Um Homem

Mário Moreno/ outubro 25, 2024/ Teste

Os rabinos do Talmud nos ensinaram que todos os novos começos são repletos de dificuldades. A parashá desta semana, em seus detalhes do início da existência humana neste planeta, certamente confirma essa observação. Aparentemente, tudo dá errado desde o início. Adão e Chava pecam e são expulsos do Paraíso, Caim mata seu irmão Abel e, em um curto espaço de gerações e tempo, o mundo afunda em um estado de idolatria e depravação moral. A Torah até permite uma nota de arrependimento, por assim dizer, emanando do próprio D-us em relação à queda da humanidade. É difícil encontrar uma nota de otimismo até o último verso da parashá. Lá, afirma que Noach encontrou favor aos olhos de D-us. Os rabinos na Mishná declararam que houve dez gerações que se passaram entre Adão e Noach. A mensagem aqui é clara. D-us de alguma forma achou que valia a pena esperar as dez gerações até que a humanidade produzisse um indivíduo que fosse digno o suficiente para começar o mundo de novo a partir dele e de sua progênie. A Torah aqui nos ensina lições importantes: o valor de um único indivíduo; a paciência e a fortaleza de D-us com a humanidade; e que no esquema das coisas de D-us vale a pena esperar gerações e perseverar para finalmente alcançar um modelo verdadeiramente bom para o comportamento humano. Essas lições são as mensagens principais da parashá e nos fornecem a orientação para visualizar o restante da narrativa da Torah, bem como pontos de vista em nossas próprias vidas pessoais e nacionais.
O Talmude nos ensina que Adão foi criado individualmente e sozinho para que ninguém da raça humana pudesse alegar ser de maior pedigree do que os outros. Uma segunda razão apresentada por estudiosos judeus é que esse fato por si só prova o poder e o valor inerente de um indivíduo. Em um mundo que mal sobreviveu a um século em que centenas de milhões de indivíduos foram considerados inúteis, exceto para servir a um estado ou ideologia todo-poderosa, a Torah vem para reafirmar o valor de uma vida individual. Cada indivíduo é um Noach em potencial, alguém que pode encontrar favor aos olhos de D-us, por assim dizer, e dar ao mundo um novo e fresco começo. Mas criar tais indivíduos requer paciência requintada de nossa parte. Não podemos ficar consternados com as decepções e fracassos diários que afligem a sociedade e seus líderes. Mesmo que gerações aparentemente falhem em atingir a melhoria desejada do caráter humano, ainda somos convidados a nos esforçar para atingir esse objetivo. Para isso, também temos as palavras dos rabinos da Mishná: “Não é necessariamente incumbência sua completar o trabalho [de fazer um mundo melhor], mas você também não está livre da tarefa de tentar fazê-lo.” Esta é a lição das dez primeiras gerações da humanidade, conforme registrado na parashá desta semana. Continua sendo a lição para todas as gerações posteriores, incluindo a nossa.

Tradução: Mário Moreno.

Share this Post