queria que estes homens se igualassem à seus antepassados “errando o caminho, tornando-se culpados diante do Eterno”, pois caso assim fizessem o mesmo D-us se tornaria para eles em juízo e morte! O padrão para eles aqui é totalmente novo, pois não devem fazer o que seus antepassados fizeram de errado, mas levar adiante os projetos do Eterno e então poderão retornar e se estabelecerem ali!

Percebemos que, após este diálogo entre eles, a reposta daqueles homens já reflete a sua atitude e o seu coração para obedecer ao Eterno. “Então chegaram-se a ele, e disseram: Edificaremos currais aqui para o nosso gado, e cidades para as nossas crianças; porém nós nos armaremos, apressando-nos adiante dos de Israel, até que os levemos ao seu lugar; e ficarão as nossas crianças nas cidades fortes por causa dos moradores da terra. Não voltaremos para nossas casas, até que os filhos de Israel estejam de posse, cada um, da sua herança. Porque não herdaremos com eles além do Jordão, nem mais adiante; porquanto nós já temos a nossa herança aquém do Jordão, ao oriente” (Nm 32:16-19). A proposta dos gaditas e rubenitas é que os seus familiares e pertences fiquem ali e eles – os homens de guerra – partam juntamente com o restante do povo até o momento em que toda a nação se instale na terra. Quando isso acontecer, então eles retornarão para a sua possessão e ali descansarão. Prevaleceu aqui o senso de unidade entre o povo; eles já não pensavam somente em seu próprio benefício, mas no benefício de toda uma coletividade; quando todos estivessem bem, eles então retornariam e se apossariam daquilo que o Eterno lhes dava agora!

        A proposta deles agrada não somente a Moshe mas também ao povo e ao Eterno. As palavras de Moshe são a confirmação disso: “Então Moshe lhes disse: Se isto fizerdes assim, se vos armardes à guerra perante o Senhor; e cada um de vós, armado, passar o Jordão perante o IHVH, até que haja lançado fora os seus inimigos de diante dele, e a terra esteja subjugada perante o IHVH; então voltareis e sereis inculpáveis perante o IHVH e perante Israel; e esta terra vos será por possessão perante o IHVH; e se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o IHVH; e sabei que o vosso pecado vos há de achar. Edificai cidades para as vossas crianças, e currais para as vossas ovelhas; e fazei o que saiu da vossa boca. Então falaram os filhos de Gade, e os filhos de Rúben a Moshe, dizendo: Como ordena meu senhor, assim farão teus servos” (Nm 32:20-25). Agora Moshe fala ao povo – gaditas e rubenitas – que caso eles cumpram aquilo que estão dizendo eles retornariam e seriam inculpáveis diante do Eterno e diante da própria nação, pois assim tanto o Senhor quanto seus irmão nada teriam a falar mal sobre a sua atitude; pelo contrário eles seriam reconhecidos como homens que mantiveram sua palavra e sua postura até o final!

Novamente percebemos que o senso de integridade e justiça – que eles estavam recebendo justamente por causa do Torah – permeia o povo de D-us em sua caminhada rumo à Canaã. Há um temor muito grande nos corações dos israelitas e percebemos pelas palavras dos gaditas e rubenitas que não há uma intenção de pecar deliberadamente contra o Eterno! Eles estão muito preocupados em obedecer ao Senhor e também preocupam-se com a integridade de seus irmãos israelitas. Mesmo não sendo ainda uma nação eles já agem como se já fossem uma nação! Há um “espírito nacionalista” entre eles muito forte e as palavras dos gaditas e rubenitas demonstram isso quando dizem: “Então falaram os filhos de Gade, e os filhos de Rúben a Moshe, dizendo: como ordena meu senhor, assim farão teus servos. As nossas crianças, as nossas mulheres, o nosso gado, e todos os nossos animais estarão aí nas cidades de Gileade. Mas os teus servos passarão, cada um armado para a guerra, a pelejar perante o IHVH, como tem falado o meu Senhor” (Nm 32:25-27).

Assim Israel continuou em seu processo de conquistas e no estabelecimento da nação na terra de Canaã. Para que tudo isso ocorresse e tivesse um resultado satisfatório eles tiveram de abrir mão de alguns de seus “direitos” e pensarem num primeiro momento na nação, para após poderem então pensar neles mesmos. Prevaleceu então a obediência dos israelitas à palavra do Senhor e também a liderança de Moshe que mesmo nos últimos momentos de sua vida terrena ainda continua a liderar o povo de Israel com o mesmo amor e a mesma firmeza que fizeram dele o maior líder do povo judeu em todos os tempos!

Que o Eterno nos ajude a sermos coerentes e andarmos em unidade com Ele e com o seu povo!

Que assim seja!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno

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