Mário Moreno/ abril 20, 2021/ Shavuot

Shavuot – um só coração

As palavras צַדִּיק כַּתָּמָר יִפְָרח (Tsadik katamar yif’rach – O justo florescerá como a tamareira) carregam um significado muito importante para a Casa de Israel e para Shavuot. Em Kol Hator 2:121, lemos: “Quando um justo צדִַּיק) – Tsadik) é mencionado, é na linha de Iosef, o justo. Da mesma forma, [a frase] ‘ele florescerá’ está relacionada a ‘seu cajado florescerá’, referindo-se ao Mashiach ben Iosef. Isso é confirmado na gematria, pois a palavra Mashiach (משִָיח)ַ é equivalente à frase מַטֵּהוּ יִפְָרח (o seu cajado florescerá), ambos com valor numérico de 358. O Tsadik é um dos nomes do Messias, como está escrito em Isaías 57:1: ‘Perece o justo.’”

Ambos, Israel e o Messias, são chamados de Tsadikim (justos), pois compartilham o mesmo caminho e destino. Isaías 60:21 afirma: “Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado.”

É impossível separar o Messias, que é chamado de “o Filho de D-us”, de Israel, que também é chamado de “o Filho de D-us” (Êxodo 4:22, Oséias 11:1). Bava Batra 75b nos diz que o nome do justo levará o nome de D-us: “E o Rabá diz que o Rabino Yochanan diz: ‘No futuro, os justos serão chamados pelo nome do Santo, Bendito seja; como é registrado: “A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz.” (Isaías 43:7). Isso indica que aquele que foi criado por D-us, e traz a Ele glória, é chamado pelo Seu nome. E o Rabino Shmuel bar Nachmani diz que o Rabino Yochanan diz: Três foram chamados pelo nome do Santo, Bendito seja, e são eles: ‘Os justos, o Messias e Jerusalém.’ Em relação ao Messias, é como está escrito: “Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor, Justiça Nossa” (Jeremias 23:6). Israel também é chamado de תָּמרָ (tamar – tamareira) especialmente em Shavuot.

Vemos uma forte conexão messiânica com Atos 2:1: “Ao cumprir-se o dia de Shavuot, estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Aqui temos uma ausência no texto em português, em que faltou a expressão “com um só coração”. Este termo “com um só coração” ou, em Hebraico, לבֵ אחֶָד (Lev Echad), se refere a algo muito além de um local físico. Em Shavuot, somos chamados a nos levantar como a casa de Israel, “com um só coração”, aos pés do Monte Sinai. O que isso significa? A resposta é encontrada nas palavras do Rabino Levi, quando descreve a conexão entre Sukot e o נְטִילַת לוּלָב (mover das folhas de palmeira) realizado durante Sukot e até Shavuot, conforme a Suká 45b: O Rabino Levi diz: ‘desenvolveu-se um costume de comparar Israel a uma tamareira’. Assim como a tamareira tem apenas um coração, visto que os ramos não crescem do tronco, mas sim o tronco sobe e os ramos emergem somente no topo da tamareira, da mesma forma, o povo judeu possui apenas um coração, voltado para o seu Pai nos Céus.

Os discípulos celebraram Shavuot com a nação de Israel em “um coração,” “uma comunhão” e “num mesmo lugar”. Assim, os seguidores do Messias continuaram sendo como o ramo da tamareira, e não se desprenderam da casa de Israel. Pelo contrário, eles aderiram à halachá de toda a casa de Israel e observaram as festas determinadas, em grande unidade com a grande comunidade judaica.

No Tanach

Temos então as conexões do termo “com um só coração” (C¡G£@ A¤L) nos seguintes versos:

E lhes darei um mesmo coração, e um mesmo caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos, depois deles” Jr 32.39.

E lhe darei um mesmo coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne” Ez 11.19.

Estes dois versos são uma promessa que o Eterno fez a Israel que estaria dando-lhes UNIDADE, pois num determinado momento da história da nação eles haveriam de colher frutos espirituais concernentes à esta unidade.

