Mário Moreno/ novembro 24, 2017/ Parasha da semana

Vayetse

(Ele sai)

Gn 28.10–32.3 / Os 12:13-14:10 / Jo 1:19-51

Durante sua ida da casa de seus pais em Bersheva à casa de Lavan em Charan, Ia´aqov acampa para passar a noite num local que mais tarde chamará de Bet El. A Torá declara que ele pegou algumas pedras, colocou-as ao redor da cabeça, e foi dormir (Bereshit 28:11). Rashi observa que as pedras serviram para proteger Ia´aqov dos animais selvagens, esta explicação apresenta uma dúvida: por que Ia´aqov não camuflou todo seu corpo com pedras? Por que rodeou apenas a cabeça?

A viagem de Ia´aqov de Bersheva a Charan pode ser entendida como um modelo para a jornada da vida. Que todos comecemos nossa vida em Bersheva, um lar caloroso e acolhedor, e mais ainda, um oásis para o crescimento moral e espiritual. Chega a hora, entretanto, quando o cordão umbilical é cortado e devemos enfrentar o mundo “real” com todos seus desafios e obstáculos. A palavra Charan está associada à palavra hebraica charon, que significa “raiva”. É uma metáfora para o mundo em geral, onde o materialismo luta com a espiritualidade e “enfurece” D’us.

Ia´aqov sabia que se envolveria em assuntos mundanos e materiais. Ele, e nós também, não temos outra escolha senão fazê-lo. Entretanto, ele resolveu proteger-se para não ficar obcecado e envolvido nestes assuntos, pois eles levam a um comportamento imoral e decadente.

Ia´aqov desejava expor suas mãos e pés a Charan, mas não sua cabeça.

Fisicamente ele faria tudo que fosse necessário para funcionar e mesmo ter sucesso no mundo secular, repleto de animais de todas as formas e tamanhos, mas sua paixão e amor pela Torá e pelo desenvolvimento espiritual seria sempre preservado e cultivado.

Nesta Porção da Torah estaremos estudando sobre Ia´aqov e sua ida à casa de sua parentela a fim de casar-se com uma mulher de sua descendência. Veremos também como o Eterno o abençoou grandemente, pois Ia´aqov chega à sua parentela sem nenhum bem e sai do meio deles rico! Isto é o que nos espera em nossa “viagem” pela Escritura nesta porção!

A aventura de Ia´aqov tem início com um sonho: ele pára a fim de descansar e dormir em sua caminhada ao seu destino quando, de repente, Ia´aqov tem um sonho que muda a sua vida: “E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os mensageiros de D-us subiam e desciam por ela; e eis que o Senhor estava em cima dela, e disse: Eu sou o Senhor D-us de Avraham teu pai, e o D-us de Itshaq; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; e a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; e eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado” (Gn 28:12-15).

        Tudo começa com um sonho… É interessante notarmos que a metodologia do Eterno é muitas vezes diferente da nossa em muitos aspectos. Aqui Ele dá a Ia´aqov sua Palavra através de um sonho que o acompanharia durante toda a sua vida dando-lhe a certeza de que o Criador estaria sempre guiando seus passos por onde quer que ele fosse! A palavra “sonho” é halam e significa “sonhar”. Sua raiz vem de halam, que significa “ser forte, saudável”. Aqui aprendemos o quão necessários são os sonhos! São eles que alimentam nossa vida trazendo-nos a força e tornando-nos saudáveis! E os melhores sonhos são justamente aqueles que nos são dados pelo Eterno! Quando isso acontece, nós sonhamos os sonhos de D-us e isso torna nossa vida plena de esperança, pois sabemos que estes sonhos realmente se tornarão realidade!

Mas não é só isso: no sonho de Ia´aqov havia uma escada! A palavra “escada” em hebraico é sullan. Ela vem da raiz salal que significa “erguer, amontoar, exaltar”. Ia´aqov no sonho vê os mensageiros de D-us (malak Elohim – mensageiros do Criador) subindo e descendo por ela. Nós sabemos que os mensageiros são mensageiros de D-us e tem a tarefa de nos trazerem os recados do Eterno a fim de que possamos ser melhor guiados em nossa vida aqui na terra, além de também nos guardarem de males que nos são invisíveis e de perigos maiores que sozinhos não teríamos condições de enfrentar.

O Eterno através da escada fala a Ia´aqov sobre aquilo que Ele mesmo fará com ele. A escada fala-nos sobre a exaltação, o erguimento que viria à vida de Ia´aqov num futuro bem próximo! Note que o próprio Criador está no alto da escada (lugar de sua habitação) e que Ele mesmo fala com Ia´aqov dizendo-lhe aquilo que muito em breve acontecerá em sua vida. A presença dos mensageiros apenas anuncia que o Senhor está ali (e também presente no dia-a-dia de Ia´aqov), além de enviar também seus emissários a fim de cumprirem suas ordens na vida do próprio Ia´aqov.

