Virgem

Mário Moreno/ janeiro 8, 2020/ Artigos

Virgem ou virgindade

O que o conceito de “virgem ou virgindade” tem a ver com as Escrituras? Seria este um conceito importante nas Escrituras? E como ele foi e é tratado até os nossos dias?

Vamos começar com o significado da palavra.

Conceito:

“Estado ou atributo do que é virgem (‘que não teve relação sexual’)”.

A palavra virgem tem origem no latim, na forma substantiva virgo, genitivo virgin-is, que significa “mulher jovem” ou “menina”. A palavra latina provavelmente surgiu por analogia com um naipe de lexema baseado em vireo, significando “ser verde, fresca ou florescente”, principalmente com referência botânico – em particular, virga significando “tira de madeira”.

Desde a etimologia da palavra podemos perceber que o conceito de “virgem ou virgindade” está relacionado a mulheres jovens, meninas que ainda não tiveram qualquer contato a nível sexual, e são comparadas aos ramos (brotos) verdes.

No judaísmo existe o conceito de “tsiniut” – recato – que está ligado à modéstia em todos os sentidos e isso depreende que uma moça além de tudo precisa guardar a sua condição de virgindade para contrair o matrimônio.

Por que muitas pessoas deixaram de lado a tsniut, o recato, se esta é uma parte tão importante da vida judaica, principalmente feminina?

Na maioria das vezes as pessoas não cumprem esta mitsvá por pura falta de conhecimento, outras vezes por não se darem conta da relevância que tal comportamento pode ter e influenciar sua vida e sua maneira de ser, tanto física quanto espiritualmente.
A tsniut na vida de um judeu o refina tanto física quanto espiritualmente, já que ela está conectada não apenas na maneira de se vestir, mas na sua fala, pensamento e ação. Aliás ela é tanto válida para homens quanto para mulheres.

O que ocorre, e não é de hoje, é que as leis de tsniut tornaram-se muito mais evidentes nas mulheres por terem que tomar cuidados redobrados, já que seu vestuário possui uma variedade muito maior de peças e acessórios e a mídia apela demasiada e explicitamente para a sensualidade feminina.

As coisas mais preciosas são as menos expostas e guardadas com muito mais zêlo. A demasiada importância à embalagem, descaracterizou o verdadeiro valor do conteúdo, A tsniut resgata e garante o brilho de cada diamante que é polido através do cuidado e atenção com a missão que D’us colocou ao homem: refinar-se diariamente, elevando a si próprio e ao mundo.

A tsiniut (modéstia), revela o interior da pessoa e serve como mais de mil testemunhas, que esta pessoa preferiu uma vida com valores espirituais, mais do que uma vida com valores materiais. A alma humana, almeja sempre subir, destacando a singularidade tanto interna como aparência externa. Destacar a aparência externa, é conceito contrário à tsiniut (modéstia). Enquanto a pessoa dá importância (mais do que o necessário) à vida material, ele procurará enfatizar as vantagens materiais em seu dinheiro e corpo, de acordo com as quais o homem se orgulha apenas isso ele valoriza e estima. Uma pessoa que cuida de sua vida espiritual não atribui excessiva importância aos seus dados físicos materiais e externos, uma vez que eles não constituem o propósito de sua vida. É verdade que ele não os ignora, já que ele é um corpo de carne e sangue e osso, mas ele não é o primeiro em importância. Para esta pessoa, a modéstia se tornará algo natural em seu comportamento. A pessoa de natureza espiritual, se orgulha com os valores espirituais, e a pessoa de natureza material, se orgulha com os valores materiais (transcrito do site do Beit Chabad).

Até aqui percebemos que no judaísmo se dá uma importância muito grande para o “recato” feminino e consequentemente para a condição de virgindade do casal que pretende formar uma nova família.

As Escrituras

As Escrituras trazem diversos versos que estão diretamente ligados à questão da virgindade e isso ocorre em diversos contextos. Vejamos:

As moças em Israel:

Uma moça que ficava noiva deveria ter alguns atributos e entre eles estava a virgindade. Vejamos o exemplo de Rebeca:

E a donzela era mui formosa à vista, virgem, a quem varão não havia conhecido; e desceu à fonte, e encheu o seu cântaro, e subiu” Gn 24.16.

