Ser Ofendido? Ótimo!
Ser Ofendido? Ótimo!
Quem não responde a uma ofensa?
No Pirkê Avót (Ética dos Pais) consta a seguinte mishná:
Rabi El’azar Hamodai disse: “Aquele que profana as coisas sagradas, desonra as festividades, humilha o próximo em público, cancela o pacto de nosso patriarca Avraham ou, interpreta a Torah em desacordo com a Lei judaica – mesmo que possua estudo de Torah e boas ações – não terá parte no Mundo Vindouro.” Em seu livro, o Rabino Ari Friedman cita uma explicação e uma linda história sobre o trecho “humilha o próximo em público”: Uma humilhação é tão prejudicial se for realizada na frente de muitas pessoas quanto perante uma só pessoa. Daqui aprendemos o quão grave é o pecado de humilhar ou ofender outra pessoa. Existem três pecados em toda a Torá que, para não cometê-los, a pessoa deve entregar sua vida: a idolatria, os relacionamentos proibidos e o assassinato. Sobre o assassinato, nossos livros sagrados relatam que aquele que humilha o próximo age como se estivesse matando essa pessoa. A palavra hebraica para humilhar é “malbin”, que quer dizer “embranquecer”. Quando envergonhamos alguém, seu sangue “foge” do rosto, deixando a pessoa pálida, o que é comparado a alguém que “tira o sangue” do próximo.
Além disso, nossos sábios ensinaram que aquele que é insultado e não retruca, recebe a recompensa especial de ter suas preces ouvidas pelo Todo-Poderoso. Portanto, ao calar-se frente a um insulto, a pessoa pode pedir qualquer coisa a D’us.
Vejamos um fato real ocorrido em Israel: O Rabino Moshé Halberstam, um dos grandes sábios de nossa geração (lsrael, 1932-2006), contou uma história que ocorreu com ele sobre esse assunto. Ele costumava visitar um sofer (escriba) para revisar seus tefilin ou solucionar algumas dúvidas sobre eles. Em uma dessas visitas, alguém telefonou ao escriba. Era a sua esposa. Ela lhe contou, chorando, que fora humilhada publicamente de uma forma muito cruel. O escriba disse a esposa que fosse ao seu escritório conversar com ele. Ao desligar, o sofer contou ao Rabino Halberstam o que acontecera com sua esposa. O sábio respondeu- lhe: “Quando sua esposa chegar, por favor venham à minha casa”.
Quando entraram na casa do rabino, ele pediu que sentassem e contou a seguinte história: “Hoje fui a um Berit Milá. Normalmente, nunca fico para a refeição que servem após a cerimônia. Mas desta vez fiquei, pois era uma ocasião especial. Nesta refeição, o pai da criança contou um fato que acontecera com ele nove meses antes. Ele estava sentado no colel, um centro de estudos religiosos, estudando. De repente, ouviu um jovem ofendendo outro na frente de todos. Ao perceber que o segundo estava para responder de maneira ainda mais ofensiva, gritou: ‘Ei, você! Não responda nada agora! Deixe isso passar em branco! Saiba que já estou casado há vinte anos e ainda não tenho filhos. Se você não responder a esta ofensa, o mérito que receberá por esta grande ação servirá para que eu tenha filhos!’. O jovem, com pena daquele pobre homem, que não teve a oportunidade de ter filhos por tanto tempo, ‘engoliu’ a resposta e simplesmente retirou-se do local. Eis que, nove meses depois, aquele casal que não tivera filhos por vinte anos estava fazendo o Berit Milá de seu primeiro filho!”
“Se você deixar esta humilhação passar e não se vingar”, continuou o Rabino Moshe, dirigindo-se à mulher, “vocês serão recompensados e poderão pedir a D’us o que quiserem!”
O Rabino Moshe Halberstam contou posteriormente que esse sofer e sua mulher tampouco tinham filhos até então. Nesta oportunidade eles rezaram a D’us para que os presenteasse com descendentes, e também tiveram o mérito de ganhar um filho meses depois!
Quando alguém nos envergonha, nossa auto-estima é “amassada” e o Yétser Hará, a má inclinação, logo nos atinge para ofendermos de volta de uma forma mais enérgica ainda, para sairmos vitoriosos na discussão. Com esta história vemos o quanto é grandiosa e importante a atitude de não humilharmos o próximo e aceitarmos uma ofensa sem replicar. Aquele que se comportar assim e vencer o seu Yétser Hará, será recompensado por D’us de uma forma excepcional!
Artigo extraído da Internet.
Mário Moreno.