Agora, a palavra do Senhor para Ia´aqov é de identificação e de promessa. Primeiro e Eterno diz ser IHVH – Eu me torno aquilo que me torno – Ele se tornaria para Ia´aqov o socorro em cada uma de suas necessidades. Ele ainda afirma que a terra (erets – “terra, país”) na qual ele se encontrava deitado, seria dada à sua semente – zerá, “descendência física” – em possessão. O Eterno não promete a Ia´aqov apenas um pequeno terreno ao redor de onde ele está, mas sim um país inteiro, onde os seus descendentes viriam para ali habitar. O interessante é que esta palavra (erets) na Escritura seria usada para designar a terra de Israel! Isso nos mostra que desde já o Eterno via em Ia´aqov a nação de Israel! O Senhor via aquilo que ainda não existia, mas que, no decorrer dos anos seria manifesto na terra aquilo que já era uma realidade no céu!

Agora vem a promessa daquilo que o Eterno faria à descendência de Ia´aqov: “E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 28:14). O Senhor nos informa que a descendência de Ia´aqov seria como o pó da terra. A palavra “pó” em hebraico é apar que significa “poeira, terra chão, cinzas, argamassa”. E a Escritura completa dizendo que seriam pó da terra (erets)! Isso nos mostra duas coisas: a primeira é que os descendentes de Ia´aqov formariam a base da nação israelita, pois eles seriam como o “cimento” ou a “argamassa” que uniria a nação como um todo. O Eterno já apontava para os descendentes de Ia´aqov e para as doze tribos como o sustentáculo da nação que nasceria de seus próprios filhos! Outra coisa é que eles seriam tão numerosos como a poeira! Esta palavra nos fala do milagre que o Eterno faria a fim de multiplicar seu povo como a poeira que se encontra no chão. Pense em algo interessante: o Eterno já dizia que assim como a poeira o povo judeu estaria em todo o lugar da terra! E isso hoje é uma realidade!

O Eterno ainda diz a Ia´aqov que “…na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra”. Os descendentes físicos de Ia´aqov (zerá) trariam sobre a terra (adamah – “solo, terra, homem”) a bênção do Eterno! Isto nos informa que através dos judeus o Eterno estaria dando à cada homem, juntamente com sua família, poder para ser próspero, bem-sucedido e fecundo! Este é o verdadeiro significado da palavra bênção – barak – em hebraico!

O complemento do texto nos diz mais detalhadamente como seria isso: “E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado” (Gn 28:15). O Senhor estaria presente na vida e nos caminhos de Ia´aqov para guardá-lo. A palavra aqui no hebraico é shamar e significa “guardar, cuidar, observar, prestar atenção”. A idéia da raiz é “exercer grande poder sobre”.  Isso nos fala sobre a atitude do Eterno para com Ia´aqov que seria de acompanhá-lo cuidadosamente em todos os D-us caminhos, porém sempre exercendo seu poder sobre sua vida, deixando assim claro àqueles que estariam juntamente com ele que a presença e a aprovação do Eterno estariam sempre presentes em sua vida. E isso seria tão claro e óbvio que Ele ainda o faria voltar àquela terra onde o Eterno lhe aparecera a fim de herdá-la perpetuamente! Ia´aqov tinha do Eterno aquilo que todo o homem gostaria de receber: uma palavra certa e segura de que Ele jamais o abandonaria! “…porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado…

Quando Ia´aqov acorda, ele percebe aquilo que lhe acontecera e faz uma declaração tremenda: “E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de D-us; e esta é a porta dos céus” (Gn 28:17). Ia´aqov fala sobre o local como sendo “a casa de D-us”. Em hebraico é bayît, “casa, lar, local, templo”. Esta palavra é usada no sentido de “habitação”. E o nome do Eterno aqui é Elohim – o D-us Criador – que vem para reafirmar sua aliança com Ia´aqov. Note que o lugar onde o Eterno se manifestou não era um templo físico! O Eterno veio àquele lugar por causa de Ia´aqov! Não importava o que ali havia, mas sim quem ali estava! O Eterno não se importa com locais suntuosos e belos, mas sim com pessoas a quem Ele precisa sensibilizar e trazer novamente a sua presença sobre elas a fim de anunciar-lhes suas palavras!

Foi justamente por causa desta experiência que Ia´aqov deu o nome de Betel àquele lugar. “E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome porém daquela cidade antes era Luz” (Gn 28:19). A palavra Betel é um composto de bayît + Elohim = bet El = Betel. Veja que os prefixos das palavras foram usados a fim de formar-se uma nova palavra com o mesmo significado: “Casa de D-us [Criador]”.