Os nossos patriarcas certamente casaram-se com mulheres virgens pois isso era um costume da época também. A virgindade era uma condição desejável para o casamento e as meninas casavam-se muito cedo para os nossos padrões – com cerca de 12 a 15 anos. E quando uma moça se casava os sinais de sua virgindade deveriam ser tomados e mostrados como uma prova de que aquela moça casara-se virgem.

A Torah nos mostra isso assim: “E eis que lhe imputou cousas escandalosas, dizendo: Não achei virgem tua filha; porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. E estenderão o lençol diante dos anciãos da cidade”. “E o condenarão em cem siclos de prata, e os darão ao pai da moça; porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. E lhe será por mulher, em todos os seus dias não a poderá despedir” Dt 22.17;19.

No caso de existir uma dúvida quanto à condição de virgindade da moça a prova seria apresentada e a dúvida seria completamente sanada. E caso o marido divulgasse uma má fama de sua esposa – acusando-a de não casar-se virgem – então ele seria multado por desonrar a família. Um detalha: ele não poderia divorciar-se dela em nenhuma circunstância por causa desta atitude.

“…E lhe imputar cousas escandalosas, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher, e me cheguei a ela, porém não a achei virgem” Dt 22.14.

As famílias prezavam muito o seu bom nome e por isso quando alguém falava algo contra o membro de uma família sem provar – mentindo sobre o caso – havia uma reação muito intensa, pois a honra daquela família estava em jogo. Isso ocorreu até bem pouco tempo em nosso país mesmo – cerca de 100 anos atrás – quando ainda haviam pessoas que zelavam pela honra familiar. Não digo que isso não mais exista, mas hoje a preocupação com esta postura já é tida como “ultrapassada” e por isso cada um faz o que quer e também falam mal de muitas pessoas sem quaisquer provas ou mesmo testemunhas, deixando assim um rastro de dúvidas ligados à vida de uma pessoa e consequentemente de uma família.

As relações ilícitas

Este tipo de situação pode ocorrer em dois níveis: quando a moça ainda não foi desposada e quando ela já está desposada. A palavra “desposada” deve ser compreendida como “compromissada”, o que de nota que há um compromisso entre o casal e as famílias acerca da união daqueles jovens. Eles são considerados “casados” porém sem ter tido uma união física e morando em casas separadas.

A Torah trata o assunto assim:

Se alguém enganar alguma virgem, que não for desposada, e se deitar com ela, certamente a dotará por sua mulher” Ex 22.16.

Quando a moça não está desposada e um homem mantiver com ela relações sexuais então ela lhe será por esposa. Isso acontece quando a relação ocorrer por consentimento entre as partes.

Se a moça for desposada, então o caso é muito mais grave: “Quando houver moça virgem, desposada com algum homem, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela” Dt 22.23. Neste caso quando ela não grita e nem busca desvencilhar-se da outra pessoa, então há um julgamento e é impetrada a pena de morte aos dois!

Então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis com pedras, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo: assim tirarás o mal do meio de ti” Dt 22.24.

Isso pode se encaixar na categoria do “estupro”, mas a moça de certa forma consentiu com o ocorrido, por isso é empregada a pena de morte. Ambos morrem por estarem agindo contra a Palavra do Eterno e as famílias sentem o peso disso mas não há qualquer dúvida de que a honra lhes foi resguardada. Isso pode parecer muito “violento” para os nossos padrões, mas esta lei quando aplicada impedia que outras situações ocorressem e tivesse início uma onda de atitudes imorais em Israel, justamente entre o povo que recebeu a Torah e que se comprometeu a obedecê-la.

Os sacerdotes:

Os sacerdotes deveriam tomar como esposas moças virgens e somente se “contaminariam” com uma pessoa morta caso fosse sua irmã e virgem.

E por sua irmã virgem, chegada a ele, que ainda não teve marido: por ela se contaminará” Lv 21.3.

Viúva, ou repudiada, ou desonrada, ou prostituta, estas não tomará, mas virgem dos seus povos tomará por mulher” Lv 21.14.