Todos estes homens de guerra postos em ordem de batalha, com coração inteiro, vieram a Hebrom para levantar a David rei sobre todo o Israel: e também todo o resto de Israel tinha o mesmo coração para levantar a David rei” I Cr 12.38.

O resultado da UNIDADE aqui é maravilhoso: os homens se reuniram para coroar a David como rei de Israel. Este verso aponta para o futuro quando Ieshua veio e foi levantado como o Ungido e alguns inclusive zombaram d´Ele e disseram: “E, tecendo uma coroa tecida de espinhos, puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele, o zombavam, dizendo: Salve, Rei dos judeus!” Mt 27.29. Estas palavras não eram exatas; Ieshua não seria somente o Rei de Israel; Ele se tornou o Rei do Universo!

Um outro verso que se conecta a este diz: “E em Judá esteve a mão de Elohim, dando-lhes um só coração, para fazerem o mandado do rei e dos príncipes, conforme à palavra do IHVH” II Cr 30.12.

Aqui temos um outro aspecto desta unidade: os judeus seriam conduzidos pela unidade à obediência! Eles haveriam de obedecer ao Rei e aos seus príncipes que lhes estavam falando a palavra do IHVH.

Na Brit Hadasha:

A unidade manifesta-se na Brit Hadasha numa festa de Shavuot:

E cumprindo-se o dia de Shavuot, estavam todos reunidos (com um só coração) no mesmo lugar” At 2.1.

Este é O momento em que a profecia de Joel se cumpre: “E há de ser que depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito” Jl 2.28-29.

Surpresa? Claro que não! Isaías também falou sobre isso quando profetizou: “Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes” Is 44.3. Certamente havia uma expectativa para que as profecias se cumprissem e isso ocorreu justamente naquele dia da Festa de Shavuot!

Uma unificação do coração do povo de Israel que vai prosseguir ao longo da história gerando frutos inimagináveis para a nação e para os judeus de forma individual.

Com o passar dos dias em Jerusalém o que aconteceu foi que: “…E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns” At 4.32.

Este não foi somente um Sentimento, mas foi a ratificação de uma postura de obediência à Torah onde cada judeu cuida de seu irmão necessitado. Eles somente intensificaram o cuidado uns com os outros, cumprindo assim as Escrituras.

E no decorrer da caminhada destes judeus messiânicos ocorreu que: “pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com os nossos amados Bar naba e Sha´ul” At 15.25. Mais uma manifestação em UNIDADE, ou seja, o Espírito o Santo deu a eles um só coração para que pudessem enviar Bar naba e Sha´ul para uma empreitada no intuito de anunciar as boas novas acerca de Ieshua.

Esta situação de UNIDADE é declarada novamente por Sha´ul quando ele diz: “Ora, o D-us de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo o Ungido Ieshua” Rm 15.5. A unidade é essencial para que haja sucesso não somente em nossos empreendimentos materiais, precisamos de unidade no Espírito para podermos ter vitórias neste âmbito e nossa caminhada será permeada por grandes manifestações espirituais em nome de Ieshua.

Kefa então diz: “E, finalmente, sede todos de um mesmo consentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis” I Pe 3.8. Este verso é muito significativo, pois ele “termina” falando sobre a unidade e esta mantém os vínculos estáveis entre as pessoas e as faz desenvolverem compaixão, amor, misericórdia e mutualidade. Podemos dizer que aquilo que fora profetizado na Tanach agora estava em pleno andamento na época dos discípulos de Ieshua.

Nossa função é manter esta unidade e fortalecermos uns aos outros para que tenhamos resultados diferenciados em todas as áreas de nossa vida. Só depende de cada um de nós…

Finalizando…

As conexões entre a unidade e Shavuot são fantásticas e nos levam a entender que é neste tempo que a nossa unidade é aprimorada pela visitação do Espírito o Santo e seremos conduzidos a uma postura ainda maior de unidade para que o que ocorreu entre eles repita-se entre nós.

Baruch ha Shem.

Mário Moreno.