Aquele lugar onde Ia´aqov tivera seu encontro com o Eterno chamava-se outrora Luz. A palavra luz em hebraico significa “apartar-se, desviar-se. Ela vem de uma raiz lazut, que significa afastamento, desonestidade, tortuosidade”. Isso condiz muito bem com a atual condição de Ia´aqov, pois seu nome significa suplantador, enganador. Em Luz, Ia´aqov parece ter sua “parada” ideal, pois ali ele estaria se desviando dos propósitos do Eterno – se não houvesse uma intervenção do mesmo para mudar a situação. Isso nos mostra que quando chegamos à Luz, o Eterno então intervém em nossas vidas para mudar os rumos de nossa caminhada! Aqui já o Eterno mostrava a Ia´aqov que muito em breve sua atual condição de suplantador, enganador para um príncipe de D-us!

Agora, após esta série de acontecimentos na vida de Ia´aqov, ele faz um voto ao Eterno dizendo: “E Ia´aqov fez um voto, dizendo: Se D-us for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por D-us; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de D-us; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” (Gn 28:20-22). Notemos que aquilo que Ia´aqov pede é justamente o básico para a vida quotidiana: ser guardado pelo Eterno, ter o pão diário e o vestido com que se cobrir. Agora um outro elemento é acrescentado: “em paz tornar à casa de meu pai”. Esta palavra “paz” em hebraico é shalom e significa “paz, prosperidade, bem, saúde, inteireza e segurança”. Se isso se cumprisse em sua vida, então o Senhor (IHVH) seria e seu D-us (Elohim). Ia´aqov pede ao Eterno que sua vida seja pautada justamente por estas coisas: paz, prosperidade, bem, saúde, inteireza e segurança! E ainda acrescenta: “…e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”. Veja que não há uma condição para Ia´aqov dar o dízimo, mas sim um desejo de seu coração para que as coisas assim sucedam! Ia´aqov já havia aprendido com seu pai que o dízimo era uma atitude muito importante para que sua vida pudesse ser bem-sucedida! Quando desejamos shalom à alguém nós estamos ministrando à essa pessoa paz, prosperidade, bem, saúde, inteireza e segurança! Isso, não somente com o intuito de que essa pessoa tenha aparentemente a prosperidade que é reconhecida pelos homens, mas também que ela tenha dentro de si uma postura tal que quando o Eterno cumprir isso em sua vida, seja em conseqüência de sua obediência em todos os caminhos pelos quais esta pessoa andou! Novamente queremos enfatizar que a prosperidade de Ia´aqov somente foi possível por causa de sua obediência às instruções do Eterno para sua vida! Sem obediência não há como alcançar o favor do Eterno!

Agora, a Escritura nos informa que Ia´aqov chega ao seu destino, à casa de Labão, seu tio. Quando ele se depara com os servos de Labão e depois com Rachel, seu coração exulta de alegria. “E aconteceu que, vendo Ia´aqov a Rachel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou Ia´aqov, e revolveu a pedra de sobre a boca do poço e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe. E Ia´aqov beijou a Rachel, e levantou a sua voz e chorou” (Gn 29:10-11).

Após ente encontro, hás ainda o encontro de Ia´aqov com, Labão, que o reconhece como parte de sua família: “E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de Ia´aqov, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o, e levou-o à sua casa; e ele contou a Labão todas estas coisas. Então Labão disse-lhe: Verdadeiramente és tu o meu osso e a minha carne. E ficou com ele um mês inteiro” (Gn 29:13-14). Isso causou uma grande alegria entre os familiares. Agora eles tinham a oportunidade de conhecer a Ia´aqov. E ele ficou com Labão e certamente foi se familiarizando com todas as coisas e já se colocou à disposição para trabalhar com seu tio. Isso impressionou a Labão que lhe diz o seguinte: “Depois disse Labão a Ia´aqov: Porque tu és meu irmão, hás de servir-me de graça? Declara-me qual será o teu salário” (Gn 29:15). Notemos que o Eterno dá a Ia´aqov a oportunidade de estipular quais seriam seus ganhos a por quanto ele trabalharia mensalmente. E isto só foi possível por causa da obediência de Ia´aqov que moveu a mão do eterno a fim de que Ele pusesse na boca de Labão estas palavras!