Até aqui vimos a importância da virgindade não somente nas Escrituras como também na Tradição Judaica antiga e moderna. Isso nos bastaira para entendermos que este conceito forma uma das bases da família Judaica no que diz respeito aos relacionamentos, mas existem outros elementos que precisam ser analisados.

A profecia:

Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” Is 7.14.

Quando lemos esta profecia ela em nada nos surpreende. Mas porque não? Toda mulher “concebe” e dá à luz filhos. A única “diferença” aqui é que que esta moça é virgem! Mas existem aqueles que não creem neste aspecto e desqualificam a profecia.

Mas vamos examinar este texto mais de perto… A palavra “sinal” em hebraico é “´ot” (Z]@) e significa entre outras coisas “sinal, marca, milagre, sinal miraculoso, prova, advertência”. Podemos então afirmar que o Eterno não nos daria um “sinal” qualquer, seria de fato um milagre! Mas que milagre há m uma mulher conceber e dar à luz? Nenhum! Mas quando uma menina virgem concebe (engravida) sem ter tido qualquer contato com um homem, então temos algo diferente aqui. É justamente isso que o texto está dizendo, que algo inesperado, sobrenatural haveria de acontecer e que isso mudaria os rumos da história da humanidade, pois a criança nascida deste milagre seria denominada “Emanuel”, ou seja, “O Eterno está entre nós”.

Lembremo-nos que estas palavras são uma PROFECIA. Na época em que Isaías disse isso não haveria qualquer possibilidade de ocorrer algo assim, mas no tempo determinado a profecia iria tornar-se história. A vinda do Ungido – Messias – que era esperada por todos os judeus significava que o Eterno estaria entre eles e que isso traria grandes mudanças em Israel e também no mundo.

A palavra “Emanuel” é aplicada ao Ungido no sentido de que Ele seria a “presença” do Eterno entre o povo de Israel e por isso foi utilizada pelo profeta. Não seria este o nome literal do Ungido, mas esta seria uma de suas atribuições: ser a presença do Eterno em meio ao povo de Israel novamente, assim como ocorrera no passado da nação.

Nos tempos da Brit Hadasha

A primeira pergunta que podemos fazer aqui é: a profecia se cumpriu?

A resposta é: sim! Mas como? “Eis que a virgem conceberá, dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, que declarado, quer dizer: D-us conosco” Mt 1.23. Esta passagem nos fala sobre o anúncio de um ser celestial – mensageiro (anjo) – que fala com Iosef sobre a profecia. Algo já havia acontecido: “Ora, o nascimento de Ieshua o Ungido foi assim: Estando Mirian, sua mãe, desposada com Iosef, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito o Santo. Então Iosef seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente” Mt 1.18-19. Aqui temos então uma conexão interessante: Mirian havia sido desposada por Iosef – o conceito foi explicado anteriormente – mas eles ainda não haviam tido qualquer contato físico (o próprio texto diz isso). Mas ela “concebeu”, ou seja, engravidou através de uma intervenção divina – através do Espírito o Santo – que quando ela estava na sua época de fertilidade entrou no processo como a parte masculina – espermatozoide – fazendo com que o óvulo fosse fecundado e ela ficasse então grávida!

Agora podemos afirmar que a PROFECIA se cumpriu, pois ocorreu um milagre, ou seja, o Eterno interveio no processo natural e fez com que uma menina ainda intocada por seu marido – ela já esta “tecnicamente” casada, pois havia sido desposada por Iosef – e fez com que ela então engravidasse sem qualquer contato humano, pois Isaías disse que isso aconteceria de forma MILAGROSA e aí está o cumprimento da profecia.

Lucas fala sobre isso de uma maneira ainda mais detalhada: “E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Elohim a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Mirian. E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e considerava que saudação seria esta. Disse-lhe, então, o anjo: Mirian, não temas, porque achaste graça diante de Elohim, e eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Ieshua. Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; e o IHVH Elohim lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim. E disse Mirian ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço varão?” Lc 1.26-34.

O texto nos fala sobre a visitação do mensageiro do Eterno cujo nome é Gabriel para anunciar a Mirian acerca daquilo que lhe aconteceria. Após dadas as explicações iniciais Mirian pergunta: “Como se fará isto, visto que não conheço varão?” Se ela faz esta pergunta, o que está querendo dizer? Primeiro, sou virgem! Segundo não tive qualquer tipo de contato sexual com meu futuro marido; então como isso acontecerá?

