Mário Moreno/ dezembro 12, 2017/ Artigos

Provérbios talmúdicos

A sabedoria dos provérbios talmúdicos

A busca pelo saber que o homem tem se empenhado através dos tempos é algo infindável. Na verdade, trata-se de um processo constante para se chegar, por vezes, à conclusão de que quase nada sabemos, pois toda a verdade é relativa e circunstancial, o que não invalida o valor da sabedoria que o ser humano acumulou através dos séculos.

Povos dos mais diversos, pelos caminhos mais distintos, alcançaram ricas fontes de conhecimento que na prática muito pouco são aplicadas. De que nos vale saber sem se colocar em prática tudo aquilo que apreendemos? O que é realmente importante são as ações praticadas, como bem enfatizam alguns dos preciosos ensinamentos do Talmud, o riquíssimo manancial da sabedoria judaica que é praticamente universal:
”Fale pouco e faça muito”. Quem não conhece essa frase? Há certa relação entre este ensinamento com um outro que aborda o discurso dos pregadores religiosos: ”O sermão que você prega é lindo, mas será sua prática linda?”
Já ao ouvir que ”comer demais mata mais do que comer de menos” tem-se a impressão de estarmos lendo uma recomendação muito atual sobre os cuidados amplamente divulgados com a alimentação nos dias atuais, mas é bem antigo. Dois provérbios talmúdicos de certa forma podem parecer um tanto feministas, mas vejam como são bem significativos:
”D-us concedeu às mulheres um sentido especial de sabedoria que falta um pouco nos homens”. Isso está no Talmud, mas existem, claro, muitas e honrosas exceções nos representantes do sexo masculino.
”O homem deve ser muito cuidadoso em não magoar sua mulher, pois D-us contabiliza suas lágrimas”. (Mulheres que choram muito podem levar alguma vantagem inflacionando tal contabilidade).
”A mais nobre de todas as caridades é capacitar um pobre a prover o seu sustento” é o ensinamento correspondente ao conhecido dito popular: Mais vale ensinar a pescar do que dar o peixe”.
Já a conhecida expressão popular, um tanto chula: ”Cuspir no prato em que se comeu”, corresponde também a um ensinamento talmúdico: ”Não atire uma pedra no poço que saciou sua sede”.
O valor do silêncio e o comedimento no uso das palavras são enfatizados pelo Talmud ao lembrar: ”Como conhecer um tolo? Ele fala demais”. E mencionar a expressão ”a mentira tem pernas curtas” não equivale à frase talmúdica ”uma mentira não tem nem uma perna sobre a qual se apoiar”? Quanta verdade, quantos ensinamentos preciosos desperdiçados e negligenciados pelo homem nos legou o Talmud! Vamos recordar mais alguns que merecem reflexão:
”Quem é rico? Aquele que se satisfaz com o que tem”.
”É rico aquele que tem prazer com aquilo que tem”.
”Um pássaro seguro vale mais do que uma centena voando”.
”Corrija-se a si próprio primeiro, depois corrija os outros”.
”O castigo do mentiroso é que ninguém acredita nele quando diz a verdade”.
”O homem vê todas as falhas exceto as suas”.
”Quando envolvidos pela abundância estamos rodeados de amigos e irmãos; diante da miséria eles nos abandonam”.
”A cultura do coração é melhor do que a cultura do puro conhecimento”.

Paradoxos humanos

O ser humano é na verdade muito paradoxal, pois é capaz de criar teorias lindas e comete tantos erros na prática. Diariamente, as notícias nos informam sobre as guerras, as mortes, a violência e os sofrimentos dos homens, nas mais diversas regiões do mundo. Vale mencionar alguns ensinamentos do Talmud que comprovam o contra-senso entre o que é pregoado e os acontecimentos atuais:

”Não prejudique nem seu irmão de fé nem aquele que não professa sua fé”.

“Sábio é aquele que de todos aprende. É forte o que vence a si mesmo. Rico o que se contenta com o que possui. Só aquele que respeita a pessoa humana merece por sua vez respeito.”

“O mau sonho pode ser pior do que um castigo.”

“A tentação é doce no início e amarga no fim.”

“Nenhum trabalho, por mais humilde que seja, desonra o homem.”

“Não ensinar ao filho a trabalhar é como ensinar-lhe a roubar.”

“Grande é a dignidade do trabalho, pois honra os trabalhadores.”

“Quem acrescenta coisas à verdade está a diminuí-la.”

“A verdade fica de pé, a mentira cai. A mentira é comum, a verdade incomum.”

“Não envergonhes os outros e não serás envergonhado por eles.”

“O homem que cometeu um erro e se sente envergonhado tem sua falta perdoada.”

“Quando o vinho entra, os segredos saem.”

“Na tua cidade o que conta é a tua reputação; nas outras as tuas roupas” (Talmud babilônico, Shabbat 14b).

“Feliz o homem que deixa um bom nome” (Talmud babilônico, Berakhot 17a).

“A calúnia é pior do que as armas de guerra; estas ferem de perto; aquela, de muito longe” (Talmud de Jerusalém, Peá 1,1).

“O caluniador arruína três pessoas: a si próprio, o ouvinte e o caluniado” (Talmud babilônico).nico).

“A verdadeira caridade é praticada em segredo. O melhor tipo de caridade é aquele em que quem a faz ignora quem a recebe, e quem a recebe ignora quem a faz. (Talmud babilônico)./

“A maior caridade é habilitar o pobre a ganha

“Somos sempre levados para o caminho que desejamos percorrer” (Talmud babilôr a sua vida” (Talmud babilônico, Shabbat 63a).

“Quando as pessoas sábias se zangam, perdem toda a sabedoria” (Talmud babilônico).
“O bom homem promete pouco e faz muito; o malvado promete muito e não faz nada
(Talmud babilônico, Nedarim).

Ditos populares

Muito pouca gente se dá conta de que uma enorme quantidade de ditos populares, tanto no Brasil, como em outros países, têm sua origem ligada aos provérbios talmúdicos. Vejamos mais estes exemplos:

“A cavalo dado não se olha os dentes”, provém de “Não se olha a boca de um cavalo recebido de presente”.

“D-us não dá uma cruz maior do que podemos carregar”, se origina em “D-us dá a carga e também os ombros”.Há também uma outra variante talmúdica: “Conforme o camelo, assim o fardo”.

O comum “gato escaldado tem medo de água fria”, não é outro senão o provérbio do Talmud “quem já foi mordido por uma serpente, até de corda tem receio”.

“O que os olhos não vêem, o coração não sente”, é quase idêntico ao proverbial “o que os olhos não vêem o coração não pode chorar”.

“É nos pequenos frascos que estão os mais caros perfumes”, decorre do antigo “Não olhes a jarra, mas o que ela contém”.

“De grão em grão, a galinha enche o papo”. Este certamente é uma derivação de “De gota em gota a cisterna é cheia”.

E “a ocasião faz o ladrão”, sem dúvida alguma foi decalcada no provérbio do Talmud “Quando o ladrão não pode roubar ele toma os caminhos honestos”.

Extraído da internet

Mário Moreno.