Agora Ia´aqov diz aquilo que está em seu coração: “E Ia´aqov amava a Rachel, e disse: Sete anos te servirei por Rachel, tua filha menor” (Gn 29:18). Ia´aqov mesmo estipula o tempo pelo qual ele trabalhará a fim de casar-se com Rachel, sua prima. Ele fala sobre sete anos, e isso nos mostra que ele haveria de fechar um ciclo, completar um período para então poder possuir aquilo que estava em seu coração: Rachel! Quando se cumpriram os sete anos que Ia´aqov determinou, então veio o tempo do casamento e o que aconteceu foi isso: “E disse Ia´aqov a Labão: Dá-me minha mulher, porque meus dias são cumpridos, para que eu me case com ela. Então reuniu Labão a todos os homens daquele lugar, e fez um banquete. E aconteceu, à tarde, que tomou Leah, sua filha, e trouxe-a a Ia´aqov que a possuiu. E Labão deu sua serva Zilpa a Leah, sua filha, por serva. E aconteceu que pela manhã, viu que era Leah; pelo que disse a Labão: Por que me fizeste isso? Não te tenho servido por Rachel? Por que então me enganaste?” (Gn 29:21-25). Ia´aqov trabalha por Rachel mas casa-se com Leah! Isso porque o costume local era dar em casamento primeiro a filha mais velha e depois a mais nova! Por não ter lhes perguntado sobre seus costumes, Ia´aqov então recebe como esposa a Leah. E quando ele “acorda” de sua noite de núpcias, o que pergunta a Labão? “…Não te tenho servido por Rachel? Por que então me enganaste?” A palavra “enganar” em hebraico é ramâ e significa “iludir, enganar, desorientar”. Veja que Ia´aqov fala sobre sua própria atitude no passado para com seu irmão Esaú! Ia´aqov, que nos passado enganara seu irmão por duas vezes, aproveitando-se de suas fraquezas, agora recebe na mesma medida de seu tio Labão! Novamente somos ensinados que “aquilo que plantarmos, isso colheremos”. Essa é uma lei espiritual válida ainda para os nossos dias!

Após as devidas explicações, Ia´aqov então se “conforma” com sua situação e volta ao trabalho, a fim de “pagar” por Rachel! Ia´aqov cumpre a semana de Leah e então recebe por mulher a Rachel, a quem ama com todas as suas forças! O que acontece então é tremendo: “E Ia´aqov fez assim, e cumpriu a semana de Leah; então lhe deu por mulher Rachel sua filha. E Labão deu sua serva Bila por serva a Rachel, sua filha. E possuiu também a Rachel, e amou também a Rachel mais do que a Leah e serviu com ele ainda outros sete anos. Vendo, pois, o Senhor que Leah era desprezada, abriu a sua madre; porém Rachel era estéril” (Gn 29:28-31).

O que estava acontecendo aqui? Ia´aqov amava tanto a Rachel que passou a desprezar a Leah e isso não foi bom aos olhos do Eterno. Ia´aqov recebera aquilo que lhe era de direito! Ele havia plantado e agora recebera os frutos de suas atitudes anteriores. Por não agir corretamente com Leah, o Eterno então faz com que Rachel se já estéril. Aqui tem início uma grande luta de Ia´aqov com suas esposas a fim de gerar seus filhos!

O primeiro nascimento ocorrido na família de Ia´aqov foi de seu filho Rúben. “E concebeu Leah, e deu à luz um filho, e chamou-o Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha aflição, por isso agora me amará o meu marido” (Gn 29:32). A palavra “conceber” em hebraico é harâ e significa “conceber, ser progenitora”. Isso nos dá a medida daquilo que estava acontecendo entre as irmãos Leah e Rachel. Quando Leah dá à luz à esta criança, seu nome reflete o seu momento e também o seu desejo: Rúben significa “Eis um filho” ou também “[IHVH] viu a minha aflição”. Novamente percebemos que havia uma disputa “interna” na família de Ia´aqov para dar-lhe filhos. Isso ocorria entre as duas irmãs que “disputavam” o amor de seu marido. A palavra “atender” em hebraico é ra’a e seria melhor traduzida por “ver, olhar, inspecionar”. Isso nos mostra que o Eterno olhou para Leah e tornou-se para ela seu maior desejo: a concepção de um filho!

Primeiro aconteceu do Eterno olhar para Leah, agora outra coisa acontece: “E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, e deu-me também este. E chamou-o Simeão” (Gn 29:33). Novamente Leah engravida e concebe, dando à Ia´aqov outro filho cujo e em cuja situação está o reflexo daquilo que se passa entre eles: Leah diz que IHVH ouviu-a A palavra traduzida por “ouvir” é shama e significa “ouvir, escutar”. Naturalmente a criança recebe o nome de Simeão, que significa ouvindo! Isso demonstra que o Eterno continua ouvindo o clamor de Leah quanto à sua vida conjugal e que a resposta do Eterno é um outro filho!

Mas as bênçãos de Leah não terminam aí: “E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Por isso chamou-o Levi” (Gn 29:34). Agora a esperança de Leah é que Ia´aqov esteja definitivamente junto à ela! Os filhos que Leah dá a Ia´aqov ainda não conseguiram trazer o amor dele para ela! Ainda há no coração de Ia´aqov a preferência por sua irmã Rachel! E isso fica claro pelos nomes que Leah põe em seus filhos. O último, Levi, significa junto, refletindo sua esperança de ter seu marido junto de si.