Esta pergunta de Mirian também nos informa que havia uma IMPOSSIBILIDADE ali. Como uma menina – que já pode ser mãe – ficaria grávida sem qualquer contato físico?

O mensageiro então responde: “E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito o Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado filho de Elohim” Lc 1.35.

Dadas as explicações, Mirian sujeita-se ao desejo do Eterno!

Será que entendemos que o nascimento do Ungido se deu de forma milagrosa? Sim, os textos afirmam que Ele nasceu de uma VIRGEM com havia sido profetizado!

Temos visto que algumas pessoas tem tido uma dificuldade muito grande em aceitarem este fato por razões que não consigo entender como estudante das Escrituras.

A primeira razão é que temos que crer nas Escrituras e buscar entender suas conexões; em segundo lugar aparecem as “imitações”, ou seja, as tradições pagãs que imitam o judaísmo e que são levadas mais em consideração do que as próprias Escrituras.

Quando alguém coloca relatos sobre o paganismo com o mesmo grau de autoridade das Escrituras então passo a contestar a fé desta pessoa. Sim é isso mesmo. Eu não posso crer que um estudante sério das Escrituras possa acreditar em coisas escritas séculos depois dos acontecimentos e dar a isso o mesmo valor da Palavra do Eterno. Tais pessoas não passam de aventureiros que tem como função lançar confusão na mente de pessoas que ainda não tem seus conceitos formados.

Sha´ul e a virgindade

Agora, finalizando, o que foi dito por Sha´ul em relação a esta questão da “virgindade”? Vejamos:

O homem – mulher – devem casar-se? A resposta é sim! Mas caso mantenham-se virgens podem servir melhor ao Eterno. “Mas, se te casares, não pecas; e, se a virgem se casar, não peca. Todavia, os tais terão tribulações na carne, e eu quereria poupar-vos” I Co 7.28.

Ele ainda continua raciocinando assim: “Há diferença entre a mulher casada e a virgem: a solteira cuida das coisas do Senhor para ser pura tanto no corpo como no espírito; porém a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido” I Co 7.34. Sha´ul raciocina de forma muito lógica: a mulher solteira pode cuidar das coisas do Senhor de uma forma muito mais intensa, pois não tem qualquer compromisso com um companheiro; já a mulher casada precisa cuidar de seu marido e de sua família e por isso não pode dar sua dedicação total às coisas do Senhor.

Este raciocínio simples mostra que a mulher “solteira” – virgem – pode guardar-se e servir somente ao Senhor, enquanto que a casada – que já não é mais virgem – age de uma forma totalmente diferenciada inclusive em suas prioridades.

Sha´ul ainda fala sobre este “guardar-se como virgem”, quando num determinado momento resolve casar-se. Isso pode acontecer tranquilamente, pois esta mulher terá mudado de ideia – algo muito natural em qualquer pessoa – e portanto poderá casar-se sem qualquer prejuízo para sua fé. “Mas, se alguém julga que inconvenientemente trata a sua virgem, se tiver passado a flor da idade, e se for necessário, que faça o tal o que quiser; não peca; casem-se” I Co 7.36. Esta questão está sendo abordada por causa da “necessidade” que cada pessoa tem de “companheirismo” a um nível mais íntimo. Isso fica claro no verso seguinte: “Todavia, o que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas com poder sobre a sua própria vontade, se resolveu no seu coração guardar a sua virgem, faz bem” I Co 7.37.

Neste casso devemos respeitar a necessidade de cada pessoa; alguns suportam viver solitários, outros não! O que faz diferença é a necessidade que cada pessoa tem de viver de forma mais intensa suas emoções e relacionamentos, inclusive a sua intimidade.

Sha´ul e a congregação

É interessante que Sha´ul usa a mesma terminologia da “virgindade” para referir-se ao seu trabalho com as congregações pelas quais havia passado. Ele fala sobre apresentar os irmãos ao Ungido como se fossem uma “virgem” pura que deve ser dada a seu marido. “Porque estou zeloso de vós com zelo de Elohim; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, ao Ungido” II Co 11.2.

