Salto de fé
Salto de fé
Um momento de definição da fé judaica ocorre nas margens do Yam Suf, o Mar de Juncos, enquanto a nação em fuga e incipiente é encurralada em uma decisão rápida e fatídica. Presa entre águas turbulentas e um exército egípcio furioso, a nação tinha poucas escolhas a fazer. Alguns congelaram de medo. Outros queriam voltar correndo para o Egito direto para as mãos de seus ex-algozes. Outros apenas oraram. Outros ainda queriam fazer guerra contra os ex-feitores. Mas um grupo, liderado por Nachshon ben Aminadav, seguiu em frente. Substituindo o medo pela fé, ele mergulhou no mar. Só então o mar se abriu e os judeus atravessaram. Os egípcios o perseguiram. As águas voltaram, e o inimigo ficou boiando em um mar de futilidade, totalmente vencido sob as águas turbulentas. Ao definir esse momento de fé, a Torah nos diz: “Israel viu a grande mão que D’us infligiu ao Egito; e o povo reverenciava Hashem, e eles tinham fé em Hashem e em Moisés, Seu servo” (Êx 14:31). A estranha conexão entre a fé em Hashem e Moshe Seu servo precisa de esclarecimento. Qual é o papel menor do servo em relação ao grande papel da fé no Todo-Poderoso?
Depois de ouvir um discurso inflamado sobre o significado da fé, um discípulo do Rabino Yisrael Salanter se aproximou dele e perguntou: “Rebe, você está me dizendo que se eu tiver fé perfeita em Hashem, Ele me fornecerá todas as minhas necessidades?”
Rabino Salanter afirmou. “Sim, meu filho”, ele sorriu. “Se alguém tem fé perfeita no Todo-Poderoso, Ele proverá para ele.” O homem fez um repousar rápido. “Bom, se for esse o caso eu não preciso mais trabalhar. Vou sentar e estudar Torah e confiar exclusivamente na minha fé, e os 20.000 rublos de que vou precisar para sobreviver virão para mim na íntegra como se fossem maná do Céu!” O homem foi para casa e começou a estudar Torah. Mas depois de uma semana, quando o dinheiro não apareceu, ele voltou ao Rabino para reclamar. “Eu tenho a fé de que você alegou precisar e até agora nenhum dinheiro chegou!”
Rabi Yisrael estava pensativo. “Eu vou te dizer uma coisa”, disse ele. “Oferecerei a você 8.000 rublos em dinheiro hoje, se você se comprometer a me dar os 20.000 rublos que tem certeza que virá até você por causa de sua fé”. O homem saltou da cadeira. “8.000 rublos! Certo! Eu vou levar.” O Rabino Yisrael Salanter sorriu, “quem em sã consciência daria 20.000 rublos por meros 8.000 rublos? Somente alguém com não tem fé perfeita de que receberá 20.000 rublos! Se alguém tiver certeza de que está prestes a receber 20.000 rublos e estiver absolutamente confiante de que isso acontecerá, ele não desistiria, em seu juízo perfeito, por meras 8.000! Obviamente você tem mais fé nos meus 8.000 rublos do que nos 20.000 de Hashem!”
A Torah nos diz que a nação temia a D-us e acreditava em Moshe, Seu servo. Observe que a primeira e mais importante crença está no Todo-Poderoso. Essa fé imortal é o trampolim para a fé em todos os mensageiros mortais, que são apenas veículos de Seu comando.
Normalmente, mais ou menos, o homem acredita no homem muito mais rápido do que ele acredita em D’us. Em uma dica quente, as pessoas jogam muito em dinheiro no mercado. As previsões sinistras dos analistas econômicos nos colocam em pânico. No terrível prognóstico de um médico, reagimos com desespero. Esquecemos que a fonte da fé está no Todo-Poderoso. Só então podemos acreditar em seus mensageiros.
Rabino Yeruchom Levovitz, z”l, o Mashgiach da Mirrer Yeshiva explica que os judeus no mar alcançaram o mais alto nível de fé. O seguir a Moshe não foi devido ao seu carisma ou liderança anterior. Foi devido a uma subjugação total à fé em um Hashem imortal. Só então eles seguiram a liderança de um Moshe. Essa é a fé de quem dá o salto. É uma fé que eles não trocariam ou negociariam por nenhuma oferta no mundo.
Tradução: Mário Moreno.