Agora já há uma mudança na postura de Leah quanto à sua relação com seu marido: “E concebeu outra vez e deu à luz um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso chamou-o Judá; e cessou de dar à luz” (Gn 29:35). Agora percebemos que na fala de Leah há algo de diferente! Ela diz louvarei ao Senhor! A palavra “louvar” em hebraico é yadâ e significa “confessar, louvar, dar graças, agradecer”. A palavra enfatiza “reconhecimento” e a “declaração de um fato” seja ele bom ou mau. Aqui Leah fala sobre seu reconhecimento de quem é o Eterno! Ela confessa, louva, dá graças, agradece ao Senhor (IHVH – Aquele que se torna aquilo que ela precisa) por mais este filho! O nome que a criança recebe é também muito sugestivo: Judá (Yehudá) que significa louvor! Esta palavra vem da raiz yahad que significa “tornar-se judeu”. Este filho prenuncia quem seria o povo escolhido do Eterno e também o seu nome!

Então tem início uma nova fase na vida da família de Ia´aqov: “Vendo Rachel que não dava filhos a Ia´aqov, teve inveja de sua irmã, e disse a Ia´aqov: Dá-me filhos, se não morro. Então se acendeu a ira de Ia´aqov contra Rachel, e disse: Estou eu no lugar de D-us, que te impediu o fruto de teu ventre?” (Gn 30:1-2). Aqui fica claro que Rachel pensa que o problema está na vontade de Ia´aqov em ter uma filho através dela! Ia´aqov lhe responde de maneira taxativa: “… Estou eu no lugar de D-us…” A palavra aqui para D-us é Elohim – O Criador. Ia´aqov sabia que humanamente nada poderia ser feito por Rachel, e caso não houvesse uma intervenção do eterno sobre ela, seria impossível haver a concepção e a geração de filhos!

Rachel então age de forma a tentar “ajudar” ao Eterno: ela dá a Ia´aqov sua serva Bila para que conceba em seu lugar! “Assim lhe deu a Bila, sua serva, por mulher; e Ia´aqov a possuiu” (Gn 30:4). Bila aqui ocupa o lugar de Rachel na tenda deles como sua esposa! A criada tem o privilégio de coabitar com seu senhor e desta relação nasce um filho: “Então disse Rachel: Julgou-me D-us, e também ouviu a minha voz, e me deu um filho; por isso chamou-lhe Dã” (Gn 30:6). Rachel reconhece que está sendo “julgada” pelo Eterno com o nascimento deste filho, por isso seu nome é , que significa juiz.

E novamente Bila faz as vezes de sua patroa e novamente concebe. Desta vez é sob outra perspectiva que Rachel enxerga isso: “Então disse Rachel: Com lutas de D-us tenho lutado com minha irmã; também venci; e chamou-lhe Naftali” (Gn 30:8). Aqui a palavra D-us é Elohim e demonstra que seu conflito com o Criador ainda não acabou! E o nome da criança é Naftali que significa lutando!

Agora vemos a reação de Leah quanto à atitude de Rachel: ela também dá à seu marido sua serva Zilpa a fim de que ela também conceba. “Vendo, pois, Leah que cessava de ter filhos, tomou também a Zilpa, sua serva, e deu-a a Ia´aqov por mulher” (Gn 30:9). Novamente a serva da esposa de Ia´aqov assume o papel de esposa a fim de gerar filhos para Ia´aqov. O que aconteceu foi que Zilpa engravida e dá à luz a um filho. “Então disse Leah: Afortunada! e chamou-lhe Gade” (Gn 30:11). Leah vislumbra o ocorrido e chama-a afortunada (sortuda) pois ela concebe rapidamente à um filho. E o seu nome é Gade, que significa fortuna (sorte). Novamente Zilpa concebe e dá a Ia´aqov outro filho: “Depois deu Zilpa, serva de Leah, um segundo filho a Ia´aqov. Então disse Leah: Para minha ventura; porque as filhas me terão por bem-aventurada; e chamou-lhe Aser. (Gn 30:12-13). A alegria de Leah é incontida, pois Zilpa dá outro filho a Ia´aqov e por isso seu nome é Aser, que significa feliz!

Nasce outro filho a Leah. Ela diz o seguinte: “E ouviu Elohim a Leah, e concebeu, e deu à luz um quinto filho” (Gn 30:17). A palavra traduzida por “ouvir” é shama e significa “ouvir, escutar”. Novamente, o nome de seu filho demonstra o que ele significa para ela. “Então disse Leah: D-us me tem dado o meu galardão, pois tenho dado minha serva ao meu marido. E chamou-lhe Issacar” (Gn 30:18). Leah considerava que Elohim – o D-us Criador – estava lhe recompensando através de sua serva – que fazia também o papel de esposa de Ia´aqov – e então chamou ao menino Issacar, que significa galardão. O Eterno ainda continua a dar a Leah filhos. O próximo filho que ela tem é Zebulom. Essa criança mostra a esperança que Leah tinha de que seu marido habitasse com ela! O que havia no coração de Ia´aqov era justamente uma divisão de seu amor para com suas esposas. Porém, Ia´aqov ainda amava Rachel muito mais do que Leah…