Então quando Sha´ul fala sobre este assunto não significa que todos os membros das congregações deverão ser virgens, mas que ele deve apresentar-nos ao Ungido com características de uma virgem, e entre elas está a pureza e a inocência!

A Tradição judaica:

O que a tradição judaica fala sobre a virgindade ou ser virgem? Vejamos algumas citações da tradição e podem ser conectadas com aquilo que já foi comentado neste artigo.

A Gemara pergunta: Qual é o significado de: Os Sábios eram assíduos? É como é ensinado em uma baraita: Por que razão os Sábios da mishna disseram que uma virgem é casada na quarta-feira? É assim que, se o marido tiver uma reclamação relativa à virgindade da noiva, ele irá cedo no dia seguinte ao tribunal e fará sua reclamação. A baraita continua: mas se esse for o motivo, deixe-a se casar no domingo, como também, se o marido tiver uma reclamação referente à virgindade da noiva, ele iria cedo no dia seguinte ao tribunal e fará sua reclamação. A Gemara responde: Os Sábios foram assíduos ao cuidar do bem-estar das mulheres judias e preferiram quarta-feira, para que o marido se esforçasse em organizar o banquete de casamento por três dias, domingo, segunda e terça-feira, e quarta-feira ele se casa com ela.

Mishna: Em relação a uma virgem, seu contrato de casamento é de duzentos dinares, e em relação a uma viúva, seu contrato de casamento é de cem dinares. No que diz respeito a uma virgem que é viúva, divorciada ou ḥalutza que alcançou esse status de um estado de noivado, antes do casamento e antes da consumação do casamento, para todos esses o contrato de casamento é de duzentos dinares, e eles são sujeita a uma reivindicação relativa à sua virgindade, pois seu status presuntivo de virgindade está intacto.

Foi ensinado na Mishna: E um Sumo Sacerdote não pode se casar com uma mulher adulta. Os Sábios ensinaram que o versículo: “E ele tomará uma esposa em sua virgindade” (Levítico 21:13) exclui uma mulher adulta, cujo hímen se desvaneceu, ou seja, não é mais tão completo quanto o de uma menor ou de uma jovem mulher; esta é a declaração do rabino Meir. O rabino Elazar e o rabino Shimon declaram uma mulher crescida é apta a se casar com um sumo sacerdote.

…em sua virgindade. Certos substantivos na língua sagrada nunca são singulares, como “juvenilidade” [Isaías 54:6], “velhice” [Gênesis 37:3], “infância” [cf. Isaías 54:4] e “virgindade” (da mesma forma, certos substantivos nunca são plurais, como “crianças pequenas” [Ester 3:13], “ombros” [Gênesis 9:23], “ouro” [Gênesis 24:22] e “ferro” [Números 35:16]).

A Enciclopédia judaica tem um artigo intitulado “Multas e perdas” que fala sobre isso:

Uma multa ou confisco, no sentido de que uma quantia em dinheiro deve ser paga ou que a totalidade ou parte da propriedade de um homem deve ser entregue ao rei ou à comunidade por meio de punição por uma ofensa, é desconhecida à lei judaica como entendida pelos sábios. A confiscação geral de bens, no caso de criminosos políticos condenados à morte pelo governo do rei, era um ponto controverso entre os rabinos. Segundo alguns rabinos, a propriedade foi entregue ao rei; mas parece que não havia uma tradição real em relação ao assunto, pois o único precedente citado em conexão com essa controvérsia é o caso de Nabote em I Reis 21.18 (Sanh. 48b; compare Tosef., Ib. 4). O pagamento de uma quantia fixa é, em alguns casos, imposto pela lei mosaica a um infrator; mas o dinheiro é pago à parte lesada ou ao seu representante, não ao soberano ou à comunidade. Quatro casos são apresentados na Torá em que uma quantia fixa (a “mulcta” da lei romana) deve ser paga pelo malfeitor à parte lesada: (1) onde um boi cujo dono tenha sido avisado mata o fiador ou serva de outro, caso em que a multa é de trinta siclos (veja Shekel), a ser paga ao capitão (Ex 21.32); (2) onde um homem arrebata uma donzela que não está prometida, sendo a multa cinquenta siclos, pagável ao pai da donzela (Dt 22.29); (3) onde um marido recém-casado acusa indevidamente sua esposa de ter perdido a virgindade antes do casamento, sendo a multa de cem siclos (Dt 22.19); (4) quando uma menina é seduzida, a quantidade da multa, dada apenas por inferência (Ex 22.16), sendo cinquenta siclos.