Suas palavras são estas: “E disse Leah: Elohim me deu uma boa dádiva; desta vez morará o meu marido comigo, porque lhe tenho dado seis filhos. E chamou-lhe Zebulom” (Gn 30:20). E como complemento teve também uma filha, à qual colocou o nome de Diná. “E depois teve uma filha, e chamou-lhe Diná” (Gn 30:21). O nome Diná vem da raiz hebraica din que significa “julgar”. Diná significa “julgada”. Leah sabe que tudo o haveria de acontecer-lhe já tinha ocorrido e os filhos que tivera serviam como marcos em sua vida e em seu relacionamento com Ia´aqov. Ela bem sabia que poderia dar à Ia´aqov todos os filhos que pudesse, porém ela nunca iria conquistar de fato o seu coração como havia feito sua irmã Rachel.

Neste ponto, Ia´aqov já está com onze filhos. Parece um número até exagerado, mas para os planos de D-us ainda falta algo. Este é o momento em que o Eterno se lembra de Rachel e atende ao seu clamor. “E lembrou-se Elohim de Rachel; e Elohim a ouviu, e abriu a sua madre” (Gn 30:22). A palavra “lembrar-se” em hebraico é zakar e significa “pensar, meditar, dar atenção a, recordar”. A palavra D-us em hebraico aqui é Elohim – o D-us Criador. Percebemos que o próprio Criador se manifesta à Rachel abrindo-lhe a madre a fim de que ela pudesse conceber. O Eterno interveio em sua vida e o resultado dessa intervenção aparece de forma esplêndida: “E chamou-lhe Iosef, dizendo: O Senhor me acrescente outro filho” (Gn 30:24). O nome dado à Iosef é sugestivo, pois fala sobre sua ansiedade em ter outros filhos. O nome Iosef significa “acrescentar, aumentar”.

Neste ponto terminam os nascimentos dos filhos de Ia´aqov e tem início o período de regresso da família para a terra que o Eterno havia prometido dar à Ia´aqov e aos seus descendentes.

Ia´aqov pleiteia com Labão sua “liberdade” e também a de sua família. “Dá-me as minhas mulheres, e os meus filhos, pelas quais te tenho servido, e ir-me-ei; pois tu sabes o serviço que te tenho feito” (Gn 30:26). Para Labão, esta palavra de Ia´aqov não é muito boa, pois ele mesmo tem sido extremamente abençoado e tem enriquecido muito por causa de Ia´aqov. Labão tentará defender seus interesses pessoais à todo o custo a fim de não perder esta maravilhosa “fonte” de bênçãos que tem em suas terras consigo!

Sua argumentação é a seguinte: “Então lhe disse Labão: Se agora tenho achado graça em teus olhos, fica comigo. Tenho experimentado que o Senhor me abençoou por amor de ti” (Gn 30:27). As palavras de Labão refletem aquilo que ele tem experimentado. Ele diz que o Senhor – IHVH – Aquele que se torna aquilo que ele precisa, o tem abençoado – barak – que em hebraico significa “dar poder à alguém para ser próspero, bem-sucedido e fecundo”. Labão tem a perfeita consciência de que o Eterno tem lhe dado muitas riquezas justamente por causa de Ia´aqov! Ele inclusive usa o nome do Eterno que fala sobre tornar-se aquilo que o homem precisa a fim de ser suprido, pois ele bem sabe o que ele tem feito a Ia´aqov e como, mesmo assim, o Eterno lhe tem abençoado!

Após uma conversa entre eles fica estabelecido o novo “salário” de Ia´aqov para seu trabalho: “E disse mais: Determina-me o teu salário, que to darei. Então lhe disse: Tu sabes como te tenho servido, e como passou o teu gado comigo. Porque o pouco que tinhas antes de mim tem aumentado em grande número; e o Senhor te tem abençoado por meu trabalho. Agora, pois, quando hei de trabalhar também por minha casa? E disse ele: Que te darei? Então disse Ia´aqov: Nada me darás. Se me fizeres isto, tornarei a apascentar e a guardar o teu rebanho; passarei hoje por todo o teu rebanho, separando dele todos os salpicados e malhados, e todos os morenos entre os cordeiros, e os malhados e salpicados entre as cabras; e isto será o meu salário. Assim testificará por mim a minha justiça no dia de amanhã, quando vieres e o meu salário estiver diante de tua face; tudo o que não for salpicado e malhado entre as cabras e moreno entre os cordeiros, ser-me-á por furto. Então disse Labão: Quem dera seja conforme a tua palavra” (Gn 30:28-34). Então vejamos: o salário de Ia´aqov seriam os animais salpicados, malhados e morenos (marrons)! Ia´aqov então determina que este seria seu salário e tudo o que nascesse com esta aparência de agora por diante lhe seria por pagamento!

Versículo 30:30

Mas quando farei algo por mim mesmo?

GENEROSO ATÉ DEMAIS

Rabi Yossef Yitschoc de Lubavitch disse certa vez:

Houve uma época em que se costumava dizer a verdade. E isto funcionava.

Certa vez um homem de negócios chassid procurou meu avô, Rabi Shmuel de Lubavitch. Este era um homem que sempre mantinha os livros Portais de Luz e O Portal da Fé no bolso do paletó, e era fluente em ambos.

Durante sua audiência privada com Rabi Shmuel, o último inquiriu-lhe a respeito de seus compromissos diários. “O que faz antes das preces matinais?”, perguntou o Rebe.

O chassid replicou que estudava os conceitos Divinos que são expostos nos ensinamentos do chassidismo, e então meditava sobre eles, tanto durante, como depois das preces. O Rebe continuou a conferir todo o dia do chassid: cada minuto disponível era ocupado da mesma forma, buscando o Divino.

“E a leitura do Shemá antes de dormir?”, finalizou o Rebe. Nesta hora, o chassid também pensava em chassidut.

“Então você está sempre pensando em D’us,” disse o Rebe, “mas quando pensa em si mesmo?”

O chassid caiu, totalmente desmaiado.

O Rebe chamou o criado, Reb Leib, para carregar o chassid para fora da sala e reanimá-lo. “A pessoa não precisa desmaiar,” declarou o Rebe, “basta fazer…”

…Após terem feito este acordo, então Ia´aqov sai para longe de Labão e tem início a estratégia de D-us a fim de tornar Ia´aqov ainda mais rico que Labão através deste rebanho.

A estratégia consistia no seguinte: “Então tomou Ia´aqov varas verdes de álamo e de aveleira e de castanheiro, e descascou nelas riscas brancas, descobrindo a brancura que nas varas havia, e pôs estas varas, que tinha descascado, em frente aos rebanhos, nos canos e nos bebedouros de água, aonde os rebanhos vinham beber, para que concebessem quando vinham beber. E concebiam os rebanhos diante das varas, e as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e malhadas. Então separou Ia´aqov os cordeiros, e pôs as faces do rebanho para os listrados, e todo o moreno entre o rebanho de Labão; e pôs o seu rebanho à parte, e não o pôs com o rebanho de Labão” (Gn 30:37-40). Ia´aqov separou três tipos de varas às quais descascou em listras a fim de fazer com que o rebanho concebesse conforme via diante de si as varas listradas!

As varas são de três tipos diferentes de árvores: álamo, aveleira e castanheira. Primeiro devemos considerar que Ia´aqov descobriu a brancura das varas. No original está escrito que Ia´aqov expôs a Laban – branco – das varas. Isso significa que no mundo espiritual Labão estava sendo exposto diante do rebanho; retirou-se dele aquilo que o ocultava. Assim sua personalidade ficou visível à todos os animais do rebanho! Quando Ia´aqov fez isso, no reino espiritual ele estava realmente deixando Labão enfraquecido por estar lhe tirando sua cobertura em que confiava!

As varas representam aspectos da vida de Ia´aqov:

  • Álamo – tem um tronco alto e pode crescer até a altura de aproximadamente 33 metros. Tem uma resina branca que produz uma fragrância agradável na primavera.
  • Aveleira (ou amendoeira) – é uma planta de copa grande e fechada e produz flores brancas e ricas em néctar. Produz uma resina cheirosa e era usada para fazer o incenso.
  • Castanheira (armon) – é uma árvore alta e se apoia num tronco largo – de aproximadamente 3 metros de diâmetro e possui uma resina escamada. Pode ser encontrada nas florestas de altitude do Monte Carmelo.

Estas árvores nos falam sobre aquilo que Ia´aqov estava profetizando através de sua atitude. A isso chamamos de “ato profético”. Ia´aqov queria que seu rebanho tivesse estes aspectos: fosse um rebanho que produzisse um cheiro agradável através de sua grande quantidade. Seria tão grande que todos o veriam, assim como o álamo que de tão alto chama para si a atenção de todos os que estão nas redondezas. Outro aspecto está associado à amendoeira, que é a primeira árvore que desperta na primavera. Assim como acontecia com esta árvore, que seu rebanho “despertasse” e procriasse de forma a multiplicar-se. Seriam belos animais, que quando oferecidos ao Eterno seriam tidos como um “cheiro suave”, assim como o incenso que era queimado e produzia este aroma suave nas narinas do Eterno. Quanto à sua base, que se apoiassem em algo largo e sólido, ou seja, que a saúde do rebanho fosse tamanha, que nada doente ou defeituoso fosse produzido por eles. Eles deveriam sempre estar nos lugares altos, dominando, assim como a castanheira que nasce nos altos do Monte Carmelo!

Isso tudo nos fala sobre a estratégia de Ia´aqov e seus resultados: as varas produziam rebanhos conforme as características descritas acima. Veja o que diz a Palavra: “E sucedia que cada vez que concebiam as ovelhas fortes, punha Ia´aqov as varas nos canos, diante dos olhos do rebanho, para que concebessem diante das varas” (Gn 30:41).