Os casos 2 e 4 são totalmente tratados na Mishnah (Ket. Iii. 1-4). O destruidor e o sedutor estão no mesmo pé da multa, embora não no tempo e nas circunstâncias do pagamento. O caso 3, aquele que “revela um nome maligno”, é o único em que um infrator recebe uma dupla punição, pagando uma multa e recebendo quarenta açoites.

Como mencionado em outro lugar, multas ou multa só podem ser impostas por um tribunal composto inteiramente por juízes ordenados. Maimonides, lidando com a lei já obsoleta em sua época, trata o assunto em seu “Yad” da seguinte forma: Caso 1 em Hilkot Nizḳe Mamon; 2 e 4 em Na’arah Betulah, 1, 10 e segs.; 3 em Na’arah, 3.

Embora nem a Bíblia nem Mishnah tenham conhecimento de uma multa pagável à comunidade, uma jurisdição cresceu na diáspora pela qual os tribunais rabínicos em caso de emergência infligiriam multas, pagáveis ​​em alguns fundos comunitários, por alguma ofensa pública chorosa (Shulḥan ‘Aruk, Ḥoshen Mishpa2, 2); por exemplo, em homens que mantêm balanças, pesos ou medidas falsas e afins (ib. 231, 2).

Conclusão:

Podemos certamente concluir este artigo afirmando que as Escrituras e a Tradição judaica dão uma grande importância para a virgindade e isso está expresso ao longo das Escrituras de uma forma muito clara.

Quanto ao Ungido – Ieshua – Ele deveria sim ter nascido de uma virgem – como realmente aconteceu – pois caso contrário não haveria qualquer milagre em seu nascimento. Outro detalhe: se o Ungido houvera nascido de uma mulher “comum” as críticas quanto a isso seriam ainda mais pesadas, pois como Ele poderia ser considerado “Filho de Elohim” – o que também fica muito claro na Brit Hadasha – se não houvesse uma intervenção logo no seu nascimento?  João nos informa que: Mas a todos quantos o receberam deu-lhes a potestade de serem feitos filhos de Elohim: aos que crêem no seu nome” Jo 1.12. Este verso nos afirma que sendo Ieshua o Filho de Elohim, quem o recebe como o Ungido – o enviado do Eterno para a redenção da humanidade – passa a ser feito “filho de Elohim”, sendo Ieshua nosso “irmão mais velho”!

A qualificação do Ungido passa por uma vida de milagres – desde a sua concepção até a sua ressurreição – e algo que fosse menor do que isso já por si só o desqualificaria como o Redentor da humanidade.

Por isso é necessário que creiamos nas Escrituras e ainda mais: precisamos entender as implicações textuais que apontam para situações surreais em nosso mundo. Este é o Eterno; é assim que Ele se apresenta e também ao Seu Filho que nos foi dado como um “presente” dos céus para que herdássemos também a vida eterna.

Por isso Sha´ul brilhantemente diz: “Pelo que também Elohim o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Ieshua se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Ieshua o Ungido é o Senhor, para glória de Elohim pai” Fp 2.9-11.

Um nome… Mas quem lhe deu este nome? “E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Ieshua” Lc 1.31. O nome do menino é dado por Gabriel para Mirian. “E dará à luz um filho que pôr-lhe-ás por nome Ieshua, porque ele salvará a seu povo de seus pecados” Mt 1.21.

Será que alguém ainda tem alguma dúvida de que o nascido de uma virgem é o Redentor da humanidade e que inclusive seu nome foi dado de uma forma miraculosa?

Que o Eterno nos ajude a entendermos a Sua Palavra tão claramente a ponto de não mais errarmos!

Baruch ha Shem!

Mário Moreno.

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