A reação dos filhos de Labão não foi muito positiva à estratégia de Ia´aqov, assim como também Labão já não tinha para com ele tão bons olhos… “Então ouvia as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Ia´aqov tem tomado tudo o que era de nosso pai, e do que era de nosso pai fez ele toda esta glória. Viu também Ia´aqov o rosto de Labão, e eis que não era para com ele como anteriormente. (Gn 31:1-2). Ia´aqov agora é acusado de roubo, pois os filhos de Labão dizem que Ia´aqov fez sua fortuna “tomando” aquilo que pertencia à Labão. Eles não se lembram – ou não reconhecem – o pacto que havia sido feito entre seu pai e Ia´aqov!

Mediante esta situação, Ia´aqov recebe então uma palavra do Senhor que define o caminho a ser seguido: “E disse o IHVH a Ia´aqov: Torna-te à terra dos teus pais, e à tua parentela, e eu serei contigo” (Gn 31:3). A reação de Ia´aqov é ajuntar a sua família e explicar-lhes o que deve ser feito para que possam então sair das terras de Labão e retornarem às terras que o Eterno deu por possessão à Avraham e seus descendentes. As próprias filhas de Labão concordam que assim seja feito e eles então partem de volta à casa de Ia´aqov!

Quando Labão descobre o que aconteceu, ele e seus servos partem à caça de Ia´aqov e sua família. “E no terceiro dia foi anunciado a Labão que Ia´aqov tinha fugido” (Gn 31:22). Aqui a palavra traduzida por “fugir” é barah e significa “fugir, escapar, sair depressa”. Isso demonstra que Ia´aqov e seus familiares saíram das terras de Labão de forma sorrateira e sem avisar a ninguém!

Labão então recebe uma palavra do D-us de Ia´aqov a fim de nada fazer-lhe de mal. Isso realmente salva a vida de Ia´aqov e de seus familiares! “Veio, porém, D-us a Labão, o arameu, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales com Ia´aqov nem bem nem mal. Alcançou, pois, Labão a Ia´aqov, e armara Ia´aqov a sua tenda naquela montanha; armou também Labão com os seus irmãos a sua, na montanha de Gileade. Então disse Labão a Ia´aqov: Que fizeste, que me lograste e levaste as minhas filhas como cativas pela espada? Por que fugiste ocultamente, e lograste-me, e não me fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria, e com cânticos, e com tamboril e com harpa? Também não me permitiste beijar os meus filhos e as minhas filhas. Loucamente agiste, agora, fazendo assim. Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o D-us de vosso pai me falou ontem à noite, dizendo: Guarda-te, que não fales com Ia´aqov nem bem nem mal” (Gn 31:24-29).

Versículo 31:42

… e o trabalho de minhas mãos.

Se comes do trabalho de tuas mãos, afortunado és tu… (Salmos, 128:2)

“O trabalho de tuas mãos” deveria ser investido em ganhar o próprio sustento – deixa sua cabeça livre para atividades mais importantes. (Dito chassídico)

ESTRANHO CHAPÉU

Um chassid de Rabi Sholom Dovber de Lubavitch abriu uma fábrica de galochas.

Em pouco tempo, cada pensamento seu e cada hora que passava acordado eram ocupados em seu novo e florescente negócio.

Disse-lhe o Rebe: “Colocar o pé dentro de galochas é algo bem comum; mas colocar a cabeça nas galochas…?”

Após este encontro, Ia´aqov faz um pacto com Labão e eles seguem sua caminhada até a terra de seu pai Itshaq. Enquanto seguiam para lá, Ia´aqov tem outro encontro que traz um grande impacto à sua vida: “Ia´aqov também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os mensageiros de Elohim. E Ia´aqov disse, quando os viu: Este é o exército de Elohim. E chamou aquele lugar Maanaim” (Gn 32:1-2). Ia´aqov teve então a certeza de que os exércitos do D-us eterno estavam-no acompanhando a fim de protegê-los e orientá-los quando assim fosse necessário.

Novamente fica claro que a intenção do Eterno para com Ia´aqov e seu família é de realmente abençoá-los, pois seus caminhos estão sendo guardados e confirmados pelos mensageiros do Eterno!

Aprendamos pois que o Eterno tem planos bem definidos, e que, mesmo quando estamos fora de nossos domínios originais, o eterno nos fará vencedores, ainda que tenhamos como “patrão” a um Labão, que tenta sempre novamente levar vantagem sobre nós! Atentemos para o detalhe: Ia´aqov somente conseguiu tornar-se um homem rico e poderoso porque ele obedeceu ao Eterno naquilo que lhe era dito. Por isso, se queremos receber algo do Senhor a chave para isso é a obediência incondicional à sua voz e à sua Palavra!

Que o Eterno nos ajude a cumprirmos aquilo que está em seu coração!

Baruch Há shem!

Mário Moreno